Sociologia do ensino de sociologia: os debates acadêmicos sobre a constituição de uma disciplina escolar
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-17112014-113744/ |
Resumo: | A formação da Sociologia como disciplina escolar exemplifica como diferentes forças sociais concorrem na fabricação do currículo. Esta tese centrou-se em uma dessas forças sociais o campo científico para analisar a participação de intelectuais e sociedades científicas no processo de constituição do ensino de Sociologia como objeto de pesquisa das Ciências Sociais e Educação. A investigação recorreu à pesquisa documental, seguida de um esforço de revisão bibliográfica que lhe forneceu substrato teórico e metodológico. Suas principais fontes foram a revista Sociologia, a produção de programas de pós-graduação, os anais de sete edições do Congresso Brasileiro de Sociologia e o Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Os materiais coletados, tratados e analisados a partir de uma abordagem qualitativa, resultaram na construção de um mapa da produção acadêmica, organizada em dois contextos intelectuais: entre 1939 e 1955, momento em que a Sociologia como disciplina escolar foi reconhecida pelos intelectuais como parte do seu processo de institucionalização como ciência e profissão; e entre 1993 e 2013, quando as questões referentes ao percurso de escolarização da Sociologia adentraram a agenda de pesquisa de programas de pós-graduação. Ao todo, a pesquisa identificou mais de duas centenas de artigos, 56 dissertações de mestrado e teses de doutorado e 22 grupos de pesquisa. Concluiu que, entre 1939 e 1955, o meio acadêmico problematizou as funções universais e científicas do ensino de Sociologia, ao mesmo tempo em que se interessou por métodos de difusão dos conhecimentos das Ciências Sociais. A despeito dessa produção, o ensino de Sociologia não chegou a compor projetos investigativos autônomos. A maior parte dos trabalhos desempenhou um papel político de demarcar posição no debate sobre o lugar da Sociologia no quadro das ciências, estabelecer um escopo de atuação profissional para os cientistas sociais e expor inquietações relativas à didática da Sociologia no ensino superior. Nesse sentido, confirmou-se a hipótese de que o ensino de Sociologia se configurou como um objeto de pesquisa invisível ou, nas palavras de Bourdieu, ilegítimo para o campo científico. Essa invisibilidade associa-se à própria hierarquização entre, de um lado, atividades de pesquisa e formação de bacharéis, e, de outro e em posição de subordinação, atividades de ensino e formação de licenciados. No caso da produção contemporânea, verificou-se que se encontra em curso um processo de formação de uma área científica, nos termos de António Nóvoa, do ponto de vista acadêmico (produção dos programas de pós-graduação), científico (organização de grupos de pesquisa e eventos científicos) e curricular (criação de disciplinas, linhas de pesquisa e cursos na pós-graduação). Contudo, essa produção permanece circunscrita a alguns grupos de pesquisadores, com poucas evidências de opções teórico-metodológicas afins e sem reconhecimento por parte de cientistas sociais e pedagogos de áreas de pesquisa já consolidadas. A tese divide-se em três capítulos, além da Introdução e Conclusão. O primeiro capítulo Ensino de Sociologia e sociedades científicas propõe uma reflexão a respeito da formação da Sociologia como disciplina escolar a partir da experiência de países como Brasil, Portugal, Estados Unidos e França e à luz dos debates sobre o currículo como construção social. O segundo Debates acadêmicos contemporâneos (1993-2013) e terceiro capítulos Intelectuais e ensino de Sociologia (1939-1955) fazem um balanço das atividades acadêmicas registradas em revistas especializadas, eventos científicos e, em período recente, grupos de pesquisa e programas de pós-graduação. |
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Sociologia do ensino de sociologia: os debates acadêmicos sobre a constituição de uma disciplina escolarSociology of the teaching of sociology: the academic debates about the constitution of a school disciplineBrasilBrazilCongressCongressosCurrículos e programasCurriculumEnsino médioHigh-schoolIntelectuaisIntellectualsPeriódicos científicosPesquisa e ensinoResearch and teachingScientific journalSociologiaSociologyA formação da Sociologia como disciplina escolar exemplifica como diferentes forças sociais concorrem na fabricação do currículo. Esta tese centrou-se em uma dessas forças sociais o campo científico para analisar a participação de intelectuais e sociedades científicas no processo de constituição do ensino de Sociologia como objeto de pesquisa das Ciências Sociais e Educação. A investigação recorreu à pesquisa documental, seguida de um esforço de revisão bibliográfica que lhe forneceu substrato teórico e metodológico. Suas principais fontes foram a revista Sociologia, a produção de programas de pós-graduação, os anais de sete edições do Congresso Brasileiro de Sociologia e o Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Os materiais coletados, tratados e analisados a partir de uma abordagem qualitativa, resultaram na construção de um mapa da produção acadêmica, organizada em dois contextos intelectuais: entre 1939 e 1955, momento em que a Sociologia como disciplina escolar