Análise da produção e da produtividade do trabalho na agricultura de dezenove países latino-americanos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Devíes Osorio, Jesús Enrique
Data de Publicação: 1996
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11132/tde-20231122-100544/
Resumo: Este trabalho tem por objetivo estimar uma metafunção de produção para a agricultura latino-americana, especificando as relações entre o valor adicionado do setor agrícola e recursos produtivos convencionais e não convencionais. Ademais, procura-se examinar a produtividade do trabalho em 19 países latino-americanos, bem como quantificar o efeito dos fatores não convencionais no PIBA desses países. Com base literatura disponível sobre a análise do desempenho do setor agropecuário e da contribuição relativa de cada fator produtivo, assim como de sua produtividade, estimaram-se metafunções de produção do tipo Cobb-Douglas, utilizando dados secundários de instituições internacionais. Nas funções estimadas, com séries temporais (1980-1992) para os dados de corte seccional dos países selecionados, a variável dependente é o Produto Interno Bruto da Agricultura, em dólares americanos de 1980, e as variáveis independentes· são: Área de Terra Arável e de Culturas Permanentes; Maquinaria, População Economicamente Ativa na Agricultura, Número de Formados em Ciências Agrárias, Índice de Analfabetismo e Tendência. A partir dos resultados obtidos, níveis mais altos de produtividade poderão ser alcançados principalmente com maiores investimentos em capital físico e capital humano na agricultura. E neste contexto, a educação básica deve merecer especial atenção dos <b style='mso-bidi-font-weight: normal'>policymakers. A função de produção agregada para os dezenove países da América latina proporcionou estimativas coerentes com os princípios da teoria econômica. É de se concluir que terra, capital e trabalho ( este último de modo mais expressivo) contribuem positivamente para o crescimento do produto agropecuário, expresso em termos de valor adicionado. Esses fatores convencionais estão sendo utilizados no chamado estágio racional da produção. As funções de produção estimadas para os grupos de países - de renda alta, média e baixa - não produziram os resultados esperados, principalmente para os países de renda média. Neste caso, entre os fatores convencionais de produção, apenas a terra, em culturas anuais e permanentes, contribuiria efetiva e positivamente para explicar variações no valor adicionado. Nesse sentido, vale registrar que uma possível explicação para isso é a heterogeneidade que caracteriza a dotação de recursos de Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Panamá, Paraguai e República Dominicana No que respeita aos fatores convencionais explicativos da diferença do PIBA de cada país em relação ao PIBA médio estimado para a América Latina, dentre os países de alta renda, Argentina, Brasil, Chile e Venezuela apresentam um valor adicionado superior à média regional e têm como principal fonte de explicação o capital, na forma de máquinas. No México o principal determinante é a população economicamente ativa na agricultura. Entre os países com maior diferença de produtividade do trabalho em relação à produtividade média da Região estão todos aqueles do grupo de alta renda. Os resultados obtidos para Argentina, Brasil e México ressaltam dois aspectos relevantes. Um é tipicamente quantitativo, indicando que o contigente de pessoas ocupadas na agricultura tende a diminuir as diferenças positivas explicadas pelo modelo. O outro é essencialmente qualitativo e evidenciado pelos indicadores do nível de educação; ele se aplica principalmente ao caso do México, onde o efeito combinado das variáveis número de formados em Ciências Agrárias e índice de analfabetismo supera o somatório dos efeitos de terra e trabalho. No Brasil, terra e capital aparecem com contribuições positivas para a estimativa da diferença de produtividade do trabalho, enquanto a quantidade de trabalhadores e a falta de educação básica, medida pelo índice de analfabetismo da população, acabam determinando a uma redução da diferença de produtividade do trabalho.
