Prevalência de transtornos psiquiátricos em duas coortes de nascimento de Ribeirão Preto - SP

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Scarabelot, Luis Felipe
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17165/tde-30062023-091350/
Resumo: Introdução: Transtornos mentais apresentam altas taxas de prevalência na população mundial, sendo importante causa de incapacidade. No entanto, os estudos epidemiológicos em psiquiatria ainda são escassos no Brasil. Objetivos: os objetivos deste estudo foram: a) descrever a prevalência de transtornos psiquiátricos em duas coortes de nascimento (1978/79 e 1994) de Ribeirão Preto-SP, b) avaliar a associação do diagnóstico psiquiátrico com variáveis sociodemográficas, uso de serviços de saúde e risco de suicídio e c) verificar a acurácia do SRQ-20 como instrumento de rastreio para a população local. Métodos: Indivíduos de duas coortes de nascimento de Ribeirão Preto (iniciadas em 1978/79 e 1994) foram reavaliados em 2016 (aos 37/38 e 22 anos). Foram submetidos, por psicólogos treinados, à Mini International Neuropsychiatric Interview (MINI) e ao Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20). Resultados: A prevalência de transtornos mentais foi de 28,7% (1978/79) e 31% (1994), sendo frequente a comorbidade psiquiátrica (42,7% e 43,3%, respectivamente). Os diagnósticos mais comuns foram transtorno depressivo maior (11,3%; 12,0%) e transtorno de ansiedade generalizada (9,4%; 10,5%). Na coorte mais antiga, diagnóstico de transtornos mentais associou-se com sexo feminino, cor de pele preta ou parda, menor escolaridade, ausência de vínculo afetivo e dependência financeira. Na coorte mais jovem, houve associação apenas com menor escolaridade e presença de vínculo afetivo. Em ambas as coortes, indivíduos com algum transtorno psiquiátrico tiveram maiores prevalências de uso de álcool e outras substâncias. Indivíduos com transtorno mental estavam menos satisfeitos com a saúde, porém apenas uma pequena parcela (20,8%; 18,7%) havia consultado com profissional de saúde mental no ano anterior à avaliação. A presença de transtorno mental aumentou de 5,6 a 9,1 vezes a chance de existir risco de suicídio e de 5,1 a 7,7 vezes a chance de ter havido tentativa de suicídio anterior. O SRQ-20 apresentou, para os homens, sensibilidades de 64,4% (coorte 1978/79) e 63,6% (coorte 1994) e especificidades de 70,2% e 67,4%, respectivamente. Para as mulheres, apresentou sensibilidades, respectivamente, de 80,4% e 77,1% e especificidades de 66,5% e 64,7%. Conclusão: A prevalência de transtornos mentais em indivíduos adultos e jovens procedentes de Ribeirão Preto é elevada, com taxas semelhantes em ambas faixas etárias e comorbidade (mais de um diagnóstico psiquiátrico ) frequente. Risco de suicídio e uso de álcool e de outras substâncias foram maiores nos indivíduos com transtornos mentais. Apesar do impacto negativo dos transtornos mentais, apenas uma pequena parcela desses indivíduos passaram por avaliação de profissional de saúde mental no ano anterior. Os resultados reforçam a necessidade de incremento das políticas públicas em Saúde Mental de maneira a facilitar o acesso a cuidados em saúde.
