O papel da prosódia na identificação das variedades regionais do português brasileiro
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2011 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-11042012-154818/ |
Resumo: | Este estudo trata da variação regional em português brasileiro, pautando-se pelo viés perceptivo dos estudos da linguagem. Os trabalhos perceptuais de Atkinsons (1968), Bonte (1975), Maidment (1976), Ohala e Gilbert (1978) e Bezooijen e Gooskens (1999) já apontaram para a importância da prosódia como pista no reconhecimento das línguas e suas variedades regionais. Dessa maneira, este trabalho tem como objetivo verificar se os informantes de português brasileiro são capazes de reconhecer suas próprias variedades regionais apenas pela prosódia, além de buscar, por meio de uma análise de produção, pistas nas variações de F0 que possam justificar o reconhecimento dessas variedades. Trata-se de um estudo experimental sobre 3 variedades do português brasileiro: variedade de Pelotas (RS), a de São Paulo (bairro da Mooca) e a de Senador Pompeu (CE). Um teste perceptual foi elaborado de maneira a eliminar do sinal acústico os segmentos produzidos (experimento 1), deixando como informação para os participantes somente as características prosódicas. Esse experimento foi subdividido em trechos de fala curtos e longos, e, para a feitura com fala delexicalizada, foi utilizado o script PURR (SONNTAG; PORTELE, 1998b). Em contrapartida, o experimento 2 eliminou as variações prosódicas, restando somente a curva melódica monotônica (CMM) e os segmentos. A monotonização dos trechos de fala foi feita por meio de uma senoide com o valor do tom médio de cada estímulo, obtido automaticamente via aplicativo ExProsodia (FERREIRA NETTO, 2010). A análise dos dados foi feita de duas maneiras: via Teoria da Detecção TD (MACMILLAN; CREELMAN, 2005) e análise estatística dos dados. Os 9 resultados obtidos na TD demonstraram que os participantes tiveram um bom desempenho na tarefa de reconhecimento de suas variedades, com índices dprime elevados (d > 0). O desempenho entre o experimento 1 e 2 foi diverso, apresentando uma maior dificuldade de reconhecimento no experimento 1 com estímulos delexicalizados (PURR). Os informantes tiveram um desempenho melhor no experimento 2 (75% de acertos contra 62% do experimento 1). O mesmo foi observado por Bezooijen e Gooskens (1999), em estudo sobre percepção de características dialetais do inglês e do holandês. Na análise estatística dos dados, no experimento 1 (PURR), os informantes da variedade de São Paulo tiveram um desempenho diverso dos demais. Da mesma forma, na análise de produção, os estímulos da variedade de São Paulo apresentaram diferenças significativas no tom médio e na dispersão de F0. A tendência dos alarmes falsos (TD) também corroborou a hipótese de que os ouvintes são capazes de reconhecer sua própria variedade por meio da prosódia. |
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O papel da prosódia na identificação das variedades regionais do português brasileiroThe role of prosody in the identification of regional varieties of brazilian portugueseBrazilian Portugueselinguistic variationpercepçãoperceptionportuguês do Brasilprosódiaprosodyvariação linguísticaEste estudo trata da variação regional em português brasileiro, pautando-se pelo viés perceptivo dos estudos da linguagem. Os trabalhos perceptuais de Atkinsons (1968), Bonte (1975), Maidment (1976), Ohala e Gilbert (1978) e Bezooijen e Gooskens (1999) já apontaram para a importância da prosódia como pista no reconhecimento das línguas e suas variedades regionais. Dessa maneira, este trabalho tem como objetivo verificar se os informantes de português brasileiro são capazes de reconhecer suas próprias variedades regionais apenas pela prosódia, além de buscar, por meio de uma análise de produção, pistas nas variações de F0 que possam justificar o reconhecimento dessas variedades. Trata-se de um estudo experimental sobre 3 variedades do português brasileiro: variedade de Pelotas (RS), a de São Paulo (bairro da Mooca) e a de Senador Pompeu (CE). Um teste perceptual foi elaborado de maneira a eliminar do sinal acústico os segmentos produzidos (experimento 1), deixando como informação para os participantes somente as características prosódicas. Esse experimento foi subdividido em trechos de fala curtos e longos, e, para a feitura com fala delexicalizada, foi utilizado o script PURR (SONNTAG; PORTELE, 1998b). Em contrapartida, o experimento 2 eliminou as variações prosódicas, restando somente a curva melódica monotônica (CMM) e os segmentos. A monotonização dos trechos de fala foi feita por meio de uma senoide com o valor do tom médio de cada estímulo, obtido automaticamente via aplicativo ExProsodia (FERREIRA NETTO, 2010). A análise dos dados foi feita de duas maneiras: via Teoria da Detecção TD (MACMILLAN; CREELMAN, 2005) e análise estatística dos dados. 