Câncer de mama em mulheres no período reprodutivo: perfil epidemiológico de 10 anos de um serviço

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Carreiro, Karina Belickas
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5139/tde-20012023-172143/
Resumo: Introdução: O câncer de mama representa a principal neoplasia nas mulheres no Brasil e no Mundo, pela sua prevalência e por sua representatividade nas causas de óbito nesta população. Dentre as jovens, com 40 anos ou menos, os tumores de mama apresentam características diferentes daquela encontrada em mulheres mais velhas, com um pior prognóstico e um maior impacto no futuro ginecológico e reprodutivo. O perfil tumoral costuma ser diferente nas diversas regiões do mundo e ainda existem poucos estudos no Brasil. Objetivo: Avaliar o perfil das pacientes com 40 anos ou menos submetidas a tratamento oncológico por câncer de mama no ICESP (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo) no período de janeiro de 2009 a dezembro de 2019. Métodos: Foram identificadas as pacientes atendidas no ICESP, no setor da Mastologia, com diagnóstico de carcinoma invasivo da mama. Seus prontuários foram revistos e coletamos seus dados referentes ao diagnóstico inicial, ao tratamento, aos antecedentes ginecológicos e obstétricos e aos desfechos analisados. Resultados: No total, foram incluídas 481 mulheres, com idade média de 34,6 anos, com idade mínima de 22 anos e com tempo de seguimento médio de 62,05 meses. 85,6% das pacientes realizaram seu diagnóstico através de queixa clínica, com intervalo entre a queixa e diagnóstico de 6,4 meses. O estadiamento ao diagnóstico foi inicial (estadio I) em 7,8%, localmente avançado (II e III) em 71,0% e metastático (IV) em 18,6%. Cerca de 82% das pacientes foram submetidas a cirurgia mamária e axilar, 48% das pacientes iniciaram seu tratamento por quimioterapia baseado em antracíclicos, e 78.9% das pacientes com hiperexpressão de HER2 receberam terapia-alvo com trastuzumab. Das pacientes que realizaram quimioterapia durante o tratamento, 82,8% retornaram a apresentar ciclos menstruais em até 24 meses após o término da quimioterapia. Durante o seguimento, 31,6% (n= 152) das pacientes evoluíram a óbito, sendo que 73,7% destes foram por progressão de doença. Foram relacionados como fatores prognósticos: idade da menarca e aleitamento, sem relação com métodos contraceptivos hormonais ou gestação. Foi possível estabelecer relações de metástase ao com o perfil imunoistoquímico tumoral: receptor hormonal positivo/HER2 negativo e metástase óssea (p=0,0027); HER2 positivo com receptor hormonal negativo e metástase em SNC (p=0,0047); triplo negativo e metástase pulmonar (p=0,0031) e óssea (p= 0,0006). O principal tratamento empregado inicialmente foi a quimioterapia neoadjuvante (48%), assim como a cirurgia mais realizada foi a mastectomia (67%) com linfadenectomia axilar (54,3%). A ocorrência de gestação no momento do diagnóstico ou durante o seguimento das pacientes não representou um impacto negativo na sobrevida global (p=0.8305) ou na sobrevida livre de doença (p=0.3802). Conclusão: Foi possível relacionar características pessoais e tumorais com fatores prognósticos relacionados ao câncer de mama jovem, que apresentou um estadiamento mais avançado no Brasil, quando comparado com estatísticas internacionais. Importante a criação de programas que possam direcionar especial atenção a esta população com o objetivo de realizar diagnóstico mais precoce e oferecer melhores opções de tratamento
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Objetivo: Avaliar o perfil das pacientes com 40 anos ou menos submetidas a tratamento oncológico por câncer de mama no ICESP (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo) no período de janeiro de 2009 a dezembro de 2019. Métodos: Foram identificadas as pacientes atendidas no ICESP, no setor da Mastologia, com diagnóstico de carcinoma invasivo da mama. Seus prontuários foram revistos e coletamos seus dados referentes ao diagnóstico inicial, ao tratamento, aos antecedentes ginecológicos e obstétricos e aos desfechos analisados. Resultados: No total, foram incluídas 481 mulheres, com idade média de 34,6 anos, com idade mínima de 22 anos e com tempo de seguimento médio de 62,05 meses. 