Juventude, violência e ação coletiva
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2009 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6135/tde-09042009-110602/ |
Resumo: | Introdução: O presente estudo tem como objeto de análise as ações coletivas para enfrentamento da violência e as construções sociais dos jovens, pais, lideranças e profissionais de saúde, educadores e gestores sobre o que é ser jovem e violência nos distritos administrativos do Jardim Ângela e Grajaú no município de São Paulo. Objetivos: analisar e comparar os processos que orientam as ações coletivas e as experiências participativas de promoção da saúde dos jovens realizadas pelas organizações governamentais e não-governamentais para o enfrentamento e resistência à violência, nos Distritos Administrativos do Grajaú e Jardim Ângela, visando contribuir para a construção de uma cultura de paz e implementação de políticas públicas para a juventude local. Metodologia: estudo de caso qualitativo, que compreendeu a articulação de dados obtidos por meio de entrevistas individuais, formulários semi-estruturados, questionários auto-aplicáveis e levantamentos de dados secundários. Para a análise, a estratégia metodológica principal utilizada foi a triangulação das informações. O referencial teórico fundado na sociologia da ação foi o marco a partir do qual as informações foram analisadas. Resultados: verificou-se uma tendência de queda maior da taxa de mortalidade por agressões/homicídios no distrito do Jardim Ângela do que no de Grajaú, a partir de 2002. Apesar da redução registrada nos índices de violência, estes são, ainda, elevados nos dois distritos em relação ao restante do município. Na análise da rede de proteção aos jovens, constatou-se que as intervenções estão voltadas principalmente para a redução do risco de violência, com foco na educação, cultura, desenvolvimento socioeducativo, que muitas vezes incluem programas educacionais e culturais, prática de esportes e lazer, principalmente. Evidenciou-se que os jovens não atuam como protagonistas nas políticas públicas e nas ações coletivas nos distritos e ainda que aqueles que não freqüentam mais a escola estão excluídos das políticas públicas e dos projetos das entidades. Quanto à visão de juventude, predomina a da fase de dificuldades e de transição para a vida adulta. Para os jovens é uma fase de diversão e de preparo para assumirem as responsabilidades futuras. Seus projetos de vida são: estudar e trabalhar. A família, a escola e o trabalho foram considerados importantes instituições de socialização. Os jovens gostam das regiões onde vivem e não as consideram violentas, contrastando com as percepções sobre a violência dos atores que não residem nos distritos. Foram identificados como principais problemas das regiões a falta de infra-estrutura, de saneamento básico, falta de espaço de convivência, de áreas e equipamentos de lazer e cultura para os jovens. A violência doméstica é um grave problema nas regiões, assim como o consumo de álcool e drogas e a atuação do tráfico. Conclusão: Constatou-se que, no distrito do Jardim Ângela, ocorreu uma maior mobilização da sociedade civil com desenvolvimento de ações coletivas para enfrentamento da violência e, recentemente, no Distrito do Grajaú, vêm ocorrendo ações e articulações entre o poder público e a sociedade civil para o enfrentamento do problema. Em ambos os distritos, os jovens pesquisados não atuam como protagonistas das ações. Aqueles que deixaram de estudar não têm acesso às ações das entidades e tentam realizar seu projeto de vida de outra forma: as meninas engravidam e constituem família; os meninos buscam a rua, o trabalho informal e não-qualificado. As políticas públicas e ações coletivas destinadas à juventude são fragmentadas e desarticuladas em ambos distritos. A rede de proteção aos jovens é difusa, as escolas têm papel preponderante e as entidades têm vocação para a prática assistencial. No DA do Jardim Ângela, o quadro apresenta-se de uma forma pouco diferenciada, cabendo um papel relevante a uma rede de entidades lideradas pela Igreja Católica e a uma ação mais integrada das Unidades de Saúde. |
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Juventude, violência e ação coletivaYouth, violence and collective actionHealth PromotionJuventudeNetwork and Peace CulturePromoção da SaúdeRede e Cultura de Paz.SubjectivitySubjetividadeViolenceViolênciaYouthIntrodução: O presente estudo tem como objeto de análise as ações coletivas para enfrentamento da violência e as construções sociais dos jovens, pais, lideranças e profissionais de saúde, educadores e gestores sobre o que é ser jovem e violência nos distritos administrativos do Jardim Ângela e Grajaú no município de São Paulo. Objetivos: analisar e comparar os processos que orientam as ações coletivas e as experiências participativas de promoção da saúde dos jovens realizadas pelas organizações governamentais e não-governamentais para o enfrentamento e resistência à violência, nos Distritos Administrativos do Grajaú e Jardim Ângela, visando contribuir para a construção de uma cultura de paz e implementação de políticas públicas para a juventude local. Metodologia: estudo de caso qualitativo, que compreendeu a articulação de dados obtidos por meio de entrevistas individuais, formulários semi-estruturados, questionários auto-aplicáveis e levantamentos de dados secundários. Para a análise, a estratégia metodológica principal utilizada foi a triangulação das informações. O referencial teórico fundado na sociologia da ação foi o marco a partir do qual as informações