Implicações socioespaciais da desindustrialização e da reestruturação do espaço em um fragmento da metrópole de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Padua, Rafael Faleiros de
Data de Publicação: 2007
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-31012008-104129/
Resumo: Através do estudo do processo de desindustrialização e da reestruturação em curso de um fragmento da metrópole de São Paulo, a pesquisa busca compreender aspectos da reprodução da urbanização no momento atual. Este fragmento, situado ao norte do distrito de Santo Amaro, constitui-se a partir da grande industrialização das décadas de 1950/60/70, como uma área industrial e um local de moradia da classe operária. A indústria foi o principal indutor da urbanização do lugar, organizando a sua vida social, constituindo-se em sua principal referência, produzindo uma vida cotidiana fragmentada. Verificamos, no entanto, que há um período relativamente curto de estabelecimento da indústria aí, pois já a partir do final da década de 1980 se verifica o início do declínio industrial no fragmento, processo que se intensifica na década de 1990 e se acentua ainda mais no momento atual. Com isso, há uma desintegração da vida social no fragmento decorrente da saída ou do fechamento de indústrias, já que bares fecham, espaços de moradias operárias são desocupadas e demolidas, muitos edifícios e terrenos industriais permanecem abandonados. Ao mesmo tempo, este espaço de desindustrialização, por ter uma localização privilegiada em relação a áreas já consolidadas como centralidades de negócios, passa a receber empreendimentos ligados às lógicas \"modernas\" do eixo empresarial sudoeste. Identificamos hoje, como momento inicial de transformação do fragmento, processos indicativos da passagem de uma área industrial para uma área voltada para novas atividades terciárias, o que é evidenciado pela instalação de grandes empreendimentos de eventos e shows e de novos condomínios residenciais de médio-alto padrão. Como tendência, este espaço de desindustrialização pode vir a se tornar uma área de valorização, colocando-se como a extensão das centralidades de negócios que historicamente se expandem na metrópole de São Paulo em direção sudoeste (Centro Histórico-Paulista-Faria Lima-Berrini). Esta expansão do eixo de negócios na metrópole se configura como um processo amplamente subsidiado por ideologias disseminadas na sociedade (emplacadas pelos discursos empresariais que são encampados pelo Estado) - com destaque para a ideologia do progresso (do crescimento ilimitado), que aparece como desenvolvimento social, como se a incorporação de áreas ao circuito das atividades \"modernas\" e da valorização fosse benéfica para todo o conjunto da sociedade. Como hipótese central do trabalho, verificamos que esse processo contribui decisivamente para um aprofundamento da fragmentação da vida cotidiana daqueles que ali vivem, pois as novas relações que se impõem no fragmento, desintegradoras das relações pretéritas (a prática sócioespacial, já fragmentada, da indústria), criam diferenciações no uso do espaço, produzindo novas separações, segregando as pessoas que moram ali. Assim, há um aprofundamento da fragmentação da vida cotidiana com as transformações em curso, pois elas criam uma nova prática sócioespacial em que o uso do espaço é cada vez mais mediado pela lógica do valor de troca. Ou seja, com o avanço das atividades terciárias, voltadas para um consumo de médio-alto padrão, com a sua espacialidade característica, avançam novas relações que implicam mudanças profundas na vida das pessoas do lugar, tornando incerta a permanência dessas pessoas aí. Assim, a pesquisa busca contemplar duas lógicas conflitantes no urbano - a da transformação do fragmento em fronteira econômica, com a expansão de centralidades de negócios (devido a disponibilidade de terrenos e a localização privilegiada) e a do lugar como moradia e espaço da vida de muitas pessoas.
