A construção da parentalidade e o diagnóstico em bebês: entre a profecia e a indeterminação

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fraga, Maycon Andrade
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-04072024-130837/
Resumo: Esse trabalho tem por objetivo investigar sobre a experiência da construção da parentalidade diante da revelação do diagnóstico de um filho (bebê), bem como sobre as possiblidades de subjetivação dessa revelação/nomeação. A partir de uma pesquisa teórica em psicanálise e da construção de três casos clínicos atendidos em uma instituição de saúde, no serviço de estimulação e intervenção precoce, durante os anos de 2019 e 2020 (período que abarcou o começo da pandemia da COVID-19), foram estabelecidos três eixos que nortearam a pesquisa: psicanálise, parentalidade e diagnóstico em bebês. Considerando que a parentalidade é efeito do laço social e é atravessada pelos discursos que a permeiam à cada época, discorrer sobre os as alterações da clínica médica e dos manuais diagnósticos, bem como sobre os elementos do discurso médico se fez oportuno. Os atos diagnósticos, como elementos do discurso médico, produzem realidades e subjetividades, ao circunscrevem um marco na vida de quem os recebe. A posição dos psicanalistas sobre os diagnósticos em bebês, principalmente quanto aos psicopatológicos, em comparação aos de afecções no organismo, envolve uma preocupação de efeitos iatrogênicos, danosos e constritivos para a constituição subjetiva, em virtude da força social do discurso médico. Diante da preocupação primária com o futuro do bebê, o trabalho com os pais ganha menos relevo nas discussões encontradas. Por meio de uma leitura lacaniana, podemos localizar que as reverberações de um ato diagnóstico não podem ser determinadas a priori, uma vez que a indeterminação e o contingente são elementos intrínsecos a dimensão do inconsciente. Podemos concluir que um diagnóstico de um filho (bebê) pode ser subjetivado pelos adultos cuidadores. Alguns elementos se revelam matrizes que se concatenam e/ou se desatam para esse processo, como: a nomeação do diagnóstico; a articulação entre desejo, amor e gozo do lado dos cuidadores; o luto de marcas prévias; e o caráter de indeterminação ou profecia que um diagnóstico pode ser marcado a cada narrativa construída. A parentalidade, portanto, necessita ganhar relevo nessa temática, permitindo que mães e pais possam ir ao encontro de um discurso menos determinativo, como o psicanalítico, pois, ao levar em conta o contingente, promove aberturas para ressignificações. Dessa maneira, tomar a temática dos diagnósticos em bebês sob a vertente da parentalidade forneceu construções para precisar cada vez mais a importância do lugar dos pais na constituição do sujeito na criança que recebe um diagnóstico; além de lançar luz sob um ângulo diferente sobre os diagnósticos na primeira infância.
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Considerando que a parentalidade é efeito do laço social e é atravessada pelos discursos que a permeiam à cada época, discorrer sobre os as alterações da clínica médica e dos manuais diagnósticos, bem como sobre os elementos do discurso médico se fez oportuno. Os atos diagnósticos, como elementos do discurso médico, produzem realidades e subjetividades, ao circunscrevem um marco na vida de quem os recebe. A posição dos psicanalistas sobre os diagnósticos em bebês, principalmente quanto aos psicopatológicos, em comparação aos de afecções no organismo, envolve uma preocupação de efeitos iatrogênicos, danosos e constritivos para a constituição subjetiva, em virtude da força social do discurso médico. Diante da preocupação primária com o futuro do bebê, o trabalho com os pais ganha menos relevo nas discussões encontradas. Por meio de uma leitura lacaniana, podemos localizar que as reverberações de um ato diagnóstico não podem ser determinadas a priori, uma vez que a indeterminação e o contingente são elementos intrínsecos a dimensão do inconsciente. Podemos concluir que um diagnóstico de um filho (bebê) pode ser subjetivado pelos adultos cuidadores. Alguns elementos se revelam matrizes que se concatenam e/ou se desatam para esse processo, como: a nomeação do diagnóstico; a articulação entre desejo, amor e gozo do lado dos cuidadores; o luto de marcas prévias; e o caráter de indeterminação ou profecia que um diagnóstico pode ser marcado a cada narrativa construída. A parentalidade, portanto, necessita ganhar relevo nessa temática, permitindo que mães e pais possam ir ao encontro de um discurso menos determinativo, como o psicanalítico, pois, ao levar em conta o contingente, promove aberturas para ressignificações. Dessa maneira, tomar a temática dos diagnósticos em bebês sob a vertente da parentalidade forneceu construções para precisar cada vez mais a importância do lugar dos pais na constituição do sujeito na criança que recebe um diagnóstico; além de lançar luz sob um ângulo diferente sobre os diagnósticos na primeira infância.This work aims to investigate on the experience of constructing of parenting in the face of the revelation of a child\'s (baby\'s) diagnosis, as well as on the possibilities of subjectivation of this revelation/naming. Based on a theoretical research in psychoanalysis and the construction of three clinical cases treated in a health institution, in the stimulation and early intervention service, during the years 2019 and 2020 (a period that included the beginning of the COVID-19 pandemic), three guides were established that traced the research: psychoanalysis, parenting and diagnosis in babies. Considering that parenting is an effect of the social bond and is influenced by the discourses that permeate it at each time, discussing the changes in clinical medicine and diagnostic manuals, as well as the elements of medical discourse, was opportune. Diagnostic acts, as elements of medical discourse, produce realities and subjectivities, by circumscribing a milestone in the life of those who receive them. The position of psychoanalysts on diagnoses in babies, especially regarding psychopathological ones, in comparison to those regarding organic diseases, involves a concern about iatrogenic, harmful and constrictive effects on the subjective constitution, due to the social force of medical discourse. Given the primary concern for the baby\'s future, working with parents gains less importance in the discussions found. Through a Lacanian reading, we can find that the reverberations of a diagnostic act cannot be determined a priori, since indeterminacy and the contingent are intrinsic elements of the unconscious dimension. We can conclude that a diagnosis of a child (baby) can be subjectivized by adult caregivers. Some elements reveal themselves to be matrices that are concatenated and/or untied to this process, such as: the naming of the diagnosis; the articulation between desire, love and jouissance on the caregivers side; the mourning of previous marks; and the character of indeterminacy or prophecy that a diagnosis can be marked in each constructed narrative. Parenting, therefore, needs to gain prominence in this theme, allowing mothers and fathers to go towards a less determinative discourse, such as psychoanalytic, as, by taking into account the contingent, it promotes openings for resignifications. In this way, taking the theme of diagnoses in babies from the perspective of parenting provided constructions to increasingly clarify the importance of the role of parents in the constitution of the subject in the child who receives a diagnosis; besides to shedding light from a different angle on the early childhood diagnoses.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPKupfer, Maria Cristina MachadoFraga, Maycon Andrade2024-04-19info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-04072024-130837/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-07-04T16:27:02Zoai:teses.usp.br:tde-04072024-130837Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-07-04T16:27:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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