(Re)pensando a assistência: contribuições da psicanálise para as políticas públicas no enfrentamento do ciclo da repetição na violência contra a mulher

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Chagas, Luciana Ferreira
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-07052020-185636/
Resumo: Essa tese tem como eixo central a articulação entre o problema do ciclo repetitivo da violência contra a mulher, as políticas públicas e a psicanálise. Tanto as pesquisas acadêmicas, como as Políticas Públicas a respeito da violência contra a mulher, apontam o chamado ciclo da violência, que aparece nesse contexto como um problema de difícil resolução, indicando que essa questão, deixa de ser um problema privado e passa a ser um problema público. Na rede pública temos, entre outros, o serviço dos Centros de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM), espaços especializados para o atendimento, contando com a inserção da psicologia. Apesar da dificuldade apresentada por essas mulheres em mudarem o seu padrão de comportamento, as Políticas Públicas vêm propondo o serviço de atendimento psicológico priorizando a psicoeducação com conscientização e empoderamento apresentando-se carente de intervenções da psicologia clínica. Reconhecemos o progresso no enfrentamento à violência, entretanto é crucial mantermos a posição de avanço no campo da intervenção. Sendo assim, acreditamos que a intervenção clínica merece atenção especial na tática ao enfrentamento, confiando que a psicanálise possa contribuir ao propor que esse ciclo da violência seja escutado como um novo caminho a partir do conceito próprio de repetição, indicando os fundamentos pelos quais interessa ao psicanalista aquilo que se repete, apontando uma possível direção para um tratamento: a repetição como dado clínico. Cientes da relevância desse problema, nosso objetivo é criar novas estratégias de inserção da clínica psicanalítica nos equipamentos públicos para que possamos avançar no tratamento do ciclo da violência, a partir da escuta do sofrimento singular, contribuindo com outros profissionais na rede de atenção à mulher em situação de violência. Para isso, a partir da teoria psicanalítica, discute-se inicialmente o conceito de repetição, apontando a lógica do funcionamento inconsciente que sustenta/funda nossos comportamentos, enfatizando a repetição como evidência de um funcionamento psíquico próprio de cada mulher. Apresenta-se a noção psicanalítica de responsabilização, diferenciando-a de culpabilização, apontando os efeitos da implicação de cada sujeito em sua queixa e seu sintoma, indicando a importância em investigarmos o tipo de relação que cada mulher estabelece, não apenas com a situação violenta como acontecimento, mas com o ciclo da repetição como experiência. Conclui-se que ao vivenciarmos de modo sadio a experiência da responsabilização, temos a chance de decidir sobre determinada situação, implicando-nos em nossas escolhas e nas consequências decorrentes dessas. Conclui-se ainda a relevância do atendimento transdisciplinar, considerando as diferentes áreas de saber envolvidas, incluindo o saber da mulher e outras pessoas envolvidas em cada situação, oferecendo à essas mulheres também um espaço de fala, onde possamos escutar cada mulher em sua experiência singular, escuta clínica, onde elas possam posicionar-se subjetivamente, na direção do rompimento do ciclo da violência, emergindo como autoras de sua própria história
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Na rede pública temos, entre outros, o serviço dos Centros de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM), espaços especializados para o atendimento, contando com a inserção da psicologia. Apesar da dificuldade apresentada por essas mulheres em mudarem o seu padrão de comportamento, as Políticas Públicas vêm propondo o serviço de atendimento psicológico priorizando a psicoeducação com conscientização e empoderamento apresentando-se carente de intervenções da psicologia clínica. Reconhecemos o progresso no enfrentamento à violência, entretanto é crucial mantermos a posição de avanço no campo da intervenção. Sendo assim, acreditamos que a intervenção clínica merece atenção especial na tática ao enfrentamento, confiando que a psicanálise possa contribuir ao propor que esse ciclo da violência seja escutado como um novo caminho a partir do conceito próprio de repetição, indicando os fundamentos pelos quais interessa ao psicanalista aquilo que se repete, apontando uma possível direção para um tratamento: a repetição como dado clínico. Cientes da relevância desse problema, nosso objetivo é criar novas estratégias de inserção da clínica psicanalítica nos equipamentos públicos para que