Correlação entre volume coclear residual pós-labirintite ossificante e medidas de impedância dos eletrodos intracocleares em pacientes submetidos à cirurgia de implante coclear

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pauna, Henrique Furlan
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17150/tde-07092020-101444/
Resumo: Introdução: A meningite bacteriana é uma das causas mais comuns de perda auditiva neurossensorial profunda adquirida, com obstrução coclear secundária à labirintite ossificante. A inserção de um implante coclear no cenário de labirintite ossificante é um desafio até para os cirurgiões mais experientes. Recomenda-se o implante coclear precoce nesse cenário para aumentar a probabilidade de alcançar uma inserção completa do conjunto de eletrodos. A impedância do eletrodo é a primeira avaliação objetiva realizada durante o procedimento cirúrgico e durante o acompanhamento dos pacientes implantados e fornece informações sobre a integridade dos eletrodos e o ambiente intracoclear. Objetivos: Determinar os valores de impedância após o implante coclear em pacientes surdos pós-meningite, correlacionando com o volume coclear residual e obliteração coclear e comparando diferenças entre os segmentos cocleares. Material e Métodos: Pacientes surdos pós-meningite e aqueles com perda auditiva idiopática (controle) submetidos à cirurgia do implante coclear (dispositivo Cochlear®) foram incluídos no estudo. Os valores de impedância no modo \"terra comum\" (CG) e no modo monopolar (MP1+2) nos segmentos basal, médio e apical foram calculados para cada grupo (no período intraoperatório e após um ano da cirurgia). O grau de ossificação da cóclea foi avaliado a partir de uma tomografia computadorizada, enquanto o grau de obliteração foi determinado no intraoperatório pelo cirurgião. Foi realizada reconstrução tridimensional do lúmen coclear residual por meio do exame de ressonância nuclear magnética, pré-operatório, para correlação com os valores de impedância. Resultados: Foram incluídos 14 pacientes no grupo com histórico de meningite e 34 no grupo com perda auditiva idiopática. Sinais de calcificação coclear foram identificados nos exames de tomografia computadorizada de oito pacientes com histórico de meningite e em apenas um paciente no grupo idiopático. O volume coclear residual foi maior no grupo com perda auditiva idiopática (p=0,0145). No entanto, não houve correlação com o tempo de perda auditiva e tampouco com os limiares auditivos pré-operatórios. Verificou-se correlação fraca entre volume coclear residual e limiares auditivos pós-operatórios somente no grupo com perda auditiva idiopática (r=0,39; p=0,0222). Foram observadas alterações significativas nas impedâncias dos eletrodos mediais e apicais em ambos os grupos após um ano da cirurgia, embora sem diferenças entre o grupo de pacientes com antecedente de meningite e o grupo idiopático. Discussão: Pacientes com implante coclear exibem impedâncias mais altas nos eletrodos do giro basal, independentemente do grau de ossificação coclear. Altas impedâncias no grupo da meningite podem ser explicadas por alterações na superfície do eletrodo. Esse comportamento ressalta a importância da persistência de fatores intracocleares na influência de parâmetros de ajuste no segmento basal. Conclusões: Os pacientes com implante coclear por surdez relacionada à meningite mostraram impedâncias com comportamento semelhante àquelas do grupo com perda auditiva idiopática, mesmo na região do giro basal, independentemente do grau de ossificação coclear. Para otimizar o resultado do implante coclear nos casos pós-meningite, é aconselhável a cirurgia antes do início da ossificação coclear.
