Efeito do anlodipino no tratamento da insuficiência cardíaca em cães com doença mixomatosa da valva mitral

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Duarte, Caio Nogueira
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10136/tde-22112021-092444/
Resumo: A doença mixomatosa da valva mitral (DMVM) é a afecção mais frequentemente diagnosticada na prática da cardiologia veterinária em âmbito mundial. O princípio teórico da utilização do anlodipino no paciente com DMVM é a redução da pós-carga, de modo a diminuir a fração regurgitante e, consequentemente, a sobrecarga de volume tanto do átrio quanto do ventrículo esquerdos. Objetivou-se avaliar o efeito do anlodipino em cães com DMVM estágio C no retardamento da evolução da doença, aumento da sobrevida e na melhora da qualidade de vida, de índices ecocardiográficos e parâmetros clínicos. Este foi um estudo clínico randomizado duplo-cego placebo-controle, no qual foram recrutados cães com DMVM estágio C que foram tratados com terapia convencional (furosemida, espironolactona, enalapril e pimobendan) e randomizados em dois grupos, um que recebeu anlodipino e outro placebo. O tempo de acompanhamento dos cães foi de 10 meses. Os desfechos primários foram: edema pulmonar cardiogênico, ascite associada a efusão pleural, evolução para o estágio D da DMVM e morte por causa cardiogênica, e também foi analisado o tempo de ocorrência de cada desfecho. Foram incluídos 40 cães, sendo 18 no grupo anlodipino e 22 no grupo placebo. A dose média de anlodipino que o grupo tratado recebeu foi 0,31 mg/kg a cada 24 horas. Em relação a furosemida, a dose média diária do grupo placebo (6,27 mg/kg/dia ± 2,60) foi significantemente maior do que o grupo anlodipino (4,31 mg/kg/dia ± 2,16, p=0,041) apenas no T7. O grupo placebo apresentou aumento gradual da dose média diária de furosemida ao longo dos tempos de avaliação, sendo a dose no T7 e T9 (6,27 mg/kg/dia ± 2,60 e 5,96 mg/kg/dia ± 2,38) significantemente maior do que a dose no T1 (4,12 mg/kg/dia ± 2,01, p=0,004). A dose média diária de espironolactona foi significantemente maior no grupo placebo do que no grupo anlodipino no T7 (2,83 mg/kg/dia ± 0,77 vs. 2,16 mg/kg/dia ± 0,41, p=0,008) e T9 (2,87 mg/kg/dia ± 0,98 vs. 2,06 mg/kg/dia ± 0,39, p=0,003). O pimobendan apresentou diferença na sua dose média entre os tempos no grupo placebo (p< 0,001). Em relação a pressão arterial sistêmica, na comparação entre os grupos, houve diferença apenas no T3 aonde o grupo anlodipino apresentou valor significantemente menor (118 mmHg ± 13,81) do que o grupo placebo (128 mmHg ± 20,05, p=0,028). O valor de creatinina no grupo placebo no T9 foi 1,95 mg/dL (± 2,03), significantemente maior do que a basal (1,21 mg/dL ± 0,40) e no T7-10 (1,16 mg/dL ± 0,48) e T5 (1,29 mg/dL ± 0,31, p=0,002). Em relação ao ecocardiograma, o DIVEsN no T5 no grupo placebo (0,96 ± 0,25) foi significantemente maior do que no grupo anlodipino (0,82 ± 0,29, p=0,039). Foi avaliada a ocorrência, risco relativo e tempo médio em dias para atingir cada desfecho primário e não houve diferença entre os grupos. O estudo não foi capaz de evidenciar efeito do anlodipino em aumentar a sobrevida ou retardar a evolução da doença, entretanto, o tratamento com este fármaco demonstrou-se seguro para cães com DMVM estágio C e propiciou o uso de doses menores de medicamentos da terapia convencional em comparação ao grupo placebo.
