Relação entre as alterações do piscar espontâneo e a superfície ocular em hansenianos
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17151/tde-29082016-085910/ |
Resumo: | A prevalência mundial da hanseníase vem demonstrando redução no número de casos, porém, no Brasil e em alguns países, ela ainda representa um grave problema de saúde pública, podendo levar a incapacidades funcionais graves como a cegueira. O objetivo do estudo foi avaliar a relação entre as alterações do piscar e a superfície ocular em hansenianos. Todos os pacientes estudados foram submetidos à mesma anamnese e avaliação oftalmológica: acuidade visual, ectoscopia, biomicroscopia, avaliação da superfície ocular, teste da graduação da força muscular do orbicular, sensibilidade corneana, distância da margem reflexa, medida da pressão intraocular e mensuração do piscar espontâneo palpebral por meio de um método de imagem por vídeo. Dos 56 pacientes examinados, 69,6% eram do sexo masculino, com média de idade de 55,96 ± 16,63 dp, 46,4% se declararam negros e 28,55% pardos, 71,4% apresentavam a forma multibacilar e 73,2% estavam fora do registro ativo da doença. Desses 56 pacientes, 43 apresentaram significativa simetria interocular no acometimento do nervo facial e do trigêmeo (p=0,11), o que foi corroborado pela alta correlação entre as medidas da amplitude do piscar entre os olhos (r=0,90). Apenas 12,5% apresentaram tempo de ruptura do filme lacrimal menor que 10 segundos e em um paciente este foi menor que 5. Evidenciou-se sofrimento da superfície ocular em cerca de 14% dos olhos. As alterações de sensibilidade foram mais prevalentes, pois 51,8% apresentaram algum grau de diminuição. A média geral da taxa do piscar foi de 17,0 ± 2,6 blink/min. De acordo com o exame de Lissamina, observou-se taxa média de 16,0 ± 2,8 (média±dp) para os pacientes com resultado negativo e 23,2 ± 6,8 para os com resultado positivo (t=0,961; p=0,3407); e em relação à sensibilidade corneana, as taxas médias foram 14,6 ± 3,8 e 19,2 ± 3,6 para os pacientes com resposta imediata e alterada, respectivamente (t=0,875; p=0,3857). De acordo com o tônus muscular, a média das taxas do piscar para os pacientes normais e alterados não foi significativa (t=0,539; p=0,592). Apesar do número e da amplitude dos movimentos serem diferentes, a main sequence demonstrou comportamento linear em todos os casos, sendo a média geral 20,25 ± 6,9 (0,94 ep). As médias da taxa, amplitude e efetividade do piscar em pacientes com função do músculo orbicular do olho normal e naqueles com função alterada não demonstraram diferença estatística, já a média da velocidade máxima do piscar com função normal foi de 115,5 ± 47,2 mm/s, enquanto que naqueles com lagoftalmo foi 67,7 ± 27 (t=2,08; p=0,04) e a média do deslocamento horizontal de 2,1 ± 0,7 mm e 0,9 ± 0,8 mm, respectivamente (t=1,99; p=0,05). Embora os pacientes hansenianos não apresentem taxa de piscar diferente do normal, demonstram tendência à diminuição da velocidade e do deslocamento horizontal quando apresentam alterações da função do músculo orbicular. A maioria dos pacientes apresentou alteração de sensibilidade corneana, porém, sem sinais de sofrimento da superfície ocular, principalmente com a cinemática palpebral preservada. |
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Relação entre as alterações do piscar espontâneo e a superfície ocular em hansenianosSpontaneous eyeblink changes and ocular surface in leprosyAlterações oftalmológicasBlinkingDinâmica do piscarEye changesHanseníaseLeprosyOcular surfaceSuperfície ocularA prevalência mundial da hanseníase vem demonstrando redução no número de casos, porém, no Brasil e em alguns países, ela ainda representa um grave problema de saúde pública, podendo levar a incapacidades funcionais graves como a cegueira. O objetivo do estudo foi avaliar a relação entre as alterações do piscar e a superfície ocular em hansenianos. Todos os pacientes estudados foram submetidos à mesma anamnese e avaliação oftalmológica: acuidade visual, ectoscopia, biomicroscopia, avaliação da superfície ocular, teste da graduação da força muscular do orbicular, sensibilidade corneana, distância da margem reflexa, medida da pressão intraocular e mensuração do piscar espontâneo palpebral por meio de um método de imagem por vídeo. Dos 56 pacientes examinados, 69,6% eram do sexo masculino, com média de