A questão do Cânone da razão pura
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-16102019-151537/ |
Resumo: | A dissertação que apresentamos procura oferecer uma interpretação das duas primeiras seções do Cânone da razão pura, antepenúltimo capítulo da Crítica da razão pura de Kant. Por oposição à leitura corrente deste trecho, que enxerga as teses e conceitos aí defendidos como imaturos, dogmáticos, contraditórios com o restante da obra ou em tensão com ela, nossa tentativa foi de lhe restituir um sentido e uma verdade interna. Nossa suspeita era de que a primeira Crítica fosse uma obra coerente. Tomamos, assim, esse texto como uma estrutura de leitura a partir da qual investigamos alguns temas da filosofia kantiana. Num primeiro momento e acompanhando o movimento do texto, tratamos de estabelecer que ele constitui um tipo de encerramento para a obra, fornecendo respostas para as perguntas metafísicas lançadas pela razão pura. Para tanto, a Crítica nos convida a adentrar no campo da filosofia prática. Deste modo, discutimos alguns problemas que giram em torno de seu estatuto e da filosofia moral quando Kant ainda não estava de posse da dedução do fundamento dessas ciências, isto é, da liberdade absoluta. A razão pura prática se apresenta como a faculdade metafísica por excelência e permite um cânone que responda às questões metafísicas. No segundo capítulo, discorremos sobre o ponto de discórdia que acomete o Cânone, a prova empírica da liberdade prática e suas relações com a liberdade transcendental. Propomos uma leitura tecendo uma história para esses conceitos a partir da Nova Dilucidatio, de 1755. Nossos resultados possibilitam articular os dois elementos sem as tensões ou contradições que opõem a Resolução da terceira antinomia ao Cânone. O livre arbítrio aparece, então, como algo determinado por um núcleo transcendental, fonte da espontaneidade absoluta, e os determinantes da sensibilidade, permitindo também a compossibilidade de liberdade e necessidade. O último capítulo apresenta o final desse percurso. Esforçamo-nos por analisar como ocorre a prova transcendental da existência de Deus comparando brevemente as provas pré-críticas com a postulação prática da primeira Crítica. Ressaltamos também como Kant deriva uma teologia transcendental com base nas propriedades morais do sábio legislador supremo. Por fim, apontamos a aplicação destes conceitos transcendentais para a leitura da história universal. |
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A questão do Cânone da razão puraThe Canon of pure reason and its issueCanon of practical pure reasonCânone da razão prática puraDeusGodKantKantLiberdade práticaMetafísicaMetaphysicsPractical freedomA dissertação que apresentamos procura oferecer uma interpretação das duas primeiras seções do Cânone da razão pura, antepenúltimo capítulo da Crítica da razão pura de Kant. Por oposição à leitura corrente deste trecho, que enxerga as teses e conceitos aí defendidos como imaturos, dogmáticos, contraditórios com o restante da obra ou em tensão com ela, nossa tentativa foi de lhe restituir um sentido e uma verdade interna. Nossa suspeita era de que a primeira Crítica fosse uma obra coerente. Tomamos, assim, esse texto como uma estrutura de leitura a partir da qual investigamos alguns temas da filosofia kantiana. Num primeiro momento e acompanhando o movimento do texto, tratamos de estabelecer que ele constitui um tipo de encerramento para a obra, fornecendo respostas para as perguntas metafísicas lançadas pela razão pura. Para tanto, a Crítica nos convida a adentrar no campo da filosofia prática. Deste modo, discutimos alguns problemas que giram em torno de seu estatuto e da filosofia moral quando Kant ainda não estava de posse da dedução do fundamento dessas ciências, isto é, da liberdade absoluta. A razão pura prática se apresenta como a faculdade metafísica por excelência e permite um cânone que responda às questões metafísicas. No segundo capítulo, discorremos sobre o ponto de discórdia que acomete o Cânone, a prova empírica da liberdade prática e suas relações com a liberdade transcendental. Propomos uma leitura tecendo uma história para esses conceitos a partir da Nova Dilucidatio, de 1755. Nossos resultados possibilitam articular os dois elementos sem as tensões ou contradições que opõem a Resolução da terceira antinomia ao Cânone. O livre arbítrio aparece, então, como algo determinado por um núcleo transcendental, fonte da espontaneidade absoluta, e os determinantes da sensibilidade, permitindo também a compossibilidade de liberdade e necessidade. O último capítulo apresenta o final desse percurso. Esforçamo-nos por analisar como ocorre a prova transcendental da existência de Deus comparando brevemente as provas pré-críticas com a postulação prática da primeira Crítica. Ressaltamos também como Kant deriva uma teologia transcendental com base nas propriedades morais do sábio legislador supremo. Por fim, apontamos a aplicação destes conceitos transcendentais para a leitura da história universal.The dissertation presented here offers an interpretation of the Canon\'s first two sections, one of the Critique of pure reason