Esperança equilibrista: cartografias de sujeitos que vivenciam o sofrimento psíquico em uma comunidade urbana

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Dalmolin, Bernadete Maria
Data de Publicação: 2004
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6136/tde-09032021-182658/
Resumo: Este estudo teve por objetivo analisar as experiências de pessoas que vivenciam o sofrimento psíquico nas dimensões da cidade. A metodologia adotou contribuições da etnografia e tomou como instrumentos: entrevistas e documentos - oficiais, de jornais e do sistema de informações do SUS. Para a compreensão da dinâmica cotidiana desse grupo social, partiu-se de um bairro da cidade de Passo Fundo/RS, buscando apreender quem os moradores deste bairro reconheciam como \"doentes mentais\". A investigação revelou a existência de lógicas de percepção diferentes sobre a pessoa adoecida mentalmente, possibilitando a leitura de duas cartografias: a cartografia institucional e a cartografia cotidiana do bairro, cartografias essas que se aproximam e se entrelaçam em muitos momentos da vida. Nas experiências desses moradores \"doentes\" é possível encontrar um sujeito em interação com o local, desejante, buscando o exercício da cidadania, mesmo com os tropeços e desencontros sofridos pela sua diferença. Quando as instituições de saúde mental e o aparato que se constitui em tomo delas fazem a mediação com esses sujeitos, as relações institucionalizam-se de modo a deixar pouco do que é propriamente seu, dos fluxos existenciais de um sujeito que necessita de constantes suportes terapêuticos para expandir as possibilidades de vida. Ao contrário, nesses espaços institucionais a produção subjetiva sofre uma captura, salientando-se no estabelecimento das terapêuticas aquilo que pode ser regido pela norma e pelos padrões definidos a priori, deixando marcas profundas de privação de direitos fundamentais. Nas trajetórias dos protagonistas, destacam-se o investimento de tempo em relações intensas e de grande valor social, cultural e afetivo, refletindo a luta para evitar perdas advindas do adoecimento, a associação aos códigos do lugar, a manutenção e o fortalecimento dos vínculos sociais e a busca de autonomia e liberdade para circular e decidir sobre suas vidas. Essas \"invenções\" singulares nos espaços da cidade e o contexto de relações que elas abarcam, sinalizam a urgência de outros modos de cuidar dessas pessoas que mantém a esperança equilibrista de viver e construir novos processos de subjetivação.
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A investigação revelou a existência de lógicas de percepção diferentes sobre a pessoa adoecida mentalmente, possibilitando a leitura de duas cartografias: a cartografia institucional e a cartografia cotidiana do bairro, cartografias essas que se aproximam e se entrelaçam em muitos momentos da vida. Nas experiências desses moradores \"doentes\" é possível encontrar um sujeito em interação com o local, desejante, buscando o exercício da cidadania, mesmo com os tropeços e desencontros sofridos pela sua diferença. Quando as instituições de saúde mental e o aparato que se constitui em tomo delas fazem a mediação com esses sujeitos, as relações institucionalizam-se de modo a deixar pouco do que é propriamente seu, dos fluxos existenciais de um sujeito que necessita de constantes suportes terapêuticos para expandir as possibilidades de vida. Ao contrário, nesses espaços institucionais a produção subjetiva sofre uma captura, salientando-se no estabelecimento das terapêuticas aquilo que pode ser regido pela norma e pelos padrões definidos a priori, deixando marcas profundas de privação de direitos fundamentais. Nas trajetórias dos protagonistas, destacam-se o investimento de tempo em relações intensas e de grande valor social, cultural e afetivo, refletindo a luta para evitar perdas advindas do adoecimento, a associação aos códigos do lugar, a manutenção e o fortalecimento dos vínculos sociais e a busca de autonomia e liberdade para circular e decidir sobre suas vidas. Essas \"invenções\" singulares nos espaços da cidade e o contexto de relações que elas abarcam, sinalizam a urgência de outros modos de cuidar dessas pessoas que mantém a esperança equilibrista de viver e construir novos processos de subjetivação.This study has been performed to analyze people\'s experience with psycho suffering in urban dimensions. The method has used ethnographic contributions and interviews, official documents, newspapers and health system records. In order to understand the everyday dynamic of this social group, we have taken a suburban area in Passo Fundo-RS as a starting point, in an attempt to determine who would be considered mentally disabled by locals. The research pointed to different perceptions of who the mentally disabled people were, making it possible to determine two distinct mappings: the institutional mapping and the everyday mapping of the area, both of them having a close relation in many moments of life. Taking into account the sick local\'s experiences, it is possible to find a subject who interacts with the place, a person who expresses his or her wishes in an attempt to practice his citizenship, in spite of the differences imposed by his condition. When the mental institutions and all the process which involves them, make the mediation with these subjects, the relationship is institutionalized in a way it maintains very little of its own, of a subject\'s existence which needs a permanent therapeutic support to widen his life possibilities. On the other hand, in these institutionalized environments the subjective production is reduced, emphasizing what can be determined by the rule and by the previously determined patterns, deeply marking the lack of fundamental rights. In the subject\'s track, it is notoriously observed the time effort to maintain strong relationships which have a great cultural, social and emotional value, reflecting the subject\'s effort to prevent losses caused by the disease. It also reveals integration with local codes, the need to maintain and strengthen social links and the search for independency and the right to take decisions about their own life. These particular attempts within the urban boundaries and the context they refer to, point to an urgent need to take care of these people who keep hoping they can lead a better life and build themselves new subjective processes.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPVasconcellos, Maria da Penha CostaDalmolin, Bernadete Maria2004-12-13info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6136/tde-09032021-182658/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-03-10T00:32:02Zoai:teses.usp.br:tde-09032021-182658Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-03-10T00:32:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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