A natureza e o espaço da água e sua presença na macrometrópole paulista

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Tagnin, Renato Arnaldo
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16137/tde-15072015-132704/
Resumo: A água se define no espaço que percorre em seu ciclo, onde interage com o meio físico e os organismos vivos e, ao trocar energia movimenta-se solubilizando e arrastando materiais pela atmosfera, solo e subsolo. Do relacionamento com esse espaço resultam suas características de qualidade, disponibilidade e regime. Em intervalos de tempo e proporções diferenciadas a água se desloca desempenhando funções de manutenção de equilíbrio térmico e sustentação das mais diversas formas de vida. Nessas funções destaca-se o papel da \"água verde\", a fração da chuva que é retida pela vegetação e promove o crescimento da biomassa, que sustenta a vida e as futuras chuvas, ao prover a atmosfera de umidade. As práticas correntes na gestão da água se concentram na fração líquida visível, a \"azul\", que se acumula e escoa em aquíferos, rios e lagos, abastecendo populações e sustentando atividades econômicas, exceto a maior parte da agricultura, que depende apenas da fração \"verde\". Esse elo ressalta o papel de florestas, como a amazônica, em prover parte das chuvas do Sudeste brasileiro, região das mais críticas na relação disponibilidade / demanda de água. A manutenção desses ciclos tem crescentes desafios, parte deles constituída por decisões de natureza política e econômica, conhecidas como \"teleconexões\"; voltadas a práticas comerciais, criação de incentivos e realização de investimentos, capazes de determinar o uso e disponibilidade de água de localidades e países distantes. A escala da apropriação direta e indireta do território já ameaça os regimes hídricos conhecidos e afeta as condições de vida. Nesta tese parte-se da verificação dessas condições para propor a abordagem do \'espaço da água, pelo seu potencial de permitir a leitura compartilhada dos processos de transformação, seus protagonistas e resultados, na perspectiva de mobilizar esforços para reversão das ameaças que a água sofre, particularmente, nas grandes cidades. Esta é a situação observada na Região Metropolitana de São Paulo, que expande seu padrão de degradação do espaço da água para a Macrometrópole Paulista, e além. Essa ampliação evidencia a prioridade dada à expansão das atividades econômicas, em níveis que degradam e esgotam as fontes que abastecem a população. Essa prioridade é reiterada na gestão da grave crise que ela mesma produz. Por meio da alocação desigual das escassas reservas remanescentes se mantém o atendimento de grandes consumidores, a preços vantajosos; amplia-se a interrupção do suprimento das regiões mais pobres; cria-se sobretaxa para restringir o consumo dos que ainda recebem água; buscam-se novos mananciais sem proteger os atuais e sem reduzir perdas de água do sistema, e se assegura a distribuição de dividendos a investidores da empresa pública de saneamento. Como resultado, se reduzem as perspectivas de suprimento seguro, pioram as condições de vida da maior parte dos habitantes do estado e não se alteram as condições vigentes de apropriação do seu espaço da água.
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Nessas funções destaca-se o papel da \"água verde\", a fração da chuva que é retida pela vegetação e promove o crescimento da biomassa, que sustenta a vida e as futuras chuvas, ao prover a atmosfera de umidade. As práticas correntes na gestão da água se concentram na fração líquida visível, a \"azul\", que se acumula e escoa em aquíferos, rios e lagos, abastecendo populações e sustentando atividades econômicas, exceto a maior parte da agricultura, que depende apenas da fração \"verde\". Esse elo ressalta o papel de florestas, como a amazônica, em prover parte das chuvas do Sudeste brasileiro, região das mais críticas na relação disponibilidade / demanda de água. A manutenção desses ciclos tem crescentes desafios, parte deles constituída por decisões de natureza política e econômica, conhecidas como \"teleconexões\"; voltadas a práticas comerciais, criação de incentivos e realização de investimentos, capazes de determinar o uso e disponibilidade de água de localidades e países distantes. A escala da apropriação direta e indireta do território já ameaça os regimes hídricos conhecidos e afeta as condições de vida. Nesta tese parte-se da verificação dessas condições para propor a abordagem do \'espaço da água, pelo seu potencial de permitir a leitura compartilhada dos processos de transformação, seus protagonistas e resultados, na perspectiva de mobilizar esforços para reversão das ameaças que a água sofre, particularmente, nas grandes cidades. Esta é a situação observada na Região Metropolitana de São Paulo, que expande seu padrão de degradação do espaço da água para a Macrometrópole Paulista, e além. Essa ampliação evidencia a prioridade dada à expansão das atividades econômicas, em níveis que degradam e esgotam as fontes que abastecem a população. Essa prioridade é reiterada na gestão da grave crise que ela mesma produz. Por meio da alocação desigual das escassas reservas remanescentes se mantém o atendimento de grandes consumidores, a preços vantajosos; amplia-se a interrupção do suprimento das regiões mais pobres; cria-se sobretaxa para restringir o consumo dos que ainda recebem água; buscam-se novos mananciais sem proteger os atuais e sem reduzir perdas de água do sistema, e se assegura a distribuição de dividendos a investidores da empresa pública de saneamento. Como resultado, se reduzem as perspectivas de suprimento seguro, pioram as condições de vida da maior parte dos habitantes do estado e não se alteram as condições vigentes de apropriação do seu espaço da água.The water is defined by the space where pass through its cycle, where it interacts with the physical environment and living organisms, where it exchanges energy moving, dissolving and dragging materials through the air, land and subsoil. From its relationship with this space results its quality, availability and regularity. In variable time periods and proportions water moves to perform maintenance functions of thermal equilibrium and to support the most diverse forms of life. These functions highlight the green water\'s role, the fraction of rain that is retained by vegetation and promotes the biomass growth that sustains life and the future rainfall, by providing moisture to atmosphere. Current practices in water management are focused on the \"blue\" fraction, the visible one, which accumulates and flows through aquifers, rivers and lakes, supplying populations and supporting economic activities, except most of the agriculture, which depends only on the \"green\" water fraction. This relation highlights the role of forests, such as the Amazon, to provide part of the Brazilian Southeast rains, the most critical region in availability / demand of water. The maintenance of these cycles shows growing challenges, some of them consisting of political and economic decisions, known as \"teleconnections\"; related to business practices, able to determine the conditions of use and water availability of distant regions and countries, by providing incentives and investments. The range of direct and indirect appropriation of the territory already threatens the known water regimes and affects the living conditions. From those conditions, we propose a way to consider the water space by its potential to share readings of the transformation processes, its protagonists and output with regard to mobilize efforts to reverse the threats that water suffers particularly in large cities. This is the situation in the Metropolitan Region of São Paulo, expanding its pattern of degradation of water space over the Macrometropolis Paulista, and beyond. This expansion demonstrates the priority given to the expansion of economic activity, at levels that degrade and exhaust the population supply sources. This priority is reiterated in the same way by the management of severe crisis. Through the unequal allocation of the scarce remaining reserves remains the serving large consumers, at favorable prices; extends to interrupt the supply of the poorest regions; a surcharge is created to restrict the consumption of those who still receive water; continuously searching new sources without protect the current ones and without reducing system water losses, and ensures the distribution of dividends to investors of public sanitation company. As a result, those practices reduces the prospects for secure supply, worsening the living conditions of most of the inhabitants of the state and do not change the prevailing conditions of the water space appropriation.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMartins, Maria Lucia Refinetti RodriguesTagnin, Renato Arnaldo2015-04-29info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16137/tde-15072015-132704/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:11:57Zoai:teses.usp.br:tde-15072015-132704Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:57Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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