Rastreamento de olhar e reconhecimento de emoções em crianças com transtorno do espectro autístico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Muñoz, Patricia de Oliveira Lima
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-19122018-100632/
Resumo: O trabalho pioneiro de Darwin, em 1872, constituiu uma das primeiras fontes de informação sobre as emoções dentro da perspectiva evolucionista. Hoje podemos contar com equipamentos de medidas mais sofisticados que nos permitem revisitar alguma das questões básicas por ele formuladas. A presente tese vem contribuir para uma melhor compreensão do reconhecimento de emoções e teoria da mente em crianças com TEA, apresentando analises que possam levar a sugestões de intervenções clínicas futuras. Embora ainda haja inconsistência entre os estudos quanto a qual emoção está mais prejudicada, tem sido relatadas dificuldades na identificação das emoções de medo, raiva, nojo e surpresa. Usamos um eye-tracker com o objetivo de esclarecer como os participantes olham para estímulos. Os participantes foram 40 meninos com TEA e com desenvolvimento típico, equiparados quanto a idade (6 a 14 anos). Foram avaliados para classificação do QI e para o grau de autismo. Os estímulos visuais foram retirados dos subteste de Reconhecimento de Emoções e Teoria da Mente do NEPSY II e apresentados em um equipamento de rastreamento de olhar, tendo sido definidas áreas de interesse (AI) do rosto. Para cada imagem, foi computado o tempo de fixação (em segundos) em cada AI. Os participantes também realizaram as tarefas do subteste, com o objetivo de verificar o acerto e o erro em cada estímulo. Em nossas análises pudemos verificar que a idade e o QI dos participantes influenciaram o desempenho na tarefa de reconhecimento de emoções e não influenciaram na tarefa de ToM. As crianças com TEA apresentaram um desempenho prejudicado quando comparado com as crianças com DT em ambos subtestes. Os participantes com TEA erraram mais as tarefas com emoções de valência negativa, como tristeza e raiva. A classificação do grau de TEA, não teve influência no desempenho dos participantes. O que parece ocorrer é que pertencer ao grupo clínico TEA seja uma condição para ter um desempenho pior quando comparado com o grupo de DT. Analisando o rastreamento de olhar, constatamos que o grupo DT permaneceu menos tempo fixando o olhar na AI dos olhos e mais tempo na AI da boca. Como o tempo total de fixação para os dois grupos não teve diferença estatística no subteste de reconhecimento de emoção, podemos sugerir que as crianças com TEA apresentam um padrão de olhar que chamamos de \"difuso\" enquanto que as crianças com DT apresentam um padrão de olhar que chamamos de \"focado\" nas regiões da face relevantes para o reconhecimento de emoções. Parece que na tarefa de ToM, o tempo de fixação em olhos e boca não foi o determinante para o erro na resposta e sim o olhar difuso na cena que deveria ser interpretada. Quando avaliamos os resultados qualitativos do rastreamento do olhar podemos pensar na importância de intervenções que possam ajudar crianças com TEA a melhorar seu desempenho em identificar as expressões faciais que auxiliam na decodificação da emoção e na interpretação de estados mentais
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Usamos um eye-tracker com o objetivo de esclarecer como os participantes olham para estímulos. Os participantes foram 40 meninos com TEA e com desenvolvimento típico, equiparados quanto a idade (6 a 14 anos). Foram avaliados para classificação do QI e para o grau de autismo. Os estímulos visuais foram retirados dos subteste de Reconhecimento de Emoções e Teoria da Mente do NEPSY II e apresentados em um equipamento de rastreamento de olhar, tendo sido definidas áreas de interesse (AI) do rosto. Para cada imagem, foi computado o tempo de fixação (em segundos) em cada AI. Os participantes também realizaram as tarefas do subteste, com o objetivo de verificar o acerto e o erro em cada estímulo. Em nossas análises pudemos verificar que a idade e o QI dos participantes influenciaram o desempenho na tarefa de reconhecimento de emoções e não influenciaram na tarefa de ToM. As crianças com TEA apresentaram um desempenho prejudicado quando comparado com as crianças com DT em ambos subtestes. Os participantes com TEA erraram mais as tarefas com emoções de valência negativa, como tristeza e raiva. A classificação do