Quantificação dos serviços ecossistêmicos da arborização urbana
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://doi.org/10.11606/T.11.2021.tde-06012022-175203 |
Resumo: | Os problemas provenientes das mudanças climáticas são cada vez mais evidenciados, sejam eles sociais, ambientais ou econômicos. A arborização urbana, por sua vez, desempenha importantes serviços ecossistêmicos, mitigando-os. No entanto, principalmente em cidades latino-americanas, é comum que ela seja considerada um elemento secundário da infraestrutura, na qual extensas superfícies cinzentas predominam na paisagem, em desarmonia com algumas poucas manchas de vegetação que aparecem de modo desigual no território. Dessa forma, o objetivo desta tese foi analisar e quantificar a influência da arborização urbana no clima urbano, relacionando-a com os serviços ecossistêmicos. A metodologia englobou o uso de diversas ferramentas, como dados da Estação Meteorológica da ESALQ/USP (Piracicaba/SP/Brasil) e do Aeroporto de Pudahuel (Santiago/Chile), simulações microclimáticas com o modelo ENVI- met, câmera termal, termômetro infravermelho digital, geoprocessamento em SIG (ArcGIS, QGIS e Global Mapper), sensoriamento remoto, imagens de satélite, imagens termais, banco de dados, informes epidemiológicos da COVID-19, GNSS, fotos hemisféricas e mapas, tendo como locais de estudo uma cidade de médio porte (Piracicaba) e outra de grande porte (Santiago). Os resultados mostraram que a partir da década de 1980, em Piracicaba, houve aumento da quantidade de dias quentes (a partir de 30°C) e chuvas intensas (a partir de 35 mm), sendo mais críticos durante o verão. Quanto ao monitoramento do comportamento térmico de diferentes superfícies urbanas, o destaque ficou para o teto de um carro escuro, que atingiu temperatura superficial de 95°C na hora mais quente do dia, seguido pelo asfalto a pleno sol (65°C), porém, quando sombreado por árvores, diminuiu para 34°C, valor próximo das superfícies foliares. O estudo de caso em Santiago revelou diferenças climáticas e injustiças socioambientais entre duas comunas analisadas, Estación Central e Vitacura. A primeira é conhecida pelos Guetos Verticales, com edifícios de mais de 100 m de altura, pouca vegetação e zonas mortas de ventilação. A segunda, chamada de Sanhattan, possui o maior poder aquisitivo do país, com ruas e calçadas largas e bem vegetadas. As mudanças no uso e ocupação do solo, assim como em Piracicaba, ocasionaram um aumento na temperatura superficial de 1°C a cada cinco anos. O clima urbano local, quando relacionado com a evolução das taxas de incidência da COVID-19, apresentou correlação positiva, revelando as condições de injustiças socioambientais que ocorrem em Santiago, ou seja, começou em comunas ricas e foi se espalhando por toda cidade, até atingir a população mais vulnerável. Por fim, a criação de um novo método de valoração monetária da arborização urbana indicou que Piracicaba apresenta um patrimônio arbóreo estimado em R$ 40.899.373,00 ao ano. Dessa forma, a arborização urbana pode ser considerada como uma variável capaz de expressar as diferenças sociais, ambientais e econômicas que ocorrem nas cidades, servindo de parâmetro para a implementação de novas políticas públicas. |
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No entanto, principalmente em cidades latino-americanas, é comum que ela seja considerada um elemento secundário da infraestrutura, na qual extensas superfícies cinzentas predominam na paisagem, em desarmonia com algumas poucas manchas de vegetação que aparecem de modo desigual no território. Dessa forma, o objetivo desta tese foi analisar e quantificar a influência da arborização urbana no clima urbano, relacionando-a com os serviços ecossistêmicos. A metodologia englobou o uso de diversas ferramentas, como dados da Estação Meteorológica da ESALQ/USP (Piracicaba/SP/Brasil) e do Aeroporto de Pudahuel (Santiago/Chile), simulações microclimáticas com o modelo ENVI- met, câmera termal, termômetro infravermelho digital, geoprocessamento em SIG (ArcGIS, QGIS e Global Mapper), sensoriamento remoto, imagens de satélite, imagens termais, banco de dados, informes epidemiológicos da COVID-19, GNSS, fotos hemisféricas e mapas, tendo como locais de estudo uma cidade de médio porte (Piracicaba) e outra de grande porte (Santiago). Os resultados mostraram que a partir da década de 1980, em Piracicaba, houve aumento da quantidade de dias quentes (a partir de 30°C) e chuvas intensas (a partir de 35 mm), sendo mais críticos durante o verão. Quanto ao monitoramento do comportamento térmico de diferentes superfícies urbanas, o destaque ficou para o teto de um carro escuro, que atingiu