O cerrado enquanto paisagem: a dinâmica da apropriação paisagística do território

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Julio Barêa Pastore
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/T.16.2014.tde-04052014-215417
Resumo: O termo paisagem tem sido apropriado por vários campos do conhecimento, como a Geografia, a Filosofia, a Ecologia, a Antropologia a Arte e o Paisagismo, com significados que vão da realidade objetiva de uma porção de território à sua representação pictórica. Entendemos aqui que o conceito de paisagem e as imagens paisagísticas são, em última análise, fundados sobre um tom específico da experiência do sujeito no mundo vivido, que não se confunde com outras relações estéticas possíveis do ser humano com a natureza ou com o espaço. Acreditamos que a paisagem tenha sua modalidade perceptiva baseada na escala maior do espaço vivido, e envolve significados existenciais característicos. Dito isso, podemos acreditar que o reconhecimento da importância da experiência paisagística para o Homem é tão fundamental quanto os outros temas do nosso universo teórico, técnico ou artístico, como, por exemplo, os temas do espaço e o habitar para a arquitetura. Nesta tese colocamos em questão a efetividade do olhar paisagístico sobre o Cerrado. Utilizamos como casos de estudo os relatos dos naturalistas estrangeiros que percorreram a antiga Província de Goyaz, no século XIX, e nos planos urbanísticos das capitais Goiânia (1933), Brasília (1957) e Palmas (1989). Buscamos demonstrar, a partir de alguns critérios estabelecidos por Augustin Berque, se, e como, o Cerrado pôde ser a paisagem que ambienta estes documentos. Na fundamentação teórica, partimos do reconhecimento da paisagem enquanto experiência sensível, e, portanto, passível de um entendimento a partir da estética. Valemos-nos, nesse sentido, de teóricos da paisagem e das reflexões sobre aisthetica de Gernot Böhme. Para levantar os significados próprios da experiência paisagística, no âmbito da filosofia da paisagem e da fenomenologia, recorremos às reflexões de Eric Dardel e de Jean-Marc Besse. Procuramos expor, a partir desse debate, o que denominamos de dinâmica da apropriação paisagística do território, isto é, o processo pelo qual se formam valores culturais (ou melhor, paisagísticos) que referenciam o Cerrado enquanto paisagem, com o foco na importância da experiência sensível dessa região. Buscamos, então, nos documentos analisados, traços que demonstrassem a efetividade da apreensão do Cerrado enquanto paisagem, utilizando como critérios a ocorrência de representações, referências textuais e a relação espacial que os planos urbanísticos previam para com o entorno das cidades planejadas. Os resultados indicam que a visada paisagística pode se afirmar, com maior ou menor intensidade, em cada caso e a cada momento. Isto, acreditamos, reflete o fato de que há um movimento inerente ao homem na apreensão do território enquanto paisagem, e que esse movimento mobiliza e atualiza os valores culturais a partir da experiência paisagística do Cerrado.
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spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis O cerrado enquanto paisagem: a dinâmica da apropriação paisagística do território Cerrado as landscape: dynamics of cultural appropriation of the territory. 2014-04-11Vladimir BartaliniRicardo Marques de AzevedoEduardo José Marandola JuniorRaul Isidoro PereiraAdriana Conceição Guimarães Veríssimo SerrãoJulio Barêa PastoreUniversidade de São PauloArquitetura e UrbanismoUSPBR Brasília (DF) Cerrado Filosofia da paisagem Goiânia (GO) Landscape Landscape philosophy Paisagem Palmas (TO) O termo paisagem tem sido apropriado por vários campos do conhecimento, como a Geografia, a Filosofia, a Ecologia, a Antropologia a Arte e o Paisagismo, com significados que vão da realidade objetiva de uma porção de território à sua representação pictórica. Entendemos aqui que o conceito de paisagem e as imagens paisagísticas são, em última análise, fundados sobre um tom específico da experiência do sujeito no mundo vivido, que não se confunde com outras relações estéticas possíveis do ser humano com a natureza ou com o espaço. Acreditamos que a paisagem tenha sua modalidade perceptiva baseada na escala maior do espaço vivido, e envolve significados existenciais característicos. Dito isso, podemos acreditar que o reconhecimento da importância da experiência paisagística para o Homem é tão fundamental quanto os outros temas do nosso universo teórico, técnico ou artístico, como, por exemplo, os temas do espaço e o habitar para a arquitetura. Nesta tese colocamos em questão a efetividade do olhar paisagístico sobre o Cerrado. Utilizamos como casos de estudo os relatos dos naturalistas estrangeiros que percorreram a antiga Província