O eterno retorno um estudo sobre o camponês-operário do açúcar
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 1982 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11145/tde-20220207-205108/ |
Resumo: | Este trabalho procurou estudar a dupla exploração a que está sujeito o migrante sazonal: em primeiro lugar, devido à natureza do trabalho que desenvolve durante uma parte do ano, em unidades produtivas familiares da Bahia, na qualidade de trabalhadores para o capital", produzindo apenas para sua subsistência, expropriados dos frutos de sua relação jurídica com a terra. Em segundo lugar, na condição de operários do açúcar das usinas paulistas, através de seu assalariamento temporário, especificamente no período da safra que vai de maio a novembro. Esse processo tem se reproduzido iterativamente, a ponto de servir à comprovação de complementariedade existente entre o desenvolvimento do Centro-Sul e a estagnação do Nordeste, aqui representado pela Bahia. Foi possível, igualmente, compreender a migração sazonal como uma forma de viabilizar a circulação dessa mercadoria: a força de trabalho do camponês-operário do açúcar. Ademais, procurou-se demonstrar de que forma a visão de mundo do camponês - prisioneira de sua tradição camponesa - (traduzida pelos laços que desenvolve com a terra e com a reprodução de sua família) esmaece a sua organização política, à medida que o contrapõe aos seus companheiros de trabalho: os assalariados do açúcar, a quem o camponês qualifica de paulistas. A ideologia capitalista, ao alimentar a divisão entre iguais, que o vivido do camponês lhe impõe, ratifica o seu poder hegemônico, tanto na região de origem, como na de destino. Utilizando a concepção de WANDERLEY que analisa o camponês como um trabalhador para o capital, a noção da heterogeneidade especifica do desenvolvimento do capitalismo no Brasil, da migração que possibilita a existência do camponês-operário do açúcar, além do conceito marxista de ideologia e de classes sociais, tentou-se captar a luta que se processa entre capital e trabalho e a forma por que um e outro polo dessa complexa totalidade concretiza os seus mecanismos de luta: de um lado, o capital que recria a pequena propriedade sem nenhuma autonomia econômico-financeira; e de outro, o trabalhador procurando resistir ,ainda que individualmente ou em grupos, ao cativeiro, à sua morte social: a proletarização sumária. |
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In seconde place, as a sugar-cane worker in the State of São Paulos sugar mills, through temporary employment on a salary basis specifically the crop period from May until November. This process has been iteratively repeated in such a way that it serves as an evidence for the ex isting complementary between the Center-South development and the Northeast stagnation, represented here by the State of Bahia. It was equally possible to understand the seasonal migration as a way to make it feasible the circulation of those goods: the peasant-sugar-cane workers working power. Moreover, it has been sought to show how the sight of the peasant's world - imprisoned by his peasant tradition - (translated into the ties he develops with his land and with the reproduction of his family) fades his political organization, as it opposes him to his fellow workers: the sugar-cane employees, whom the peasant qualifies as Paulistas. The capitalist ideology, by feeding up the division among equals, which the experienced peasant imposes upom him, ratifies his hegemonical power, both in the origin region and in the destination region. By using WANDERLEYS conception who analyzes the peasant as a worker for the capital, the notion of heterogeneity specific of the capitalism development in Brazil, of the migration which makes the peasant-sugar-cane workers existence possible, in addition to the Marxist concept of ideology and social classes, it has been attempted to grab the struggle which is being carried out between the capital and work and the way that another pole of this complex wholeness, substantiate their mechanism of struggle: on one hand, the capital recreating the small property without economical autonomy, and the worker, either individually or in group, resisting the captivity, his social death: the summary proletarization.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPWiendl, Maria de Lourdes T BucineliHofling, Ivani Bianchini1982-05-17info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11145/tde-20220207-205108/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2022-02-08T19:53:11Zoai:teses.usp.br:tde-20220207-205108Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212022-02-08T19:53:11Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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