Atividade de estudo na adolescência: uma intervenção na atividade pedagógica no 6º ano do ensino fundamental
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48138/tde-19082024-101705/ |
Resumo: | Ao ingressar no 6º ano do ensino fundamental, os estudantes apresentam expectativas quanto à nova realidade escolar: novos conteúdos, novas interpretações da realidade e novos convívios sociais, sugerindo, assim, uma nova situação social de desenvolvimento. Aos olhos dos professores, esse contexto convoca uma preocupação quanto à perda do interesse pelas tarefas escolares, gerando dúvidas em sua condução pedagógica nessa etapa escolar, que coincide com o início da adolescência. De acordo com a periodização histórico-cultural do desenvolvimento, no início dessa fase, ocorre a transição da atividade de estudo para a atividade de comunicação íntima-pessoal (Elkonin,1987; Dragunova, 1980). O fato de a nova atividade-guia estar relacionada à esfera da relação entre pares parece distanciar a potencialidade das novas relações de estudo na adolescência. Diante disso, considerando a particularidade da atividade pedagógica, que é a unidade entre a atividade de ensino e a atividade de estudo (Asbahr, 2005; Bernardes, 2012), investigamos as condições concretas da atividade pedagógica para a constituição dos estudantes do 6º ano como sujeitos da atividade de estudo. Sob a base ontológica do método materialista histórico-dialético, dos pressupostos teóricos da psicologia histórico-cultural, realizamos no 2º semestre de 2019 uma intervenção no Colégio da Polícia Militar do Paraná, de Curitiba. Participaram da pesquisa dois professores, de Ciências e História, e 27 estudantes de uma turma de 6º ano. Do ponto de vista metodológico, sob o respaldo do método genético-experimental (Vygotski, 2012c) e de alguns princípios do ensino desenvolvimental (Davídov, 1988), o processo investigativo foi desdobrado da seguinte forma: observação em sala de aula, rodas de conversa com os estudantes, reuniões de elaboração de tarefas de estudo com professores e aulas de aplicação das tarefas de estudo, envolvendo professores, estudantes e pedagoga-pesquisadora. No processo analítico dos dados, consideramos as seguintes abstrações auxiliares: I) relações institucionais acerca da atividade de estudo; II) condução pedagógica no 6º ano: a atividade de estudo e de ensino em movimento; III) imbricamento das singularidades dos estudantes, professores e pedagoga-pesquisadora na totalidade da atividade pedagógica. Nessa direção, a atividade criadora dos professores manteve-se em evidência e contou com a intermediação da pedagoga-pesquisadora, abrindo espaço para concretude da realidade escolar com suas particularidades, especificidades e necessidades dos sujeitos em atividade. Diante do percurso criativo teórico-prático desta pesquisa, constatamos possíveis caminhos para a atividade de estudo na adolescência. Os estudantes não apresentam apenas a necessidade de se comunicar com seus pares, mas de vivenciar conceitos, agir, investigar, assumir um papel social. Isso evidencia a necessidade de uma condução pedagógica que potencialize a relação mútua entre o ensino escolar e as singularidades da adolescência, que promova a formação do pensamento teórico, da reflexividade e da capacidade de estudar. Por meio da transição gradativa de tarefas de estudo orientadas às tarefas de estudo autônomas, tendo a esfera motivacional afetiva-cognitiva-volitiva como unidade interfuncional, os estudantes adolescentes poderiam desenvolver a autorregulação do processo de estudo e a autotransformação como sujeitos conscientes, criativos e autônomos. |
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Atividade de estudo na adolescência: uma intervenção na atividade pedagógica no 6º ano do ensino fundamental Learning activity in adolescence: an intervention onto the pedagogical activity in the 6th grade of elementary/middle school6th grade in elementary/middle school6º ano do ensino fundamentaladolescenceAdolescênciaatividade de estudoatividade pedagógicahistorical-cultural psychologylearning activitypedagogical activitypsicologia histórico-culturalAo ingressar no 6º ano do ensino fundamental, os estudantes apresentam expectativas quanto à nova realidade escolar: novos conteúdos, novas interpretações da realidade e novos convívios sociais, sugerindo, assim, uma nova situação social de desenvolvimento. Aos olhos dos professores, esse contexto convoca uma preocupação quanto à perda do interesse pelas tarefas escolares, gerando dúvidas em sua condução pedagógica nessa etapa escolar, que coincide com o início da adolescência. De acordo com a periodização histórico-cultural do desenvolvimento, no início dessa fase, ocorre a transição da atividade de estudo para a atividade de comunicação íntima-pessoal (Elkonin,1987; Dragunova, 1980). O fato de a nova atividade-guia estar relacionada à esfera da relação entre pares parece distanciar a potencialidade das novas relações de estudo na adolescência. Diante disso, considerando a particularidade da atividade pedagógica, que é a unidade entre a atividade de ensino e a atividade de estudo (Asbahr, 2005; Bernardes, 2012), investigamos as condições concretas da atividade pedagógica para a constituição dos estudantes do 6º ano como sujeitos da atividade de estudo. Sob a base ontológica do método materialista histórico-dialético, dos pressupostos teóricos da psicologia histórico-cultural, realizamos no 2º semestre de 2019 uma intervenção no Colégio da Polícia Militar do Paraná, de Curitiba. Participaram da pesquisa dois professores, de Ciências e História, e 27 estudantes de uma turma de 6º ano. Do ponto de vista metodológico, sob o respaldo do método genético-experimental (Vygotski, 2012c) e de alguns princípios do ensino desenvolvimental (Davídov, 1988), o