de Goyaz, no século XIX, e nos planos urbanísticos das capitais Goiânia (1933), Brasília (1957) e Palmas (1989). Buscamos demonstrar, a partir de alguns critérios estabelecidos por Augustin Berque, se, e como, o Cerrado pôde ser a paisagem que ambienta estes documentos. Na fundamentação teórica, partimos do reconhecimento da paisagem enquanto experiência sensível, e, portanto, passível de um entendimento a partir da estética. Valemos-nos, nesse sentido, de teóricos da paisagem e das reflexões sobre aisthetica de Gernot Böhme. Para levantar os significados próprios da experiência paisagística, no âmbito da filosofia da paisagem e da fenomenologia, recorremos às reflexões de Eric Dardel e de Jean-Marc Besse. Procuramos expor, a partir desse debate, o que denominamos de dinâmica da apropriação paisagística do território, isto é, o processo pelo qual se formam valores culturais (ou melhor, paisagísticos) que referenciam o Cerrado enquanto paisagem, com o foco na importância da experiência sensível dessa região. Buscamos, então, nos documentos analisados, traços que demonstrassem a efetividade da apreensão do Cerrado enquanto paisagem, utilizando como critérios a ocorrência de representações, referências textuais e a relação espacial que os planos urbanísticos previam para com o entorno das cidades planejadas. Os resultados indicam que a visada paisagística pode se afirmar, com maior ou menor intensidade, em cada caso e a cada momento. Isto, acreditamos, reflete o fato de que há um movimento inerente ao homem na apreensão do território enquanto paisagem, e que esse movimento mobiliza e atualiza os valores culturais a partir da experiência paisagística do Cerrado. The term landscape has been appropriated by many fields of knowledge, such as Geography, Philosophy, Ecology, Anthropology, Landscape Architecture and the Visual Arts, with meanings that range from the objective reality of a portion of the territory to its pictorial representation. We understand that the concept of landscape and landscape images are, ultimately, founded on a specific character of a specific tone of the subjects experience in the lived world, not to be confused with other possible aesthetic relationships of human beings with nature or to the space. We believe that landscape has its perceptive modality based on the larger scale of the lived space, and involves characteristic existential meanings. In this sense, we may consider that the acknowledgment of the importance for man of the landscape experience is as fundamental as others themes of our theoretical technical or artistic universe, such as, for example, the themes of space and dwelling for architecture. In this thesis we question the effectiveness of the landscaping gaze at the Cerrado. We use as case studies the accounts of the foreign naturalists who visited the ancient Province of Goyaz, in the 19th Century, and the urban plans of the capital cities of Goiânia (1933), Brasília (1957) and Palmas (1989). We seek to demonstrate, from some of the criteria established by Augustin Berque, if, and how, the Cerrado could have been taken as landscape in these documents. As a theoretical fundament, we start with the acknowledgment of landscape as a sensitive experience, and therefore, possible to be understood from the perspective of aesthetics. We make use of Gernot Böhmes rflections on aisthetica. To collect meanings specific to landscape experience, in the field of landscape philosophy and phenomenology, we turn to the reflections of Eric Dardel and Jean-Marc Besse. We attempt to expose what we call dynamics of landscape appropriation of the territory, that is, a process by which cultural values (or rather landscape values) are formed, which make reference to Cerrado as landscape, focusing on the importance of the sensitive experience of this region. We searched the analyzed documents to find the effectiveness of the apprehension of Cerrado as landscape, having as criteria the occurrence of representations, text references, and the spatial relation which the urban plans envisioned with the surroundings of the cities. The results indicate that the landscaping gaze can affirm itself in greater or smaller intensity, in each case and at each moment. This, we believe, reflects the fact that there is a movement inherent to man in the apprehension of the territory as landscape, and that this movement mobilizes and actualizes the cultural values from the landscape experience of the Cerrado. https://doi.org/10.11606/T.16.2014.tde-04052014-215417info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T18:11:07Zoai:teses.usp.br:tde-04052014-215417Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T12:06:17.471078Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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