temperatura superficial de 95°C na hora mais quente do dia, seguido pelo asfalto a pleno sol (65°C), porém, quando sombreado por árvores, diminuiu para 34°C, valor próximo das superfícies foliares. O estudo de caso em Santiago revelou diferenças climáticas e injustiças socioambientais entre duas comunas analisadas, Estación Central e Vitacura. A primeira é conhecida pelos Guetos Verticales, com edifícios de mais de 100 m de altura, pouca vegetação e zonas mortas de ventilação. A segunda, chamada de Sanhattan, possui o maior poder aquisitivo do país, com ruas e calçadas largas e bem vegetadas. As mudanças no uso e ocupação do solo, assim como em Piracicaba, ocasionaram um aumento na temperatura superficial de 1°C a cada cinco anos. O clima urbano local, quando relacionado com a evolução das taxas de incidência da COVID-19, apresentou correlação positiva, revelando as condições de injustiças socioambientais que ocorrem em Santiago, ou seja, começou em comunas ricas e foi se espalhando por toda cidade, até atingir a população mais vulnerável. Por fim, a criação de um novo método de valoração monetária da arborização urbana indicou que Piracicaba apresenta um patrimônio arbóreo estimado em R$ 40.899.373,00 ao ano. Dessa forma, a arborização urbana pode ser considerada como uma variável capaz de expressar as diferenças sociais, ambientais e econômicas que ocorrem nas cidades, servindo de parâmetro para a implementação de novas políticas públicas. The problems arising from climate change are increasingly evident, whether social, environmental or economic. Urban forestry, in turn, performs important ecosystem services, mitigating them. However, especially in Latin American cities, it is common for it to be considered a secondary element of infrastructure, in which extensive gray surfaces predominate in the landscape, in disharmony with a few patches of vegetation that appear unevenly in the territory. Thus, the objective of this thesis was to analyze and the influence of urban forestry on the urban climate, relating it to ecosystem services. The methodology included the use of several tools, such as data from the ESALQ/USP Meteorological Station (Piracicaba/SP/Brazil) and the Pudahuel Airport (Santiago/Chile), microclimatic simulations with the ENVI-met model, thermal camera, infrared thermometer digital, geoprocessing in GIS (ArcGIS, QGIS and Global Mapper), remote sensing, satellite images, thermal images, database, epidemiological reports from COVID-19, GNSS, hemispheric photos and maps, having as study sites a city of medium-sized (Piracicaba) and a large one (Santiago). The results showed that from the 1980s, in Piracicaba, there was an increase in the number of hot days (since 30°C) and heavy rains (since 35 mm), being more critical during the summer. As for the monitoring of the thermal behavior of different urban surfaces, the highlight was the roof of a dark car, which reached a surface temperature of 95°C in the hottest hour of the day, followed by asphalt in full sun (65°C), however , when shaded by trees, decreased to 34°C, a value close to the leaf surfaces. The case study in Santiago revealed climatic differences and socio-environmental injustices between two communes analyzed, Estación Central and Vitacura. The first is known as the Vertical Ghettos, with buildings over 100 m high, with little vegetation and dead zones for ventilation. The second, called Sanhattan, has the highest purchasing power in the country, with wide and well-vegetated streets and sidewalks. Changes in land use and occupation, as well as in Piracicaba, caused an increase in surface temperature of 1°C every five years. The local urban climate, when related to the evolution of the incidence rates of COVID-19, showed a positive correlation, revealing the conditions of socio-environmental injustices that occur in Santiago, that is, it started in rich communes and spread throughout the city, until reach the most vulnerable population. Finally, the creation of a new method of monetary valuation of urban forestry indicated that Piracicaba has an estimated arboreal heritage of BRL 40,899,373.00 per year. Thus, urban forestry can be considered as a variable capable of expressing the social, environmental and economic differences that occur in cities, serving as a parameter for the implementation of new public policies. https://doi.org/10.11606/T.11.2021.tde-06012022-175203info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T18:18:21Zoai:teses.usp.br:tde-06012022-175203Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T12:12:13.468560Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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