Suplementação da farinha de microalga Schizochytrium sp. em dietas para suínos em crescimento e terminação: desempenho zootécnico, características de carcaça, perfil de ácidos graxos e teores de EPA e DHA no lombo (Longissimus dorsi)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Sedano, Anderson Aparecido
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11139/tde-10062022-092732/
Resumo: Indivíduos da espécie humana são incapazes de sintetizar os ácidos graxos (AG) das famílias ômega 3 e 6, devendo obtê-los via alimentação. Normalmente, dietas para humanos são pobres em AG ômega 3, como os AG linolênico, eicosapentaenoico (EPA, C20:5 n-3) e docosahexaenoico (DHA, C22:6 n-3), pois os principais alimentos que contêm estes AG muitas vezes não são acessíveis a maior parte da população ou são de custo elevado. O teor e o perfil de AG nos tecidos corporais de suínos refletem os das dietas que os animais consomem. Esta característica pode ser utilizada para manipulação da composição dos lipídeos corporais de suínos via alimentação, com intuito de incrementar os teores de AG da família ômega 3, e atender as necessidades específicas do ser humano. Ou seja, a carne de suínos com teores aumentados de EPA e DHA pode ser meio para elevar a ingestão destes AG por humanos, visto que tem alta disponibilidade, normalmente preço acessível e já faz parte das dietas da maior parte da população mundial. Deste modo a presente pesquisa teve por objetivo avaliar os efeitos da adição de farinha de microalga (FM, Schizochytrium sp.) na dieta de suínos em crescimento e terminação como fonte de EPA e DHA. Neste estudo foram utilizados 80 suínos mestiços (genética Choice), com 98 dias de idade e 50,34 &#177; 6,47 kg de peso vivo (PV) médio inicial, com duração de 56 dias, quando os animais atingiram 110,20 &#177; 11,57 kg de PV. Os tratamentos foram arranjados num esquemao fatorial 3×3+1, composto por dietas com três concentrações (0,25; 0,40; 0,55%) da FM, fornecidas por três períodos antes do abate (21, 42 e 56 dias) e uma dieta controle, sem FM, totalizando dez tratamentos. A FM foi adicionada em substituição ao ingrediente inerte das dietas. Foram avaliados o desempenho zootécnico, parâmetros qualitativos e quantitativos das carcaças, composição química, perfil de ácidos graxos e deposição de EPA e DHA no músculo Longissimus dorsi dos animais. Os dados foram submetidos a ANOVA pelo procedimento PROC MIXED do programa estatístico SAS (SAS Institute Inc, Cary, NC, USA) e as médias comparadas pelo teste Tukey quando observadas diferenças (P<0,05). Observou-se, de forma geral, que o desempenho zootécnico e a maioria das características quantitativas e qualitativas das carcaças dos suínos não foram afetadas pelos tratamentos. Percebeu-se efeitos (P<0,05) dos tratamentos sobre os rendimentos de lombo e de pernil. Todavia, ao compararmos os rendimentos de carcaça, quantidade de carne na carcaça, assim como espessura de toicinho, profundidade de lombo e área de olho de lombo, não foram verificadas diferenças. Adicionalmente, verificou-se diferença (P<0,05) para intensidade luminosa do lombo (cor L), porém para todas as demais variáveis qualitativas, e para os teores de matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo e ácidos graxos totais, não foram observadas quaisquer diferenças entre os animais submetidos aos diferentes tratamentos. De forma distinta, verificou-se os maiores (P<0,05) teores de DHA no lombo dos animais que consumiram as dietas com 0,55% de FM por 42 ou 56 dias, ou 0,40% de FM por 56 dias, resultados 4 vezes superiores aos apresentados pelos animais controle. Os teores de EPA e AG insaturados e poli-insaturados no lombo foram também superiores (P<0,05) nos animais alimentados com as dietas com 0,55% de FM em relação àqueles submetidos as dietas com 0,25% de FM. Observou-se que os incrementos (P<0,05) de 1,5 e 2,5 vezes na deposição de EPA + DHA entre os suínos alimentados com 0,55% de FM e os animais que receberam as dietas com 0,25% de FM e do grupo, respectivamente. Quanto ao tempo de fornecimento da FM, foram necessários ao menos 42 dias de consumo das dietas suplementadas para se verificar maiores deposições de EPA e DHA no lombo. Estes resultados, em conjunto, demonstram que a suplementação de FM a dietas para suínos, em teores superiores a 0,40% e por mais de 42 dias, são efetivas em aumentar as concentrações de EPA e DHA no lombo de suínos. No entanto, é preciso destacar que a maior deposição de EPA + DHA no lombo verificada na presente pesquisa, 15,59 mg/100 g, observada nos animais alimentados com 0,55% de FM por 56 dias, foi inferior ao valor mínimo de 40 mg/100g estabelecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, RDC nº 54) para se considerar o lombo suíno como fonte dos referidos AG. Mais estudos são necessários, com fornecimento de dietas com maiores concentrações de FM para se obter carne suína enriquecida com EPA e DHA, de acordo com a regulamentação da ANVISA.
