"A morte em seu mostrar-se ao paciente oncológico em situação de metástase"

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Trincaus, Maria Regiane
Data de Publicação: 2005
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-14092005-094226/
Resumo: O novo milênio traz consigo uma nova realidade para o Brasil: o envelhecimento da população e com ele, o aumento dos números de casos de doenças crônicas, entre elas o câncer. Minha proposta, neste estudo, foi compreender como os pacientes oncológicos, em tratamento quimioterápico, por ocorrência de metástase, vivenciam a possibilidade da morte. Habitei o mundo da oncologia, aproximando-me dos pacientes em sua dimensão existencial. Para tal, foram realizadas entrevistas com sete pessoas adultas que fazem acompanhamento em uma clínica de oncologia privada na cidade de Guarapuava – PR. Para análise dessas entrevistas, aproprieime de algumas idéias do referencial filosófico de Martin Heidegger. Dessa análise, a morte emergiu de vários modos: implicitamente; como um fenômeno natural, vivido na impessoalidade, pela morte do outro ou “dos casos de morte"; ou ainda como fenômeno que permeia a existência. A incerteza quanto ao futuro emerge no confronto entre a possibilidade de morrer e a possibilidade de curar-se, mantendose, porém, a esperança de não ser mais um ser-doente. A cura é enfocada pelo paciente não somente na esfera biológica, mas também, na busca por uma melhor qualidade de vida, o que envolve um ressignificar o momento presente. A dor e o sofrimento são mantidos no passado enquanto o presente é refeito em um novo cotidiano que envolve o “mundo particular" da oncologia, um cotidiano que é ameaçado pelos limites e temores impostos pela doença. A temporalidade vivenciada está restrita principalmente à dimensão cronológica. A fé emerge significativamente nas falas como forma de amenizar o sentimento que sufoca o seraí. Considerando a condição ontológica de ser com o outro, a morte se mostrou, ao paciente com câncer, por meio de palavras, do falatório, de ações e do olhar do outro, principalmente familiar, que ao mesmo tempo acolhe e denuncia. Essas situações foram compreendidas como um modo inautêntico de cuidar. No entanto, na relação familiar a consideração e a paciência também emergiram como modo de cuidar autêntico. Emerge ainda a relação desses pacientes com os profissionais de saúde, revelando-se modos de cuidar quase sempre inautênticos, marcados pelo não respeito à sua autonomia e ao direito de participação na tomada de decisão sobre seu tratamento. Em meio a inautenticidade do cotidiano, alguns pacientes também se reconhecem em sua finitude. Este estudo permitiu uma reflexão sobre o modelo assistencial vigente, que não contempla o cuidar do homem em sua integralidade. É necessário construir competência humana para o cuidar integral, dirigindo-se não somente à cura, mas à pessoa humana, em sua singularidade.
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Dessa análise, a morte emergiu de vários modos: implicitamente; como um fenômeno natural, vivido na impessoalidade, pela morte do outro ou “dos casos de morte"; ou ainda como fenômeno que permeia a existência. A incerteza quanto ao futuro emerge no confronto entre a possibilidade de morrer e a possibilidade de curar-se, mantendose, porém, a esperança de não ser mais um ser-doente. A cura é enfocada pelo paciente não somente na esfera biológica, mas também, na busca por uma melhor qualidade de vida, o que envolve um ressignificar o momento presente. A dor e o sofrimento são mantidos no passado enquanto o presente é refeito em um novo cotidiano que envolve o “mundo particular" da oncologia, um cotidiano que é ameaçado pelos limites e temores impostos pela doença. A temporalidade vivenciada está restrita principalmente à dimensão cronológica. A fé emerge significativamente nas falas como forma de amenizar o sentimento que sufoca o seraí. Considerando a condição ontológica de ser com o outro, a morte se mostrou, ao paciente com câncer, por meio de palavras, do falatório, de ações e do olhar do outro, principalmente familiar, que ao mesmo tempo acolhe e denuncia. Essas situações foram compreendidas como um modo inautêntico de cuidar. No entanto, na relação familiar a consideração e a paciência também emergiram como modo de cuidar autêntico. Emerge ainda a relação desses pacientes com os profissionais de saúde, revelando-se modos de cuidar quase sempre inautênticos, marcados pelo não respeito à sua autonomia e ao direito de participação na tomada de decisão sobre seu tratamento. Em meio a inautenticidade do cotidiano, alguns pacientes também se reconhecem em sua finitude. Este estudo permitiu uma reflexão sobre o modelo assistencial vigente, que não contempla o cuidar do homem em sua integralidade. É necessário construir competência humana para o cuidar integral, dirigindo-se não somente à cura, mas à pessoa humana, em sua singularidade.The new millennium brings along a new reality for Brazil: the aging of the population, and with it, the increase in the numbers of cases of chronic diseases, among them the cancer. My purpose in this study was to understand how the oncological patients in chemotherapic treatment, due to the metastasis, experience the death possibility. I lived in the oncological world, getting close to he patients in their existential dimension. To do so, were accomplished interviews with seven adult people that have been undergoing treatment in a private oncological clinic in Guarapuava – Pr. In order to analyze these interviews, I used some ideas of the philosophic reference of Martin Heidegger. From this analysis, death showed itself in different ways: implicit, as a natural phenomenon, lived in an impersonal way, by the other’s death or “the cases of death", or even as a phenomenon that permeates the existence. The uncertainty about the future comes in the encounter between the possibility of dying and the possibility of healing, continuing, and, the hope of not being a sick person any longer. The cure is focused by the patient not only on the biological sphere but also in the search for a better quality of life, what involves a different meaning of the present moment. The pain and suffering are kept in the past while the present is remade in a new quotidian that involves the “private world" of the oncology, a quotidian that is threatened by the limits and fears imposed by the disease. The period of time experienced is restricted mainly to the chronological dimension. Faith appears meaningfully in the speeches as a way of softening the feeling that suffocates the human being. Considering the oncological condition of the human being with other, death has shown to the patient with cancer through words, talks, actions and through the eye of the other, mainly familiar, that in the same time shelters and denounces. Theses situations were understood as a facile way of taking care. However, in the familiar relation, attention and patience have also emerged as an authentic manner of taking care. It emerges still the relation between these patients with the health professionals, revealing methods of taking care nearly always facile, marked by the non-respect to the patient’s autonomy and by the right of participation when making decisions about his treatment. In the middle of this facile quotidian, some patients also recognize themselves in their finite. This study allowed a reflection on the present assistance model, that doesn’t contemplates the care of the man in his totality. It is necessary to build human competence to the integral care, directing not only to the cure, but also the human being in his singularity.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCorrêa, Adriana KatiaTrincaus, Maria Regiane2005-07-20info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-14092005-094226/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2019-04-16T20:48:23Zoai:teses.usp.br:tde-14092005-094226Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212019-04-16T20:48:23Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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