foram analisadas. Resultados: verificou-se uma tendência de queda maior da taxa de mortalidade por agressões/homicídios no distrito do Jardim Ângela do que no de Grajaú, a partir de 2002. Apesar da redução registrada nos índices de violência, estes são, ainda, elevados nos dois distritos em relação ao restante do município. Na análise da rede de proteção aos jovens, constatou-se que as intervenções estão voltadas principalmente para a redução do risco de violência, com foco na educação, cultura, desenvolvimento socioeducativo, que muitas vezes incluem programas educacionais e culturais, prática de esportes e lazer, principalmente. Evidenciou-se que os jovens não atuam como protagonistas nas políticas públicas e nas ações coletivas nos distritos e ainda que aqueles que não freqüentam mais a escola estão excluídos das políticas públicas e dos projetos das entidades. Quanto à visão de juventude, predomina a da fase de dificuldades e de transição para a vida adulta. Para os jovens é uma fase de diversão e de preparo para assumirem as responsabilidades futuras. Seus projetos de vida são: estudar e trabalhar. A família, a escola e o trabalho foram considerados importantes instituições de socialização. Os jovens gostam das regiões onde vivem e não as consideram violentas, contrastando com as percepções sobre a violência dos atores que não residem nos distritos. Foram identificados como principais problemas das regiões a falta de infra-estrutura, de saneamento básico, falta de espaço de convivência, de áreas e equipamentos de lazer e cultura para os jovens. A violência doméstica é um grave problema nas regiões, assim como o consumo de álcool e drogas e a atuação do tráfico. Conclusão: Constatou-se que, no distrito do Jardim Ângela, ocorreu uma maior mobilização da sociedade civil com desenvolvimento de ações coletivas para enfrentamento da violência e, recentemente, no Distrito do Grajaú, vêm ocorrendo ações e articulações entre o poder público e a sociedade civil para o enfrentamento do problema. Em ambos os distritos, os jovens pesquisados não atuam como protagonistas das ações. Aqueles que deixaram de estudar não têm acesso às ações das entidades e tentam realizar seu projeto de vida de outra forma: as meninas engravidam e constituem família; os meninos buscam a rua, o trabalho informal e não-qualificado. As políticas públicas e ações coletivas destinadas à juventude são fragmentadas e desarticuladas em ambos distritos. A rede de proteção aos jovens é difusa, as escolas têm papel preponderante e as entidades têm vocação para a prática assistencial. No DA do Jardim Ângela, o quadro apresenta-se de uma forma pouco diferenciada, cabendo um papel relevante a uma rede de entidades lideradas pela Igreja Católica e a uma ação mais integrada das Unidades de Saúde.Introduction: The object of analysis of the present study are the collective actions developed to face violence and the social constructions of youths, parents, leaders and health professionals, educators and managers about what it is to be young and about violence in the administrative districts of Jardim Ângela and Grajaú, in the municipality of São Paulo. Objectives: to analyze and compare the processes that guide the collective actions and the participatory experiences of health promotion for youths carried out by governmental and non-governmental organizations, in order to face and resist violence, in the Administrative Districts of Grajaú and Jardim Ângela, aiming to contribute to the construction of a culture of peace and implementation of public policies targeted at the local youths. Methodology: qualitative case study that comprehended the articulation of data obtained through individual interviews, semi-structured forms, selfreported questionnaires and surveys of secondary data. For the analysis, the main methodological strategy used was triangulation of information. The theoretical framework founded on action sociology was the benchmark based on which the information was analyzed. Results: the mortality rate by aggressions/homicides showed a higher decreasing trend in the district of Jardim Ângela compared to Grajaú, from 2003 onwards. Despite the reduction registered in the violence indicators, they are still high in the two districts compared to the rest of the municipality. In the analysis of the youths protection network, it was verified that the interventions\' main objective is to reduce the risk of violence, focusing on education, culture, and socio-educational development. The interventions frequently encompass educational and cultural programs, sports practice and leisure. It was observed that the youths do not act as players in the public policies and in the collective actions in the districts, and also that those who do not attend school anymore are excluded from the public policies and from the entities\' projects. Concerning the view of youth, the ones that predominate are: youth as a phase of difficulties and of transition to adult life; to the youths, it is a phase of entertainment and preparation for assuming future responsibilities. Their life projects are: studying and working. Family, school and work were considered important socialization institutions. The youths like the regions where they live, and they do not consider them violent, in opposition to the violence perceptions of the players that do not live in the districts. The main problems identified in the regions were lack of infrastructure, of basic sanitation, of premises for conviviality, leisure, cultural activities and equipment for the youths. Domestic violence is a serious