Não-finitude em Karitiana: subordinação versus nominalização
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-25102016-122036/ |
Resumo: | A meta da presente tese é analisar as orações não-finitas em Karitiana. Esta é uma língua Ameríndia falada atualmente por 400 pessoas que habitam a Terra Indígena Karitiana. A reserva Karitiana está localizada a 95 quilômetros ao sul da área urbana de Porto Velho, Rondônia, Brasil. A língua é a única representante do ramo Arikém, família Tupi. A presente pesquisa investiga as diferenças entre as orações subordinadas que funcionam como orações subordinadas adverbiais, relativas e completivas, bem como a nominalização oracional e as orações infinitivas marcadas pelos sufixos e , respectivamente. Apesar de a língua não apresentar morfologia de tempo, modo ou concordância em subordinadas, ela possui várias outras características, tais como núcleos aspectuais, voz, variação na ordem de palavras (SOV ou OSV), morfologia de foco do objeto, o que sugere que se trata subordinação e não nominalização (Storto 1999, Storto 2012, Vivanco 2014). Mostramos ainda que as orações encaixadas Karitiana podem ser modificadas por advérbios, negação e evidenciais que estão associados a orações ou sintagmas verbais. Esta pesquisa levantou uma discussão que tem sido amplamente abordada na literatura sobre as orações subordinadas nãofinitas em línguas Ameríndias. A literatura sobre essas orações não-finitas mostra que muitos autores que assumem que elas são nominalizações utilizam dois argumentos: (1) a falta de traços finitos e (2) o fato de algumas línguas exibirem marcas de caso. Os argumentos com base no item (2) supramencionado não parece muito convincentes para assumirmos uma análise de nominalização em Karitiana, visto que orações subordinadas finitas em várias línguas podem ser usadas como complemento verbal e receber marcas de caso. A nossa análise apresentada nesta tese assume que a falta de traços finitos não significa necessariamente que estas orações sejam nominalizadas porque elas exibem em suas estruturas várias características de orações ativas, tais como núcleos funcionais de voz, aspecto, advérbios, negação e evidenciais. Tipologicamente, esses núcleos funcionais estão associados a orações ou a sintagmas verbais. E, internamente à língua, eles estão também relacionados a orações ou a sintagmas verbais tanto em ambientes finitos quanto em ambientes não-finitas. |
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Não-finitude em Karitiana: subordinação versus nominalizaçãoNon-finiteness in Karitiana: subordination versus nominalizationArgument structureEstrutura argumentalKaritianaKaritianaLínguas indígenasNominalizaçãoNominalizationSubordinaçãoSubordinationTupian LanguagesA meta da presente tese é analisar as orações não-finitas em Karitiana. Esta é uma língua Ameríndia falada atualmente por 400 pessoas que habitam a Terra Indígena Karitiana. A reserva Karitiana está localizada a 95 quilômetros ao sul da área urbana de Porto Velho, Rondônia, Brasil. A língua é a única representante do ramo Arikém, família Tupi. A presente pesquisa investiga as diferenças entre as orações subordinadas que funcionam como orações subordinadas adverbiais, relativas e completivas, bem como a nominalização oracional e as orações infinitivas marcadas pelos sufixos e , respectivamente. Apesar de a língua não apresentar morfologia de tempo, modo ou concordância em subordinadas, ela possui várias outras características, tais como núcleos aspectuais, voz, variação na ordem de palavras (SOV ou OSV), morfologia de foco do objeto, o que sugere que se trata subordinação e não nominalização (Storto 1999, Storto 2012, Vivanco 2014). Mostramos ainda que as orações encaixadas Karitiana podem ser modificadas por advérbios, negação e evidenciais que estão associados a orações ou sintagmas verbais. Esta pesquisa levantou uma discussão que tem sido amplamente abordada na literatura sobre as orações subordinadas nãofinitas em línguas Ameríndias. A literatura sobre essas orações não-finitas mostra que muitos autores que assumem que elas são nominalizações utilizam dois argumentos: (1) a falta de traços finitos e (2) o fato de algumas línguas exibirem marcas de caso. Os argumentos com base no item (2) supramencionado não parece muito convincentes para assumirmos uma análise de nominalização em Karitiana, visto que orações subordinadas finitas em várias línguas podem ser usadas como complemento verbal e receber marcas de caso. A nossa análise apresentada nesta tese assume que a falta de traços finitos não significa necessariamente que estas orações sejam nominalizadas porque elas exibem em suas estruturas várias características de orações ativas, tais como núcleos funcionais de voz, aspecto, advérbios, negação e evidenciais. Tipologicamente, esses núcleos funcionais estão associados a orações ou a sintagmas verbais. E, internamente à língua, eles estão também relacionados a orações ou a sintagmas verbais tanto em ambientes finitos quanto em ambientes não-finitas.The main aim of this