Eu fotografado: as narrativas de si em tempos de selfie

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Isis Graziele da
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-13112019-180326/
Resumo: Com base nos parâmetros de produção e consumo de imagens fotográficas na atualidade, levantou-se a hipótese de que, em tempos de selfie, se determinadas experiências do sujeito não são fotografadas, ele tem a ideia de não as ter experimentado de fato. Neste sentido, esta pesquisa propõe que a selfie seja compreendida como toda fotografia que o indivíduo faz - ou solicita que os outros façam, como uma extensão dele mesmo - de sua experiência, com o intuito de compartilhar na Internet, estando o seu corpo presente na imagem ou não. A partir disso, esse trabalho teve como objetivo examinar como a narrativa de si é influenciada na atualidade pelas selfies, com o objetivo específico de aclarar quais sentidos o fotografado atribui a estes registros. Para tanto, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com quinze jovens universitários com idades entre 18 e 28 anos, as quais foram posteriormente transcritas e analisadas através do método interpretativo psicanalítico na sua dimensão de extensão, proposta por Freud como psicanálise aplicada. Para a coleta de dados, cada jovem, fazendo uso de seu smartphone pessoal, foi convidado a escolher cinco selfies pessoais publicadas em alguma rede social e a responder duas questões sobre elas: 1) Por que essa foto foi feita?, e 2) Por que ela foi compartilhada? Como é enfatizado na apresentação dos resultados, as entrevistas apontaram para múltiplos sentidos que interagem entre si. Foi possível perceber elementos como: a obrigação de publicar experiências e se apresentar aos outros de forma glamourosa (selfie imperativa); a brincadeira de fazer manifestar algo que se sabe ser falso ou mentiroso (falsa selfie); o reconhecimento de algo estranho nas imagens (selfie inquietante); a constituição de uma nova forma de compor e armazenar memórias ou de prestar homenagens (selfie memória); a tentativa de driblar o sentimento de ansiedade e solidão (selfie demanda de amor); e o esforço para lançar mão das diferenças, do inesperado e da transgressão para impressionar (selfie surpresa). O processo de investigação buscou sustentar debates entre diversos autores sobre o que estaria em jogo quando contamos nossa história através do registro fotográfico de nossas experiências. Por isso, considerou-se importante convidar para a reflexão tanto conceitos fundamentais da psicanálise como narcisismo e identidade, quanto posições diversas que existem na interpretação do contemporâneo e das novas formas de constituição da subjetividade. Portanto, esta investigação revelou certa pluralidade de sentidos no fenômeno das selfies. De um lado, sugeriu que é possível compreender estes registros como um mecanismo de imitação social, e de outro, sugeriu que é possível pensá-los como via sublimatória capaz de viabilizar a produção de sentido para o sujeito
id USP_a40472fcc51384e5a835bf5c15176161
oai_identifier_str oai:teses.usp.br:tde-13112019-180326
network_acronym_str USP
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository_id_str 2721
spelling Eu fotografado: as narrativas de si em tempos de selfieMyself photographed: the narratives of the self in times of selfiesContemporary subjectivitiesNarcisismoNarcissismNarrativa de siNarrative of oneselfRedes sociaisSelfieSelfieSocial networksSubjetividades contemporâneasCom base nos parâmetros de produção e consumo de imagens fotográficas na atualidade, levantou-se a hipótese de que, em tempos de selfie, se determinadas experiências do sujeito não são fotografadas, ele tem a ideia de não as ter experimentado de fato. Neste sentido, esta pesquisa propõe que a selfie seja compreendida como toda fotografia que o indivíduo faz - ou solicita que os outros façam, como uma extensão dele mesmo - de sua experiência, com o intuito de compartilhar na Internet, estando o seu corpo presente na imagem ou não. A partir disso, esse trabalho teve como objetivo examinar como a narrativa de si é influenciada na atualidade pelas selfies, com o objetivo específico de aclarar quais sentidos o fotografado atribui a estes registros. Para tanto, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com quinze jovens universitários com idades entre 18 e 28 anos, as quais foram posteriormente transcritas e analisadas através do método interpretativo psicanalítico na sua dimensão de extensão, proposta por Freud como psicanálise aplicada. Para a coleta de dados, cada jovem, fazendo uso de seu smartphone pessoal, foi convidado a escolher cinco selfies pessoais publicadas em alguma rede social e a responder duas questões sobre elas: 1) Por que essa foto foi feita?, e 2) Por que ela foi compartilhada? Como é enfatizado