O suicídio é um problema de todos: a consciência, a competência e o diálogo na prevenção e posvenção do suicídio

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Scavacini, Karen
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-26102018-155834/
Resumo: O suicídio é um fenômeno complexo que constitui um grave problema de saúde pública, mobilizando estudos e programas de prevenção pelo mundo. O tabu impede que o suicídio seja tratado abertamente pela sociedade, ocasionando consequências negativas. O aumento da consciência é uma das maneiras de diminuí-lo. Partindo de grupos focais com sobreviventes enlutados pelo suicídio, objetivou-se compreender como o tabu, o estigma, a comunicação sobre o suicídio e a conscientização podem colaborar ou prejudicar a prevenção e a posvenção; com base nesses aspectos propomos procedimentos que possam aumentar a consciência sobre o assunto. Essa pesquisa, a partir da Teoria Fundamentada nos Dados (TFD), apresenta reflexões e sugestões de atuação para a ampliação da consciência da problemática do suicídio. Por meio da análise dos dados, três grandes temas foram encontrados: a compreensão (condição), a conscientização (interação) e a ação (consequência) que integram a ideia central de que o suicídio deve ser um problema de todos. O aumento da consciência pode gerar aumento da demanda por atendimento qualificado, sendo que é tarefa essencial encontrar locais acessíveis e habilitados para atender pessoas com ideação, tentativa de suicídio e familiares enlutados. Aumentar a consciência pública não é só prevenir suicídio, mas também promover mudança de atitude; para muitos, o suicídio continua sendo ficção até acontecer. Campanhas constituem uma das várias formas de atuação, mas devem ter objetivos claros. O aumento da conscientização (awareness) juntamente com o desenvolvimento da competência (suicide literacy) e a promoção do diálogo compõem os pilares necessários para a tríade da mudança, que deve ser multifatorial, multissetorial e multidisciplinar. Foram apresentadas propostas envolvendo os 6Cs: Conscientização; Campanhas; Capacitação; Competência; Conversa e Conexão e as sugestões de intervenção foram separadas em: a) Conteúdo; b) Veículos para comunicação; c) Como; d) Quando; e) Por quem; f) Para quem; g) Provedores ou interessados; h) Desafios; i) Facilitadores; j) Outras ações. Essas propostas devem ser culturalmente adaptadas, planejadas e integradas com um plano abrangente de prevenção, sendo avaliadas por indicadores, além das taxas de mortalidade. Os colaboradores evidenciaram que ainda há muito tabu relacionado ao assunto, o que pode tornar-se um impeditivo para o cuidado e um multiplicador de estigmas e de preconceito, que estão em concordância com pesquisas internacionais sobre o tema. Além das propostas supracitadas, também sugerimos a utilização das caixas de medicamento como veículo para o aumento de consciência, o desenvolvimento dos grupos de apoio, o empoderamento das pessoas com a experiência vivida (lived experience), a criação de uma Associação Brasileira de Sobreviventes do Suicídio e de uma revista especializada no tema. Identificamos que aumentar a comunicação responsável, que faça sentido para as pessoas, tem importância fundamental para a sociedade e para aqueles que foram tocados por essa tragédia. No momento que a sociedade compreender e engajar-se em mudar esse fenômeno, novas estratégias de prevenção e de posvenção podem ser desenvolvidas
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Essa pesquisa, a partir da Teoria Fundamentada nos Dados (TFD), apresenta reflexões e sugestões de atuação para a ampliação da consciência da problemática do suicídio. Por meio da análise dos dados, três grandes temas foram encontrados: a compreensão (condição), a conscientização (interação) e a ação (consequência) que integram a ideia central de que o suicídio deve ser um problema de todos. O aumento da consciência pode gerar aumento da demanda por atendimento qualificado, sendo que é tarefa essencial encontrar locais acessíveis e habilitados para atender pessoas com ideação, tentativa de suicídio e familiares enlutados. Aumentar a consciência pública não é só prevenir suicídio, mas também promover mudança de atitude; para muitos, o suicídio continua sendo ficção até acontecer. Campanhas constituem uma das várias formas de atuação, mas devem ter objetivos claros. O aumento da conscientização (awareness) juntamente com o desenvolvimento da competência (suicide literacy) e a promoção do diálogo compõem os pilares necessários para a tríade da mudança, que deve ser multifatorial, multissetorial e multidisciplinar. Foram apresentadas propostas envolvendo os 6Cs: Conscientização; Campanhas; Capacitação; Competência; Conversa