Avaliação da resposta imune de gatos naturalmente infectados por Leishmania (Leishmania) infantum

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Diogo Tiago da
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10134/tde-31102019-163848/
Resumo: Os gatos são animais que podem se infectar por parasitos do gênero Leishmania spp. No entanto, pouco se conhece sobre a relação das manifestações clínicas da leishmaniose felina (LF) com as respostas imunológicas desses animais. Neste trabalho, nós realizamos diagnóstico laboratorial, clínico, quantificação de IgA, IgG e IgM anti-L. (L.) infantum, quantificação de linfócitos T CD4+ e CD8+ nas células mononucleares do sangue periférico (PBMC) e análise do transcriptoma afim de identificar as diferenças das resposta imune humoral e celular de gatos naturalmente infectados por L. (L.) infantum. Foi avaliado um total de 166 gatos, onde, 15,06% (25/166) apresentaram anticorpos anti-L. (L.) infantum pelo ELISA e 53,61% (89/166) pela RIFI, enquanto que pela PCR convencional (cPCR), 3,61% (6/166) apresentaram DNA do protozoário Leishmania no sangue, com 100% de identidade à espécie L. (L.) infantum (GenBank: KY379078.1). Desses seis animais, três apresentaram amastigotas de L. (L.) infantum em esfregaços do aspirado de linfonodo e/ou medula óssea no exame parasitológico e um teve a Leishmania isolada em cultura de aspirado de linfonodo. Assim, os gatos com testes sorológicos, parasitológicos, moleculares e de sequenciamento positivo para L. (L.) infantum, compuseram nosso grupo infectado (G1), enquanto que o grupo controle (G2) foi composto por seis gatos saudáveis. De acordo com anamnese clínica observamos que a magreza, alopecias e lesões de pele estavam entre os sinais clínicos mais frequentes entre os felinos. A quantificação de IgG, IgA e IgM totais anti-Leishmania foram significativamente maiores no G1 em comparação ao G2, (p = 2,966x10-6; p = 0,0002348 e p = 2,945x10-5, respectivamente). Nos exames hematológicos dos gatos detectamos a redução das plaquetas (p = 0,0062, p < 0,01) nos gatos G1 em relação ao G2, enquanto os leucócitos foram aumentados para gatos G2 (p = 0,014, p <0,05). Em relação aos parâmetros bioquímicos, os gatos infectados (G1) apresentaram aumento na concentração de proteína total (p = 4,4832e-06, p <0,01) com baixa albumina (p = 0,0065, p <0,01) e baixa aspartato aminotransferase (p = 0,0025, p <0,01) fora do intervalo de referência para a espécie. Pela citometria de fluxo observamos diferença significativa entre os linfócitos T CD4+ do G1 em relação ao G2 (p = 0.0427), entretanto, o mesmo não aconteceu para as subpopulações de linfócitos T CD8+ (p = 0.06199). Pela análise do transcriptoma destacamos a down regulação das vias metabólicas que controlam a atividade da proteína arginina desaminase (PAD), o processo de hemopoiese, a resposta ao estresse e o desenvolvimento do sistema imunológico e a up regulação da via sinalizadora do fator de crescimento dos fibroblastos (FGF) e do gene CXCR6 que participa da via sinalizadora da inflamação mediada pela sinalização de quimiocinas e citocinas. Possivelmente, a regulação negativa ou positiva dessas vias pode indicar a imunorregulação, por parte do parasita, como mecanismo de evasão do sistema imune do hospedeiro. Em contrapartida, a down regulação das vias sinalizadoras de ativação das células B (gene MAP3k2) de ativação das células T (gene LCP2), dos receptores Toll (gene TLR4) associado a down regulação dos genes IFNAR1, IFNGR2, IL13RA1, IL10 e IL1B nos gatos infectados (G1) do nosso estudo, indicam imunorregulação por parte do sistema imune felino em controlar o parasitismo intracelular por L. (L.) infantum, mas que não foram suficientes para controlar a progressão da doença. Esses resultados trazem as primeiras informações para elucidação da resposta imunológica às infecções por L. (L.) infantum em felinos.
