Jardim, pedra, mar: um olhar arquetípico para a cidade 

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Denise Batista Pereira Jorge
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/T.47.2018.tde-17072018-175235
Resumo: Num empenho em levar a psicologia para além da clínica, James Hillman resgatou a ideia platônica de anima mundi (alma do mundo) e a colocou na base de suas reflexões sobre cidade e alma. Nesta perspectiva, não apenas os seres humanos, mas o mundo e as coisas do mundo, inclusive as cidades e os lugares, possuem alma. Dizer que todas coisas possuem alma, significa dizer que, por meio de sua apresentação sensorial, as coisas exibem sua imagem interior, sua presença como realidade psíquica, e se colocam à disposição de nossa imaginação. Com essas ideias em mente esta pesquisadora recebeu um chamado e foi conhecer o Jardim Pedramar, bairro localizado na periferia da cidade de Jacareí (SP), recorte da cidade que foi eleito para a realização desta investigação. Adotando como método a etnografia sensorial, proposta por Sarah Pink, segundo a qual o etnógrafo adquire conhecimento com seu corpo inteiro, experimentando, a pesquisadora conviveu com os moradores do lugar durante três anos e meio, registrando em imagens tudo o que via e experimentava. A investigação culminou na edição do documentário Jardim Pedra MareAlma, em parceria com alguns moradores do lugar, cujo processo de produção acabou se configurando uma intervenção via imagens. Neste trabalho, e no documentário, pode-se ver que, no Jardim Pedramar as pessoas dançam moçambique, compõem músicas e escrevem poesias homenageando o bairro, grafitam muros e cuidam do meio ambiente, desenvolvendo um patrimônio cultural e de resistência que os ajuda a lidar com a falta de saneamento básico, escolas, equipamentos de lazer e unidade básica de saúde. Os moradores do Jardim Pedramar cultivam a alma do lugar, na medida em que se envolvem com ele, prestam atenção àquele território de imagens e procuram dar sentido a elas. Percebe-se, no Jardim Pedramar, que é possível conjugar vulnerabilidade e felicidade, duas qualidades da alma que raramente imaginamos estarem presentes ao mesmo tempo. Refletindo sobre essa experiência, à luz da psicologia analítica e da psicologia arquetípica, constatou-se que as imagens no mundo são um meio privilegiado de acesso à alma de um lugar, pois permitem um olhar poético e metafórico para suas coisas, criando cultura psicológica e formas de viver. Por meio desta investigação, foi possível constatar também, que a etnografia sensorial é uma metodologia que permite estudar e compreender a alma de um lugar
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spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis Jardim, pedra, mar: um olhar arquetípico para a cidade  Garden, Stone, Sea: an archetypal look at the city 2018-04-20Gustavo Martineli MassolaArley AndrioloEliana Braga Aloia AtihéLaura Villares de FreitasSandra Maria Greger TavaresDenise Batista Pereira JorgeUniversidade de São PauloPsicologia SocialUSPBR Alma Alma do lugar Analytical psychology Archetypal psychology Cidade City Etnografia sensorial Image Imagem Psicologia analítica Psicologia arquetípica Sensorial ethnography Soul Soul of the place Num empenho em levar a psicologia para além da clínica, James Hillman resgatou a ideia platônica de anima mundi (alma do mundo) e a colocou na base de suas reflexões sobre cidade e alma. Nesta perspectiva, não apenas os seres humanos, mas o mundo e as coisas do mundo, inclusive as cidades e os lugares, possuem alma. Dizer que todas coisas possuem alma, significa dizer que, por meio de sua apresentação sensorial, as coisas exibem sua imagem interior, sua presença como realidade psíquica, e se colocam à disposição de nossa imaginação. Com essas ideias em mente esta pesquisadora recebeu um chamado e foi conhecer o Jardim Pedramar, bairro localizado na periferia da cidade de Jacareí (SP), recorte da cidade que foi eleito para a realização desta investigação. Adotando como método a etnografia sensorial, proposta por Sarah Pink, segundo a qual o etnógrafo adquire conhecimento com seu corpo inteiro, experimentando, a pesquisadora conviveu com os moradores do lugar durante três anos e meio, registrando em imagens tudo o que via e experimentava. A investigação culminou na edição do documentário Jardim Pedra MareAlma, em parceria com alguns moradores do lugar, cujo processo de produção acabou se configurando uma intervenção via imagens. Neste trabalho, e no documentário, pode-se ver que, no Jardim Pedramar as pessoas dançam moçambique, compõem músicas e escrevem poesias homenageando o bairro, grafitam muros e cuidam do meio ambiente, desenvolvendo um patrimônio cultural e de resistência que os ajuda a lidar com a falta de saneamento básico, escolas, equipamentos de lazer e unidade básica de saúde. Os moradores do Jardim Pedramar cultivam a alma do lugar, na medida em que se envolvem com ele, prestam atenção àquele território de imagens e procuram dar sentido a elas. Percebe-se, no Jardim Pedramar, que é possível conjugar vulnerabilidade e felicidade, duas qualidades da alma que raramente imaginamos estarem presentes ao mesmo tempo. Refletindo sobre essa experiência, à luz da psicologia analítica e da psicologia arquetípica, constatou-se que as imagens no mundo são um meio privilegiado de acesso à alma de um lugar, pois permitem um olhar poético e metafórico para suas coisas, criando cultura psicológica e formas de viver. Por meio desta investigação, foi possível constatar também, que a etnografia sensorial é uma metodologia que permite estudar e compreender a alma de um lugar In an effort to take psychology beyond the clinic, James Hillman rescued the platonic idea of anima mundi (soul of the world) and placed it at the base of his reflections on city and soul. In this perspective, not only human beings, but the world and the things of the world, including cities and places, have soul. To say that all things have soul means to say that through their sensorial presentation things exhibit their inner image, their presence as psychic reality, and are put at the disposal of our imagination. With these ideas in mind this researcher received a calling and got to know Jardim Pedramar, a neighborhood located on the outskirts of the city of Jacareí (SP), a part of the city that was chosen to carry out this research. Utilizing as a method the sensory ethnography, proposed by Sarah Pink, according to which the ethnographer acquires knowledge with his/her entire body, experimenting, the researcher lived closely with the local residents for three and a half years, recording via images everything they saw and experienced. The investigation culminated in the edition of the documentary \"Jardim Pedra MareAlma\" (Stone, Sea and Soul- Garden), in partnership with some local residents, whose production process ended up being an intervention via images. In this work, and in the documentary, one can see that in Jardim Pedramar people dance to Mozambique, compose songs and write poetry honoring the neighborhood, graffiti walls and take care of the environment, developing a cultural and residence heritage that helps them cope with lack of basic sanitation, schools, leisure equipment and a basic health unit. The residents of Jardim Pedramar cultivate the soul of the place, as they become involved with it. They pay attention to that territory of images and try to make sense of them. One can see in Jardim Pedramar that it is possible to combine vulnerability and happiness, two qualities of the soul that we rarely imagine to be present at the same time. Reflecting on this experience, in the light of analytical and archetypal psychology, it has been found that images in the world are a privileged means of accessing the soul of a place, since they allow a poetic and metaphorical look at their things, creating psychological culture and ways of living. Through this research, it was also possible to verify that sensorial ethnography is a methodology that allows us to study and understand the soul of a place https://doi.org/10.11606/T.47.2018.tde-17072018-175235info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T19:13:03Zoai:teses.usp.br:tde-17072018-175235Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T12:48:31.505484Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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