Hospital Colônia de Barbacena: relações entre a necropolítica e o unheimlich

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Andrade, Thais Barros de
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-12042024-155448/
Resumo: A presente dissertação de mestrado busca articular uma relação entre a história do Hospital Colônia de Barbacena, os conceitos de unheimlich, em Freud (2021), e a necropolítica, em Mbembe (2018a). Este trabalho, ao pensar as possibilidades de relacionar conceitos de bases epistemológicas diferentes, frente a um fato histórico, toma a Psicanálise como método em seu sentido extramuro, ou seja, possibilita-nos uma compreensão do sujeito em relação aos fenômenos sociais e políticos, sem, todavia, nos desvencilharmos da ética psicanalítica. Sabe-se que, neste hospital psiquiátrico, pessoas internadas compulsoriamente foram oprimidas, violentadas e deixadas em vias de morte com a conivência da sociedade e do Estado, uma dinâmica de internação, tratamento e exclusão pautada nos preceitos de projetos de higienização social da época. A partir disso, apreende-se o conceito mbembiano para darmos conta de compreender a prática de uma necrogestão como a que se demonstrou presente na realidade do Hospital Colônia. Neste encontro da sociedade com um corpo lido como hostil, realiza-se a hipótese de que é produzida uma experiência unheimlich, um deparar-se com o que há de mais incômodo e, ao mesmo tempo, familiar a si mesmo. Com isso, compreende-se que o reconhecimento na diferença que há no outro neste contexto cria um escape pela via da eliminação, faz-se desse corpo o inimigo e, assim, cria-se o respaldo para tirá-lo de cena. Dessa forma, entende-se, a partir da possibilidade de intersecção entre a necropolítica e o unheimlich freudiano, que há na história do Hospital Colônia de Barbacena uma gestão necropolítica a partir da irrupção do estrangeiro, na qual os sujeitos não inseridos no discurso hegemônico de um Estado higienista são deixados à margem, postos em situações em que a vida é alinhada à morte.
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