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A tendência dos alarmes falsos (TD) também corroborou a hipótese de que os ouvintes são capazes de reconhecer sua própria variedade por meio da prosódia.This is a perceptual study on the regional variation in Brazilian Portuguese. Previous perceptual studies conducted by Atkinsons (1968), Bonte (1975), Maidment (1976), Ohala & Gilbert (1978) and Bezooijen & Gooskens (1999) have verified the importance of prosody in languages recognition and their regional varieties. This study aims to verify if Brazilian informants are able to recognize their own regional varieties only by listening to some prosodic information. Moreover, it also aims at searching for cues in F0 variation, which can justify the recognition of varieties. The experimental studies conducted in this study deal with three varieties of Brazilian Portuguese: the variety of Pelotas (RS), São Paulo (Mooca district) and Senador Pompeu (CE). The first experiment was designed to eliminate the segments of speech in order to maintain only the prosodic information. It was divided into short and long excerpts, which consisted of delexicalized speech created with PURR script (SONNTAG; PORTELE, 1998b). The experiment 2 eliminated F0 variations from speech in order to maintain only the monotonic melodic curve (MMC) and the segments. The monotonization was done by using a sinusoidal curve with the mean frequency of each stimulus. The mean frequency was obtained automatically by using ExProsodia application. The data were analyzed in two ways: firstly, an analysis was done based on the Detection Theory DT (MACMILLAN; CREELMAN, 2005); secondly, a statistical analysis was performed. The results obtained in DT showed that the participants were good at the recognition task of their varieties. The levels of d11 prime were elevated (d >0). The results obtained by conducting experiment 1 and 2 were different as we observed more recognition difficulties in experiment 1 with delexicalized stimuli (PURR). The informants had a better performance in experiment 2 (75% of correct answers compared to 62% of experiment 1). The same was observed by Bezooijen & Gooskens (1999) in their study on the perception of dialectal characteristics of English and Dutch. In the statistical analysis of experiment 1, the participants, who speak the São Paulo variety, showed different results when compared to others varieties. The same was observed in the analysis of production date as the results showed significant differences in mean frequency and F0 dispersion. The tendency of false alarms (DT) also corroborated the hypothesis which claims that prosody information plays an important role in the recognition of regional varieties.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPFerreira Netto, WaldemarPeres, Daniel Oliveira2011-10-14info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-11042012-154818/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:31Zoai:teses.usp.br:tde-11042012-154818Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:31Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Este estudo trata da variação regional em português brasileiro, pautando-se pelo viés perceptivo dos estudos da linguagem. Os trabalhos perceptuais de Atkinsons (1968), Bonte (1975), Maidment (1976), Ohala e Gilbert (1978) e Bezooijen e Gooskens (1999) já apontaram para a importância da prosódia como pista no reconhecimento das línguas e suas variedades regionais. Dessa maneira, este trabalho tem como objetivo verificar se os informantes de português brasileiro são capazes de reconhecer suas próprias variedades regionais apenas pela prosódia, além de buscar, por meio de uma análise de produção, pistas nas variações de F0 que possam justificar o reconhecimento dessas variedades. Trata-se de um estudo experimental sobre 3 variedades do português brasileiro: variedade de Pelotas (RS), a de São Paulo (bairro da Mooca) e a de Senador Pompeu (CE). Um teste perceptual foi elaborado de maneira a eliminar do sinal acústico os segmentos produzidos (experimento 1), deixando como informação para os participantes somente as características prosódicas. Esse experimento foi subdividido em trechos de fala curtos e longos, e, para a feitura com fala delexicalizada, foi utilizado o script PURR (SONNTAG; PORTELE, 1998b). Em contrapartida, o experimento 2 eliminou as variações prosódicas, restando somente a curva melódica monotônica (CMM) e os segmentos. A monotonização dos trechos de fala foi feita por meio de uma senoide com o valor do tom médio de cada estímulo, obtido automaticamente via aplicativo ExProsodia (FERREIRA NETTO, 2010). A análise dos dados foi feita de duas maneiras: via Teoria da Detecção TD (MACMILLAN; CREELMAN, 2005) e análise estatística dos dados. Os 9 resultados obtidos na TD demonstraram que os participantes tiveram um bom desempenho na tarefa de reconhecimento de suas variedades, com índices dprime elevados (d > 0). O desempenho entre o experimento 1 e 2 foi diverso, apresentando uma maior dificuldade de reconhecimento no experimento 1 com estímulos delexicalizados (PURR). Os informantes tiveram um desempenho melhor no experimento 2 (75% de acertos contra 62% do experimento 1). O mesmo foi observado por Bezooijen e Gooskens (1999), em estudo sobre percepção de características dialetais do inglês e do holandês. Na análise estatística dos dados, no experimento 1 (PURR), os informantes da variedade de São Paulo tiveram um desempenho diverso dos demais. Da mesma forma, na análise de produção, os estímulos da variedade de São Paulo apresentaram diferenças significativas no tom médio e na dispersão de F0. A tendência dos alarmes falsos (TD) também corroborou a hipótese de que os ouvintes são capazes de reconhecer sua própria variedade por meio da prosódia. |
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