na apresentação dos resultados, as entrevistas apontaram para múltiplos sentidos que interagem entre si. Foi possível perceber elementos como: a obrigação de publicar experiências e se apresentar aos outros de forma glamourosa (selfie imperativa); a brincadeira de fazer manifestar algo que se sabe ser falso ou mentiroso (falsa selfie); o reconhecimento de algo estranho nas imagens (selfie inquietante); a constituição de uma nova forma de compor e armazenar memórias ou de prestar homenagens (selfie memória); a tentativa de driblar o sentimento de ansiedade e solidão (selfie demanda de amor); e o esforço para lançar mão das diferenças, do inesperado e da transgressão para impressionar (selfie surpresa). O processo de investigação buscou sustentar debates entre diversos autores sobre o que estaria em jogo quando contamos nossa história através do registro fotográfico de nossas experiências. Por isso, considerou-se importante convidar para a reflexão tanto conceitos fundamentais da psicanálise como narcisismo e identidade, quanto posições diversas que existem na interpretação do contemporâneo e das novas formas de constituição da subjetividade. Portanto, esta investigação revelou certa pluralidade de sentidos no fenômeno das selfies. De um lado, sugeriu que é possível compreender estes registros como um mecanismo de imitação social, e de outro, sugeriu que é possível pensá-los como via sublimatória capaz de viabilizar a produção de sentido para o sujeitoBased on the parameters of production and consumption of photographic images nowadays, it has been raised the hypothesis that, in times of selfies, if some experiences of the subject are not photographed, he has the idea of not having actually experienced them. In this sense, this research proposes the selfie to be considered as every photograph that the individual take - or asks others to do so, as an extension of himself - of his experience, in order to share it on Internet, whether or not his body appears in the picture. Thus, this work had the objective of exploring how the narrative of oneself is influenced by selfies today, with the specific objective of clarifying which senses the photographed assigns to these records. For this, semi-structured interviews were conducted with 15 young people aged between 18 and 28, and subsequently these interviews were transcribed and analyzed by the psychoanalytic interpretative method in its dimension of extension, proposed by Freud as \"applied psychoanalysis\". To collect the data, each interviewee, making use of his own smartphone, was asked to choose five personal selfies posted on any social network and to answer two questions about each picture: 1) Why was this photo taken?, and 2) Why was this photo shared? As emphasized in the results presentation, the interviews pointed to multiple senses interacting with each other. It was possible to perceive elements such as: the obligation to publish experiences and present themselves to others in a glamorous way (imperative selfie); the prank of expressing something that is known to be false or a lie (false selfie); the recognition of something strange in the images (disturbing selfie); the constitution of a new way to compose and store memories or to pay homage (memory selfie); the attempt to circumvent the feeling of anxiety and loneliness (demand for love selfie); and the effort to tap into the differences, the unexpected and the transgression to impress (surprise selfie). The investigation process sought to hold debates among several authors on what would be at stake when we tell our story through the photographic record of our experiences. Thereby, it was considered important to invite to reflection fundamental concepts of psychoanalysis, such as narcissism and identity, as well as diverse positions that exist in the interpretation of contemporary and new forms of subjectivity constitution. Therefore, this research revealed a plurality of meanings in the phenomenon of selfies. On the one hand, it suggested that it is possible to understand these registers as a mechanism of social imitation, and on the other, it suggested that it is possible to think about them as a sublimatory way capable of making sense production to the subjectBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPKupermann, DanielSilva, Isis Graziele da2019-07-10info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-13112019-180326/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2019-11-28T22:07:02Zoai:teses.usp.br:tde-13112019-180326Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212019-11-28T22:07:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.none.fl_str_mv Eu fotografado: as narrativas de si em tempos de selfie
Myself photographed: the narratives of the self in times of selfies
title Eu fotografado: as narrativas de si em tempos de selfie
