A cefaleia na fase tardia da trombose venosa cerebral

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bossoni, Alexandre Souza
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: eng
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5138/tde-18042022-104324/
Resumo: Introdução: A Trombose Venosa Cerebral (TVC) é responsável por aproximadamente 0,5% a 1% de todos os eventos cerebrovasculares. Seus principais fatores de risco são a gestação, o puerpério e o uso de contraceptivos hormonais. É considerada uma doença de bom prognóstico, tendo uma mortalidade estimada ao redor de 8% e, na maioria dos casos, os pacientes apresentam pontuação de zero ou 1 na Escala Modificada de Rankin entre seis e 12 meses após o diagnóstico e o tratamento. A cefaleia é o principal sintoma de apresentação da TVC e pode ser o único sintoma em até 25% dos casos. Há poucas informações disponíveis sobre a evolução da dor, dias a meses após a TVC (cefaleia pós-TVC, CPT). Objetivos: Os objetivos desse estudo foram descrever a frequência, as características e possíveis preditores clínicos/de imagem da CPT. Adicionalmente, comparamos características da CPT com características de cefaleias relatadas remotamente, antes da TVC. Métodos: Nesse estudo transversal foram incluídos 100 pacientes que haviam apresentado TVC confirmada por exame de imagem entre 6 meses e 5 anos antes do momento da inclusão no estudo. Foram avaliadas características demográficas, clínicas e de neuroimagem em todos os pacientes. Foram realizadas entrevistas estruturadas para avaliar detalhadamente características de cefaleias presentes cefaleia antes, no momento do diagnóstico e na fase crônica após a TVC. Humor, qualidade de vida e abuso de analgésicos também foram avaliados. As características dos sujeitos que relataram (GrupoCPT) e não relataram (GroupoControle) foram comparadas com testes qui-quadrado, t-Student independente ou teste de Mann-Whitney, de acordo com a natureza e distribuição dos dados. Os tipos de CPT foram comparados com testes do qui-quadrado. Valores de p <0,05 foram considerados estatisticamente significativos.No GrupoCPT, testes de Wilcoxon foram usados para comparar: presença de cefaléia (sim ou não) remotamente da TVC e na fase crônica após a TVC; o tipo de cefaleia no momento do diagnóstico de acordo com os critérios da International Headache Society e o tipo de cefaleia remota anterior à TVC. Resultados: A CPT ocorreu em 59% dos pacientes, foi diferente da cefaleia que levou ao diganóstico de TVC e frequentemente (98,3%) preencheu critérios para cefaleia primária. O único preditor de CPT foi o antecedente de cefaleia remota, antes do diagnóstico de TVC. Em pacientes com CPT, sintomas de depressão (p=0.002), ansiedade (p=0.028) e abuso de analgésicos (p < 0.001) foram significativamente mais frequentes que em pacientes sem CPT. O tipo mais comum de CPT preencheu critérios de cefaleia tipo tensão. Uma cefaleia secundária foi diagnosticada em 1/59 (1,7%) dos indivíduos com CPT. Conclusão: A CPT foi frequente entre os sobreviventes de TVC. O único fator de risco para a CPT foi o antecedente de cefaleia remota. A CPT teve características semelhantes às de cefaleias primárias. Pacientes com CPT frequentemente relataram dor de intensidade moderada ou intensa e apresentaram sintomas de ansiedade, depressão ou uso excessivo de analgésicos. Esses resultados indicam a necessidade de estudos multicêntricos sobre critérios diagnósticos, mecanismos subjacentes, prevenção e tratamento da CPT
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Objetivos: Os objetivos desse estudo foram descrever a frequência, as características e possíveis preditores clínicos/de imagem da CPT. Adicionalmente, comparamos características da CPT com características de cefaleias relatadas remotamente, antes da TVC. Métodos: Nesse estudo transversal foram incluídos 100 pacientes que haviam apresentado TVC confirmada por exame de imagem entre 6 meses e 5 anos antes do momento da inclusão no estudo. Foram avaliadas características demográficas, clínicas e de neuroimagem em todos os pacientes. Foram realizadas entrevistas estruturadas para avaliar detalhadamente características de cefaleias presentes cefaleia antes, no momento do diagnóstico e na fase crônica após a TVC. Humor, qualidade de vida e abuso de analgésicos também foram avaliados. As características dos sujeitos que relataram (GrupoCPT) e não relataram (GroupoControle) foram comparadas com testes qui-quadrado, t-Student independente ou teste de Mann-Whitney, de acordo com a natureza e distribuição dos dados. Os tipos de CPT foram comparados com testes do qui-quadrado. Valores de p <0,05 foram considerados estatisticamente significativos.No GrupoCPT, testes de Wilcoxon foram usados para comparar: