Monografia do aqüífero Jandaíra da Bacia Potiguar

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gildo Mistretta
Data de Publicação: 1984
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/D.44.1984.tde-18092015-175614
Resumo: Utilizando-se de dados levantados a partir de relatórios e publicações diversas sobre Climatologia, Geologia, Geofísica, Hidrogeologia e Hidrogeoquímica envolvendo a Bacia Potiguar e inventariação complementar de poços tubulares, cacimbas e fontes, foram feitos estudos específicos que permitiram o conhecimento do meio físico, analisando com um sistema amplo no qual está inserido o aqüífero Jandaíra. Sobre essa base de conhecimentos foi possível então o aprofundamento , análise e síntese dos conhecimentos sobre o aqüífero no que concerne às suas características litológicas, dimensionais e hidrodinâmicas, aos mecanismos de recarga e circulação das águas, às suas reservas, à caracterização hidroquímica e qualidade das águas armazenadas, à engenharia de captação dos recursos e aos usos a que se destinam as águas explotadas. O aqüífero Jandaíra instala-se na porção superior da Formação Jandaíra da Bacia Potiguar, com um domínio de 16 278 \'km POT.2\' e uma espessura média saturada da ordem de 150 m, apresentando-se caracteristicamente livre na maior parte do domínio. Conexões hidráulicas existem entre ele e a unidade sotoposta, o aqüífero Açu, da mesma forma que numa estreita faixa junto à orla atlântica ocorre conexão com o sistema aqüífero Dunas-Barreiras, a ele sobreposto. Considerada a grande variação espacial da constituição litológica dos calcários da Formação Jandaíra, as descontinuidades, as evidências de carstificação e ainda a amplitude dos valores de vazão específica e de transmissividade, o aqüífero Jandaíra se apresenta heterogêneo e hidráulicamente anisotrópico, promovendo circulação tipicamente cárstica no seu interior. O fluxo subterrâneo mais expressivo parte das áreas de recarga geralmente situadas a sul,nas proximidades do contato entre as formações Jandaíra e Açu, e interioriza as águas no domínio do aqüífero, levando-as com gradientes médios da ordem de \'10 POT.-3\', até os seus exutórios junto ) ao oceano. Secundariamente o fluxo se faz em direção aos vales dos rios Jaguaribe, Mossoró, Açu Mulungu, que funcionam então como verdadeiros drenos, sem contudo constituir fluxo superficial, conduzindo-as ao oceano, provavelmente através dos seus aluviões. A recarga do aqüífero se processa essencialmente por águas pluviais e estudos de isótopos ambientais revelaram que essas águas são submetidas a intenso processo de evaporação antes de participarem das reservas aqüíferas. Das suas reservas participam 52% de águas cloretadas, 21% de águas bicarbonadas, 6% de águas sulfetadas e 21% de águas mistas. O acesso às reservas aqüíferas é geralmente feito por captação através de poços tubulares que atingiram profundidade máxima de 300 m. No Estado do Rio Grande do Norte, que cobre a maior parte da superfície de domínio do aqüífero Jandaíra, foram cadastrados 853 poços tubulares em 1979, que explotam cerca de 3,6 x \'10 POT.6\' \'m POT.3\'/a de águas do aqüífero, destinando-as aos mais diversos usos sobressaindo-se no entanto o abastecimento doméstico e pecuário. Quando se comparam os teores de alguns dos constituintes das águas do aqüífero Jandaíra com padrões estabelecidos em legislação específica, essas águas são insatisfatórias para o consumo humano. Dentre as amostras consideradas, grandes porcentuais ultrapassam os valores ou intervalos recomendados tais como 69% para valores de TSD (Total de Sólidos Dissolvidos), 95% para Dureza total, 7% para teores de Magnésio e 96% para teores de Flúor. No que concerne à adequação para usos na agricultura pôde-se constatar que devem ser somente aplicadas em culturas com alta tolerância a sais e em solos de alta permeabilidade e boa drenagem, devendo-se empregar água em excesso para promover a lixiviação de sais. Em seu estado natural as águas do aqüífero Jandaíra não são adequadas para consumo industrial devido principalmente ao seu caráter essencialmente incrustante.