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spelling Suplementação da farinha de microalga Schizochytrium sp. em dietas para suínos em crescimento e terminação: desempenho zootécnico, características de carcaça, perfil de ácidos graxos e teores de EPA e DHA no lombo (Longissimus dorsi)Supplementation of microalgae flour Schizochytrium sp. in diets for growing and finishing pigs: zootechnical performance, carcass characteristics, fatty acid profile and EPA and DHA content in the loin (Longissimus dorsi)Schizochytrium sp.Schizochytrium sp.Animal nutritionEPA + DHAEPA + DHANutrição animalSuínosSwineIndivíduos da espécie humana são incapazes de sintetizar os ácidos graxos (AG) das famílias ômega 3 e 6, devendo obtê-los via alimentação. Normalmente, dietas para humanos são pobres em AG ômega 3, como os AG linolênico, eicosapentaenoico (EPA, C20:5 n-3) e docosahexaenoico (DHA, C22:6 n-3), pois os principais alimentos que contêm estes AG muitas vezes não são acessíveis a maior parte da população ou são de custo elevado. O teor e o perfil de AG nos tecidos corporais de suínos refletem os das dietas que os animais consomem. Esta característica pode ser utilizada para manipulação da composição dos lipídeos corporais de suínos via alimentação, com intuito de incrementar os teores de AG da família ômega 3, e atender as necessidades específicas do ser humano. Ou seja, a carne de suínos com teores aumentados de EPA e DHA pode ser meio para elevar a ingestão destes AG por humanos, visto que tem alta disponibilidade, normalmente preço acessível e já faz parte das dietas da maior parte da população mundial. Deste modo a presente pesquisa teve por objetivo avaliar os efeitos da adição de farinha de microalga (FM, Schizochytrium sp.) na dieta de suínos em crescimento e terminação como fonte de EPA e DHA. Neste estudo foram utilizados 80 suínos mestiços (genética Choice), com 98 dias de idade e 50,34 &#177; 6,47 kg de peso vivo (PV) médio inicial, com duração de 56 dias, quando os animais atingiram 110,20 &#177; 11,57 kg de PV. Os tratamentos foram arranjados num esquemao fatorial 3×3+1, composto por dietas com três concentrações (0,25; 0,40; 0,55%) da FM, fornecidas por três períodos antes do abate (21, 42 e 56 dias) e uma dieta controle, sem FM, totalizando dez tratamentos. A FM foi adicionada em substituição ao ingrediente inerte das dietas. Foram avaliados o desempenho zootécnico, parâmetros qualitativos e quantitativos das carcaças, composição química, perfil de ácidos graxos e deposição de EPA e DHA no músculo Longissimus dorsi dos animais. Os dados foram submetidos a ANOVA pelo procedimento PROC MIXED do programa estatístico SAS (SAS Institute Inc, Cary, NC, USA) e as médias comparadas pelo teste Tukey quando observadas diferenças (P<0,05). Observou-se, de forma geral, que o desempenho zootécnico e a maioria das características quantitativas e qualitativas das carcaças dos suínos não foram afetadas pelos tratamentos. Percebeu-se efeitos (P<0,05) dos tratamentos sobre os rendimentos de lombo e de pernil. Todavia, ao compararmos os rendimentos de carcaça, quantidade de carne na carcaça, assim como espessura de toicinho, profundidade de lombo e área de olho de lombo, não foram verificadas diferenças. Adicionalmente, verificou-se diferença (P<0,05) para intensidade luminosa do lombo (cor L), porém para todas as demais variáveis qualitativas, e para os teores de matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo e ácidos graxos totais, não foram observadas quaisquer diferenças entre os animais submetidos aos diferentes tratamentos. De forma distinta, verificou-se os maiores (P<0,05) teores de DHA no lombo dos animais que consumiram as dietas com 0,55% de FM por 42 ou 56 dias, ou 0,40% de FM por 56 dias, resultados 4 vezes superiores aos apresentados pelos animais controle. Os teores de EPA e AG insaturados e poli-insaturados no lombo foram também superiores (P<0,05) nos animais alimentados com as dietas com 0,55% de FM em relação àqueles submetidos as dietas com 0,25% de FM. Observou-se que os incrementos (P<0,05) de 1,5 e 2,5 vezes na deposição de EPA + DHA entre os suínos alimentados com 0,55% de FM e os animais que receberam as dietas com 0,25% de FM e do grupo, respectivamente. Quanto ao tempo de fornecimento da FM, foram necessários ao menos 42 dias de consumo das dietas suplementadas para se verificar maiores deposições de EPA e DHA no lombo. Estes resultados, em conjunto, demonstram que a suplementação de FM a dietas para suínos, em teores superiores a 0,40% e por mais de 42 dias, são efetivas em aumentar as concentrações de EPA e DHA no lombo de suínos. No entanto, é preciso destacar que a maior deposição de EPA + DHA no lombo verificada na presente pesquisa, 15,59 mg/100 g, observada nos animais alimentados com 0,55% de FM por 56 dias, foi inferior ao valor mínimo de 40 mg/100g estabelecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, RDC nº 54) para se considerar o lombo suíno como fonte dos referidos