A exposição ao enriquecimento ambiental durante a gestação reduz os prejuízos causados pelo etanol no comportamento materno e no desenvolvimento da prole em camundongos.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Marianno, Priscila
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42136/tde-11012024-161937/
Resumo: O consumo de álcool durante a gestação constitui um grave problema de saúde pública, uma vez que ele ultrapassa a barreira placentária e afeta o desenvolvimento embrio-fetal. Além dos efeitos diretos da exposição ao álcool no feto, o consumo durante a gestação também pode interferir no cuidado que a mãe expressa com o filhote, já que a droga parece interromper a interação entre eles, e reduzir a liberação materna de ocitocina (OT). Já o enriquecimento ambiental (EA) durante a gestação parece aumentar os comportamentos direcionados aos filhotes e também tem se mostrado capaz de modular o sistema ocitocinérgico. O objetivo do estudo foi avaliar a exposição ao EA (24h ou 3h por dia), durante a gestação, sobre os efeitos do álcool no comportamento materno, e no desenvolvimento e comportamentos da prole. Para isso, camundongos Swiss fêmeas foram divididas em quatro grupos: alojadas em gaiolapadrão e tratadas com água (CT-NE); alojadas em gaiola-padrão e tratadas com etanol (3 g/kg; EtOH-NE); alojadas em EA e tratadas com água (CT-EA); e alojadas em EA e tratadas com etanol (EtOH-EA). As fêmeas foram introduzidas no EA durante a gestação e o tratamento com etanol foi realizado por gavagem do dia de gestação (GD) 15 ao dia pós-natal (PND) 10. O comportamento materno foi avaliado no PND3 logo após o tratamento com etanol e no PND4, imediatamente antes do tratamento. A prole foi avaliada quanto ao desenvolvimento físico e reflexológico além dos seguintes comportamentos: interação social, comportamento tipo ansioso, consumo de etanol e atividade locomotora durante a adolescência; e o comportamento de agressividade na idade adulta, em machos e fêmeas. Ainda, foi avaliada a concentração plasmática de OT, o número de células imunorreativas à OT no núcleo paraventricular, e a expressão gênica da OT e seu receptor no hipotálamo. Mães do grupo EtOH-NE mostraram redução no comportamento materno, o qual foi atenuado pela exposição ao EA (grupo EtOH-EA). Foi encontrada uma redução na OT plasmática nas mães do grupo EtOH-NE, além de um maior número de células imunorreativas à OT e maior expressão gênica do peptídeo no hipotálamo das mães expostas ao EA. Em relação à prole, os descendentes do grupo EtOH-NE, tanto machos quanto fêmeas, apresentaram um atraso no desenvolvimento e menor interação social. Além disso, nos machos, foi observado um aumento da agressividade; e nos filhotes fêmeas, um aumento do consumo de etanol, menor agressividade maternal e menor atividade locomotora. Esses comportamentos não foram observados nos descendentes do grupo EtOH-EA. Assim, os resultados mostraram que a exposição ao etanol durante a gestação e lactação reduziu o comportamento materno, prejudicou o desenvolvimento da prole e induziu efeitos deletérios em comportamentos sociais, no consumo de etanol e atividade locomotora. Esses prejuízos foram atenuados quando as mães foram expostas ao EA durante a gestação.