foi reconhecida pelos intelectuais como parte do seu processo de institucionalização como ciência e profissão; e entre 1993 e 2013, quando as questões referentes ao percurso de escolarização da Sociologia adentraram a agenda de pesquisa de programas de pós-graduação. Ao todo, a pesquisa identificou mais de duas centenas de artigos, 56 dissertações de mestrado e teses de doutorado e 22 grupos de pesquisa. Concluiu que, entre 1939 e 1955, o meio acadêmico problematizou as funções universais e científicas do ensino de Sociologia, ao mesmo tempo em que se interessou por métodos de difusão dos conhecimentos das Ciências Sociais. A despeito dessa produção, o ensino de Sociologia não chegou a compor projetos investigativos autônomos. A maior parte dos trabalhos desempenhou um papel político de demarcar posição no debate sobre o lugar da Sociologia no quadro das ciências, estabelecer um escopo de atuação profissional para os cientistas sociais e expor inquietações relativas à didática da Sociologia no ensino superior. Nesse sentido, confirmou-se a hipótese de que o ensino de Sociologia se configurou como um objeto de pesquisa invisível ou, nas palavras de Bourdieu, ilegítimo para o campo científico. Essa invisibilidade associa-se à própria hierarquização entre, de um lado, atividades de pesquisa e formação de bacharéis, e, de outro e em posição de subordinação, atividades de ensino e formação de licenciados. No caso da produção contemporânea, verificou-se que se encontra em curso um processo de formação de uma área científica, nos termos de António Nóvoa, do ponto de vista acadêmico (produção dos programas de pós-graduação), científico (organização de grupos de pesquisa e eventos científicos) e curricular (criação de disciplinas, linhas de pesquisa e cursos na pós-graduação). Contudo, essa produção permanece circunscrita a alguns grupos de pesquisadores, com poucas evidências de opções teórico-metodológicas afins e sem reconhecimento por parte de cientistas sociais e pedagogos de áreas de pesquisa já consolidadas. A tese divide-se em três capítulos, além da Introdução e Conclusão. O primeiro capítulo Ensino de Sociologia e sociedades científicas propõe uma reflexão a respeito da formação da Sociologia como disciplina escolar a partir da experiência de países como Brasil, Portugal, Estados Unidos e França e à luz dos debates sobre o currículo como construção social. O segundo Debates acadêmicos contemporâneos (1993-2013) e terceiro capítulos Intelectuais e ensino de Sociologia (1939-1955) fazem um balanço das atividades acadêmicas registradas em revistas especializadas, eventos científicos e, em período recente, grupos de pesquisa e programas de pós-graduação.The formation of Sociology as a school discipline is an example of how different social forces concur to fabricate the curriculum. This research focused on one of these social forces the academic-scientific field with the purpose of analyzing the participation of intellectuals and scientific societies in the making of the teaching of Sociology as an object of research in Social Science and Education. The investigation included documental research, followed by an effort of bibliographical review which provided theoretical and methodological substrate. Its main sources were the journal Sociologia, the graduate programs, the annals with seven editions of the Brazilian Congress of Sociology and the Directory of Research Groups in Brazil of the Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) (National Council of Scientific and Technological Development). The materials were collected, treated and analyzed based on a qualitative approach, resulting in a map of the academic production, organized in two intellectual contexts: between 1939 and 1955, a moment when Sociology as a discipline was acknowledged by intellectuals as part of the process that institutionalized Sociology as a science and a profession; and between 1993 and 2013, when the issues related to the path of schooling of Sociologyset foot in the research agenda of graduate programs. In whole, the research identified over 200 articles, 56 theses and dissertations and 22 research groups. Conclusion was that between 1939 and 1955, the academic milieu problematized the universal and scientific functions of the teaching of Sociology, and at the same time there was an interest in methods to disseminate the knowledge of the Social Science. Despite such production, the teaching of Sociology did not manage to set up independent investigative projects. Most of the works played a political role in taking a position in the debate about where Sociology stands in the framework of sciences, to establish a scope of professional activity for the social scientists and present concerns about the didactics of Sociology in higher education. Thus, the assumption that the teaching of Sociology turned out as an invisible object of research was confirmed, or illegitimate in Bourdieu´s words, in the academic-scientific field. Such invisibility is associated with the very hierarchy between, on one hand, research activities and the training of Sociology graduates, and, on the other hand and in subordinate position, teaching activities and the training of teachers. In the case of contemporary production, there is process underway to set up a scientific area, according