idade de 55,96 ± 16,63 dp, 46,4% se declararam negros e 28,55% pardos, 71,4% apresentavam a forma multibacilar e 73,2% estavam fora do registro ativo da doença. Desses 56 pacientes, 43 apresentaram significativa simetria interocular no acometimento do nervo facial e do trigêmeo (p=0,11), o que foi corroborado pela alta correlação entre as medidas da amplitude do piscar entre os olhos (r=0,90). Apenas 12,5% apresentaram tempo de ruptura do filme lacrimal menor que 10 segundos e em um paciente este foi menor que 5. Evidenciou-se sofrimento da superfície ocular em cerca de 14% dos olhos. As alterações de sensibilidade foram mais prevalentes, pois 51,8% apresentaram algum grau de diminuição. A média geral da taxa do piscar foi de 17,0 ± 2,6 blink/min. De acordo com o exame de Lissamina, observou-se taxa média de 16,0 ± 2,8 (média±dp) para os pacientes com resultado negativo e 23,2 ± 6,8 para os com resultado positivo (t=0,961; p=0,3407); e em relação à sensibilidade corneana, as taxas médias foram 14,6 ± 3,8 e 19,2 ± 3,6 para os pacientes com resposta imediata e alterada, respectivamente (t=0,875; p=0,3857). De acordo com o tônus muscular, a média das taxas do piscar para os pacientes normais e alterados não foi significativa (t=0,539; p=0,592). Apesar do número e da amplitude dos movimentos serem diferentes, a main sequence demonstrou comportamento linear em todos os casos, sendo a média geral 20,25 ± 6,9 (0,94 ep). As médias da taxa, amplitude e efetividade do piscar em pacientes com função do músculo orbicular do olho normal e naqueles com função alterada não demonstraram diferença estatística, já a média da velocidade máxima do piscar com função normal foi de 115,5 ± 47,2 mm/s, enquanto que naqueles com lagoftalmo foi 67,7 ± 27 (t=2,08; p=0,04) e a média do deslocamento horizontal de 2,1 ± 0,7 mm e 0,9 ± 0,8 mm, respectivamente (t=1,99; p=0,05). Embora os pacientes hansenianos não apresentem taxa de piscar diferente do normal, demonstram tendência à diminuição da velocidade e do deslocamento horizontal quando apresentam alterações da função do músculo orbicular. A maioria dos pacientes apresentou alteração de sensibilidade corneana, porém, sem sinais de sofrimento da superfície ocular, principalmente com a cinemática palpebral preservada.Global prevalence of leprosy has demonstrated a reduction in the number of cases, however, in Brazil and some countries, it still represents a serious public health problem, often leading to severe functional disabilities such as blindness for example. This study aimed to evaluate the relationship between blink and ocular surface in patients with leprosy. Leprosy patients underwent the same history and ophthalmologic evaluation: visual acuity, ectoscopy, slit lamp examination, evaluation of ocular surface, test the eyelid function and the degree of orbicularis function, corneal sensitivity, margin reflex distance, measured intraocular pressure and measuring eyelid spontaneous blinking through an image video system. 69.6% were male, with a mean age of 55.96 ± 16.63 SD. 46.4% declared themselves as black and brown were 28.55%, 71.4% were multibacillary and 73.2% were out of active disease registry. Between the 56 patients examined, 43 of those had significant interocular symmetry of the involvement of the facial and the trigeminal nerves (p=0.11), which was confirmed by the high correlation between the measurements of amplitude flashing of the eyes (r=0,90). Only 12.5% had TFRL was under 10 seconds and in one patient it was under 5 seconds. It was evidenced suffering from ocular surface in about 14% of the eyes. Sensitivity changes were more prevalent, 51.8% had some degree of impairment. Overall average blink rate was 17.0 ± 2.6 blinks/min. In the lissamine test, we observed an average rate of 16.0 ± 2.8 for patients with negative and 23.2 ± 6.8 for a positive result (t=0.961, p=0.3407). The mean values were 14.6 ± 3.8 (mean ± SD) and 19.2 ± 3.6 for for patients with immediate corneal sensitivity response and altered response, respectively (t=0.875, p=0.3857). According muscle tone, mean blink rates for normals and for injured patients, were not different (t=0.539, p=0.592). Although the number and range of motion are different, the main sequence had a linear behavior in all cases, with an overall mean 20.25 ± 6.9 (p 0.94). The mean blink rate, amplitude and effectiveness in