grau de TEA, não teve influência no desempenho dos participantes. O que parece ocorrer é que pertencer ao grupo clínico TEA seja uma condição para ter um desempenho pior quando comparado com o grupo de DT. Analisando o rastreamento de olhar, constatamos que o grupo DT permaneceu menos tempo fixando o olhar na AI dos olhos e mais tempo na AI da boca. Como o tempo total de fixação para os dois grupos não teve diferença estatística no subteste de reconhecimento de emoção, podemos sugerir que as crianças com TEA apresentam um padrão de olhar que chamamos de \"difuso\" enquanto que as crianças com DT apresentam um padrão de olhar que chamamos de \"focado\" nas regiões da face relevantes para o reconhecimento de emoções. Parece que na tarefa de ToM, o tempo de fixação em olhos e boca não foi o determinante para o erro na resposta e sim o olhar difuso na cena que deveria ser interpretada. Quando avaliamos os resultados qualitativos do rastreamento do olhar podemos pensar na importância de intervenções que possam ajudar crianças com TEA a melhorar seu desempenho em identificar as expressões faciais que auxiliam na decodificação da emoção e na interpretação de estados mentaisDarwin\'s pioneering work in 1872 was one of the earliest sources of information about emotions within the evolutionary perspective. Today we have more sophisticated equipment that allows us to revisit some of the basic questions that he formulates. The present thesis contributed to a better understanding of the emotion recognition and theory of mind in children with ASD, presenting analyzes that may lead to suggestions of future clinical interventions. Although there is still inconsistency among studies as to which emotion is most impaired, difficulties in identifying the emotions of fear, anger, disgust and surprise have been reported. We use an eye-tracker to clarify how participants look at stimuli. The participants were 40 boys with ASD and typical development, matched for age (6 to 14 years). They were evaluated for IQ and for the level of autism. The visual stimuli were from the Emotional Recognition and Theory of Mind subtests of NEPSY II and presented with an eye-tracking device, with areas of interest (AI) defined. For each image, the fixation duration (in seconds) in each AI was computed. The participants also performed the tasks of the subtest, in order to verify the right and wrong answers in each stimulus. In our analyzes we could verify that the participants\' age and IQ influenced the performance in the task of emotion recognition and did not influence the task of ToM. Children with ASD had an impaired performance when compared to children with TD in both subtests. Participants with ASD had a low score in tasks with negative valence emotions, such as sadness and anger. The classification of the ASD level had no influence on the participants\' performance. What seems to occur is that beeing on the ASD clinical group is a condition to had a worse perform when compared to the TD group. Analyzing the eye tracking, we found that the TD group spent less time fixing the eyes in the AI of the eyes and longer in the AI of the mouth. As the total fixation time for the two groups did not have a statistical difference in the emotion recognition subtest, we can suggest that children with ASD have a look pattern that we call \"diffuse\", while children with TD have a look pattern which we call \"focused\" on regions of the face relevant to the recognition of emotions. It seems that in the ToM task, the fixation time in the eyes and mouth was not the determinant for the error in the response, but the diffuse look in the scene that was to be interpreted. When we evaluate the qualitative results of eye tracking we can think of the importance of interventions that can help children with ASD improve their performance in identifying the facial expressions that aid in the decoding of emotion and the interpretation of mental statesBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPOtta, EmmaMuñoz, Patricia de Oliveira Lima2018-09-24info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-19122018-100632/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2019-04-10T00:06:19Zoai:teses.usp.br:tde-19122018-100632Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212019-04-10T00:06:19Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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