id USP_cece0ab8195bfb1a5f74bccc25c48392
oai_identifier_str oai:teses.usp.br:tde-07092020-101444
network_acronym_str USP
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository_id_str 2721
spelling Correlação entre volume coclear residual pós-labirintite ossificante e medidas de impedância dos eletrodos intracocleares em pacientes submetidos à cirurgia de implante coclearCorrelation between residual cochlear volume after labyrinthitis ossificans and impedance measurements of intracochlear electrodes in patients undergoing cochlear implant surgeryCochlear implantHearing lossHearing rehabilitationImpedanceImpedânciometriaImplante coclearLabirintite ossificanteLabyrinthitis ossificansMeningiteMeningitisPerda auditivaReabilitação auditivaIntrodução: A meningite bacteriana é uma das causas mais comuns de perda auditiva neurossensorial profunda adquirida, com obstrução coclear secundária à labirintite ossificante. A inserção de um implante coclear no cenário de labirintite ossificante é um desafio até para os cirurgiões mais experientes. Recomenda-se o implante coclear precoce nesse cenário para aumentar a probabilidade de alcançar uma inserção completa do conjunto de eletrodos. A impedância do eletrodo é a primeira avaliação objetiva realizada durante o procedimento cirúrgico e durante o acompanhamento dos pacientes implantados e fornece informações sobre a integridade dos eletrodos e o ambiente intracoclear. Objetivos: Determinar os valores de impedância após o implante coclear em pacientes surdos pós-meningite, correlacionando com o volume coclear residual e obliteração coclear e comparando diferenças entre os segmentos cocleares. Material e Métodos: Pacientes surdos pós-meningite e aqueles com perda auditiva idiopática (controle) submetidos à cirurgia do implante coclear (dispositivo Cochlear®) foram incluídos no estudo. Os valores de impedância no modo \"terra comum\" (CG) e no modo monopolar (MP1+2) nos segmentos basal, médio e apical foram calculados para cada grupo (no período intraoperatório e após um ano da cirurgia). O grau de ossificação da cóclea foi avaliado a partir de uma tomografia computadorizada, enquanto o grau de obliteração foi determinado no intraoperatório pelo cirurgião. Foi realizada reconstrução tridimensional do lúmen coclear residual por meio do exame de ressonância nuclear magnética, pré-operatório, para correlação com os valores de impedância. Resultados: Foram incluídos 14 pacientes no grupo com histórico de meningite e 34 no grupo com perda auditiva idiopática. Sinais de calcificação coclear foram identificados nos exames de tomografia computadorizada de oito pacientes com histórico de meningite e em apenas um paciente no grupo idiopático. O volume coclear residual foi maior no grupo com perda auditiva idiopática (p=0,0145). No entanto, não houve correlação com o tempo de perda auditiva e tampouco com os limiares auditivos pré-operatórios. Verificou-se correlação fraca entre volume coclear residual e limiares auditivos pós-operatórios somente no grupo com perda auditiva idiopática (r=0,39; p=0,0222). Foram observadas alterações significativas nas impedâncias dos eletrodos mediais e apicais em ambos os grupos após um ano da cirurgia, embora sem diferenças entre o grupo de pacientes com antecedente de meningite e o grupo idiopático. Discussão: Pacientes com implante coclear exibem impedâncias mais altas nos eletrodos do giro basal, independentemente do grau de ossificação coclear. Altas impedâncias no grupo da meningite podem ser explicadas por alterações na superfície do eletrodo. Esse comportamento ressalta a importância da persistência de fatores intracocleares na influência de parâmetros de ajuste no segmento basal. Conclusões: Os pacientes com implante coclear por surdez relacionada à meningite mostraram impedâncias com comportamento semelhante àquelas do grupo com perda auditiva idiopática, mesmo na região do giro basal, independentemente do grau de ossificação coclear. Para otimizar o resultado do implante coclear nos casos pós-meningite, é aconselhável a cirurgia antes do início da ossificação coclear.Introduction: Bacterial meningitis is one of the most common causes of profound sensorineural hearing loss acquired with cochlear obstruction secondary to ossifying labyrinthitis. The insertion of a cochlear implant in the ossifying labyrinthitis scenario is a challenge for even the most experienced surgeons. Early cochlear implantation is recommended in this scenario to increase the likelihood of achieving a complete insertion of the set of electrodes. Electrode impedance is the first objective assessment performed during the surgical procedure and during the follow-up of implanted patients and provides information on the integrity of the electrodes and the intracochlear environment. Objectives: To determine the impedance values after cochlear implantation of deaf patients after