presença de cefaléia (sim ou não) remotamente da TVC e na fase crônica após a TVC; o tipo de cefaleia no momento do diagnóstico de acordo com os critérios da International Headache Society e o tipo de cefaleia remota anterior à TVC. Resultados: A CPT ocorreu em 59% dos pacientes, foi diferente da cefaleia que levou ao diganóstico de TVC e frequentemente (98,3%) preencheu critérios para cefaleia primária. O único preditor de CPT foi o antecedente de cefaleia remota, antes do diagnóstico de TVC. Em pacientes com CPT, sintomas de depressão (p=0.002), ansiedade (p=0.028) e abuso de analgésicos (p < 0.001) foram significativamente mais frequentes que em pacientes sem CPT. O tipo mais comum de CPT preencheu critérios de cefaleia tipo tensão. Uma cefaleia secundária foi diagnosticada em 1/59 (1,7%) dos indivíduos com CPT. Conclusão: A CPT foi frequente entre os sobreviventes de TVC. O único fator de risco para a CPT foi o antecedente de cefaleia remota. A CPT teve características semelhantes às de cefaleias primárias. Pacientes com CPT frequentemente relataram dor de intensidade moderada ou intensa e apresentaram sintomas de ansiedade, depressão ou uso excessivo de analgésicos. Esses resultados indicam a necessidade de estudos multicêntricos sobre critérios diagnósticos, mecanismos subjacentes, prevenção e tratamento da CPTBackground: Cerebral venous thrombosis (CVT) is a rare cause of stroke, being responsible for 0.5% to 1% of all cerebrovascular events. The main risk factors are pregnancy, puerperium and oral contraception. The prognosis of this condition is considered good. The mortality rate in patients with CVT is approximately 8% and scores in the modified Rankin scale range from 0 to 1, six to 12 months after diagnosis and treatment. Headache is the main presenting symptom of this condition and can be the only symptom in up to 25% of the cases. There are no pathognomonic patterns of pain for CVT diagnosis. There is limited information about the progress of pain, weeks to months after CVT (post-CVT headache, PCH). Objective: The aims of this study were to describe the frequency, characteristics and potential clinical/imaging predictors of PCH. In addition, we compared characteristics of PCH and headaches reported remotely, prior to CVT. Methods: This cross-sectional study included 100 patients within 6 months to 5 years after CVT. Demographic, clinical and neuroimaging characteristics were evaluated in all patients. Structured interviews were conducted to assess in detail the characteristics of headaches present before, at the time of diagnosis and in the chronic phase after CVT. Mood, quality of life and analgesic abuse were also assessed. Characteristics of subjects who reported (GroupPCH) and did not report (GroupControl) PCH were compared with chi-square tests, independent t-Student or Mann-Whitney tests, according to the nature and distribution of the data. Types of PCH were compared with chi-square tests. P-values < 0.05 were considered statistically significant. In GroupPCH, Wilcoxon tests were used to compare: headache status (yes or no) remotely from CVT and in the chronic phase after CVT; the type of headache at the time of diagnosis according to IHS criteria and the type of remote headache prior to CVT. Results: PCH was present in 59% of the patients, was different from the headache that led to CVT diagnosis and often (98.3%) fulfilled criteria for primary headaches. The only predictor of PCH was history of headache prior to CVT (p=0.002). Symptoms of depression (p=0.002), anxiety (p=0.028) and analgesic overuse (p < 0.001) were significantly more common in GroupPCH than in GroupControl. The most common type of PCH fulfilled criteria for tension-type headache. A secondary headache was diagnosed in 1/59 (1.7%) of subjects with PCH. Conclusion: PCH was frequent among CVT survivors. The only risk factor for PCH was the history of remote headache. PCH shared characteristics with primary headaches. Secondary headaches were rare. Patients with PCH often reported pain with moderate or severe intensity and presented symptoms of anxiety, depression or analgesic overuse. These results pave the way for future multicenter studies about diagnostic criteria, underlying mechanisms, prevention and treatment of PCHBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPConforto, Adriana BastosBossoni, Alexandre Souza2022-02-17info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5138/tde-18042022-104324/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesseng2022-04-18T14:35:58Zoai:teses.usp.br:tde-18042022-104324Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212022-04-18T14:35:58Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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