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spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis Monografia do aqüífero Jandaíra da Bacia Potiguar Not available. 1984-11-30Andre DavinoBenjamim Bley de Brito NevesMaria SzikszayGildo MistrettaUniversidade de São PauloRecursos Minerais e HidrogeologiaUSPBR Hidrogeologia Not available. Utilizando-se de dados levantados a partir de relatórios e publicações diversas sobre Climatologia, Geologia, Geofísica, Hidrogeologia e Hidrogeoquímica envolvendo a Bacia Potiguar e inventariação complementar de poços tubulares, cacimbas e fontes, foram feitos estudos específicos que permitiram o conhecimento do meio físico, analisando com um sistema amplo no qual está inserido o aqüífero Jandaíra. Sobre essa base de conhecimentos foi possível então o aprofundamento , análise e síntese dos conhecimentos sobre o aqüífero no que concerne às suas características litológicas, dimensionais e hidrodinâmicas, aos mecanismos de recarga e circulação das águas, às suas reservas, à caracterização hidroquímica e qualidade das águas armazenadas, à engenharia de captação dos recursos e aos usos a que se destinam as águas explotadas. O aqüífero Jandaíra instala-se na porção superior da Formação Jandaíra da Bacia Potiguar, com um domínio de 16 278 \'km POT.2\' e uma espessura média saturada da ordem de 150 m, apresentando-se caracteristicamente livre na maior parte do domínio. Conexões hidráulicas existem entre ele e a unidade sotoposta, o aqüífero Açu, da mesma forma que numa estreita faixa junto à orla atlântica ocorre conexão com o sistema aqüífero Dunas-Barreiras, a ele sobreposto. 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A recarga do aqüífero se processa essencialmente por águas pluviais e estudos de isótopos ambientais revelaram que essas águas são submetidas a intenso processo de evaporação antes de participarem das reservas aqüíferas. Das suas reservas participam 52% de águas cloretadas, 21% de águas bicarbonadas, 6% de águas sulfetadas e 21% de águas mistas. O acesso às reservas aqüíferas é geralmente feito por captação através de poços tubulares que atingiram profundidade máxima de 300 m. No Estado do Rio Grande do Norte, que cobre a maior parte da superfície de domínio do aqüífero Jandaíra, foram cadastrados 853 poços tubulares em 1979, que explotam cerca de 3,6 x \'10 POT.6\' \'m POT.3\'/a de águas do aqüífero, destinando-as aos mais diversos usos sobressaindo-se no entanto o abastecimento doméstico e pecuário. Quando se comparam os teores de alguns dos constituintes das águas do aqüífero Jandaíra com padrões estabelecidos em legislação específica, essas águas são insatisfatórias para o consumo humano. Dentre as amostras consideradas, grandes porcentuais ultrapassam os valores ou intervalos recomendados tais como 69% para valores de TSD (Total de Sólidos Dissolvidos), 95% para Dureza total, 7% para teores de Magnésio e 96% para teores de Flúor. No que concerne à adequação para usos na agricultura pôde-se constatar que devem ser somente aplicadas em culturas com alta tolerância a sais e em solos de alta permeabilidade e boa drenagem, devendo-se empregar água em excesso para promover a lixiviação de sais. Em seu estado natural as águas do aqüífero Jandaíra não são adequadas para consumo industrial devido principalmente ao seu caráter essencialmente incrustante. Data obtained from reports and publications on Geology, Hidrogeology, Hidrochemistry, Geophysics and Climatology of the Potiguar Basin complemented by new data from tube wells, dug wells and springs have been utilized in making a detailed study of the physical environment of the Jandaíra aquifer. On the basis of this study it has been possible to make an analysis and synthesis of lithological, dimensional and hydrodynamical characteristics of the aquifer, its mechanisms of recharge and discharge, circulation pattern, reserves, hydrochemistry and quality of stored water, water exploitation techniques and different uses of waters. The Jandaíra aquifer is located in the upper portion of the Jandaíra Formation, covers an area of 16 278km², has mean saturated thickness of 150 m and is characteristically and unconfined aquifer. It is hydraulically connected with the underlying Açu aquifer and along a narrow strip near the atlantic border with the overlying Dunas-Barreiras aquifer. Considering the space variation of the litological composition, joints and faults, evidences of karstification and also the broad range of the transmissivity and specific capacity values, it is possible to say that the Jandaíra is an heterogenous and anisotropic aquifer, with characteristical karstic flow. The most significant underground flow has its origin in the southern parts, near the contact of the Jandaíra and Açu formations, with flow toward the ocean under a mean hydraulic gradient of \'10 POT. -3\'. There are also secondary flows toward the Jaguaribe, Mossoró, Açu and Mulungu valleys, behaving drains like, conducting groundwater through their alluvial plains toward the ocean, with no manifestations of surface flow. Rainfall is the main source of aquifer recharge and environmental isotopes studies show that waters are subjected to intensive evaporation before reaching the aquifer. Stored waters can be divided in chloride (52%), carbonate (21%), sulfate (68%) and a mixed one (21%). Most of the aquifer is included in the Rio Grande do Norte State where 853 wells were inventoried in 1979, with an exploitation rate of 3,6 x 10 m³/year. Water were used for various purposes, being domestic and livestock the main uses. Concentration of some water constituents, when compared with the requirements specified for human consumption, showed values higher than the maximum allowable limits: 69% of the samples had higher values of TDS (Total Dissolved Solids), 95% had higher hardness values, 77% showed higher Mg, concentration and 96% were outside the recommended fluoride concentration interval. Concerning agricultural uses these waters can be applied on crops with high tolerance for salt content and in soils with high permeability and good drainage. However some excess water must be used to induce salt lixiviation in soils. In their natural state, waters of Jandaíra aquifer are not suitable for industrial uses mainly due to their incrustation characteristics. https://doi.org/10.11606/D.44.1984.tde-18092015-175614info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T19:19:34Zoai:teses.usp.br:tde-18092015-175614Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T12:52:14.779775Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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