problem in the regions, as well as alcohol and drug consumption and the traffic\'s actions. Conclusion: in the District of Jardim Ângela, there was a greater mobilization of the civil society, with the development of collective actions to face violence, whereas in the District of Grajaú, there have been recent actions and articulations between the public power and the civil society to face the problem. In both districts, the researched youths are not the players of the actions. Those who do not study anymore do not have access to the entities\' actions and try to fulfill their life projects in another way: girls get pregnant and form a family and boys go to the streets, looking for informal and non-qualified jobs. The public policies and collective actions directed at youths are fragmented and disorganized in both districts. The youths protection network is diffuse, schools have a preponderant role and the entities have a vocation for assistentialism. In Jardim Ângela, the picture is a little different, due to the relevant role played by a network of entities leaded by the Catholic Church, and by the more integrated action of the Health Care Units.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPWestphal, Marcia FariaLico, Fátima Madalena de Campos2009-04-03info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6135/tde-09042009-110602/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:09:59Zoai:teses.usp.br:tde-09042009-110602Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:09:59Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Introdução: O presente estudo tem como objeto de análise as ações coletivas para enfrentamento da violência e as construções sociais dos jovens, pais, lideranças e profissionais de saúde, educadores e gestores sobre o que é ser jovem e violência nos distritos administrativos do Jardim Ângela e Grajaú no município de São Paulo. Objetivos: analisar e comparar os processos que orientam as ações coletivas e as experiências participativas de promoção da saúde dos jovens realizadas pelas organizações governamentais e não-governamentais para o enfrentamento e resistência à violência, nos Distritos Administrativos do Grajaú e Jardim Ângela, visando contribuir para a construção de uma cultura de paz e implementação de políticas públicas para a juventude local. Metodologia: estudo de caso qualitativo, que compreendeu a articulação de dados obtidos por meio de entrevistas individuais, formulários semi-estruturados, questionários auto-aplicáveis e levantamentos de dados secundários. Para a análise, a estratégia metodológica principal utilizada foi a triangulação das informações. O referencial teórico fundado na sociologia da ação foi o marco a partir do qual as informações foram analisadas. Resultados: verificou-se uma tendência de queda maior da taxa de mortalidade por agressões/homicídios no distrito do Jardim Ângela do que no de Grajaú, a partir de 2002. Apesar da redução registrada nos índices de violência, estes são, ainda, elevados nos dois distritos em relação ao restante do município. Na análise da rede de proteção aos jovens, constatou-se que as intervenções estão voltadas principalmente para a redução do risco de violência, com foco na educação, cultura, desenvolvimento socioeducativo, que muitas vezes incluem programas educacionais e culturais, prática de esportes e lazer, principalmente. Evidenciou-se que os jovens não atuam como protagonistas nas políticas públicas e nas ações coletivas nos distritos e ainda que aqueles que não freqüentam mais a escola estão excluídos das políticas públicas e dos projetos das entidades. Quanto à visão de juventude, predomina a da fase de dificuldades e de transição para a vida adulta. Para os jovens é uma fase de diversão e de preparo para assumirem as responsabilidades futuras. Seus projetos de vida são: estudar e trabalhar. A família, a escola e o trabalho foram considerados importantes instituições de socialização. Os jovens gostam das regiões onde vivem e não as consideram violentas, contrastando com as percepções sobre a violência dos atores que não residem nos distritos. Foram identificados como principais problemas das regiões a falta de infra-estrutura, de saneamento básico, falta de espaço de convivência, de áreas e equipamentos de lazer e cultura para os jovens. A violência doméstica é um grave problema nas regiões, assim como o consumo de álcool e drogas e a atuação do tráfico. Conclusão: Constatou-se que, no distrito do Jardim Ângela, ocorreu uma maior mobilização da sociedade civil com desenvolvimento de ações coletivas para enfrentamento da violência e, recentemente, no Distrito do Grajaú, vêm ocorrendo ações e articulações entre o poder público e a sociedade civil para o enfrentamento do problema. Em ambos os distritos, os jovens pesquisados não atuam como protagonistas das ações. Aqueles que deixaram de estudar não têm acesso às ações das entidades e tentam realizar seu projeto de vida de outra forma: as meninas engravidam e constituem família; os meninos buscam a rua, o trabalho informal e não-qualificado. As políticas públicas e ações coletivas destinadas à juventude são fragmentadas e desarticuladas em ambos distritos. A rede de proteção aos jovens é difusa, as escolas têm papel preponderante e as entidades têm vocação para a prática assistencial. No DA do Jardim Ângela, o quadro apresenta-se de uma forma pouco diferenciada, cabendo um papel relevante a uma rede de entidades lideradas pela Igreja Católica e a uma ação mais integrada das Unidades de Saúde. |
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