to António Nóvoa, from a perspective that is academic (production of graduate programs), scientific (organization of research groups and scientific events) and curricular (setting up disciplines, lines of research and graduate courses). However, this production is still restricted to some groups of researchers, with little evidence of related theoretical-methodological options and with no acknowledgement by social scientists and pedagogues from research areas already established. The dissertation is divided in three chapters, in addition to the Introduction and Conclusion. The first chapter Teaching of Sociology and the scientific societies proposes to think about how Sociology became a school discipline based on the experience of countries like Brazil, Portugal, the USA and France under the light of debates about the curriculum as a social construction. The second Contemporary academic debates (1993-2013) and the third chapters Intellectuals and the teaching of Sociology (1939-1955) make an assessment of the academic activities that circulated among specialized journals, scientific events and, recently, research groups and graduate programs.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMoraes, Amaury CesarNeuhold, Roberta dos Reis2014-09-18info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-17112014-113744/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:11:55Zoai:teses.usp.br:tde-17112014-113744Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:55Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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A formação da Sociologia como disciplina escolar exemplifica como diferentes forças sociais concorrem na fabricação do currículo. Esta tese centrou-se em uma dessas forças sociais o campo científico para analisar a participação de intelectuais e sociedades científicas no processo de constituição do ensino de Sociologia como objeto de pesquisa das Ciências Sociais e Educação. A investigação recorreu à pesquisa documental, seguida de um esforço de revisão bibliográfica que lhe forneceu substrato teórico e metodológico. Suas principais fontes foram a revista Sociologia, a produção de programas de pós-graduação, os anais de sete edições do Congresso Brasileiro de Sociologia e o Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Os materiais coletados, tratados e analisados a partir de uma abordagem qualitativa, resultaram na construção de um mapa da produção acadêmica, organizada em dois contextos intelectuais: entre 1939 e 1955, momento em que a Sociologia como disciplina escolar foi reconhecida pelos intelectuais como parte do seu processo de institucionalização como ciência e profissão; e entre 1993 e 2013, quando as questões referentes ao percurso de escolarização da Sociologia adentraram a agenda de pesquisa de programas de pós-graduação. Ao todo, a pesquisa identificou mais de duas centenas de artigos, 56 dissertações de mestrado e teses de doutorado e 22 grupos de pesquisa. Concluiu que, entre 1939 e 1955, o meio acadêmico problematizou as funções universais e científicas do ensino de Sociologia, ao mesmo tempo em que se interessou por métodos de difusão dos conhecimentos das Ciências Sociais. A despeito dessa produção, o ensino de Sociologia não chegou a compor projetos investigativos autônomos. A maior parte dos trabalhos desempenhou um papel político de demarcar posição no debate sobre o lugar da Sociologia no quadro das ciências, estabelecer um escopo de atuação profissional para os cientistas sociais e expor inquietações relativas à didática da Sociologia no ensino superior. Nesse sentido, confirmou-se a hipótese de que o ensino de Sociologia se configurou como um objeto de pesquisa invisível ou, nas palavras de Bourdieu, ilegítimo para o campo científico. Essa invisibilidade associa-se à própria hierarquização entre, de um lado, atividades de pesquisa e formação de bacharéis, e, de outro e em posição de subordinação, atividades de ensino e formação de licenciados. No caso da produção contemporânea, verificou-se que se encontra em curso um processo de formação de uma área científica, nos termos de António Nóvoa, do ponto de vista acadêmico (produção dos programas de pós-graduação), científico (organização de grupos de pesquisa e eventos científicos) e curricular (criação de disciplinas, linhas de pesquisa e cursos na pós-graduação). Contudo, essa produção permanece circunscrita a alguns grupos de pesquisadores, com poucas evidências de opções teórico-metodológicas afins e sem reconhecimento por parte de cientistas sociais e pedagogos de áreas de pesquisa já consolidadas. A tese divide-se em três capítulos, além da Introdução e Conclusão. O primeiro capítulo Ensino de Sociologia e sociedades científicas propõe uma reflexão a respeito da formação da Sociologia como disciplina escolar a partir da experiência de países como Brasil, Portugal, Estados Unidos e França e à luz dos debates sobre o currículo como construção social. O segundo Debates acadêmicos contemporâneos (1993-2013) e terceiro capítulos Intelectuais e ensino de Sociologia (1939-1955) fazem um balanço das atividades acadêmicas registradas em revistas especializadas, eventos científicos e, em período recente, grupos de pesquisa e programas de pós-graduação. |
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