meningitis, correlating with residual cochlear volume and cochlear obliteration and comparing differences between cochlear segments. Material and Method: Post-meningitis deaf patients and idiopathic deaf patients (control) who underwent cochlear implant surgery (Cochlear® device) were included in the study. The impedance values calculated in \"common ground\" (CG) and monopolar (MP1+2) modes in the basal, middle and apical segments were calculated for each group (during the intraoperative period and after one year of surgery). The degree of ossification of the cochlea was assessed using a computed tomography scan while the degree of obliteration was determined intraoperatively by the surgeon. Three-dimensional reconstruction of the residual cochlear lumen was performed with preoperative nuclear magnetic resonance exams, for correlation with the impedance values. Results: Fourteen patients were included in the group with a history of meningitis and 34 patients in the group with idiopathic deafness. Signs of cochlear calcification were identified in computed tomography exams in 8 patients with a history of meningitis and in only one patient in the idiopathic group. Residual cochlear volume was higher in the group with idiopathic deafness (p=0.0145). However, there was no correlation with time of deafness and there was no correlation with preoperative hearing thresholds. We found a weak correlation between residual cochlear volume and postoperative hearing thresholds in the idiopathic deafness group only (r=0.39; p=0.0222). We observed significant changes in the impedances of the medial and apical electrodes in both groups after one year of surgery, although there were no differences between the group of patients with a history of meningitis and patients in the idiopathic group. Discussion: Patients with cochlear implants exhibit higher impedances in the electrodes of the basal turn, however, not correlatedwith the degree of cochlear ossification. High impedances in the meningitis group can be explained by changes on the electrode surface. This behavior highlights the importance of the persistence of intra-cochlear factors in the influence of adjustment parameters in the basal segment. Conclusions: Patients with cochlear implants due to deafness related to meningitis exhibit impedances with similar behavior to those with idiopathic deafness, even in the basal turn, regardless of the degree of cochlear ossification. In order to optimize the result of the cochlear implant in post-meningitis cases, surgery at an early stage before the start of cochlear ossification is advisable.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPHyppolito, Miguel AngeloPauna, Henrique Furlan2020-06-25info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17150/tde-07092020-101444/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2020-10-22T20:48:02Zoai:teses.usp.br:tde-07092020-101444Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212020-10-22T20:48:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.none.fl_str_mv Correlação entre volume coclear residual pós-labirintite ossificante e medidas de impedância dos eletrodos intracocleares em pacientes submetidos à cirurgia de implante coclear
Correlation between residual cochlear volume after labyrinthitis ossificans and impedance measurements of intracochlear electrodes in patients undergoing cochlear implant surgery
title Correlação entre volume coclear residual pós-labirintite ossificante e medidas de impedância dos eletrodos intracocleares em pacientes submetidos à cirurgia de implante coclear
spellingShingle Correlação entre volume coclear residual pós-labirintite ossificante e medidas de impedância dos eletrodos intracocleares em pacientes submetidos à cirurgia de implante coclear
Pauna, Henrique Furlan
Cochlear implant
Hearing loss
Hearing rehabilitation
Impedance
Impedânciometria
Implante coclear
Labirintite ossificante
Labyrinthitis ossificans
Meningite
Meningitis
Perda auditiva
Reabilitação auditiva
title_short Correlação entre volume coclear residual pós-labirintite ossificante e medidas de impedância dos eletrodos intracocleares em pacientes submetidos à cirurgia de implante coclear
title_full Correlação entre volume coclear residual pós-labirintite ossificante e medidas de impedância dos eletrodos intracocleares em pacientes submetidos à cirurgia de implante coclear
title_fullStr Correlação entre volume coclear residual pós-labirintite ossificante e medidas de impedância dos eletrodos intracocleares em pacientes submetidos à cirurgia de implante coclear
title_full_unstemmed Correlação entre volume coclear residual pós-labirintite ossificante e medidas de impedância dos eletrodos intracocleares em pacientes submetidos à cirurgia de implante coclear
title_sort Correlação entre volume coclear residual pós-labirintite ossificante e medidas de impedância dos eletrodos intracocleares em pacientes submetidos à cirurgia de implante coclear
