Infecções hospitalares em pacientes submetidos a transplante de fígado: fatores de risco relacionados ao doador

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Freire, Maristela Pinheiro
Data de Publicação: 2007
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5134/tde-03052007-110317/
Resumo: As infecções após transplante de fígado são uma importante causa de morbidade e mortalidade. O risco de transmissão de infecção pelo doador é descrito, principalmente quando esta infecção não é detectada ou tratada. O diagnóstico das infecções no doador é difícil e pouco disponível, portanto dados indiretos destas infecções podem ser úteis na escolha ou descarte do órgão, principalmente considerando-se a escassez de órgãos disponíveis para transplante. O objetivo deste estudo é Identificar os fatores de risco relacionados ao doador e ao receptor para infecção hospitalar bacteriana e fúngica (IH) em pacientes submetidos a transplante de fígado, no primeiro mês após o transplante. Foram avaliados os pacientes submetidos a transplante de fígado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, no período de janeiro de 2002 a junho de 2005. Os critérios de exclusão foram: óbito com menos de 48 horas, transplante intervivos, retransplante em menos de 5 dias e receptor de transplante dominó. Foram avaliados fatores de risco relacionados ao doador e ao receptor. A análise univariada foi feita por X2 e teste exato de Fisher para variáveis dicotômicas, e teste de Mann-Whitney para variáveis ordenadas. A análise multivariada foi realizada por regressão logística tipo stepwise. No período foram realizados 130 transplantes; desses 30 foram excluídos, sendo analisados 100 transplantes realizados em 94 pacientes. Foram identificadas 104 infecções em 59 transplantes. Os dois sítios de infecção mais freqüente foram: infecção de sitio cirúrgico (IFC, 35%) e infecção primária de corrente sanguínea (ICS, 30%). O agente mais frequentemente isolado foi o S. aureus (18% dos agentes), no entanto as bactérias gram-negativas foram o grupo mais freqüente (47%). Os fatores de risco identificados para infecção no primeiro mês após o transplante foram: uso de antibiótico no doador por mais de três dias (p 0,003), hepatite fulminante (p 0,006), pulso de corticóide no receptor por rejeição celular aguda (p 0,01), realização de diálise póstransplante (p 0,02) e realização de outro procedimento cirúrgico após o transplante (p 0,02). Os agentes mais isolados em ISC foram bactérias Gram positivas (56%). Os fatores de risco identificados para ISC foram: uso de antibiótico no doador por mais de três dias (p 0,04), realização de diálise pelo receptor (p 0,002) e transfusão de mais de quatro concentrados de hemácias durante o transplante (p 0,001). Entre as ICS, os dois agentes mais isolados foram A. baumanni (21%) e Staphylococcus coagulase negativo (21%). Os fatores de risco identificados para ICS foram: hepatite fulminante (p 0,0006) e realização de diálise pelo receptor (p 0,01). O S. aureus foi o agente mais freqüente e responsável por 17 infecções, 42% dos pacientes com infecção por este agente evoluíram para óbito durante a internação. Os fatores de risco identificados para infecção por S. aureus foram uso de noradrenalina pelo doador (p 0,02) e unidades de concentrados de hemácias transfundidas durante o transplante (p 0,04).
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Foram avaliados os pacientes submetidos a transplante de fígado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, no período de janeiro de 2002 a junho de 2005. Os critérios de exclusão foram: óbito com menos de 48 horas, transplante intervivos, retransplante em menos de 5 dias e receptor de transplante dominó. Foram avaliados fatores de risco relacionados ao doador e ao receptor. A análise univariada foi feita por X2 e teste exato de Fisher para variáveis dicotômicas, e teste de Mann-Whitney para variáveis ordenadas. A análise multivariada foi realizada por regressão logística tipo stepwise. No período foram realizados 130 transplantes; desses 30 foram excluídos, sendo analisados 100 transplantes realizados em 94 pacientes. Foram identificadas 104 infecções em 59 transplantes. Os dois sítios de infecção mais freqüente foram: infecção de sitio cirúrgico (IFC, 35%) e infecção primária de corrente sanguínea (ICS, 30%). O agente mais frequentemente isolado foi o S. aureus (18% dos agentes), no entanto as bactérias gram-negativas foram o grupo mais freqüente (47%). Os fatores de risco identificados para infecção no primeiro mês após o transplante foram: uso de antibiótico no doador por mais de três dias (p 0,003), hepatite fulminante (p 0,006), pulso de corticóide no receptor por rejeição celular aguda (p 0,01), realização de diálise póstransplante (p 0,02) e realização de outro procedimento cirúrgico após o transplante (p 0,02). Os agentes mais isolados em ISC foram bactérias Gram positivas (56%). Os fatores de risco identificados para ISC foram: uso de antibiótico no doador por mais de três dias (p 0,04), realização de diálise pelo receptor (p 0,002) e transfusão de mais de quatro concentrados de hemácias durante o transplante (p 0,001). Entre as ICS, os dois agentes mais isolados foram A. baumanni (21%) e Staphylococcus coagulase negativo (21%). Os fatores de risco identificados para ICS foram: hepatite fulminante (p 0,0006) e realização de diálise pelo receptor (p 0,01). O S. aureus foi o agente mais freqüente e responsável por 17 infecções, 42% dos pacientes com infecção por este agente evoluíram para óbito durante a internação. Os fatores de risco identificados para infecção por S. aureus foram uso de noradrenalina pelo doador (p 0,02) e unidades de concentrados de hemácias transfundidas durante o transplante (p 0,04).Early infection after liver transplantation is an important cause for morbidity and mortality. The risk of transmission of microorganisms from the donor to the receptor is