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A indústria foi o principal indutor da urbanização do lugar, organizando a sua vida social, constituindo-se em sua principal referência, produzindo uma vida cotidiana fragmentada. Verificamos, no entanto, que há um período relativamente curto de estabelecimento da indústria aí, pois já a partir do final da década de 1980 se verifica o início do declínio industrial no fragmento, processo que se intensifica na década de 1990 e se acentua ainda mais no momento atual. Com isso, há uma desintegração da vida social no fragmento decorrente da saída ou do fechamento de indústrias, já que bares fecham, espaços de moradias operárias são desocupadas e demolidas, muitos edifícios e terrenos industriais permanecem abandonados. Ao mesmo tempo, este espaço de desindustrialização, por ter uma localização privilegiada em relação a áreas já consolidadas como centralidades de negócios, passa a receber empreendimentos ligados às lógicas \"modernas\" do eixo empresarial sudoeste. Identificamos hoje, como momento inicial de transformação do fragmento, processos indicativos da passagem de uma área industrial para uma área voltada para novas atividades terciárias, o que é evidenciado pela instalação de grandes empreendimentos de eventos e shows e de novos condomínios residenciais de médio-alto padrão. Como tendência, este espaço de desindustrialização pode vir a se tornar uma área de valorização, colocando-se como a extensão das centralidades de negócios que historicamente se expandem na metrópole de São Paulo em direção sudoeste (Centro Histórico-Paulista-Faria Lima-Berrini). Esta expansão do eixo de negócios na metrópole se configura como um processo amplamente subsidiado por ideologias disseminadas na sociedade (emplacadas pelos discursos empresariais que são encampados pelo Estado) - com destaque para a ideologia do progresso (do crescimento ilimitado), que aparece como desenvolvimento social, como se a incorporação de áreas ao circuito das atividades \"modernas\" e da valorização fosse benéfica para todo o conjunto da sociedade. Como hipótese central do trabalho, verificamos que esse processo contribui decisivamente para um aprofundamento da fragmentação da vida cotidiana daqueles que ali vivem, pois as novas relações que se impõem no fragmento, desintegradoras das relações pretéritas (a prática sócioespacial, já fragmentada, da indústria), criam diferenciações no uso do espaço, produzindo novas separações, segregando as pessoas que moram ali. Assim, há um aprofundamento da fragmentação da vida cotidiana com as transformações em curso, pois elas criam uma nova prática sócioespacial em que o uso do espaço é cada vez mais mediado pela lógica do valor de troca. Ou seja, com o avanço das atividades terciárias, voltadas para um consumo de médio-alto padrão, com a sua espacialidade característica, avançam novas relações que implicam mudanças profundas na vida das pessoas do lugar, tornando incerta a permanência dessas pessoas aí. Assim, a pesquisa busca contemplar duas lógicas conflitantes no urbano - a da transformação do fragmento em fronteira econômica, com a expansão de centralidades de negócios (devido a disponibilidade de terrenos e a localização privilegiada) e a do lugar como moradia e espaço da vida de muitas pessoas.Through the study of the deindustrialization process and of the restructuring proccess currently occurring in a fragmented portion of the metropolis of São Paulo, the research seeks to understand aspects pertaining to the reproduction of urbanization in our days. This fragment, located to the north portion of the Santo Amaro district, is part of the large industrialization occurred in the 50\'s, 60\'s and 70\'s, as an industrial area and a housing locale for the worker class. Industry was the main inductor of urbanization in that place, organizing its social life, constituted in its main reference, producing a fragmented everyday life (private life, work life and leisure time). However, we checked that there is a relatively short period of time regarding the establishment of industry there, for already at the end of the 80\'s the beginning of the industrial decline within that fragment is seen, a process that is intensified during the 90\'s and accentuated even further during our days. Thus, there is a breaking of the integration chain of the fragment due to the exiting or shutting down of industries, given that, consequently, bars close, worker housing complexes are unoccupied and demolished, and many buildings and industrial real estate are left abandoned. At the same time, due to this deindustrialization space having a privileged localization in relation to areas already consolidated as business centers, it starts to take in undertakings linked to \"modern\" logics of the Southwest business axis. We identify today, as an initial time of transformation for the fragment, processes that indicate the breeze by of an industrial area to an area oriented toward new tertiary activities, which is evidenced by the settling in of large event space undertakings, concert/show arenas and new residential condominiums of average standard buildings. As a tendency, this deindustrialization space may one day become a valued area if it is deemed an extension of the business centers that, in the metropolis of São Paulo, historically move and expand southwest bound (Historical Center-Paulista Avenue-Faria Lima-Berrini). This expansion of the business axis in the metropolis is configured as a process widely subsidized by ideologies spread throughout society (backed up by corporate speeches that are encamped by the State) - relating to social development, as if the incorporation of areas to the circuit of \"modern\" activities and valorization activities would bring benefits to society as a whole. As the core hypothesis of the paper, we verified that this process decisively contributes toward a further deepening of the fragmentation of the everyday life of those who live there, for the new relations that are imposed within the fragment, breaking bonds of past relations (the already fragmented industry\'s social-space practice), create differentiations in the use of the space, producing new separations, segregating peoples who live there. Thus, there is further deepening of the everyday life fragmentation due to the transformations endured by the fragment, for they create a new social-space practice in which the use of the space is ever more mediated by the logic behind trade value. That is, with the advancement of tertiary activities oriented toward average-to-high standards, with its characteristic spatiality, move onward with new relations that imply profound changes in the lives of people who inhabit that fragment, bringing uncertainty as to the possibility of those people remaining there. Thus, the research seeks to contemplate two conflicting logics in the urban setting - the logic of the fragment transformation into an economic frontier, with the expansion of the business centers (due to real estate availability and privileged localization) and the logic of the place as means of housing and living space for many people.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPAndrade, Margarida Maria dePadua, Rafael Faleiros de2007-07-12info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-31012008-104129/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:09:55Zoai:teses.usp.br:tde-31012008-104129Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:09:55Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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