Queerizando o currículo cultural de Educação Física: apostando na produção de novos marcos de reconhecimento a partir das cenas didáticas
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48140/tde-16022023-092256/ |
Resumo: | Em uma sociedade altamente globalizada, multicultural e profundamente desigual, os sujeitos vêm sendo indicados, classificados, ordenados, hierarquizados e definidos pela aparência de seus corpos a partir de padrões e referências, normas, valores e ideais da cultura dominante: branca, burguesa, cristã, masculina e heterossexual. Do envolvimento com a prática pedagógica da Educação Física cultural e da simpatia pelas produções de Judith Butler e da Teoria Queer, emergiu o desejo de investigar os processos de configuração de corpos abjetos, como essa condição social é produzida e como nesse processo de produção se estabelece uma gama infinita de relações de poder. Considerando que a ocorrência social das práticas corporais também produz suas abjeções, buscamos investigar como o currículo cultural de Educação Física contribui para o tensionamento das heteronormatividades e da normatização de corpos. Uma queerização metodológica foi realizada a partir de experiências pedagógicas durante a tematização das ginásticas, no contexto pandêmico e do ensino híbrido emergencial, com corpos-crianças do 3º e 4º ano do Ensino Fundamental em uma escola pública de São Paulo. Nesse cenário, produzimos arquivos queer atrelados a um tempo, espaço e território. Cientes de que o reconhecimento é central no interior da concepção butleriana, buscamos pensar em maneiras de produzir coletivamente um conjunto de novos quadros de inteligibilidades atrelados à interação corporal. As análises empíricas nos permitiram pensar em algumas possibilidades: tornar pública a potência que carrega conhecimentos que, por vezes, foram lançados muro afora da escola; deslocar as concepções binárias e individuais que impedem a propagação de outras narrativas, através do estabelecimento de alianças, laços e afetos; reconhecer a precariedade constitutiva que atravessa nossos corpos, estabelecendo relações éticas baseadas na relacionalidade; criar coletivamente condições de caminhar livremente pela sociedade sem sofrer qualquer tipo de violência por existir; expandir os sentidos do que o mundo considera campos aceitáveis, valoráveis e valiosos através da voz do abjeto; afirmar a força da não violência como um princípio ético-político; reconhecer o fracasso como condição de vida; produzir defasagens da performance como eficiência máxima; potencializar condições de produção de memórias a partir das margens, lugar de inscrições que restituem uma história que não foi escrita. As cenas didáticas se mostraram como um importante recurso radicalmente crítico no tensionamento das heteronormatividades sociais e normatização de corpos, ao propor a ressignificação do domínio do simbólico, um desvio da cadeira citacional em direção futura. Entretanto, atuando no campo das apostas, não há garantias. As cenas se constituem como micropolíticas e apostas e possibilidades e resistências e interrogações e desajustes e... e e |
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Do envolvimento com a prática pedagógica da Educação Física cultural e da simpatia pelas produções de Judith Butler e da Teoria Queer, emergiu o desejo de investigar os processos de configuração de corpos abjetos, como essa condição social é produzida e como nesse processo de produção se estabelece uma gama infinita de relações de poder. Considerando que a ocorrência social das práticas corporais também produz suas abjeções, buscamos investigar como o currículo cultural de Educação Física contribui para o tensionamento das heteronormatividades e da normatização de corpos. Uma queerização metodológica foi realizada a partir de experiências pedagógicas durante a tematização das ginásticas, no contexto pandêmico e do ensino híbrido emergencial, com corpos-crianças do 3º e 4º ano do Ensino Fundamental em uma escola pública de São Paulo. Nesse cenário, produzimos arquivos queer atrelados a um tempo, espaço e território. Cientes de que o reconhecimento é central no interior da concepção butleriana, buscamos pensar em maneiras de produzir coletivamente um conjunto de novos quadros de inteligibilidades atrelados à interação corporal. As análises empíricas nos permitiram pensar em algumas possibilidades: tornar pública a potência que carrega conhecimentos que, por vezes, foram lançados muro afora da escola; deslocar as concepções binárias e individuais que impedem a propagação de outras narrativas, através do estabelecimento de alianças, laços e afetos; reconhecer a precariedade constitutiva que atravessa nossos corpos, estabelecendo relações éticas baseadas na relacionalidade; criar coletivamente condições de caminhar livremente pela sociedade sem sofrer qualquer tipo de violência por existir; expandir os sentidos do que o mundo considera campos aceitáveis, valoráveis e valiosos através da voz do abjeto; afirmar a força da não violência como um princípio ético-político; reconhecer o fracasso como condição de vida; produzir defasagens da performance como eficiência máxima; potencializar condições de produção de memórias a partir das margens, lugar de inscrições que restituem uma história que não foi escrita. As cenas didáticas se mostraram como um importante recurso radicalmente crítico no tensionamento das heteronormatividades sociais e normatização de corpos, ao propor a ressignificação do domínio do simbólico, um desvio da cadeira citacional em direção futura. Entretanto, atuando no campo das apostas, não há garantias. As cenas se constituem como micropolíticas e apostas e possibilidades e resistências e interrogações e desajustes e... e eIn a highly globalized, multicultural and unequal society, subjects have been indicated, classified, ordered, hierarchized and defined by the appearance of their bodies based on standards and references, norms, values and ideals of the dominant culture: white, bourgeois, Christian, male and heterosexual. From the involvement with the pedagogical practice of cultural Physical Education and from the interest in the productions of Judith Butler and Queer Theory, emerged a desire to investigate the processes of configuration of abject bodies, how this social condition is produced, and how an infinite range of power relations is established in this production process. Body practices as social elements also produce their abjections. Hence, the objective of this research was to investigate how the cultural curriculum of Physical Education contributes to the tensioning of heteronormativities and the normatization of bodies. A methodological queerization was performed based on pedagogical experiences during the thematization of gymnastics, in the context of pandemic and emergency hybrid teaching, with body-children from 3rd and 4th grades of the Elementary Years in a public school in São Paulo, Brazil. In this scenario, we produce queer files bound to a time, space, and territory. Aware that acknowledgement is central within Judith Butler\'s thought, we aimed to think of ways to collectively produce a set of new frames of intelligibilities bound to bodily interaction. The empirical analyses allowed us to think of some possibilities: to make public the power carried by the knowledge that has sometimes been thrown outside the school\'s wall; to displace the binary and individual conceptions that prevent the propagation of other narratives, through the establishment of alliances, ties, and affections; to recognize the constitutive precariousness that crosses our bodies, establishing ethical relations based on relationality; to collectively create the conditions to walk freely through society without suffering any kind of violence for existing; to expand the senses of what the world considers acceptable, valuable, and worthwhile fields, considering the abjects voice; to affirm the power of nonviolence as an ethical-political principle; to recognize failure as a condition of life; to produce performance lags as the maximum efficiency; to strengthen memories production conditions from the margins, place of inscriptions that restore a history that has not been written. The didactic scenes showed themselves as an important resource, which is radically critical in the tensioning of social heteronormativities and the normatization of bodies, by proposing the symbolic domain re-signification, a deviation of the citational chair in the future direction. However, there are no guarantees when acting in the betting field. The scenes constitute themselves as micro-politics and stakes and possibilities and resistances and interrogations and maladjustments and... and... and...Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPNeira, Marcos GarciaNascimento, Aline Santos do2022-12-14info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48140/tde-16022023-092256/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2023-02-16T17:46:58Zoai:teses.usp.br:tde-16022023-092256Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-02-16T17:46:58Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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