reported and is more probable when neither donor nor receptor are treated for the infection. The detection of infection in donors is difficult and usually not available, so indirect information about that infection may be useful at the time the liver is selected or denied, especially in light of lack of organs available for transplantation. We analyzed patients who underwent liver transplantation at the Clinics Hospital of School of Medicine of USP, from January 2002 to June 2005. The exclusion criteria were: death with less then 48 hours, living-donor transplant, re-transplant in less then 5 days and domino transplant. The risk factors evaluated were related to donor and receptor features. The univariate analysis was performed using chisquared test and Fisher exact test for dichotomic variables and Mann-Whitney test for continuous variables. The multivariate analysis was made by stepwise logistic regression. In this period 130 transplants were performed, from which 30 were excluded. A total of 100 transplants in 94 patients were analyzed. We identified 104 infections in 59 transplants. The two most frequent sites of infection were surgical site infection (SSI) - 35% - and primary bloodstream infections (BSI) - 30%. The most prevalent agent was S.aureus - 18% of the agents, but the Gram negatives bacteria were the most common group. The risk factors identified for infection in liver transplant patients in the first month were: antibiotic use by donor for more than 3 days, reoperation post-transplant, dialysis post-transplant, fulminant hepatitis and corticoid treatment for rejection. The microorganisms most frequently isolated in SSI were Gram positive bacteria (56%). The risk factors associated to SSI were: antibiotic use by donor for more than 3 days, transfusion of more than 4 units of blood during the surgery and dialysis post-transplant. The two microorganisms most frequently isolated in BSI were A. baumanni (21%) and coagulase negative Staphylococcus (21%). The risk factors identified for this specific infection site were fulminant hepatitis and dialysis post-transplant. The S. aureus was the most frequent agent, found in 17 cases. 42% of the patients with infection for this bacteria died during the hospitalization. The risk factors associated to S. aureus infection were norepinephrine use by donor and number of blood units transfused.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPAbdala, EdsonFreire, Maristela Pinheiro2007-03-05info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5134/tde-03052007-110317/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:09:51Zoai:teses.usp.br:tde-03052007-110317Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:09:51Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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description As infecções após transplante de fígado são uma importante causa de morbidade e mortalidade. O risco de transmissão de infecção pelo doador é descrito, principalmente quando esta infecção não é detectada ou tratada. O diagnóstico das infecções no doador é difícil e pouco disponível, portanto dados indiretos destas infecções podem ser úteis na escolha ou descarte do órgão, principalmente considerando-se a escassez de órgãos disponíveis para transplante. O objetivo deste estudo é Identificar os fatores de risco relacionados ao doador e ao receptor para infecção hospitalar bacteriana e fúngica (IH) em pacientes submetidos a transplante de fígado, no primeiro mês após o transplante. Foram avaliados os pacientes submetidos a transplante de fígado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, no período de janeiro de 2002 a junho de 2005. Os critérios de exclusão foram: óbito com menos de 48 horas, transplante intervivos, retransplante em menos de 5 dias e receptor de transplante dominó. Foram avaliados fatores de risco relacionados ao doador e ao receptor. A análise univariada foi feita por X2 e teste exato de Fisher para variáveis dicotômicas, e teste de Mann-Whitney para variáveis ordenadas. A análise multivariada foi realizada por regressão logística tipo stepwise. No período foram realizados 130 transplantes; desses 30 foram excluídos, sendo analisados 100 transplantes realizados em 94 pacientes. Foram identificadas 104 infecções em 59 transplantes. Os dois sítios de infecção mais freqüente foram: infecção de sitio cirúrgico (IFC, 35%) e infecção primária de corrente sanguínea (ICS, 30%). O agente mais frequentemente isolado foi o S. aureus (18% dos agentes), no entanto as bactérias gram-negativas foram o grupo mais freqüente (47%). Os fatores de risco identificados para infecção no primeiro mês após o transplante foram: uso de antibiótico no doador por mais de três dias (p 0,003), hepatite fulminante (p 0,006), pulso de corticóide no receptor por rejeição celular aguda (p 0,01), realização de diálise póstransplante (p 0,02) e realização de outro procedimento cirúrgico após o transplante (p 0,02). Os agentes mais isolados em ISC foram bactérias Gram positivas (56%). Os fatores de risco identificados para ISC foram: uso de antibiótico no doador por mais de três dias (p 0,04), realização de diálise pelo receptor (p 0,002) e transfusão de mais de quatro concentrados de hemácias durante o transplante (p 0,001). Entre as ICS, os dois agentes mais isolados foram A. baumanni (21%) e Staphylococcus coagulase negativo (21%). Os fatores de risco identificados para ICS foram: hepatite fulminante (p 0,0006) e realização de diálise pelo receptor (p 0,01). O S. aureus foi o agente mais freqüente e responsável por 17 infecções, 42% dos pacientes com infecção por este agente evoluíram para óbito durante a internação. Os fatores de risco identificados para infecção por S. aureus foram uso de noradrenalina pelo doador (p 0,02) e unidades de concentrados de hemácias transfundidas durante o transplante (p 0,04).
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