Caso Jorge Amado: o poder soviético e a publicação de Gabriela, Cravo e Canela

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Darmaros, Marina Fonseca
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8155/tde-28022020-150719/
Resumo: O cenário do acolhimento de Amado na URSS no período pré-1956 se mostra razoavelmente favorável ao escritor brasileiro, tanto nas camadas hierárquicas mais altas do aparato, quanto entre membros da intelligentsia que tinham algum papel na recomendação de autores. Assim, Os subterrâneos da liberdade sai em russo já em 1954, mesmo ano em que estreia no Brasil talvez seguindo as diretivas do Comitê Central do PCUS, que se referiam diretamente a Amado quando explicitavam a necessidade de se apressar a publicação de determinada literatura traduzida para o russo. Mas os ecos do discurso de Khruschov não foram necessariamente favoráveis à publicação de Gabriela, Cravo e Canela na Rússia, como mostramos aqui. Conquanto pareça óbvio que o discurso secreto tenha determinado tanto a produção desta obra por Amado, como sua publicação em russo, em um círculo vicioso, a decisão não é tão patente no aparato soviético: pelo contrário, há um estado de hesitação quanto à publicação do baiano pós-discurso secreto. Meu objetivo nesta tese não foi analisar a recepção amadiana na URSS, mas sim as circunstâncias que possibilitaram sua publicação. No presente estudo, o conceito de gatekeeper (do inglês, porteiro, guardião do portão) tem papel fundamental. No cenário da centralização editorial na União Soviética, nem mercado, nem vendas definiam as decisões quanto às publicações, que eram tomadas seguindo a ideologia vigente e suas variações. Assim, mostramos, por meio de documentos provenientes de diversos arquivos e de outras fontes, como os acontecimentos pós-1956 geraram dúvidas quanto à publicação de Amado e como Gabriela, Cravo e Canela foi publicado na URSS.
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