Funções executivas e níveis de estresse na tomada de decisão: um estudo de indivíduos com fissuras labiopalatinas

• Autor(a) principal: Joaquim, Rui Mateus
• Data de Publicação: 2017
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
• Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/61/61132/tde-06102020-175520/
• topic: Cleft palate; Decision making; Estresse; Executive function; Fissura palatina; Função executiva; Neuropsicologia; Neuropsychology; Stress; Tomada de decisões

Introdução: O processo de reabilitação de indivíduos nascidos com anomalias craniofaciais os obriga a passar por múltiplos procedimentos cirúrgicos e atendimentos clínicos ao longo de seu desenvolvimento. A falta de adesão a recomendações realizadas durante o atendimento hospitalar constitui uma queixa frequente de profissionais que atuam no processo de reabilitação das fissuras labiopalatinas (FLP). A incorporação de procedimentos e hábitos demanda a eficiência das funções executivas, de fundamental importância para o processo de reabilitação de jovens com FLP em sua rotina diária. A longa condição de reabilitação somada à aparência facial e a prejuízos funcionais da fala podem configurar uma fonte particular de estresse. O estresse psicossocial tem sido associado a um aumento no risco de adoecimento físico e mental. A ativação do eixo hipotálamo, hipófise, adrenal (HHA) como resultado de estresse desencadeia um aumento na produção do hormônio cortisol, que afeta o modo de pensar, decidir e se comportar. Objetivo: o estudo teve por objetivo geral avaliar o desempenho executivo no processo de tomada de decisão de adolescentes com fissuras labiopalatinas e sua relação com o estresse e níveis de cortisol. Método: Os dados foram obtidos por meio dos instrumentos de avaliação neuropsicológica Teste das Cartas de Winsconsin, Teste de Matrizes Progressivas de Raven (Escala Geral), Iowa Gambling Task, e do teste Elisa, por meio da coleta de saliva, para avaliar os níveis de cortisol em 50 adolescentes do sexo masculino com fissura labiopalatina, pacientes do HRAC/USP (grupo A) e outros 46 sem a condição de fissura (controle) do sexo masculino (Grupo B), todos com idade entre 14 e 17 anos. A análise dos dados da pesquisa foi realizada por meio do uso de diferentes testes não paramétricos: Mann-Whitney Rank Sum Test; Chi-square, Spearman Rank Order Correlation; Kruskal-Wallis One Way Analysis of Variance on Ranks. Resultados: O desempenho dos grupos, em termos de função executiva, flexibilidade cognitiva e níveis de estresse não apresentaram diferenças com significância na análise estatística. Contudo, funções e competências relacionadas ao fracasso em manter o contexto, funções cognitivas implicadas na sustentação da atenção, motivação e emprego da memória operacional, mostraram-se defasadas com relação ao padrão esperado para a faixa etária, com 24% no G1 e 36,2% no G2. Conclusão: a falta de engajamento e cuidados direcionados ao tratamento reflete, em muitos casos, a falta de adesão às mudanças necessárias para a adaptação do processo de reabilitação na rotina diária. Os resultados do presente estudo apontaram para as funções executivas preservadas num percentual dos jovens que compuseram a amostra e sugerem que a falta de engajamento nas atividades, podem ser decorrentes de práticas educativas não eficazes, mais do que limitações nos recursos cognitivos de funções executivas