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spelling Efeito do anlodipino no tratamento da insuficiência cardíaca em cães com doença mixomatosa da valva mitralEffect of amlodipine in the treatment of heart failure in dogs with myxomatous mitral valve diseaseBloqueadores de canal de cálcioCalcium channel blockersEndocardioseEndocardiosisTerapêutica da insuficiência cardíaca congestivaTherapy of congestive heart FailureValvopathyValvopatiaVasodilatadoresVasodilatorsA doença mixomatosa da valva mitral (DMVM) é a afecção mais frequentemente diagnosticada na prática da cardiologia veterinária em âmbito mundial. O princípio teórico da utilização do anlodipino no paciente com DMVM é a redução da pós-carga, de modo a diminuir a fração regurgitante e, consequentemente, a sobrecarga de volume tanto do átrio quanto do ventrículo esquerdos. Objetivou-se avaliar o efeito do anlodipino em cães com DMVM estágio C no retardamento da evolução da doença, aumento da sobrevida e na melhora da qualidade de vida, de índices ecocardiográficos e parâmetros clínicos. Este foi um estudo clínico randomizado duplo-cego placebo-controle, no qual foram recrutados cães com DMVM estágio C que foram tratados com terapia convencional (furosemida, espironolactona, enalapril e pimobendan) e randomizados em dois grupos, um que recebeu anlodipino e outro placebo. O tempo de acompanhamento dos cães foi de 10 meses. Os desfechos primários foram: edema pulmonar cardiogênico, ascite associada a efusão pleural, evolução para o estágio D da DMVM e morte por causa cardiogênica, e também foi analisado o tempo de ocorrência de cada desfecho. Foram incluídos 40 cães, sendo 18 no grupo anlodipino e 22 no grupo placebo. A dose média de anlodipino que o grupo tratado recebeu foi 0,31 mg/kg a cada 24 horas. Em relação a furosemida, a dose média diária do grupo placebo (6,27 mg/kg/dia ± 2,60) foi significantemente maior do que o grupo anlodipino (4,31 mg/kg/dia ± 2,16, p=0,041) apenas no T7. O grupo placebo apresentou aumento gradual da dose média diária de furosemida ao longo dos tempos de avaliação, sendo a dose no T7 e T9 (6,27 mg/kg/dia ± 2,60 e 5,96 mg/kg/dia ± 2,38) significantemente maior do que a dose no T1 (4,12 mg/kg/dia ± 2,01, p=0,004). A dose média diária de espironolactona foi significantemente maior no grupo placebo do que no grupo anlodipino no T7 (2,83 mg/kg/dia ± 0,77 vs. 2,16 mg/kg/dia ± 0,41, p=0,008) e T9 (2,87 mg/kg/dia ± 0,98 vs. 2,06 mg/kg/dia ± 0,39, p=0,003). O pimobendan apresentou diferença na sua dose média entre os tempos no grupo placebo (p< 0,001). Em relação a pressão arterial sistêmica, na comparação entre os grupos, houve diferença apenas no T3 aonde o grupo anlodipino apresentou valor significantemente menor (118 mmHg ± 13,81) do que o grupo placebo (128 mmHg ± 20,05, p=0,028). O valor de creatinina no grupo placebo no T9 foi 1,95 mg/dL (± 2,03), significantemente maior do que a basal (1,21 mg/dL ± 0,40) e no T7-10 (1,16 mg/dL ± 0,48) e T5 (1,29 mg/dL ± 0,31, p=0,002). Em relação ao ecocardiograma, o DIVEsN no T5 no grupo placebo (0,96 ± 0,25) foi significantemente maior do que no grupo anlodipino (0,82 ± 0,29, p=0,039). Foi avaliada a ocorrência, risco relativo e tempo médio em dias para atingir cada desfecho primário e não houve diferença entre os grupos. O estudo não foi capaz de evidenciar efeito do anlodipino em aumentar a sobrevida ou retardar a evolução da doença, entretanto, o tratamento com este fármaco demonstrou-se seguro para cães com DMVM estágio C e propiciou o uso de doses menores de medicamentos da terapia convencional em comparação ao grupo placebo.Myxomatous mitral valve disease (MMVD) is the most frequently diagnosed condition in veterinary cardiology practice worldwide. The theoretical principle of the use of amlodipine in the patient with MMVD is the reduction of afterload in order to reduce the regurgitant fraction and, consequently, the volume overload of the left cardiac chambers. The aim of this study was assessing the effect of amlodipine in dogs with MMVD stage C regarding to delay disease progression, increase survival time and improve the quality of life, echocardiographic indexes and clinical parameters. It was a randomized double-blind placebo-control clinical trial, that enrolled dogs with MMVD stage C, treated with standard therapy (furosemide, spironolactone, enalapril and pimobendan) and randomized in two groups, one received amlodipine and the other one placebo. The follow-up time was 10 months. The end points were pulmonary edema, ascites with pleural effusion, progression to stage D and cardiac-related death, and the time to reach each end point was assessed too. Forty dogs were included, 18 in amlodipine group and 22 in placebo group. The mean dose of amlodipine that the treated group received was 0.31 mg/kg once a day. The furosemide mean daily dose of placebo group (6.27 mg/kg/day ± 2.60) was significantly higher than amlodipine group (4.31 mg/kg/day ± 2.16, p=0.041) only in T7. The placebo group showed progressive increase of furosemide daily mean dose