Discursos do trânsito da guerrilha ao Estado neoliberal: estratopolítica, tecnopolítica e nomadopolítica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Hur, Domenico Uhng
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-27112009-103453/
Resumo: Em 2002, o Partido dos Trabalhadores (PT) venceu as eleições para a presidência do país, alimentando a expectativa de uma série de mudanças sociais no Brasil, visto que seu Governo é formado por segmentos sociais que historicamente lutaram pela transformação do país, como, por exemplo: lideranças de movimentos sociais e exguerrilheiros da luta armada das décadas de 1960 e 1970. Contudo, as transformações sociais esperadas não ocorreram, colocando em questão a perspectiva de uma mudança levada pela esquerda no poder do Estado. Para refletir sobre esse impasse da transformação social, esta pesquisa tem como objetivo investigar os discursos de exguerrilheiros sobre a transição da luta armada ao atual momento político: uma democracia neoliberal. Para tanto, entrevistamos quatro ex-participantes da luta armada que ocupam distintas posições sociais, que chamamos de: Deputado, Economista, Fotógrafo e Jornalista. Escolhemos os ex-guerrilheiros como atores da pesquisa, por entendermos que, durante a ditadura militar, adotaram a forma mais radical de luta para a transformação social. A partir da análise da memória reconstruída de nossos atores sociais e das reflexões do filósofo Gilles Deleuze sobre o agenciamento e o campo transcendental, elaboramos três discursos que expressam a transição da luta armada à democracia: a Estratopolítica, a Tecnopolítica e a Nomadopolítica. Cada discurso refere-se a uma modalidade singular de agenciamento, num tipo específico de funcionamento que articula prática política, memória e configuração psíquica. Cada discurso tem perspectivas distintas sobre os caminhos para a transformação social, em que o primeiro coloca a determinância dos estratos, das instituições e do Estado para fomentar as mudanças sociais; o segundo, no desenvolvimento de uma tecnologia da governabilidade, de saberes sobre a gestão; e o terceiro, na primazia dos movimentos e dos deslocamentos, numa prática mais fluida e molecular. Concluímos, corroborando com as reflexões de G. Deleuze & F. Guattari (1997), R. Michels (1982) e A. Przeworski (1991), que a esquerda no Governo atua numa fixação à Instituição-Estado, tendo um maior compromisso com a ocupação de lugares na estrutura institucional do que com o fazer político transformador, ou seja, atua predominantemente de forma estratopolítica. Palavras-chave: Ditadura, Estado, Política, Memória, Deleuze, Gilles, 1925-1995.
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Para refletir sobre esse impasse da transformação social, esta pesquisa tem como objetivo investigar os discursos de exguerrilheiros sobre a transição da luta armada ao atual momento político: uma democracia neoliberal. Para tanto, entrevistamos quatro ex-participantes da luta armada que ocupam distintas posições sociais, que chamamos de: Deputado, Economista, Fotógrafo e Jornalista. Escolhemos os ex-guerrilheiros como atores da pesquisa, por entendermos que, durante a ditadura militar, adotaram a forma mais radical de luta para a transformação social. A partir da análise da memória reconstruída de nossos atores sociais e das reflexões do filósofo Gilles Deleuze sobre o agenciamento e o campo transcendental, elaboramos três discursos que expressam a transição da luta armada à democracia: a Estratopolítica, a Tecnopolítica e a Nomadopolítica. Cada discurso refere-se a uma modalidade singular de agenciamento, num tipo específico de funcionamento que articula prática política, memória e configuração psíquica. Cada discurso tem perspectivas distintas sobre os caminhos para a transformação social, em que o primeiro coloca a determinância dos estratos, das instituições e do Estado para fomentar as mudanças sociais; o segundo, no desenvolvimento de uma tecnologia da governabilidade, de saberes sobre a gestão; e o terceiro, na primazia dos movimentos e dos deslocamentos, numa prática mais fluida e molecular. Concluímos, corroborando com as reflexões de G. Deleuze & F. Guattari (1997), R. Michels (1982) e A. Przeworski (1991), que a esquerda no Governo atua numa fixação à Instituição-Estado, tendo um maior compromisso com a ocupação de lugares na estrutura institucional do que com o fazer político transformador, ou seja, atua predominantemente de forma estratopolítica. Palavras-chave: Ditadura, Estado, Política, Memória, Deleuze, Gilles, 1925-1995.In 2002, the Workers Party (PT) won the elections for the country\'s presidency, inspiring the expectation of many social changes in Brazil, once it Government is compound by social segments that historically struggled for the transformation of the country, as leaderships of social movements and former-guerrilla fighters of armed struggle. However, the expected social changes didnt happen, putting in question the perspective of a transformation by Left in State\'s power. To reflect upon this problem, this research intended to investigate the discourses of the former-guerrilla fighters about the transition from the armed struggle to the current political moment: a neoliberal democracy. To achieve this scope, we interviewed four former-guerrilla fighters that occupy different social positions, that we called: Deputy, Economist, Journalist and Photographer. We elected the former-guerrilla fighters as actors of this research because we understand they adopted the most radical struggle for social transformation during the military dictatorship. From our social actors\' rebuilt memory analysis and Gilles Deleuze\'s reflections on the agency and the transcendental field, we elaborated three discourses that express the transition from armed struggle to democracy: the Stratumpolitics, the Technopolitics and the Nomadpolitics. Each discourse refers to a singular agency modality, in a specific type of operation that articulates political practice, memory and psychic configuration. Each discourse has different perspectives about the ways to social transformation: the first puts the determining in the stratum, institutions and State to promote social changes; the second, in a development of a governability technology, of management\'s knowledges; the third, in the primacy of movements and displacements, in a more diffuse and molecular practice. We concluded, in agreement with G. Deleuze and F. Guattari (1997), R. Michels (1982) and A. Przeworski (1991)\'s reflections, that Left in Government acts in a fixation at the State-Institution, with more compromise to places\' occupation in the institutional structure than to a transformer political practice, i.e., it acts mainly in stratumpolitics way.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPFernandes, Maria Inês AssumpçãoHur, Domenico Uhng2009-10-30info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-27112009-103453/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:00Zoai:teses.usp.br:tde-27112009-103453Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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