spellingShingle Eu fotografado: as narrativas de si em tempos de selfie
Silva, Isis Graziele da
Contemporary subjectivities
Narcisismo
Narcissism
Narrativa de si
Narrative of oneself
Redes sociais
Selfie
Selfie
Social networks
Subjetividades contemporâneas
title_short Eu fotografado: as narrativas de si em tempos de selfie
title_full Eu fotografado: as narrativas de si em tempos de selfie
title_fullStr Eu fotografado: as narrativas de si em tempos de selfie
title_full_unstemmed Eu fotografado: as narrativas de si em tempos de selfie
title_sort Eu fotografado: as narrativas de si em tempos de selfie
author Silva, Isis Graziele da
author_facet Silva, Isis Graziele da
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Kupermann, Daniel
dc.contributor.author.fl_str_mv Silva, Isis Graziele da
dc.subject.por.fl_str_mv Contemporary subjectivities
Narcisismo
Narcissism
Narrativa de si
Narrative of oneself
Redes sociais
Selfie
Selfie
Social networks
Subjetividades contemporâneas
topic Contemporary subjectivities
Narcisismo
Narcissism
Narrativa de si
Narrative of oneself
Redes sociais
Selfie
Selfie
Social networks
Subjetividades contemporâneas
description Com base nos parâmetros de produção e consumo de imagens fotográficas na atualidade, levantou-se a hipótese de que, em tempos de selfie, se determinadas experiências do sujeito não são fotografadas, ele tem a ideia de não as ter experimentado de fato. Neste sentido, esta pesquisa propõe que a selfie seja compreendida como toda fotografia que o indivíduo faz - ou solicita que os outros façam, como uma extensão dele mesmo - de sua experiência, com o intuito de compartilhar na Internet, estando o seu corpo presente na imagem ou não. A partir disso, esse trabalho teve como objetivo examinar como a narrativa de si é influenciada na atualidade pelas selfies, com o objetivo específico de aclarar quais sentidos o fotografado atribui a estes registros. Para tanto, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com quinze jovens universitários com idades entre 18 e 28 anos, as quais foram posteriormente transcritas e analisadas através do método interpretativo psicanalítico na sua dimensão de extensão, proposta por Freud como psicanálise aplicada. Para a coleta de dados, cada jovem, fazendo uso de seu smartphone pessoal, foi convidado a escolher cinco selfies pessoais publicadas em alguma rede social e a responder duas questões sobre elas: 1) Por que essa foto foi feita?, e 2) Por que ela foi compartilhada? Como é enfatizado na apresentação dos resultados, as entrevistas apontaram para múltiplos sentidos que interagem entre si. Foi possível perceber elementos como: a obrigação de publicar experiências e se apresentar aos outros de forma glamourosa (selfie imperativa); a brincadeira de fazer manifestar algo que se sabe ser falso ou mentiroso (falsa selfie); o reconhecimento de algo estranho nas imagens (selfie inquietante); a constituição de uma nova forma de compor e armazenar memórias ou de prestar homenagens (selfie memória); a tentativa de driblar o sentimento de ansiedade e solidão (selfie demanda de amor); e o esforço para lançar mão das diferenças, do inesperado e da transgressão para impressionar (selfie surpresa). O processo de investigação buscou sustentar debates entre diversos autores sobre o que estaria em jogo quando contamos nossa história através do registro fotográfico de nossas experiências. Por isso, considerou-se importante convidar para a reflexão tanto conceitos fundamentais da psicanálise como narcisismo e identidade, quanto posições diversas que existem na interpretação do contemporâneo e das novas formas de constituição da subjetividade. Portanto, esta investigação revelou certa pluralidade de sentidos no fenômeno das selfies. De um lado, sugeriu que é possível compreender estes registros como um mecanismo de imitação social, e de outro, sugeriu que é possível pensá-los como via sublimatória capaz de viabilizar a produção de sentido para o sujeito
publishDate 2019
dc.date.none.fl_str_mv 2019-07-10
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-13112019-180326/
url http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-13112019-180326/
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv
dc.rights.driver.fl_str_mv Liberar o conteúdo para acesso público.
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Liberar o conteúdo para acesso público.
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.coverage.none.fl_str_mv
dc.publisher.none.fl_str_mv Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
publisher.none.fl_str_mv Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
dc.source.none.fl_str_mv
reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv virginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.br
_version_ 1815256949933998080