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Já o enriquecimento ambiental (EA) durante a gestação parece aumentar os comportamentos direcionados aos filhotes e também tem se mostrado capaz de modular o sistema ocitocinérgico. O objetivo do estudo foi avaliar a exposição ao EA (24h ou 3h por dia), durante a gestação, sobre os efeitos do álcool no comportamento materno, e no desenvolvimento e comportamentos da prole. Para isso, camundongos Swiss fêmeas foram divididas em quatro grupos: alojadas em gaiolapadrão e tratadas com água (CT-NE); alojadas em gaiola-padrão e tratadas com etanol (3 g/kg; EtOH-NE); alojadas em EA e tratadas com água (CT-EA); e alojadas em EA e tratadas com etanol (EtOH-EA). As fêmeas foram introduzidas no EA durante a gestação e o tratamento com etanol foi realizado por gavagem do dia de gestação (GD) 15 ao dia pós-natal (PND) 10. O comportamento materno foi avaliado no PND3 logo após o tratamento com etanol e no PND4, imediatamente antes do tratamento. A prole foi avaliada quanto ao desenvolvimento físico e reflexológico além dos seguintes comportamentos: interação social, comportamento tipo ansioso, consumo de etanol e atividade locomotora durante a adolescência; e o comportamento de agressividade na idade adulta, em machos e fêmeas. Ainda, foi avaliada a concentração plasmática de OT, o número de células imunorreativas à OT no núcleo paraventricular, e a expressão gênica da OT e seu receptor no hipotálamo. Mães do grupo EtOH-NE mostraram redução no comportamento materno, o qual foi atenuado pela exposição ao EA (grupo EtOH-EA). Foi encontrada uma redução na OT plasmática nas mães do grupo EtOH-NE, além de um maior número de células imunorreativas à OT e maior expressão gênica do peptídeo no hipotálamo das mães expostas ao EA. Em relação à prole, os descendentes do grupo EtOH-NE, tanto machos quanto fêmeas, apresentaram um atraso no desenvolvimento e menor interação social. Além disso, nos machos, foi observado um aumento da agressividade; e nos filhotes fêmeas, um aumento do consumo de etanol, menor agressividade maternal e menor atividade locomotora. Esses comportamentos não foram observados nos descendentes do grupo EtOH-EA. Assim, os resultados mostraram que a exposição ao etanol durante a gestação e lactação reduziu o comportamento materno, prejudicou o desenvolvimento da prole e induziu efeitos deletérios em comportamentos sociais, no consumo de etanol e atividade locomotora. Esses prejuízos foram atenuados quando as mães foram expostas ao EA durante a gestação.Ethanol consumption during pregnancy is a serious public health problem once it can cross the placental barrier and affect the embryo-fetal development. Besides ethanol direct effects on the fetuses, the intake along gestation and lactation may also interfere in the maternal care behavior to the offspring since ethanol appears to disrupt the dam-pups interaction, probably related to a decrease in maternal oxytocin release. Environmental enrichment (EE) housing during pregnancy may increase the maternal care behavior and modulate the oxytocinergic system. This study aimed to evaluate the effects of EE (24h or 3h/day) during pregnancy on maternal care of female Swiss mice exposed to ethanol and social behavior, ethanol consumption and development of the offspring. Females were divided into four groups: standard housing - water; standard housing - ethanol (3 g/kg); EE housing - water and EE housing - ethanol. EE housing occurred only during gestation and the dams were treated by gavage from gestational day (GD) 15 to postnatal day (PND) 10. The maternal care was evaluated in the PND3 after treatment and in PND 4, 24h after the last gavage. The physical and reflexological development, anxiety-like behavior, ethanol intake, locomotor activity, social interaction in adolescence and aggressive behavior in adulthood were evaluated in both male and female offspring. Furthermore, OT plasma concentration, number of OT-immunoreactive cells in the paraventricular nucleus (PVN), and OT gene expression in the hypothalamus were evaluated. Dams of the standard housing-ethanol group showed a variety of deficits in maternal care which was reduced by exposure to EE. A reduction in OT plasma concentration was found in mothers in the standard housing - ethanol group, in addition to an increase number of OT-immunoreactive cells in the PVN and OT gene expression of mothers exposed to EE. Regarding the offspring, the ethanol exposed puppies (standard housing - ethanol descendants) of both sexes had a delay in the physical and reflexological development and showed decreased social interaction. Females showed an increased ethanol consumption, an decreased maternal aggression and lower locomotor activity and the males exhibited an elevated aggressive behavior compared to the respective EE mice. These parameters were attenuated by the mothers exposure to EE (EE housing - ethanol descendants). Thus, the results showed that ethanol gestational disrupts maternal care, harms the development of the offspring and induces deleterious effects in social parameters, ethanol consumption and locomotor activity during their adolescence/adulthood. These harmful effects were attenuated when dams were exposed to EE during pregnancy.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCamarini, RosanaMarianno, Priscila2023-03-10info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42136/tde-11012024-161937/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPReter o conteúdo por motivos de patente, publicação e/ou direitos autoriais.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-01-11T18:50:02Zoai:teses.usp.br:tde-11012024-161937Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-01-11T18:50:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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