Plasticidade Vocal de Macaco-prego (Sapajus libidinosus)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ferreira, Luíza Gonzalez
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-18042023-164418/
Resumo: A plasticidade fenotípica refere-se à expressão de diferentes fenótipos a partir de um mesmo genótipo. O estudo da plasticidade vocal de primatas pode ser relevante para entender a evolução da fala humana. Essa plasticidade é resultado do aprendizado de produção, que envolve modificar a estrutura acústica da vocalização a partir da experiência auditiva de vocalizações emitidas por outros indivíduos, e do aprendizado contextual, que envolve aprender a emitir e compreender vocalizações em contexto apropriado. Há poucos estudos sobre plasticidade vocal em primatas e resultados contraditórios mostram a necessidade de mais estudos sobre o assunto. O objetivo desse estudo foi investigar o desenvolvimento vocal da produção e do uso de vocalizações de uma população selvagem de macacos-prego (Sapajus libidinosus). A coleta de dados consistiu na gravação de vocalizações emitidas por indivíduos imaturos (até 36 meses de idade) e adultos e registro dos contextos de emissão por uma câmera de vídeo. As vocalizações foram classificadas e pareadas com os vídeos do 1º ano de vida e o desenvolvimento do repertório vocal foi caracterizado ao longo dos três anos. Seis tipos de vocalização foram analisadas acusticamente para entender as mudanças acústicas ao longo do desenvolvimento. Imaturos começam a emitir vocalizações a partir do 2º mês de vida, mas adquirem o repertório vocal gradualmente, não emitindo novos tipos de vocalização após o 2º ano de vida. Até o 6º mês, a associação entre as vocalizações e os contextos não muda, mas a partir dessa idade, imaturos começam a emitir vocalizações em outros contextos. Vocalizações emitidas em contextos mais específicos por adultos foram emitidas em contextos genéricos por infantes, mas a associação entre as vocalizações e os contextos ficou cada vez mais fraca, não havendo uma associação significativa no 12º mês. O desenvolvimento do uso vai além do primeiro ano, e requer experiência entre a emissão da vocalização e o contexto, mas mecanismos inatos influenciam a emissão das vocalizações também. As vocalizações sofreram modificações ao longo do desenvolvimento, mas essas modificações são diferentes para tipos de vocalizações diferentes e estão associadas ao crescimento corporal. Uma única vocalização, o chihui, não teve mudanças nos parâmetros acústicos associadas ao crescimento corporal e é possível que a experiência seja necessária para produzir essa vocalização. Grande parte dos resultados encontrados neste trabalho está de acordo com o padrão de desenvolvimento vocal de mamíferos, revelando trajetórias diferentes em cada aspecto do desenvolvimento das vocalizações. Em relação à produção, os macacosprego têm uma baixa flexibilidade. Já o uso dessas vocalizações é mais flexível, mas ainda limitado a contextos mais amplos dentro de uma mesma categoria
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spelling Plasticidade Vocal de Macaco-prego (Sapajus libidinosus)Vocal Plasticity in Capuchin monkey (Sapajus libidinosus)Aprendizado de produçãoAprendizado de usoDesenvolvimento vocalPlasticidade vocalProduction learningUsage learningVocal developmentVocal plasticityA plasticidade fenotípica refere-se à expressão de diferentes fenótipos a partir de um mesmo genótipo. O estudo da plasticidade vocal de primatas pode ser relevante para entender a evolução da fala humana. Essa plasticidade é resultado do aprendizado de produção, que envolve modificar a estrutura acústica da vocalização a partir da experiência auditiva de vocalizações emitidas por outros indivíduos, e do aprendizado contextual, que envolve aprender a emitir e compreender vocalizações em contexto apropriado. Há poucos estudos sobre plasticidade vocal em primatas e resultados contraditórios mostram a necessidade de mais estudos sobre o assunto. O objetivo desse estudo foi investigar o desenvolvimento vocal da produção e do uso de vocalizações de uma população selvagem de macacos-prego (Sapajus libidinosus). A coleta de dados consistiu na gravação de vocalizações emitidas por indivíduos imaturos (até 36 meses de idade) e adultos e registro dos contextos de emissão por uma câmera de vídeo. As vocalizações foram classificadas e pareadas com os vídeos do 1º ano de vida e o desenvolvimento do repertório vocal foi caracterizado ao longo dos três anos. Seis tipos de vocalização foram analisadas acusticamente para entender as mudanças acústicas ao longo do desenvolvimento. Imaturos começam a emitir vocalizações a partir do 2º mês de vida, mas adquirem o repertório vocal gradualmente, não emitindo novos tipos de vocalização após o 2º ano de vida. Até o 6º mês, a associação entre as vocalizações e os contextos não muda, mas a partir dessa idade, imaturos começam a emitir vocalizações em outros contextos. Vocalizações emitidas em contextos mais específicos por adultos foram emitidas em contextos genéricos por infantes, mas a associação entre as vocalizações e os contextos ficou cada vez mais fraca, não havendo uma associação significativa no 12º mês. O desenvolvimento do uso vai além do primeiro ano, e requer experiência entre a emissão da vocalização e o contexto, mas mecanismos inatos influenciam a emissão das vocalizações também. As vocalizações sofreram modificações ao longo do desenvolvimento, mas essas modificações são diferentes para tipos de vocalizações diferentes e estão associadas ao crescimento corporal. Uma única vocalização, o chihui, não teve mudanças nos parâmetros acústicos associadas ao crescimento corporal e é possível que a experiência seja necessária para produzir essa vocalização. Grande parte dos resultados encontrados neste trabalho está de acordo com o padrão de desenvolvimento vocal de mamíferos, revelando trajetórias diferentes em cada aspecto do desenvolvimento das vocalizações. Em relação à produção, os macacosprego têm uma baixa flexibilidade. Já o uso dessas vocalizações