Políticas públicas e mercados deprimem o resultado do sistema agroindustrial do leite

• Autor(a) principal: Martins, Paulo do Carmo
• Data de Publicação: 2003
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
• Texto Completo: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11132/tde-20200111-154550/
• topic: INDÚSTRIA LEITEIRA; LEITE; MERCADO; POLÍTICAS PÚBLICAS; REGULAMENTAÇÃO

Esta pesquisa teve como objetivo analisa a competitividade e a eficiência nos principais corredores do Sistema Agroindustrial do Leite no Brasil. Para tanto, estudaram-se diferenças de regulamentação do leite nos principais mercados domésticos e suas conseqüências sobre o mercado internacional, pois o Brasil coloca-se como histórico importador do produto. Investigou-se também, em diferentes economias, como políticas de regulamentação foram impactadas em função do Acordo Agrícola implementado pela Organização Mundial do Comércio. Além disso, aferiu-se o custo econômico exclusivamente da produção de leite em propriedades e em cadeias produtivas e diagnosticaram-se a competitividade e a eficiência em propriedades, e na produção de Leite em Pó e leite Longa Vida, por corredor. Foram coletados dados em propriedades dos estados de Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Apurou-se o custo da atividade, em cada propriedade leiteira, separando-se o custo de recria de fêmeas do custo de produção de leite, pois a atividade gera, ao final, os dois produtos. Os produtores também foram levados a se posicionar quanto a organização institucional do setor. A avaliação sobre competitividade e eficiência deu-se pelo uso do instrumental Matriz de Análise Política. Nos países analisados a atividade mostrou-se muito regulamentada, em geral com o propósito de atender os interesses dos produtores, que contam com instrumentos de proteção e estímulo. Como consequência, o mercado internacional de lácteos apresenta importantes distorções. O Acordo Agrícola não foi suficiente para promover grandes transformações nesse cenário. Quanto ao Brasil, Verificou- se que o sistema agroindustrial do leite é muito importante na geração de emprego, renda e tributos, em comparação com outros setores da economia. A abertura econômica e a desregulamentação do setor trouxeram dinamismo à atividade, mas acentuou a concentração em diferentes segmentos da cadeia produtiva. Os diferentes corredores analisados mostraram importantes diferenças em termos de procedimentos produtivos e de organização, entre regiões e entre produtores de um mesmo corredor. Isso impossibilita afirmar que haja padronização de sistemas de produção. Por outro lado, os produtores pesquisados demonstraram que conhecem pouco as instituições que os representam. O percentual de filiados a sindicatos é baixo e poucos acompanham medidas tomadas pelo Governo que interferem em sua atividade. A maioria votou em candidatos ao Legislativo não identificados com o leite, mas, contraditoriamente, mostrou-se insatisfeitos com a atuação desse Poder. Todos os 150 produtores e as duas cadeias produtivas (leite Longa Vida e Leite em Pó) foram eficientes em níveis aceitáveis. A maioria dos produtores e todas as cadeias produtivas mostraram-se competitivas. Identificaram-se distorções, geradas por falhas de mercado e por políticas de governo, que impactaram as propriedades e as cadeias produtivas. Discriminam contra os produtores, em maior magnitude. Entre as cadeias, a mais desprotegida é a do leite em pó. A cadeia do leite longa vida demonstrou pequena desproteção.