author Pauna, Henrique Furlan
author_facet Pauna, Henrique Furlan
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Hyppolito, Miguel Angelo
dc.contributor.author.fl_str_mv Pauna, Henrique Furlan
dc.subject.por.fl_str_mv Cochlear implant
Hearing loss
Hearing rehabilitation
Impedance
Impedânciometria
Implante coclear
Labirintite ossificante
Labyrinthitis ossificans
Meningite
Meningitis
Perda auditiva
Reabilitação auditiva
topic Cochlear implant
Hearing loss
Hearing rehabilitation
Impedance
Impedânciometria
Implante coclear
Labirintite ossificante
Labyrinthitis ossificans
Meningite
Meningitis
Perda auditiva
Reabilitação auditiva
description Introdução: A meningite bacteriana é uma das causas mais comuns de perda auditiva neurossensorial profunda adquirida, com obstrução coclear secundária à labirintite ossificante. A inserção de um implante coclear no cenário de labirintite ossificante é um desafio até para os cirurgiões mais experientes. Recomenda-se o implante coclear precoce nesse cenário para aumentar a probabilidade de alcançar uma inserção completa do conjunto de eletrodos. A impedância do eletrodo é a primeira avaliação objetiva realizada durante o procedimento cirúrgico e durante o acompanhamento dos pacientes implantados e fornece informações sobre a integridade dos eletrodos e o ambiente intracoclear. Objetivos: Determinar os valores de impedância após o implante coclear em pacientes surdos pós-meningite, correlacionando com o volume coclear residual e obliteração coclear e comparando diferenças entre os segmentos cocleares. Material e Métodos: Pacientes surdos pós-meningite e aqueles com perda auditiva idiopática (controle) submetidos à cirurgia do implante coclear (dispositivo Cochlear®) foram incluídos no estudo. Os valores de impedância no modo \"terra comum\" (CG) e no modo monopolar (MP1+2) nos segmentos basal, médio e apical foram calculados para cada grupo (no período intraoperatório e após um ano da cirurgia). O grau de ossificação da cóclea foi avaliado a partir de uma tomografia computadorizada, enquanto o grau de obliteração foi determinado no intraoperatório pelo cirurgião. Foi realizada reconstrução tridimensional do lúmen coclear residual por meio do exame de ressonância nuclear magnética, pré-operatório, para correlação com os valores de impedância. Resultados: Foram incluídos 14 pacientes no grupo com histórico de meningite e 34 no grupo com perda auditiva idiopática. Sinais de calcificação coclear foram identificados nos exames de tomografia computadorizada de oito pacientes com histórico de meningite e em apenas um paciente no grupo idiopático. O volume coclear residual foi maior no grupo com perda auditiva idiopática (p=0,0145). No entanto, não houve correlação com o tempo de perda auditiva e tampouco com os limiares auditivos pré-operatórios. Verificou-se correlação fraca entre volume coclear residual e limiares auditivos pós-operatórios somente no grupo com perda auditiva idiopática (r=0,39; p=0,0222). Foram observadas alterações significativas nas impedâncias dos eletrodos mediais e apicais em ambos os grupos após um ano da cirurgia, embora sem diferenças entre o grupo de pacientes com antecedente de meningite e o grupo idiopático. Discussão: Pacientes com implante coclear exibem impedâncias mais altas nos eletrodos do giro basal, independentemente do grau de ossificação coclear. Altas impedâncias no grupo da meningite podem ser explicadas por alterações na superfície do eletrodo. Esse comportamento ressalta a importância da persistência de fatores intracocleares na influência de parâmetros de ajuste no segmento basal. Conclusões: Os pacientes com implante coclear por surdez relacionada à meningite mostraram impedâncias com comportamento semelhante àquelas do grupo com perda auditiva idiopática, mesmo na região do giro basal, independentemente do grau de ossificação coclear. Para otimizar o resultado do implante coclear nos casos pós-meningite, é aconselhável a cirurgia antes do início da ossificação coclear.
publishDate 2020
dc.date.none.fl_str_mv 2020-06-25
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17150/tde-07092020-101444/
url https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17150/tde-07092020-101444/
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv
dc.rights.driver.fl_str_mv Liberar o conteúdo para acesso público.
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Liberar o conteúdo para acesso público.
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.coverage.none.fl_str_mv
dc.publisher.none.fl_str_mv Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
publisher.none.fl_str_mv Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
dc.source.none.fl_str_mv
reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv virginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.br
_version_ 1809090486591291392