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spelling Prevalência de transtornos psiquiátricos em duas coortes de nascimento de Ribeirão Preto - SPPrevalence of psychiatric disorders in two birth cohorts from Ribeirão Preto, BrazilCommunity psychiatryEpidemiologia analíticaMental disordersPrevalencePrevalênciaPsiquiatria comunitáriaTranstornos mentaisIntrodução: Transtornos mentais apresentam altas taxas de prevalência na população mundial, sendo importante causa de incapacidade. No entanto, os estudos epidemiológicos em psiquiatria ainda são escassos no Brasil. Objetivos: os objetivos deste estudo foram: a) descrever a prevalência de transtornos psiquiátricos em duas coortes de nascimento (1978/79 e 1994) de Ribeirão Preto-SP, b) avaliar a associação do diagnóstico psiquiátrico com variáveis sociodemográficas, uso de serviços de saúde e risco de suicídio e c) verificar a acurácia do SRQ-20 como instrumento de rastreio para a população local. Métodos: Indivíduos de duas coortes de nascimento de Ribeirão Preto (iniciadas em 1978/79 e 1994) foram reavaliados em 2016 (aos 37/38 e 22 anos). Foram submetidos, por psicólogos treinados, à Mini International Neuropsychiatric Interview (MINI) e ao Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20). Resultados: A prevalência de transtornos mentais foi de 28,7% (1978/79) e 31% (1994), sendo frequente a comorbidade psiquiátrica (42,7% e 43,3%, respectivamente). Os diagnósticos mais comuns foram transtorno depressivo maior (11,3%; 12,0%) e transtorno de ansiedade generalizada (9,4%; 10,5%). Na coorte mais antiga, diagnóstico de transtornos mentais associou-se com sexo feminino, cor de pele preta ou parda, menor escolaridade, ausência de vínculo afetivo e dependência financeira. Na coorte mais jovem, houve associação apenas com menor escolaridade e presença de vínculo afetivo. Em ambas as coortes, indivíduos com algum transtorno psiquiátrico tiveram maiores prevalências de uso de álcool e outras substâncias. Indivíduos com transtorno mental estavam menos satisfeitos com a saúde, porém apenas uma pequena parcela (20,8%; 18,7%) havia consultado com profissional de saúde mental no ano anterior à avaliação. A presença de transtorno mental aumentou de 5,6 a 9,1 vezes a chance de existir risco de suicídio e de 5,1 a 7,7 vezes a chance de ter havido tentativa de suicídio anterior. O SRQ-20 apresentou, para os homens, sensibilidades de 64,4% (coorte 1978/79) e 63,6% (coorte 1994) e especificidades de 70,2% e 67,4%, respectivamente. Para as mulheres, apresentou sensibilidades, respectivamente, de 80,4% e 77,1% e especificidades de 66,5% e 64,7%. Conclusão: A prevalência de transtornos mentais em indivíduos adultos e jovens procedentes de Ribeirão Preto é elevada, com taxas semelhantes em ambas faixas etárias e comorbidade (mais de um diagnóstico psiquiátrico ) frequente. Risco de suicídio e uso de álcool e de outras substâncias foram maiores nos indivíduos com transtornos mentais. Apesar do impacto negativo dos transtornos mentais, apenas uma pequena parcela desses indivíduos passaram por avaliação de profissional de saúde mental no ano anterior. Os resultados reforçam a necessidade de incremento das políticas públicas em Saúde Mental de maneira a facilitar o acesso a cuidados em saúde.Introduction: Mental disorders are highly prevalent worldwide and are important causes of disability. However, population studies in psychiatry are scarce in Brazil. Objectives: We aimed: a) to describe the prevalence of mental disorders in two birth cohorts (1978/79 and 1994) from Ribeirão Preto, Brazil; b) to assess the association of psychiatric diagnosis with sociodemographic, service use, and suicide risk variables; c) to estimate the accuracy of SRQ-20 as a screening tool for the local population. Methods: Individuals from two Ribeirão Preto birth cohorts (initiated in 1978/79 and 1994) were reassessed in 2016 (at 37/38 and 22 years of age). Trained psychologists applied Mini International Neuropsychiatric Interview (MINI) and Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20) to the sample. Results: The prevalence of mental disorders varied from 28.7% (1978/79) to 31% (1994), with frequent comorbid diagnoses (42.7% and 43.3%, respectively). The most common diagnoses were major depressive disorder (11.3; 12.0) and generalized anxiety disorder (9.4%; 10.5%). In the older cohort, mental disorders were associated with female gender, non-white skin color, lower education, being single, and being financially dependent. In the younger cohort, mental disorders were associated with lower education and being married. In both cohorts, people with a psychiatric diagnosis had a higher prevalence of alcohol and other psychoactive substance use. Although they were less satisfied with their health, only 20.8% and 18.7% had seen a mental health professional in the previous year. A psychiatric diagnosis increased 5.6 to 9.1 times the chance of having suicide risk and 5.1 to 7.7 times the chance of a previous suicide attempt. For men, SRQ-20 showed sensibility of 64.4% (1978/79 cohort) and 63.6% (1994 cohort), and specificity of 66.5% and 64.7%. For women, it showed sensibility of 80.4% and 77.1%, and specificity of 66.5% and 64.7%, respectively. Conclusion: The prevalence of mental disorders is high in our sample and is associated with elevated psychiatric comorbidity rates. There was less education, fewer affective bonds, and health satisfaction among those with a psychiatric diagnosis. Mental disorders are also associated with higher suicide risk and alcohol and substance use. Health service usage was low. SRQ-20 assessment showed satisfactory results.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPBen, Cristina Marta DelScarabelot, Luis Felipe2023-04-14info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17165/tde-30062023-091350/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-08-23T15:55:02Zoai:teses.usp.br:tde-30062023-091350Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-08-23T15:55:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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