Novos mecanismos de patogênese da sepse e do envenenamento botrópico: potencial da rutina e rutina succinil como agentes terapêuticos
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5167/tde-09062022-120542/ |
Resumo: | O veneno da serpente Bothrops jararaca (BjV) induz diversas alterações deletérias para o organismo como plaquetopenia, hipofibrinogenemia, intensa hemorragia local, estresse oxidativo/nitrosativo e uma resposta inflamatória exacerbada. O tratamento de pacientes picados ainda apresenta desafios, já que a soroterapia possui limitações quanto às suas ações. Em um trabalho anterior do nosso grupo de pesquisa foi demonstrado o potencial da rutina como possível composto terapêutico complementar para o envenenamento. Sabe-se que a rutina possui uma ampla gama de atividades, no entanto seu uso apresenta limitações por ser um composto pouco hidrossolúvel. Desse modo, os estudos desse projeto foram iniciados com a realização de uma modificação química na rutina (succinilação), resultando no composto hidrossolúvel rutina succinil, que demonstrou possuir atividades características da rutina in vitro, como antioxidante e inibidora da isomerase dissulfeto proteico (PDI). A seguir foram realizados testes in vitro comparativos entre a rutina e a rutina succinil para avaliar as suas atividades de inibição de diferentes atividades do BjV. Diferentemente da rutina, a rutina succinil demonstrou potencial inibitório em relação a atividades da família majoritária do veneno (metaloproteinases). Visto o potencial da rutina e rutina succinil, experimentos in vivo foram iniciados com camundongos utilizando 2 e 3 DL50 (dose letal 50%) de BjV, os quais demonstraram que as rutinas induzem uma melhor recuperação de parâmetros hemostáticos alterados pelo envenenamento. Ademais, a rutina e rutina succinil foram capazes de neutralizar os efeitos tóxicos do BjV e impedir a mortalidade de camundongos induzida pelo envenenamento. Posteriormente, foram realizados ensaios in vivo com uma dose subletal do BjV para a avaliação de parâmetros da coagulação, inflamação e hemorragia local. Congruentemente com os resultados in vitro, quando pré-incubada com o BjV, a rutina succinil inibiu importantes ações das metaloproteinases do veneno, abolindo completamente a hemorragia local e diminuindo os níveis da citocina próinflamatória IL-6. Os resultados também demonstraram que o fator tissular (TF) apresenta um papel protetor pró-hemostático no envenenamento. Diferentemente, a endotoxemia um modelo experimental com mecanismos melhor elucidados induz estados prócoagulante e pró-inflamatório dependente da atividade de TF. Apesar da diferença entre os dois modelos, foi observado aumento de genes que codificam proteínas de fase aguda tanto no envenenamento quanto endotoxemia. Assim como no envenenamento, as rutinas apresentaram ação anti-inflamatória na endotoxemia, porém de forma mais limitada. Portanto, a rutina e rutina succinil demonstram ter diferentes mecanismos de ação em relação ao veneno e efeitos benéficos ao serem administradas como tratamento do envenenamento e da endotoxemia. Ademais, a administração da rutina e rutina succinil associadas ou não ao soro antiofídico auxiliaram na recuperação da contagem plaquetárias e dos níveis de fibrinogênio plasmático, além de diminuir a hemorragia local, demonstrando grande potencial como tratamentos de envenenamentos por serpentes |
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Novos mecanismos de patogênese da sepse e do envenenamento botrópico: potencial da rutina e rutina succinil como agentes terapêuticosNovel mechanisms of the pathogenesis of sepsis and Bothrops envenomations: potential of rutin and rutin succinate as therapeutic agentsBothrops jararacaBothrops jararacaFator tissularFlavonoidesFlavonoidsHemostasiaHemostasisSepseSepsisTissue factorVenenosVenomsO veneno da serpente Bothrops jararaca (BjV) induz diversas alterações deletérias para o organismo como plaquetopenia, hipofibrinogenemia, intensa hemorragia local, estresse oxidativo/nitrosativo e uma resposta inflamatória exacerbada. O tratamento de pacientes picados ainda apresenta desafios, já que a soroterapia possui limitações quanto às suas ações. Em um trabalho anterior do nosso grupo de pesquisa foi demonstrado o potencial da rutina como possível composto terapêutico complementar para o envenenamento. Sabe-se que a rutina possui uma ampla gama de atividades, no entanto seu uso apresenta limitações por ser um composto