dissertation is to analyze non-finite clauses in Karitiana. Karitiana is an endangered Amerindian language spoken today by approximately 400 people who live in a reservation located 59 miles south of the urban area of Porto Velho, the capital of the state of Rondônia, Brazil (Amazonian region). The language is the unique representative of the Arikém branch, one of the ten linguistic groupings identified inside the Tupian family. The current research investigates differences among embedded clauses that function as adverbial, relative, and complement clauses in Karitiana, as well as nominalization and infinitival embedding marked respectively by the suffixes and . Even though subordinate clauses in Karitiana do not display any finite morphology of agreement, tense, or mood, it is true that the language shows many other functional heads such as morphemes of causativization, passivization, and object focus construction, as well as aspectual nuclei, and word order variation (SOV, OSV), suggesting that they are clauses and not nominalizations (Storto 1999; Vivanco 2014). Furthemore, we show that Karitiana embedded clauses can be modified by adverbs, negation and evidentials that are associated with clauses or verbal phrases. The literature on non-finite clauses in Amerindian languages shows that many specialists in these languages have claimed that these clauses are nominalized based on two arguments: (1) lack of finite traits and (2) the fact that some of these languages display case-marking. The argument that the presence of case-marking in subordination characterizes them as nominalizations seems to be unconvincing because finite subordinate clauses in several languages can be used as verbal complement and can be marked with case. In our analysis, the lack of finite features also does not necessarily mean that these clauses are nominalizations, since Karitiana subordinate clauses exhibit other properties of active clauses such as functional heads: voice, aspect, adverbs, negation, and evidentials. Typologically, these functional heads are associated with clauses and, internally to the language, they are also correlated with clauses and verbal phrases, functioning either in matrix clauses or in subordinate clauses.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPStorto, Luciana RaccanelloSilva, Ivan Rocha da2016-05-02info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-25102016-122036/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2017-09-04T21:05:29Zoai:teses.usp.br:tde-25102016-122036Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212017-09-04T21:05:29Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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A meta da presente tese é analisar as orações não-finitas em Karitiana. Esta é uma língua Ameríndia falada atualmente por 400 pessoas que habitam a Terra Indígena Karitiana. A reserva Karitiana está localizada a 95 quilômetros ao sul da área urbana de Porto Velho, Rondônia, Brasil. A língua é a única representante do ramo Arikém, família Tupi. A presente pesquisa investiga as diferenças entre as orações subordinadas que funcionam como orações subordinadas adverbiais, relativas e completivas, bem como a nominalização oracional e as orações infinitivas marcadas pelos sufixos e , respectivamente. Apesar de a língua não apresentar morfologia de tempo, modo ou concordância em subordinadas, ela possui várias outras características, tais como núcleos aspectuais, voz, variação na ordem de palavras (SOV ou OSV), morfologia de foco do objeto, o que sugere que se trata subordinação e não nominalização (Storto 1999, Storto 2012, Vivanco 2014). Mostramos ainda que as orações encaixadas Karitiana podem ser modificadas por advérbios, negação e evidenciais que estão associados a orações ou sintagmas verbais. Esta pesquisa levantou uma discussão que tem sido amplamente abordada na literatura sobre as orações subordinadas nãofinitas em línguas Ameríndias. A literatura sobre essas orações não-finitas mostra que muitos autores que assumem que elas são nominalizações utilizam dois argumentos: (1) a falta de traços finitos e (2) o fato de algumas línguas exibirem marcas de caso. Os argumentos com base no item (2) supramencionado não parece muito convincentes para assumirmos uma análise de nominalização em Karitiana, visto que orações subordinadas finitas em várias línguas podem ser usadas como complemento verbal e receber marcas de caso. A nossa análise apresentada nesta tese assume que a falta de traços finitos não significa necessariamente que estas orações sejam nominalizadas porque elas exibem em suas estruturas várias características de orações ativas, tais como núcleos funcionais de voz, aspecto, advérbios, negação e evidenciais. Tipologicamente, esses núcleos funcionais estão associados a orações ou a sintagmas verbais. E, internamente à língua, eles estão também relacionados a orações ou a sintagmas verbais tanto em ambientes finitos quanto em ambientes não-finitas. |
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