patients with normal orbicularis function and those with altered function, showed no statistical diference, while the mean of maximum velocity blink was, with normal function, 115.5 ± 47.2 mm/s, while those with lagophthalmos was 27 ± 67.7 (t=2.08, p=0.04) and the mean horizontal displacement was 2.1 ± 0.7 mm and 0.9 ±0.8 mm respectively (t=1.99, p=0.05). Although leprosy patients do not have a different flash rate of the normal population, blinking characteristics show a tendency to decrease in speed and horizontal scrolling when they show important changes in orbicularis function. The vast majority of patients had corneal sensitivity changes, but without signs of ocular surface suffering, especially those with eyelid kinematics preserved.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCruz, Antonio Augusto Velasco eBertrand, Adriana Leite Xavier2016-05-30info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17151/tde-29082016-085910/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2017-09-04T21:05:29Zoai:teses.usp.br:tde-29082016-085910Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212017-09-04T21:05:29Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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A prevalência mundial da hanseníase vem demonstrando redução no número de casos, porém, no Brasil e em alguns países, ela ainda representa um grave problema de saúde pública, podendo levar a incapacidades funcionais graves como a cegueira. O objetivo do estudo foi avaliar a relação entre as alterações do piscar e a superfície ocular em hansenianos. Todos os pacientes estudados foram submetidos à mesma anamnese e avaliação oftalmológica: acuidade visual, ectoscopia, biomicroscopia, avaliação da superfície ocular, teste da graduação da força muscular do orbicular, sensibilidade corneana, distância da margem reflexa, medida da pressão intraocular e mensuração do piscar espontâneo palpebral por meio de um método de imagem por vídeo. Dos 56 pacientes examinados, 69,6% eram do sexo masculino, com média de idade de 55,96 ± 16,63 dp, 46,4% se declararam negros e 28,55% pardos, 71,4% apresentavam a forma multibacilar e 73,2% estavam fora do registro ativo da doença. Desses 56 pacientes, 43 apresentaram significativa simetria interocular no acometimento do nervo facial e do trigêmeo (p=0,11), o que foi corroborado pela alta correlação entre as medidas da amplitude do piscar entre os olhos (r=0,90). Apenas 12,5% apresentaram tempo de ruptura do filme lacrimal menor que 10 segundos e em um paciente este foi menor que 5. Evidenciou-se sofrimento da superfície ocular em cerca de 14% dos olhos. As alterações de sensibilidade foram mais prevalentes, pois 51,8% apresentaram algum grau de diminuição. A média geral da taxa do piscar foi de 17,0 ± 2,6 blink/min. De acordo com o exame de Lissamina, observou-se taxa média de 16,0 ± 2,8 (média±dp) para os pacientes com resultado negativo e 23,2 ± 6,8 para os com resultado positivo (t=0,961; p=0,3407); e em relação à sensibilidade corneana, as taxas médias foram 14,6 ± 3,8 e 19,2 ± 3,6 para os pacientes com resposta imediata e alterada, respectivamente (t=0,875; p=0,3857). De acordo com o tônus muscular, a média das taxas do piscar para os pacientes normais e alterados não foi significativa (t=0,539; p=0,592). Apesar do número e da amplitude dos movimentos serem diferentes, a main sequence demonstrou comportamento linear em todos os casos, sendo a média geral 20,25 ± 6,9 (0,94 ep). As médias da taxa, amplitude e efetividade do piscar em pacientes com função do músculo orbicular do olho normal e naqueles com função alterada não demonstraram diferença estatística, já a média da velocidade máxima do piscar com função normal foi de 115,5 ± 47,2 mm/s, enquanto que naqueles com lagoftalmo foi 67,7 ± 27 (t=2,08; p=0,04) e a média do deslocamento horizontal de 2,1 ± 0,7 mm e 0,9 ± 0,8 mm, respectivamente (t=1,99; p=0,05). Embora os pacientes hansenianos não apresentem taxa de piscar diferente do normal, demonstram tendência à diminuição da velocidade e do deslocamento horizontal quando apresentam alterações da função do músculo orbicular. A maioria dos pacientes apresentou alteração de sensibilidade corneana, porém, sem sinais de sofrimento da superfície ocular, principalmente com a cinemática palpebral preservada. |
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