last chapters. In contrast to a common reading of this text, that regards its thesis and the concepts sustained there as imatures, dogmatics, contradictory with the rest of the work or in tension with it, we tried to restitue its meaning and internal truth. Our suspicion was that the first Critique is a coherent masterwork. Thus we took the text as a reading structure from which we investigated some the kantian philosophy subjects. In a first moment and accompanying the text\'s movement, we tried to establish that the Canon constitute a type of closure to the whole work, offering answers to the metaphysical questions posited by pure reason. In order to do that, the Critique invites us to enter the realms of practical philosophy. Therefore we discuss some problems that revolve around the statute of both universal practical philosophy and moral philosophy in a time when Kant did not have the deduction of the foundations of such sciences, in other words, the proof the absolute freedom. The pure practical reason presents itself as the true metaphysical faculty and allows a canon that answer the metaphysical questions. In the second chapter we talk about the point of disagreement that affects the Canon: the empirical proof of practical freedom and its relationship with transcendental freedom. We propose a reading by weaving a narrative for these concepts, beginning with one of Kant\'s earliest work, the Nova Dilucidatio from 1755. Our results enable us to articulate both elements without the tensions or contradictions which oppose the Resolution of the third antinomy with the Canon. Thus the power of free choice appears as something determinated by a transcendental core, the source of absolute spontaneity, and the determinants of sensibility, in that way allowing the compossibility of freedom and necessity. The last chapter presents the end of this route. We strive to analyze how the trascendental proof of God\'s existence works by briefly comparing the pre-critical proofs with the practical postulation in the first Critique. We also emphasize how Kant dervelops a transcendental theology from the moral properties of the supreme wise legislator. Lastly, we indicate that the employment of these transcendental concepts enables a reading of the universal history.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCacciola, Maria Lucia Mello e OliveiraParro, Ricardo Araujo2019-08-16info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-16102019-151537/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2019-11-08T21:17:21Zoai:teses.usp.br:tde-16102019-151537Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212019-11-08T21:17:21Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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A dissertação que apresentamos procura oferecer uma interpretação das duas primeiras seções do Cânone da razão pura, antepenúltimo capítulo da Crítica da razão pura de Kant. Por oposição à leitura corrente deste trecho, que enxerga as teses e conceitos aí defendidos como imaturos, dogmáticos, contraditórios com o restante da obra ou em tensão com ela, nossa tentativa foi de lhe restituir um sentido e uma verdade interna. Nossa suspeita era de que a primeira Crítica fosse uma obra coerente. Tomamos, assim, esse texto como uma estrutura de leitura a partir da qual investigamos alguns temas da filosofia kantiana. Num primeiro momento e acompanhando o movimento do texto, tratamos de estabelecer que ele constitui um tipo de encerramento para a obra, fornecendo respostas para as perguntas metafísicas lançadas pela razão pura. Para tanto, a Crítica nos convida a adentrar no campo da filosofia prática. Deste modo, discutimos alguns problemas que giram em torno de seu estatuto e da filosofia moral quando Kant ainda não estava de posse da dedução do fundamento dessas ciências, isto é, da liberdade absoluta. A razão pura prática se apresenta como a faculdade metafísica por excelência e permite um cânone que responda às questões metafísicas. No segundo capítulo, discorremos sobre o ponto de discórdia que acomete o Cânone, a prova empírica da liberdade prática e suas relações com a liberdade transcendental. Propomos uma leitura tecendo uma história para esses conceitos a partir da Nova Dilucidatio, de 1755. Nossos resultados possibilitam articular os dois elementos sem as tensões ou contradições que opõem a Resolução da terceira antinomia ao Cânone. O livre arbítrio aparece, então, como algo determinado por um núcleo transcendental, fonte da espontaneidade absoluta, e os determinantes da sensibilidade, permitindo também a compossibilidade de liberdade e necessidade. O último capítulo apresenta o final desse percurso. Esforçamo-nos por analisar como ocorre a prova transcendental da existência de Deus comparando brevemente as provas pré-críticas com a postulação prática da primeira Crítica. Ressaltamos também como Kant deriva uma teologia transcendental com base nas propriedades morais do sábio legislador supremo. Por fim, apontamos a aplicação destes conceitos transcendentais para a leitura da história universal. |
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