85,6% das pacientes realizaram seu diagnóstico através de queixa clínica, com intervalo entre a queixa e diagnóstico de 6,4 meses. O estadiamento ao diagnóstico foi inicial (estadio I) em 7,8%, localmente avançado (II e III) em 71,0% e metastático (IV) em 18,6%. Cerca de 82% das pacientes foram submetidas a cirurgia mamária e axilar, 48% das pacientes iniciaram seu tratamento por quimioterapia baseado em antracíclicos, e 78.9% das pacientes com hiperexpressão de HER2 receberam terapia-alvo com trastuzumab. Das pacientes que realizaram quimioterapia durante o tratamento, 82,8% retornaram a apresentar ciclos menstruais em até 24 meses após o término da quimioterapia. Durante o seguimento, 31,6% (n= 152) das pacientes evoluíram a óbito, sendo que 73,7% destes foram por progressão de doença. Foram relacionados como fatores prognósticos: idade da menarca e aleitamento, sem relação com métodos contraceptivos hormonais ou gestação. Foi possível estabelecer relações de metástase ao com o perfil imunoistoquímico tumoral: receptor hormonal positivo/HER2 negativo e metástase óssea (p=0,0027); HER2 positivo com receptor hormonal negativo e metástase em SNC (p=0,0047); triplo negativo e metástase pulmonar (p=0,0031) e óssea (p= 0,0006). O principal tratamento empregado inicialmente foi a quimioterapia neoadjuvante (48%), assim como a cirurgia mais realizada foi a mastectomia (67%) com linfadenectomia axilar (54,3%). A ocorrência de gestação no momento do diagnóstico ou durante o seguimento das pacientes não representou um impacto negativo na sobrevida global (p=0.8305) ou na sobrevida livre de doença (p=0.3802). Conclusão: Foi possível relacionar características pessoais e tumorais com fatores prognósticos relacionados ao câncer de mama jovem, que apresentou um estadiamento mais avançado no Brasil, quando comparado com estatísticas internacionais. Importante a criação de programas que possam direcionar especial atenção a esta população com o objetivo de realizar diagnóstico mais precoce e oferecer melhores opções de tratamentoIntroduction: Breast cancer represents the main neoplasm in women in Brazil and in the world, due to its prevalence and its representativeness in the causes of death among this group. Among young women, aged 40 years or younger, breast tumors have different characteristics from those found in older women, with a worse prognosis and a greater impact on the gynecological and reproductive future. The tumor profile is usually different in different regions of the world and there are still few studies in Brazil. Objective: To evaluate the profile of patients aged 40 years or younger undergoing cancer treatment for breast cancer at ICESP (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo) from January 2009 to December 2019. Methods: Patients treated at ICESP, in the Mastology sector, diagnosed with invasive breast carcinoma were identified. Their medical records were reviewed, and we collected their data regarding the initial diagnosis, treatment, gynecological and obstetric history and the analyzed outcomes. Results: In total, 481 women were included, with a mean age of 34,6 years, with a minimum age of 22 years and with a mean follow-up time of 62,05 months. 85,6% of the patients were diagnosed through clinical complaints, with an interval between the complaint and diagnosis of 6.4 months. Staging at diagnosis was initial (stage I) in 7,8%, locally advanced (II and III) in 71,0% and metastatic (IV) in 18.6%. About 82% of patients underwent breast and axillary surgery, 48% of patients started their treatment with anthracycline-based chemotherapy, and 78.9% of patients with HER2 overexpression received targeted therapy with trastuzumab. Of the patients who underwent chemotherapy during treatment, 82.8% returned to having menstrual cycles within 24 months after the end of chemotherapy. During follow-up, 31.6% (n=152) of the patients died, and 73.7% of these were due to disease progression. The following prognostic factors were listed: age at menarche and breastfeeding, unrelated to hormonal contraceptive methods or pregnancy. It was possible to establish relationships between metastasis and the tumor immunohistochemical profile: hormone receptor positive/HER2 negative and bone metastasis (p=0.0027); HER2 positive with negative hormone receptor and CNS metastasis (p=0.0047); triple negative and pulmonary (p=0.0031) and bone (p=0.0006) metastasis. The main treatment initially used was neoadjuvant chemotherapy (48%), and the most common surgery was mastectomy (67%) with axillary lymphadenectomy (54.26%). The occurrence of pregnancy at the time of diagnosis or during follow- up of the patients did not have a negative impact on overall survival (p=0.8305) or disease-free survival (p=0.3802). Conclusion: It was possible to relate personal and tumor characteristics with prognostic factors related to young breast cancer, which presented a more advanced staging in Brazil, when compared with international statistics. It is important to create programs that could direct special attention to this population with the objective of performing earlier diagnosis and offering better treatment optionsBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPFilassi, Jose RobertoCarreiro, Karina Belickas2022-09-27info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5139/tde-20012023-172143/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2023-02-01T12:56:17Zoai:teses.usp.br:tde-20012023-172143Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-02-01T12:56:17Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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