pouco hidrossolúvel. Desse modo, os estudos desse projeto foram iniciados com a realização de uma modificação química na rutina (succinilação), resultando no composto hidrossolúvel rutina succinil, que demonstrou possuir atividades características da rutina in vitro, como antioxidante e inibidora da isomerase dissulfeto proteico (PDI). A seguir foram realizados testes in vitro comparativos entre a rutina e a rutina succinil para avaliar as suas atividades de inibição de diferentes atividades do BjV. Diferentemente da rutina, a rutina succinil demonstrou potencial inibitório em relação a atividades da família majoritária do veneno (metaloproteinases). Visto o potencial da rutina e rutina succinil, experimentos in vivo foram iniciados com camundongos utilizando 2 e 3 DL50 (dose letal 50%) de BjV, os quais demonstraram que as rutinas induzem uma melhor recuperação de parâmetros hemostáticos alterados pelo envenenamento. Ademais, a rutina e rutina succinil foram capazes de neutralizar os efeitos tóxicos do BjV e impedir a mortalidade de camundongos induzida pelo envenenamento. Posteriormente, foram realizados ensaios in vivo com uma dose subletal do BjV para a avaliação de parâmetros da coagulação, inflamação e hemorragia local. Congruentemente com os resultados in vitro, quando pré-incubada com o BjV, a rutina succinil inibiu importantes ações das metaloproteinases do veneno, abolindo completamente a hemorragia local e diminuindo os níveis da citocina próinflamatória IL-6. Os resultados também demonstraram que o fator tissular (TF) apresenta um papel protetor pró-hemostático no envenenamento. Diferentemente, a endotoxemia um modelo experimental com mecanismos melhor elucidados induz estados prócoagulante e pró-inflamatório dependente da atividade de TF. Apesar da diferença entre os dois modelos, foi observado aumento de genes que codificam proteínas de fase aguda tanto no envenenamento quanto endotoxemia. Assim como no envenenamento, as rutinas apresentaram ação anti-inflamatória na endotoxemia, porém de forma mais limitada. Portanto, a rutina e rutina succinil demonstram ter diferentes mecanismos de ação em relação ao veneno e efeitos benéficos ao serem administradas como tratamento do envenenamento e da endotoxemia. Ademais, a administração da rutina e rutina succinil associadas ou não ao soro antiofídico auxiliaram na recuperação da contagem plaquetárias e dos níveis de fibrinogênio plasmático, além de diminuir a hemorragia local, demonstrando grande potencial como tratamentos de envenenamentos por serpentesBothrops jararaca snake venom (BjV) induces several deleterious alteration to the organism, as thrombocytopenia, hypofibrinogenemia, intense local hemorrhage, oxidative/nitrosative stress and an exacerbated inflammatory response. Patient tratement still presents challenges since antivenom therapy presents limitation regarding its actions. On a previous study, rutin potential was demonstrated as a possible complementary agent to snakebites. Rutin possessed a range of activities, however its use presents limitations due to its low hydrosolubility. Therefore, this project was initiated by modifying rutin chemically by succinylation, resulting in the water-soluble compound rutin succinate. Rutin succinate demonstrated similar characteristic activities as rutin in vitro, as an antioxidant and inhibitor of protein disulfide isomerase (PDI). Tests in vitro were performed to compared rutin and rutin succinate to evaluate possible inhibitory activities against BjV. Differently from rutin, rutin succinate showed inhibitory potential regarding the major protein family in BjV (metalloproteinases). In vivo experimental envenomation tests were carried out using 2 and 3 LD50 (lethal dose 50%) of BjV, which showed that rutins induce an improved recovery of hemostatic parameters altered by envenomation. Furthermore, rutin and rutin succinate were able to neutralize BjV toxic effects and prevent venom-induced mortality of mice. Posteriorly, in vivo tests were perfomed with a sublethal dose of BjV to assess coagulation and inflammation parameters and local hemorrhage. Rutin succinate pre-incubated with BjV inhibited important metalloproteinases activities, completely abolished local hemorrhage and decreased levels of the pro-inflammatory cytokine IL-6. Results also demonstrated that tissue factor (TF) has a protective hemostatic role in envenomation. Differently, endotoxemia an experimental model with better elucidated mechanism