Trabalhadores de saúde mental: incoerências, conflitos e alternativas no âmbito da Reforma Psiquiátrica brasileira

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Campos, Fernanda Nogueira
Data de Publicação: 2008
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22131/tde-19122008-153245/
Resumo: O presente trabalho objetivou identificar as contradições e incoerências na práxis de trabalhadores de saúde mental em um Centro de Atenção Psicossocial propondo alternativas de mudança e transformação para as mesmas. Nosso estudo se respaldou pelo pensamento construído na Reforma Psiquiátrica brasileira de que era imprescindível a desconstrução tanto do aparelho físico do manicômio como do saber psiquiátrico. A desinstitucionalização da loucura reconduziria este fenômeno para o corpo social desfazendo o conceito de loucura como doença e des-razão. A investigação lançou mão da metodologia do Teatro do Oprimido aliado ao pensamento sociológico de Boaventura de Sousa Santos que ele intitulou de Sociologia das Ausências e das Emergências. Realizamos encontros com dinâmicas do Teatro do Oprimido, por meio dos jogos e cenas improvisadas foi possível visualizar conflitos e idéias do grupo, anotadas por meio de uma observação externa e outra participante. A análise dos dados contou com o trabalho de se pensar e dar sentidos às contradições e incoerências percebidas e vislumbrar possibilidades de mudança por meio de uma sociologia das emergências. Estas contradições se referiram ao posicionamento hierárquico de reputação dentro da instituição, à delegação de voz a um mesmo sujeito em posição considerada superior, em detrimento do compartilhamento de conhecimentos, idéias e ideais por meio da sedução e do contágio. Contradições também ligadas à manutenção de certos termos classificatórios ligados ao saber psiquiátrico tradicional foram descritos e discutidos, bem como a percepção e crítica da formação de um novo saber que substitui o psiquiátrico e que chamamos de psicossocial. O paradoxo da revoluçãoreforma nos possibilitou pensar o quanto já se instituiu do movimento revolucionário chamado Reforma e pensar ainda os desafios e possibilidades a frente. Sugerimos uma comunicação, que já vem se iniciando, entre saberes e práticas sociais e incrementamos o método do Teatro do Oprimido para viabilizar um Teatro das Emergências. Nossas considerações finais assinalaram que mesmo diante da dinâmica revolução-reforma que coloca a instituição a serviço da regulação a mesma ainda possui alguma autonomia diante de outros serviços inteiramente públicos que ficam a mercê das políticas federais e locais e nem sempre sustentam seus projetos e grupos. A autonomia do CAPS do terceiro setor o permite trafegar com maior liberdade pelo público, privado e pelo movimento social, sendo contemplado com recursos financeiros e humanos de setores distintos e podendo abrir estágios, pesquisas, cursos e práticas alternativas sem prestar contas de todas as suas ações. Ao mesmo tempo, que o convênio estatal garante o princípio do prazer, é fator de grandes tensões entre os sujeitos que são pressionados a cumprir com os protocolos burocráticos. Ainda assim mantém uma direção a favor da Reforma e singularmente resistente às cristalizações da mesma.
