Nova gramática visual da arte e do ativismo digitais nas cidades instrumentalizadas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vry, Renato Furquim
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16136/tde-05122023-103109/
Resumo: Apoiada na conceituação teórica acerca do processo de difusão de dispositivos digitais ocorrido ao longo das últimas três décadas nas grandes cidades globais, e recontextualizada sob o locus discursivo do Sul Global, esta dissertação de mestrado tem como objetivo analisar o processo de instrumentalização urbana, com ênfase no contexto paulistano. Sobre o conceito de dispositivo digital, entende-se aqui o conjunto heterogêneo de tecnologias desenvolvidas a partir da linguagem algorítmica. O conceito de instrumentalização, por sua vez, parte de uma apropriação crítica e convergente de outras expressões adotadas pelos autores referenciados, implicando dois sentidos distintos, porém complementares: o da cidade munida de instrumentos, mas também aquela que se torna instrumento de algo ou alguém. Essa instrumentalização se atualiza através da retórica do novo urbanismo militar (GRAHAM, 2016) e da smart city (GREENFIELD, 2013), intercalando múltiplos processos de dessubjetivação e de retração do agenciamento dos cidadãos inscritos em suas redes de poder político e econômico. Como metodologia para o desenvolvimento desta pesquisa, dada a contemporaneidade do tema, foi necessário o confronto constante entre a leitura crítica do aporte teórico selecionado e o material coletado através de notícias, leis estaduais e federais, cartilhas de adesão a sistemas digitais, editais de contratação, entre outros, que delimitam as condições históricas, culturais e socioeconômicas através das quais o fenômeno de instrumentalização urbana se materializa. Entende-se que a manutenção do imaginário das cidades instrumentalizadas se deve à construção de uma estética particular, não apenas mediada como também constituída pelos dispositivos digitais em rede. Sendo assim, as experimentações artísticas e do ativismo digitais que almejam tensionar a instrumentalização urbana invariavelmente incorrem na gramática dos circuitos digitalizados, traduzida na imagem digital, na vídeo-denúncia, nos memes, entre outros. Portanto, a politização da urbe não é mediada pela estética: ela é, efetivamente, a estética (BEIGUELMAN, 2016, 2019, 2021b). Demonstrados os desafios implicados pelo desenvolvimento sociotécnico destas tecnologias e sua contribuição ambivalente enquanto dispositivos de emancipação e captura, as experimentações discutidas ao longo desta dissertação mostram que é possível denunciar e interferir nas geografias de poder da instrumentalização urbana, atuando nos circuitos tecnoculturais de conexão transnacional para ampliar as vozes dissidentes.
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O conceito de instrumentalização, por sua vez, parte de uma apropriação crítica e convergente de outras expressões adotadas pelos autores referenciados, implicando dois sentidos distintos, porém complementares: o da cidade munida de instrumentos, mas também aquela que se torna instrumento de algo ou alguém. Essa instrumentalização se atualiza através da retórica do novo urbanismo militar (GRAHAM, 2016) e da smart city (GREENFIELD, 2013), intercalando múltiplos processos de dessubjetivação e de retração do agenciamento dos cidadãos inscritos em suas redes de poder político e econômico. Como metodologia para o desenvolvimento desta pesquisa, dada a contemporaneidade do tema, foi necessário o confronto constante entre a leitura crítica do aporte teórico selecionado e o material coletado através de notícias, leis estaduais e federais, cartilhas de adesão a sistemas digitais, editais de contratação, entre outros, que delimitam as condições históricas, culturais e socioeconômicas através das quais o fenômeno de instrumentalização urbana se materializa. Entende-se que a manutenção do imaginário das cidades instrumentalizadas se deve à construção de uma estética particular, não apenas mediada como também constituída pelos dispositivos digitais em rede. Sendo assim, as experimentações artísticas e do ativismo digitais que almejam tensionar a instrumentalização urbana invariavelmente incorrem na gramática dos circuitos digitalizados, traduzida na imagem digital, na vídeo-denúncia, nos memes, entre outros. Portanto, a politização da urbe não é mediada pela estética: ela é, efetivamente, a estética (BEIGUELMAN, 2016, 2019, 2021b). Demonstrados os desafios implicados pelo desenvolvimento sociotécnico destas tecnologias e sua contribuição ambivalente enquanto dispositivos de emancipação e captura, as experimentações discutidas ao longo desta dissertação mostram que é possível denunciar e interferir nas geografias de poder da instrumentalização urbana, atuando nos circuitos tecnoculturais de conexão transnacional para ampliar as vozes dissidentes.Supported by the theoretical conceptualization of the process of digital devices diffusion, which occurred over the last three decades in large global cities, and recontextualized under the discursive locus of the Global South, this Master\'s dissertation aims to analyze the process of urban instrumentalization, especially in the paulistano context. Regarding the concept of digital device, it is understood as the heterogeneous set of technologies developed under the algorithmic language. The concept of instrumentalization, in turn, comes from a critical and convergent appropriation of other expressions adopted by the referenced authors, implying two distinct but complementary meanings: that of the city equipped with instruments, but also that of a city which becomes an instrument for something or someone. This instrumentalization is updated through the rhetoric of the new military urbanism (GRAHAM, 2016) and the smart city (GREENFIELD, 2013), interspersing multiple processes of de-subjectivation and retraction of the agency of citizens enrolled in their networks of political and economic power. As a methodology for the development of this research, given the contemporaneity of the theme, it was necessary to constantly confront the critical reading of the selected theoretical references and the material collected through news, state and federal laws, digital systems adhesion booklets, public hiring notices, among others, that delimit the historical, cultural and socioeconomic conditions through which the phenomenon of urban instrumentalization materializes. It is perceived that the maintenance of instrumentalized cities imaginary is due to the construction of a particular aesthetic, not only mediated through but constituted by connected digital devices. That said, artistic experimentation and digital activism that aim to stress urban instrumentalization invariably incur to the grammar of digitized circuits, exemplified by digital images, exposés, memes, among others. Therefore, the politization of the city is not mediated by aesthetics: it is, effectively, aesthetics (BEIGUELMAN, 2016, 2019, 2021b). Having demonstrated the challenges implied by the sociotechnical development of these technologies and their ambivalent contribution as both emancipation and capture devices, the experiments discussed throughout this dissertation show that it is possible to denounce and interfere in the geographies of power of urban instrumentalization, acting in the technocultural circuits of transnational connection to amplify dissenting voices.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPWisnik, Guilherme TeixeiraVry, Renato Furquim2023-04-11info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16136/tde-05122023-103109/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2023-12-13T18:48:03Zoai:teses.usp.br:tde-05122023-103109Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-13T18:48:03Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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