induces pro-coagulant and proinflammatory states dependent of TF. In despite of differences between the two models, an increase in genes that code acute phase proteins was observed in envenomation and endotoxemia. As on envenomation, rutins presented an anti-inflammatory activity on endotoxemia, however in a more limited manner. Therefore, rutin and rutin succinate demonstrated different mechanisms of action regarding venom and beneficial effects when administrated as treatments in both envenomation and endotoxemia. In addition, the administration of rutin and rutin succinate associated or not to antivenom improved the recovery of thrombocytopenia and fibrinogen levels and diminished local hemorrhage, showing great potential as treatments for snakebitesBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPSantoro, Marcelo LaramiSachetto, Ana Teresa Azevedo2022-03-25info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5167/tde-09062022-120542/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2022-06-14T12:19:13Zoai:teses.usp.br:tde-09062022-120542Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212022-06-14T12:19:13Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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O veneno da serpente Bothrops jararaca (BjV) induz diversas alterações deletérias para o organismo como plaquetopenia, hipofibrinogenemia, intensa hemorragia local, estresse oxidativo/nitrosativo e uma resposta inflamatória exacerbada. O tratamento de pacientes picados ainda apresenta desafios, já que a soroterapia possui limitações quanto às suas ações. Em um trabalho anterior do nosso grupo de pesquisa foi demonstrado o potencial da rutina como possível composto terapêutico complementar para o envenenamento. Sabe-se que a rutina possui uma ampla gama de atividades, no entanto seu uso apresenta limitações por ser um composto pouco hidrossolúvel. Desse modo, os estudos desse projeto foram iniciados com a realização de uma modificação química na rutina (succinilação), resultando no composto hidrossolúvel rutina succinil, que demonstrou possuir atividades características da rutina in vitro, como antioxidante e inibidora da isomerase dissulfeto proteico (PDI). A seguir foram realizados testes in vitro comparativos entre a rutina e a rutina succinil para avaliar as suas atividades de inibição de diferentes atividades do BjV. Diferentemente da rutina, a rutina succinil demonstrou potencial inibitório em relação a atividades da família majoritária do veneno (metaloproteinases). Visto o potencial da rutina e rutina succinil, experimentos in vivo foram iniciados com camundongos utilizando 2 e 3 DL50 (dose letal 50%) de BjV, os quais demonstraram que as rutinas induzem uma melhor recuperação de parâmetros hemostáticos alterados pelo envenenamento. Ademais, a rutina e rutina succinil foram capazes de neutralizar os efeitos tóxicos do BjV e impedir a mortalidade de camundongos induzida pelo envenenamento. Posteriormente, foram realizados ensaios in vivo com uma dose subletal do BjV para a avaliação de parâmetros da coagulação, inflamação e hemorragia local. Congruentemente com os resultados in vitro, quando pré-incubada com o BjV, a rutina succinil inibiu importantes ações das metaloproteinases do veneno, abolindo completamente a hemorragia local e diminuindo os níveis da citocina próinflamatória IL-6. Os resultados também demonstraram que o fator tissular (TF) apresenta um papel protetor pró-hemostático no envenenamento. Diferentemente, a endotoxemia um modelo experimental com mecanismos melhor elucidados induz estados prócoagulante e pró-inflamatório dependente da atividade de TF. Apesar da diferença entre os dois modelos, foi observado aumento de genes que codificam proteínas de fase aguda tanto no envenenamento quanto endotoxemia. Assim como no envenenamento, as rutinas apresentaram ação anti-inflamatória na endotoxemia, porém de forma mais limitada. Portanto, a rutina e rutina succinil demonstram ter diferentes mecanismos de ação em relação ao veneno e efeitos benéficos ao serem administradas como tratamento do envenenamento e da endotoxemia. Ademais, a administração da rutina e rutina succinil associadas ou não ao soro antiofídico auxiliaram na recuperação da contagem plaquetárias e dos níveis de fibrinogênio plasmático, além de diminuir a hemorragia local, demonstrando grande potencial como tratamentos de envenenamentos por serpentes |
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