over evaluation times, and the doses at T7 and T9 (6.27 mg/kg/day ± 2.60 e 5.96 mg/kg/day ± 2.38) were significantly higher than T1 (4.12 mg/kg/day ± 2.01, p=0.004). The spironolactone mean daily dose was significantly higher in the placebo than amlodipine group at T7 (2.83 mg/kg/day ±0.77 vs. 2.16 mg/kg/day ± 0.41, p=0.008) and T9 (2.87 mg/kg/day ± 0.98 vs. 2.06 mg/kg/day ± 0.39, p=0.003). The placebo group presented difference of the pimobendan mean daily dose among the times of evaluation (p< 0.001). The arterial blood pressure was lower only at T3 in the amlodipine group (118 mmHg ± 13.81) than placebo (128 mmHg ± 20.05, p=0.028). Serum creatinine level at T9 in placebo group was 1.95 mg/dL (± 2.03), significantly higher than basal value (1.21 mg/dL ± 0.40), T7- 10 (1.16 mg/dL ± 0.48) and T5 (1.29 mg/dL ± 0.31, p=0.002). Regarding to echocardiogram, DIVEsN at T5 in the placebo group (0.96 ± 0.25) was higher than amlodipine group (0.82 ± 0.29, p=0.039). It was assessed the occurrence, relative risk and mean time in days to reach each end point and there was no difference between groups. This study failed to prove the effect of amlodipine in increase survival time or delay the disease progression. However, the treatment with amlodipine showed be safe for dogs with MMVD stage C and provided the use of lower doses of standard therapy drugs, compared to placebo group.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPGomes, Márcia de Oliveira SampaioDuarte, Caio Nogueira2021-06-25info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10136/tde-22112021-092444/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-12-17T13:02:02Zoai:teses.usp.br:tde-22112021-092444Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-12-17T13:02:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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description A doença mixomatosa da valva mitral (DMVM) é a afecção mais frequentemente diagnosticada na prática da cardiologia veterinária em âmbito mundial. O princípio teórico da utilização do anlodipino no paciente com DMVM é a redução da pós-carga, de modo a diminuir a fração regurgitante e, consequentemente, a sobrecarga de volume tanto do átrio quanto do ventrículo esquerdos. Objetivou-se avaliar o efeito do anlodipino em cães com DMVM estágio C no retardamento da evolução da doença, aumento da sobrevida e na melhora da qualidade de vida, de índices ecocardiográficos e parâmetros clínicos. Este foi um estudo clínico randomizado duplo-cego placebo-controle, no qual foram recrutados cães com DMVM estágio C que foram tratados com terapia convencional (furosemida, espironolactona, enalapril e pimobendan) e randomizados em dois grupos, um que recebeu anlodipino e outro placebo. O tempo de acompanhamento dos cães foi de 10 meses. Os desfechos primários foram: edema pulmonar cardiogênico, ascite associada a efusão pleural, evolução para o estágio D da DMVM e morte por causa cardiogênica, e também foi analisado o tempo de ocorrência de cada desfecho. Foram incluídos 40 cães, sendo 18 no grupo anlodipino e 22 no grupo placebo. A dose média de anlodipino que o grupo tratado recebeu foi 0,31 mg/kg a cada 24 horas. Em relação a furosemida, a dose média diária do grupo placebo (6,27 mg/kg/dia ± 2,60) foi significantemente maior do que o grupo anlodipino (4,31 mg/kg/dia ± 2,16, p=0,041) apenas no T7. O grupo placebo apresentou aumento gradual da dose média diária de furosemida ao longo dos tempos de avaliação, sendo a dose no T7 e T9 (6,27 mg/kg/dia ± 2,60 e 5,96 mg/kg/dia ± 2,38) significantemente maior do que a dose no T1 (4,12 mg/kg/dia ± 2,01, p=0,004). A dose média diária de espironolactona foi significantemente maior no grupo placebo do que no grupo anlodipino no T7 (2,83 mg/kg/dia ± 0,77 vs. 2,16 mg/kg/dia ± 0,41, p=0,008) e T9 (2,87 mg/kg/dia ± 0,98 vs. 2,06 mg/kg/dia ± 0,39, p=0,003). O pimobendan apresentou diferença na sua dose média entre os tempos no grupo placebo (p< 0,001). Em relação a pressão arterial sistêmica, na comparação entre os grupos, houve diferença apenas no T3 aonde o grupo anlodipino apresentou valor significantemente menor (118 mmHg ± 13,81) do que o grupo placebo (128 mmHg ± 20,05, p=0,028). O valor de creatinina no grupo placebo no T9 foi 1,95 mg/dL (± 2,03), significantemente maior do que a basal (1,21 mg/dL ± 0,40) e no T7-10 (1,16 mg/dL ± 0,48) e T5 (1,29 mg/dL ± 0,31, p=0,002). Em relação ao ecocardiograma, o DIVEsN no T5 no grupo placebo (0,96 ± 0,25) foi significantemente maior do que no grupo anlodipino (0,82 ± 0,29, p=0,039). Foi avaliada a ocorrência, risco relativo e tempo médio em dias para atingir cada desfecho primário e não houve diferença entre os grupos. O estudo não foi capaz de evidenciar efeito do anlodipino em aumentar a sobrevida ou retardar a evolução da doença, entretanto, o tratamento com este fármaco demonstrou-se seguro para cães com DMVM estágio C e propiciou o uso de doses menores de medicamentos da terapia convencional em comparação ao grupo placebo.
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