processo investigativo foi desdobrado da seguinte forma: observação em sala de aula, rodas de conversa com os estudantes, reuniões de elaboração de tarefas de estudo com professores e aulas de aplicação das tarefas de estudo, envolvendo professores, estudantes e pedagoga-pesquisadora. No processo analítico dos dados, consideramos as seguintes abstrações auxiliares: I) relações institucionais acerca da atividade de estudo; II) condução pedagógica no 6º ano: a atividade de estudo e de ensino em movimento; III) imbricamento das singularidades dos estudantes, professores e pedagoga-pesquisadora na totalidade da atividade pedagógica. Nessa direção, a atividade criadora dos professores manteve-se em evidência e contou com a intermediação da pedagoga-pesquisadora, abrindo espaço para concretude da realidade escolar com suas particularidades, especificidades e necessidades dos sujeitos em atividade. Diante do percurso criativo teórico-prático desta pesquisa, constatamos possíveis caminhos para a atividade de estudo na adolescência. Os estudantes não apresentam apenas a necessidade de se comunicar com seus pares, mas de vivenciar conceitos, agir, investigar, assumir um papel social. Isso evidencia a necessidade de uma condução pedagógica que potencialize a relação mútua entre o ensino escolar e as singularidades da adolescência, que promova a formação do pensamento teórico, da reflexividade e da capacidade de estudar. Por meio da transição gradativa de tarefas de estudo orientadas às tarefas de estudo autônomas, tendo a esfera motivacional afetiva-cognitiva-volitiva como unidade interfuncional, os estudantes adolescentes poderiam desenvolver a autorregulação do processo de estudo e a autotransformação como sujeitos conscientes, criativos e autônomos.When reaching the 6h grade in elementary/middle school, students have expectancies regarding their new school reality: new contents, new interpretations of the reality and a new social conviviality, which then hints a new social situation in their development. In the perspective of teachers, this context entail some concern related to the loss of interest in the school tasks, which raises questions about how to conduct their teaching in this school stage, exactly when students are entering adolescence. According to the historical-cultural periodization of development, at the beginning of this stage, there is a transition from the learning activity toward the activity of intimate-personal communication (Elkonin,1987; Dragunova, 1980). The fact that the new guiding activity is related to the sphere of the relationship between and among peers seems pull away the potential of new study relationships in adolescence. In view of that, drawing from the particularity of the pedagogical which is the unity between teaching and the learning activity (Asbahr, 2005; Bernardes, 2012), I have investigated the concrete conditions of the pedagogical activity to turn 6th graders into subjects of the learning activity. Supported by the ontological basis of the historical-dialectical materialist method, by the theoretical assumptions of the historical-cultural psychology, along the 2nd half of 2019 I conducted an intervention at the School of the Military Police in the state of Paraná, in the city of Curitiba. Two teachers of Science and of History, participated in the research together with 27 students of 6th grade class. From the methodological viewpoint, supported by the genetic-experimental method (Vygotski, 2012c) and by some principles of the developmental teaching (Davídov, 1988), the investigative processes unfolded as follows: classroom observation, conversation circles with the students, meetings to prepare study tasks with teachers, and classes when the study tasks were implemented involving teachers, students and the researcher-pedagogue. In order to analyze data, I have considered the following auxiliary abstractions: I) institutional relations about the learning activity; II) pedagogical conduction of the 6th grade: the learning activity and the teaching in movement; III) overlapping the singularities of students, teachers, and the researcher-pedagogue in the totality of the pedagogical activity. In this direction, the creative activity of teachers remained highlighted and was intermediated by the researcher-pedagogue, making room for the concreteness of the school reality with its particularities, specificities, and necessities of the subjects in activity. Looking at the creative theoretical-practical itinerary of this research, I have observed possible paths the learning activity can take in adolescence. Students have not only the need to communicate with their peers but also to experience concepts, to act, investigate, play a social role. This clearly indicates the need for a pedagogical work which potentiates the mutual relationship between school teaching and the singularities of adolescence, to promote the formation of theoretical thinking, reflexivity, and the capacity to study. Based on the gradual transition of study tasks towards the autonomous study tasks, where the motivational emotional-cognitive-volitional dimension is the inter-functional unit, adolescent students might develop self-regulation of the process of study and the self-transformation as subjects that are conscientious, creative, and autonomous.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPBernardes, Maria Eliza MattosinhoMarega, Ágatha Marine Pontes2024-06-28info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48138/tde-19082024-101705/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-08-19T22:38:02Zoai:teses.usp.br:tde-19082024-101705Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-08-19T22:38:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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