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Nas funções estimadas, com séries temporais (1980-1992) para os dados de corte seccional dos países selecionados, a variável dependente é o Produto Interno Bruto da Agricultura, em dólares americanos de 1980, e as variáveis independentes· são: Área de Terra Arável e de Culturas Permanentes; Maquinaria, População Economicamente Ativa na Agricultura, Número de Formados em Ciências Agrárias, Índice de Analfabetismo e Tendência. A partir dos resultados obtidos, níveis mais altos de produtividade poderão ser alcançados principalmente com maiores investimentos em capital físico e capital humano na agricultura. E neste contexto, a educação básica deve merecer especial atenção dos <b style='mso-bidi-font-weight: normal'>policymakers. A função de produção agregada para os dezenove países da América latina proporcionou estimativas coerentes com os princípios da teoria econômica. É de se concluir que terra, capital e trabalho ( este último de modo mais expressivo) contribuem positivamente para o crescimento do produto agropecuário, expresso em termos de valor adicionado. Esses fatores convencionais estão sendo utilizados no chamado estágio racional da produção. As funções de produção estimadas para os grupos de países - de renda alta, média e baixa - não produziram os resultados esperados, principalmente para os países de renda média. Neste caso, entre os fatores convencionais de produção, apenas a terra, em culturas anuais e permanentes, contribuiria efetiva e positivamente para explicar variações no valor adicionado. Nesse sentido, vale registrar que uma possível explicação para isso é a heterogeneidade que caracteriza a dotação de recursos de Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Panamá, Paraguai e República Dominicana No que respeita aos fatores convencionais explicativos da diferença do PIBA de cada país em relação ao PIBA médio estimado para a América Latina, dentre os países de alta renda, Argentina, Brasil, Chile e Venezuela apresentam um valor adicionado superior à média regional e têm como principal fonte de explicação o capital, na forma de máquinas. No México o principal determinante é a população economicamente ativa na agricultura. Entre os países com maior diferença de produtividade do trabalho em relação à produtividade média da Região estão todos aqueles do grupo de alta renda. Os resultados obtidos para Argentina, Brasil e México ressaltam dois aspectos relevantes. Um é tipicamente quantitativo, indicando que o contigente de pessoas ocupadas na agricultura tende a diminuir as diferenças positivas explicadas pelo modelo. O outro é essencialmente qualitativo e evidenciado pelos indicadores do nível de educação; ele se aplica principalmente ao caso do México, onde o efeito combinado das variáveis número de formados em Ciências Agrárias e índice de analfabetismo supera o somatório dos efeitos de terra e trabalho. No Brasil, terra e capital aparecem com contribuições positivas para a estimativa da diferença de produtividade do trabalho, enquanto a quantidade de trabalhadores e a falta de educação básica, medida pelo índice de analfabetismo da população, acabam determinando a uma redução da diferença de produtividade do trabalho.The general purpose of this study is to analyse, at the aggregate level, the economic relationships of conventional and non-conventional factors affecting the gross domestic product and labor productivity in agriculture of 19 Latin American countries, from 1980 to 1992. The methodology of the study is based on the estimation of Cobb-Douglas metaproduction functions for the selected countries. ln the estimated functions (pooling time series and cross section data), the dependent variable is the GDP of agriculture, measured in US dollars of 1980, and the independent variables are: (i) area of annual crops (including pasture) and permanent crops; (ii) machinery, expressed by the number of tractors; (iii) labor force in agriculture; (iv) technical education (number of graduated persons in Agriculture Sciences; (v) illiteracy index ( as a percentage of total population); and, (vi) trend. The results of this study indicate high leveis of productivity in agriculture can be obtained with investments in phyisical capital and human capital. They also suggest that policymakers ofLatin American countries should concentrate a very special attention to the basic education of rural population. The aggregate function for the nineteen countries exhibited very consistent results with the principies of economic theory. Land, capital, and especially labor have showed a positive contribution to the growth rate of GDP of agriculture, expressed in terms of value added. These conventional factors were being used in the so called rational stage of production. The parameters of the production functions estimated for the three groups of countries, classified as high, medium, and low income levels, did not show the expected results, especially in the case of the medium income group. In this case, among the conventional factors, only land would be a relevant explanatory factor in the value added function. A possible explanation for this could be the heterogeneity of factors’ endowment prevailing in Colombia, Costa Rica, Ecuador, El Salvador, Panama, Paraguay and The Dominican Republic. The analysis of the differences in GDP of each country in comparison with the average GDP of Latin America provides very useful insights. ln the high income group of countries, Argentina, Brazil, Chile and Venezuela have as the major explanatory factor for the observed difference the physical capital in machinery. ln Mexico, however, the predominant factor is the labor force in agriculture. All of the countries included in the high income group are likely to show an average productivity of labor superior to the average productivity of the nineteen countries. The estimated indices for Argentina, Brazil and Mexico indicate two important points. One of them is typically quantitative, and suggests that the labor force in agriculture has a negative effect, since it tends to reduce the positive differences explained by the model. The other one is more qualitative, and based on the results of the human capital variables. ln the case of Mexico, for instance, the joint effect of technical education and illiteracy index is more important to explain the positive difference of labor productivity estimated for this country than the effect of land and labor together. ln Brazil, land and capital show up with positive contributions to explain the difference, whilst the size of the labor force and the low level of basic education tend to reduce the estimated difference for labor productivity.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPAraújo, Paulo Fernando Cidade deDevíes Osorio, Jesús Enrique1996-07-04info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11132/tde-20231122-100544/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2023-11-24T20:22:03Zoai:teses.usp.br:tde-20231122-100544Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-11-24T20:22:03Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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