possamos avançar no tratamento do ciclo da violência, a partir da escuta do sofrimento singular, contribuindo com outros profissionais na rede de atenção à mulher em situação de violência. Para isso, a partir da teoria psicanalítica, discute-se inicialmente o conceito de repetição, apontando a lógica do funcionamento inconsciente que sustenta/funda nossos comportamentos, enfatizando a repetição como evidência de um funcionamento psíquico próprio de cada mulher. Apresenta-se a noção psicanalítica de responsabilização, diferenciando-a de culpabilização, apontando os efeitos da implicação de cada sujeito em sua queixa e seu sintoma, indicando a importância em investigarmos o tipo de relação que cada mulher estabelece, não apenas com a situação violenta como acontecimento, mas com o ciclo da repetição como experiência. Conclui-se que ao vivenciarmos de modo sadio a experiência da responsabilização, temos a chance de decidir sobre determinada situação, implicando-nos em nossas escolhas e nas consequências decorrentes dessas. Conclui-se ainda a relevância do atendimento transdisciplinar, considerando as diferentes áreas de saber envolvidas, incluindo o saber da mulher e outras pessoas envolvidas em cada situação, oferecendo à essas mulheres também um espaço de fala, onde possamos escutar cada mulher em sua experiência singular, escuta clínica, onde elas possam posicionar-se subjetivamente, na direção do rompimento do ciclo da violência, emergindo como autoras de sua própria históriaThis thesis presents the articulation between the problem of the repetitive cycle of violence against women, public policies and psychoanalysis. Academic research, such as public policy on violence against women, points the cycle of violence which appears as a problem that is difficult to solve indicating that this is no longer a private issue but a public issue. We have, In the public assistance, the Reference Centers of Service for Women Care (CRAM), offering specialized services for care, with the psychology practice. Despite the difficulty presented by these women in changing their behavior patterns, the Public Policies have been proposing the psychological care service prioritizing psychoeducation with awareness and empowerment presenting lack of clinical psychology interventions. We recognize progress in violence services, however it is crucial that we maintain the improvement in the field of intervention. Therefore, we believe that clinical intervention deserves special attention in the assistance strategies, trusting that psychoanalysis can contribute by proposing that cycle of violence be heard as a new way from the concept of repetition, pointing a possible direction for a treatment: repetition as clinical issue. Aware of the relevance of this issue, our goal is to create new strategies for inserting the psychoanalytical clinic in public facilities hoping an advance in the treatment of the cycle of violence, from listening to singular suffering. Based on psychoanalysis theory, the concept of repetition is initially discussed, pointing to the logic of unconscious functioning that supports / founds our behaviors, emphasizing repetition as evidence of each woman\'s own psychic functioning. The psychoanalytical notion of responsibility is presented, differentiating it from blaming, pointing out the effects of the implication of each subject in their complaint and their symptom, indicating the importance of investigating the type of relationship that each woman establishes, not only with the violent situation as an event, but with the repetition cycle as an experience. We concluded that by living the experience of responsibility in a healthy way, we have the chance to decide on a certain situation, implying in our choices and the consequences arising from them. It is also concluded the relevance of transdisciplinary care, considering the different areas of knowledge involved, including women\'s knowledge and other people involved in each situation, offering a speaking space to these women, where we can listen to each woman in her unique experience, clinical listening, where they can position themselves subjectively, towards the breaking of the cycle of violence, emerging as authors of their own historyBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMoretto, Maria Livia TourinhoChagas, Luciana Ferreira2019-12-09info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-07052020-185636/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2020-05-08T01:04:02Zoai:teses.usp.br:tde-07052020-185636Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212020-05-08T01:04:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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