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A investigação lançou mão da metodologia do Teatro do Oprimido aliado ao pensamento sociológico de Boaventura de Sousa Santos que ele intitulou de Sociologia das Ausências e das Emergências. Realizamos encontros com dinâmicas do Teatro do Oprimido, por meio dos jogos e cenas improvisadas foi possível visualizar conflitos e idéias do grupo, anotadas por meio de uma observação externa e outra participante. A análise dos dados contou com o trabalho de se pensar e dar sentidos às contradições e incoerências percebidas e vislumbrar possibilidades de mudança por meio de uma sociologia das emergências. Estas contradições se referiram ao posicionamento hierárquico de reputação dentro da instituição, à delegação de voz a um mesmo sujeito em posição considerada superior, em detrimento do compartilhamento de conhecimentos, idéias e ideais por meio da sedução e do contágio. Contradições também ligadas à manutenção de certos termos classificatórios ligados ao saber psiquiátrico tradicional foram descritos e discutidos, bem como a percepção e crítica da formação de um novo saber que substitui o psiquiátrico e que chamamos de psicossocial. O paradoxo da revoluçãoreforma nos possibilitou pensar o quanto já se instituiu do movimento revolucionário chamado Reforma e pensar ainda os desafios e possibilidades a frente. Sugerimos uma comunicação, que já vem se iniciando, entre saberes e práticas sociais e incrementamos o método do Teatro do Oprimido para viabilizar um Teatro das Emergências. Nossas considerações finais assinalaram que mesmo diante da dinâmica revolução-reforma que coloca a instituição a serviço da regulação a mesma ainda possui alguma autonomia diante de outros serviços inteiramente públicos que ficam a mercê das políticas federais e locais e nem sempre sustentam seus projetos e grupos. A autonomia do CAPS do terceiro setor o permite trafegar com maior liberdade pelo público, privado e pelo movimento social, sendo contemplado com recursos financeiros e humanos de setores distintos e podendo abrir estágios, pesquisas, cursos e práticas alternativas sem prestar contas de todas as suas ações. Ao mesmo tempo, que o convênio estatal garante o princípio do prazer, é fator de grandes tensões entre os sujeitos que são pressionados a cumprir com os protocolos burocráticos. Ainda assim mantém uma direção a favor da Reforma e singularmente resistente às cristalizações da mesma.The present work aimed at identifying the contradictions and incoherence of the praxis of mental health workers in a Psychosocial Attention Center, proposing alternatives for their change and transformation. Our studies were based on the thought constructed by the Brazilian Psychiatric Reformation where it was allimportant the deconstruction of both the asylum physical institution and the psychiatric knowledge. The de-institutionalization of madness would lead this phenomenon back to the social body undoing the concept of madness as an illness and de-reason. The investigation laid hold of the Theater of the Oppressed methodology combined with the sociological thought of Boaventura de Sousa Santos who named it Sociology of the Absences and the Emergencies. We carried through meetings using the Theater of the Oppressed dynamics, and by means of games and improvised scenes it was possible to visualize the conflicts and ideas of the group, written down by means of external and participative observation. The analysis of the data counted on the work of thinking and giving sense to the contradictions and noticed incoherence, and to perceive possibilities of change by means of sociology of the emergencies. These contradictions related to the hierarchic positioning of reputation inside the institution, to the delegation of voice to a same person in a position regarded as upper, in detriment of the sharing of knowledge, ideas and ideals by means of seduction and contagion. Contradictions also linked to the keeping of certain classificatory terms that tend to lead back to the traditional psychiatric knowledge were described and discussed as well like a construction of a new knowledge, the psychosocial. The paradox of the revolution-reformation enabled us to think about the much we have already instituted of the revolutionary movement called Reformation and yet to think the forthcoming challenges and possibilities. We suggested a communication, that is starting already, between knowledge and social practices and we also elaborated the Theater of the Oppressed method so as to make the Theater of the Emergencies feasible. Our final considerations indicated that even with the dynamic revolution-reformation that places the institution at the service of the regulation, it still has some autonomy compared to other entirely public services that are at the mercy of the federal and local policies and that not always support their projects and groups. The CAPS autonomy of the third sector allows it to transit with wider freedom by the public and private sectors as well as by the social movement, being provided with financial and human resources from distinct sectors and being able to open probation periods, research, courses and practical alternatives without requesting for the state licence or reporting on all its actions and objectives. At the same time that the state accord assures it, the principle of pleasure is a factor of great stress among people who are pressed to meet with the bureaucratic protocols. Nevertheless they keep a direction in favor of the Reformation and particularly resistant to its crystallizations.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPSaeki, ToyokoCampos, Fernanda Nogueira2008-12-02info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22131/tde-19122008-153245/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:09:57Zoai:teses.usp.br:tde-19122008-153245Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:09:57Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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