é mais flexível, mas ainda limitado a contextos mais amplos dentro de uma mesma categoriaPlasticity produces different phenotypes from the same genotype. Primate vocal plasticity may be relevant to understanding which aspects are similar and different from human speech. This plasticity is the result of production learning, which involves modifying the acoustic structure of vocalization based on the auditory experience of vocalizations emitted by other individuals, and contextual learning, that is, learning to emit and comprehend vocalizations in each context. There are few studies on vocal plasticity in primates and contradictory results show the need for further studies on the subject. The aim of this study was to investigate the vocal development of the production and use of vocalizations in a population of capuchin monkeys. Data collection consisted of recording vocalizations emitted by immature and adult individuals and recording the emission contexts through a video camera. The vocalizations were classified and paired with the videos in the 1st year and the development of the vocal repertoire was characterized over the three years. Six types of vocalization were acoustically analyzed to understand acoustic changes throughout development. Immatures begin to emit vocalizations from the 2nd month of life, but acquire the vocal repertoire gradually, not emitting new types of vocalizations after the 2nd year of life. Until the 6th month, the association between vocalizations and contexts does not change, but from that age onwards, immatures begin to emit vocalizations in other contexts. Vocalizations emitted in more specific contexts by adults were emitted in generic contexts by infants, but the association between vocalizations and contexts became weaker, with no significant association at the 12th month. The development of use goes beyond the first year, and requires experience between the emission of vocalizations and the context, but innate mechanisms influence the emission of vocalizations as well. Vocalizations have undergone modifications throughout development, but these modifications are different for different types of vocalizations and are associated with body growth. A single vocalization had no changes in acoustic parameters associated with body growth and it is possible that experience is required to produce this vocalization. Most of the results found in this work are in accordance with the vocal development pattern of mammals, revealing different trajectories in each aspect of vocalization development. Regarding production, capuchin monkeys have low flexibility. The use of these vocalizations is more flexible, but still limited to broader contexts within the same categoryBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMauro, Patricia IzarFerreira, Luíza Gonzalez2023-02-14info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-18042023-164418/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2023-04-18T19:48:15Zoai:teses.usp.br:tde-18042023-164418Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-04-18T19:48:15Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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description A plasticidade fenotípica refere-se à expressão de diferentes fenótipos a partir de um mesmo genótipo. O estudo da plasticidade vocal de primatas pode ser relevante para entender a evolução da fala humana. Essa plasticidade é resultado do aprendizado de produção, que envolve modificar a estrutura acústica da vocalização a partir da experiência auditiva de vocalizações emitidas por outros indivíduos, e do aprendizado contextual, que envolve aprender a emitir e compreender vocalizações em contexto apropriado. Há poucos estudos sobre plasticidade vocal em primatas e resultados contraditórios mostram a necessidade de mais estudos sobre o assunto. O objetivo desse estudo foi investigar o desenvolvimento vocal da produção e do uso de vocalizações de uma população selvagem de macacos-prego (Sapajus libidinosus). A coleta de dados consistiu na gravação de vocalizações emitidas por indivíduos imaturos (até 36 meses de idade) e adultos e registro dos contextos de emissão por uma câmera de vídeo. As vocalizações foram classificadas e pareadas com os vídeos do 1º ano de vida e o desenvolvimento do repertório vocal foi caracterizado ao longo dos três anos. Seis tipos de vocalização foram analisadas acusticamente para entender as mudanças acústicas ao longo do desenvolvimento. Imaturos começam a emitir vocalizações a partir do 2º mês de vida, mas adquirem o repertório vocal gradualmente, não emitindo novos tipos de vocalização após o 2º ano de vida. Até o 6º mês, a associação entre as vocalizações e os contextos não muda, mas a partir dessa idade, imaturos começam a emitir vocalizações em outros contextos. Vocalizações emitidas em contextos mais específicos por adultos foram emitidas em contextos genéricos por infantes, mas a associação entre as vocalizações e os contextos ficou cada vez mais fraca, não havendo uma associação significativa no 12º mês. O desenvolvimento do uso vai além do primeiro ano, e requer experiência entre a emissão da vocalização e o contexto, mas mecanismos inatos influenciam a emissão das vocalizações também. As vocalizações sofreram modificações ao longo do desenvolvimento, mas essas modificações são diferentes para tipos de vocalizações diferentes e estão associadas ao crescimento corporal. Uma única vocalização, o chihui, não teve mudanças nos parâmetros acústicos associadas ao crescimento corporal e é possível que a experiência seja necessária para produzir essa vocalização. Grande parte dos resultados encontrados neste trabalho está de acordo com o padrão de desenvolvimento vocal de mamíferos, revelando trajetórias diferentes em cada aspecto do desenvolvimento das vocalizações. Em relação à produção, os macacosprego têm uma baixa flexibilidade. Já o uso dessas vocalizações é mais flexível, mas ainda limitado a contextos mais amplos dentro de uma mesma categoria
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