AG. Mais estudos são necessários, com fornecimento de dietas com maiores concentrações de FM para se obter carne suína enriquecida com EPA e DHA, de acordo com a regulamentação da ANVISA.Individuals of the human species are unable to synthesize fatty acids (FA) from the omega 3 and 6 families, and must obtain them through food. Normally, human diets are low in omega 3 FAs, such as linolenic, eicosapentaenoic (EPA, C20:5 n-3) and docosahexaenoic (DHA, C22:6 n-3) FAs, as the main foods that contain these FAs are often not are accessible to most of the population or are expensive. The FA content and profile in the body tissues of swine reflect those of the diets that the animals consume. This feature can be used to manipulate the composition of body lipids in pigs via feed, in order to increase the FA levels of the omega 3 family, and meet the specific needs of humans. That is, pork meat with increased levels of EPA and DHA can be a means to increase the intake of these FA by humans, since it is highly available, usually affordable and is already part of the diets of most of the world\'s population. Thus, the present research aimed to evaluate the effects of the addition of microalgae flour (MF, Schizochytrium sp.) in the diet of growing and finishing pigs as a source of EPA and DHA. In this study, 80 crossbreed pigs (Choice genetics) were used, with 98 days of age and 50.34 &#177; 6.47 kg of initial average body weight (BW), with a duration of 56 days, when the animals reached 110.20 &#177; 11.57 kg of BW. The treatments were arranged in a 3×3+1 factorial scheme, consisting of diets with three concentrations (0.25; 0.40; 0.55%) of MF, provided for three periods before slaughter (21, 42 and 56 days), and a control diet, without MF, totaling ten treatments. Microalgae flour was added to replace the inert ingredient in the diets. The growth performance, qualitative and quantitative parameters of the carcasses, chemical composition, fatty acid profile and EPA and DHA deposition in the Longissimus dorsi muscle of the animals were evaluated. Data were submitted to ANOVA using the PROC MIXED procedure of the SAS statistical program (SAS Institute Inc, Cary, NC, USA) and the means were compared using the Tukey test when differences were observed (P<0.05). It was observed, in general, that the growth performance and the majority of the quantitative and qualitative characteristics of the swine carcasses were not affected by the diets. Effects (P<0.05) of treatments on loin and ham yields were observed. However, when comparing carcass yields, amount of meat in the carcass, as well as backfat thickness, loin depth and loin eye area, no differences were observed. Additionally, there was a difference (P<0.05) for the light intensity of the loin (color L), but for all other qualitative variables, and for the contents of dry matter, crude protein, ether extract and total fatty acids, no differences were observed between the animals subjected to the different treatments. Differently, the highest (P<0.05) levels of DHA in the loins of the animals that consumed the diets with 0.55% MF for 42 or 56 days, or 0.40% MF for 56 days were observed, results 4 times superior to those presented by the control animals. The levels of unsaturated and polyunsaturated FA and EPA in the loin were also higher (P<0.05) in animals fed diets with 0.55% MF compared to those fed diets with 0.25% MF. It was observed increments (P<0.05) of 1.5 and 2.5 times in the deposition of EPA + DHA between the pigs fed with 0.55% MF and the animals that received the diets with 0.25 % of MF and the control group, respectively. As for the time of MF supply, it took at least 42 days of consumption of the supplemented diets to verify greater deposition of EPA and DHA in the loin. These results, together, demonstrate that MF supplementation to swine diets, at levels higher than 0.40% and for more than 42 days, are effective in increasing EPA and DHA concentrations in swine loins. However, it should be noted that the highest deposition of EPA + DHA in the loin verified in the present study, 15.59 mg/100 g, observed in animals fed with 0.55% MF for 56 days, was lower than the minimum value of 40 mg/100g established by the National Health Surveillance Agency (ANVISA, RDC nº 54) to consider pork loin as a source of the aforementioned AG. More studies are needed, with the provision of diets with higher concentrations of MF to obtain pork enriched with EPA and DHA, according to ANVISA regulations.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPRuiz, Urbano dos SantosSedano, Anderson Aparecido2022-03-11info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11139/tde-10062022-092732/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2022-06-10T18:49:16Zoai:teses.usp.br:tde-10062022-092732Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212022-06-10T18:49:16Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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