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Foi avaliado um total de 166 gatos, onde, 15,06% (25/166) apresentaram anticorpos anti-L. (L.) infantum pelo ELISA e 53,61% (89/166) pela RIFI, enquanto que pela PCR convencional (cPCR), 3,61% (6/166) apresentaram DNA do protozoário Leishmania no sangue, com 100% de identidade à espécie L. (L.) infantum (GenBank: KY379078.1). Desses seis animais, três apresentaram amastigotas de L. (L.) infantum em esfregaços do aspirado de linfonodo e/ou medula óssea no exame parasitológico e um teve a Leishmania isolada em cultura de aspirado de linfonodo. Assim, os gatos com testes sorológicos, parasitológicos, moleculares e de sequenciamento positivo para L. (L.) infantum, compuseram nosso grupo infectado (G1), enquanto que o grupo controle (G2) foi composto por seis gatos saudáveis. De acordo com anamnese clínica observamos que a magreza, alopecias e lesões de pele estavam entre os sinais clínicos mais frequentes entre os felinos. A quantificação de IgG, IgA e IgM totais anti-Leishmania foram significativamente maiores no G1 em comparação ao G2, (p = 2,966x10-6; p = 0,0002348 e p = 2,945x10-5, respectivamente). Nos exames hematológicos dos gatos detectamos a redução das plaquetas (p = 0,0062, p < 0,01) nos gatos G1 em relação ao G2, enquanto os leucócitos foram aumentados para gatos G2 (p = 0,014, p <0,05). Em relação aos parâmetros bioquímicos, os gatos infectados (G1) apresentaram aumento na concentração de proteína total (p = 4,4832e-06, p <0,01) com baixa albumina (p = 0,0065, p <0,01) e baixa aspartato aminotransferase (p = 0,0025, p <0,01) fora do intervalo de referência para a espécie. Pela citometria de fluxo observamos diferença significativa entre os linfócitos T CD4+ do G1 em relação ao G2 (p = 0.0427), entretanto, o mesmo não aconteceu para as subpopulações de linfócitos T CD8+ (p = 0.06199). Pela análise do transcriptoma destacamos a down regulação das vias metabólicas que controlam a atividade da proteína arginina desaminase (PAD), o processo de hemopoiese, a resposta ao estresse e o desenvolvimento do sistema imunológico e a up regulação da via sinalizadora do fator de crescimento dos fibroblastos (FGF) e do gene CXCR6 que participa da via sinalizadora da inflamação mediada pela sinalização de quimiocinas e citocinas. Possivelmente, a regulação negativa ou positiva dessas vias pode indicar a imunorregulação, por parte do parasita, como mecanismo de evasão do sistema imune do hospedeiro. Em contrapartida, a down regulação das vias sinalizadoras de ativação das células B (gene MAP3k2) de ativação das células T (gene LCP2), dos receptores Toll (gene TLR4) associado a down regulação dos genes IFNAR1, IFNGR2, IL13RA1, IL10 e IL1B nos gatos infectados (G1) do nosso estudo, indicam imunorregulação por parte do sistema imune felino em controlar o parasitismo intracelular por L. (L.) infantum, mas que não foram suficientes para controlar a progressão da doença. Esses resultados trazem as primeiras informações para elucidação da resposta imunológica às infecções por L. (L.) infantum em felinos.Cats are animals that can be infected by parasites of the genus Leishmania spp. However, little is known about the relationship of the clinical manifestations of feline leishmaniasis (FL) with the immunological responses of these animals. In this work, we performed laboratory, clinical, quantification of IgA, IgG and IgM anti-L. (L.) infantum, quantification of CD4+ and CD8+ T lymphocytes in peripheral blood mononuclear cells (PBMC) and transcriptome analysis in order to identify differences in the humoral and cellular immune responses of cats naturally infected by L. (L.) infantum. A total of 166 cats were evaluated, where 15.06% (25/166) presented antibodies anti-L. (L.) infantum by ELISA and 53.61% (89/166) by RIFI, whereas by conventional PCR (cPCR), 3.61% (6/166) presented Leishmania protozoal DNA in the blood, with 100% identity to the species L. (L.) infantum (GenBank: KY379078.1). Of these six animals, three presented amastigotes of L. (L.) infantum in smears of the lymph node aspirate and/or bone marrow in parasitological examination and one had Leishmania isolated in lymph node aspirate culture. Thus, cats with serological, parasitological, molecular and positive sequencing tests for L. (L.) infantum, composed our infected group (G1), while the control group (G2) was composed of six healthy cats. According to clinical anamnesis we observed that thinness, alopecias and skin lesions were among the most frequent clinical signs among felines. Quantification of total anti-L. (L.) infantum IgG, IgA and IgM were significantly higher in G1 than in G2, (p = 2,966x10-6, p = 0,0002348 and p = 2,945x10-5, respectively). In the hematological examinations of cats, we detected the reduction of platelets (p = 0.0062, p <0.01) in G1 cats compared to G2, whereas leukocytes were increased for G2 cats (p = 0.014, p <0.05). In relation to the biochemical parameters, infected cats (G1) showed an increase in the total protein concentration (p = 4.4832e-06, p <0.01) with low albumin (p = 0.0065, p <0.01) and low aspartate aminotransferase (p = 0.0025, p <0.01) all outside the reference range for the species. By flow cytometry we observed a significant difference between G1 CD4+ T lymphocytes compared to G2 (p = 0.0427); however, the same did not occur for the CD8+ T lymphocyte subpopulations (p = 0.06199). By the analysis of the transcriptome we highlight the down regulation of the metabolic pathways that control the activity of the protein arginine deaminase (PAD), the hemopoiesis process, the response to stress and the development of the immune system and the up regulation of the signaling pathway fibroblast growth factor (FGF) and the CXCR6 gene that participate in the signaling pathway of inflammation mediated by chemokine and cytokine signaling. Possibly, the negative or positive regulation of these pathways may indicate the immunoregulation, by the parasite, as a mechanism to evade the immune system of the host. In contrast, down regulation of B cell activation (MAP3k2 gene) activation cells of T cells (LCP2 gene), Toll receptors (TLR4 gene) associated with down regulation of the genes IFNAR1, IFNGR2, IL13RA1, IL10 and IL1B in the infected (G1) cats of our study indicate immunoregulation by the feline immune system to control intracellular parasitism by L. (L.) infantum but not sufficient to control the progression of the disease. These results provide the first information to elucidate the immunological response to L. (L.) infantum infections in felines.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPOliveira, Trícia Maria Ferreira de SousaSilva, Diogo Tiago da2019-06-28info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10134/tde-31102019-163848/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-10-09T13:16:04Zoai:teses.usp.br:tde-31102019-163848Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-10-09T13:16:04Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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