e Conexão e as sugestões de intervenção foram separadas em: a) Conteúdo; b) Veículos para comunicação; c) Como; d) Quando; e) Por quem; f) Para quem; g) Provedores ou interessados; h) Desafios; i) Facilitadores; j) Outras ações. Essas propostas devem ser culturalmente adaptadas, planejadas e integradas com um plano abrangente de prevenção, sendo avaliadas por indicadores, além das taxas de mortalidade. Os colaboradores evidenciaram que ainda há muito tabu relacionado ao assunto, o que pode tornar-se um impeditivo para o cuidado e um multiplicador de estigmas e de preconceito, que estão em concordância com pesquisas internacionais sobre o tema. Além das propostas supracitadas, também sugerimos a utilização das caixas de medicamento como veículo para o aumento de consciência, o desenvolvimento dos grupos de apoio, o empoderamento das pessoas com a experiência vivida (lived experience), a criação de uma Associação Brasileira de Sobreviventes do Suicídio e de uma revista especializada no tema. Identificamos que aumentar a comunicação responsável, que faça sentido para as pessoas, tem importância fundamental para a sociedade e para aqueles que foram tocados por essa tragédia. No momento que a sociedade compreender e engajar-se em mudar esse fenômeno, novas estratégias de prevenção e de posvenção podem ser desenvolvidasSuicide is a complex phenomenon that constitutes a serious public health problem, mobilizing studies and prevention programs around the world. The taboo prevents suicide from being openly treated by society, leading to negative consequences. Raising awareness is one way to reduce it. Starting from focus groups with suicide-bereaved survivors, the aim was to understand how taboo, stigma, suicide communication and awareness can collaborate or impair prevention and postvention; based on these aspects we propose procedures that can increase awareness on the subject. This research, based on the Grounded Theory (GT), presents reflections and suggestions for action to broaden the awareness of the problematic of suicide. Through the analysis of the data, three main themes were found: understanding (condition), awareness (interaction) and action (consequence) that integrate the central idea that suicide is everyone business. Increased awareness can generate increased demand for qualified care, and it is essential to find accessible and qualified places to assist people with ideation, suicide attempt and suicide loss survivors. Increasing public awareness is not only preventing suicide, but also promoting attitude change; for many, suicide remains fiction until it happens. Campaigns are one of several forms of action, but they must have clear objectives. Increasing awareness along with the development of the suicide literacy and the promotion of dialogue constitute the necessary pillars for the \"triad of change\", which must be multifactorial, multisectoral and multidisciplinary. Proposals were presented involving the 6Cs: Consciousness; Campaigns; Coaching; Competency; Conversation and Connectedness and the intervention suggestions were separated into: a) Content; b) Vehicles for communication; c) How; d) When; e) By whom; f) For whom; g) Providers or interested parties; h) Challenges; i) Facilitators; j) Other actions. These proposals should be culturally adapted, planned and integrated with a comprehensive prevention plan and evaluated by indicators, in addition to mortality rates. The collaborators showed that there is still a lot of taboo related to the subject, which can become an impediment to care and a multiplier of stigmas and prejudice, which are in agreement with international researches on the subject. In addition to the aforementioned proposals, we also suggest the use of medicine boxes as a vehicle for raising awareness, developing support groups, empowering people with lived experience, creating a Brazilian Suicide Survivors Association and a specialized journal in the subject. We have identified that increasing responsible communication, which makes sense to people, is of fundamental importance to society and to those who have been touched by this tragedy. The moment society understands and engages in changing this phenomenon, new strategies of prevention and of postvention can be developedBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPKovacs, Maria JuliaScavacini, Karen2018-05-18info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-26102018-155834/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2019-04-10T00:06:19Zoai:teses.usp.br:tde-26102018-155834Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212019-04-10T00:06:19Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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