Estética e mitologia na filosofia clássica alemã

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Franceschini, Pedro Augusto da Costa
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-17092019-152141/
Resumo: A presente tese procura expor as características gerais do papel assumido pela mitologia no interior do pensamento estético alemão da segunda metade do século XVIII, não apenas como articuladora de conteúdos artísticos, mas também como fundamento da própria possibilidade de estabelecimento da estética como disciplina autônoma. Partindo da obra de Herder, Moritz e Schelling, acompanhamos o modo específico segundo o qual cada um deles lidou com os diferentes aspectos e dificuldades desse programa de pensamento, mas buscando por uma linha de continuidade. A partir da pergunta pelo uso da mitologia na poesia moderna, Herder encontra no fenômeno mítico um paradigma crítico às poéticas normativas do neoclassicismo, além de um aprofundamento da proposta de Baumgarten de estabelecer a estética como uma ciência do conhecimento sensível. Sua radicalização na recondução de todo conhecimento à sua origem sensível revela uma nova dimensão ativa e produtiva na raiz sensível do ser humano e encontra na mitologia a melhor expressão para o traço criativo e poético do espírito. Uma atenção mais detida da estrutura interior da produção e dos produtos artísticos conduz ao empreendimento de Moritz, cuja compreensão da obra de arte como dotada de uma finalidade interna e autônoma complementa-se com uma investigação da produtividade natural e objetiva que opera no artista. Nesse quadro, a fantasia fornece o ponto de cruzamento dessas duas dimensões complementares, e o autor expõe na mitologia a lógica e linguagem próprias dessa faculdade. Por fim, a leitura dos anos de formação do pensamento do jovem Schelling, através dos vários deslocamentos de sua concepção de filosofia, permite elucidar as exigências que se colocaram à plena integração da arte e da mitologia no interior de um projeto sistemático de razão. Mediante um novo papel da imaginação produtiva, uma rearticulação entre o infinito e o finito e uma visão simbólica do real, a filosofia da arte se estabelece nesse autor como uma dedução especulativa da mitologia como substrato universal da arte. Desse modo, a confluência entre estética e mitologia oferece tanto uma chave de leitura para o pensamento dos autores tomados individualmente, bem como uma visão mais ampla do desenvolvimento intelectual do período, que levou a estética, como ciência da sensibilidade, a realizar-se finalmente como uma filosofia da arte em sentido especulativo e autônomo.
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A partir da pergunta pelo uso da mitologia na poesia moderna, Herder encontra no fenômeno mítico um paradigma crítico às poéticas normativas do neoclassicismo, além de um aprofundamento da proposta de Baumgarten de estabelecer a estética como uma ciência do conhecimento sensível. Sua radicalização na recondução de todo conhecimento à sua origem sensível revela uma nova dimensão ativa e produtiva na raiz sensível do ser humano e encontra na mitologia a melhor expressão para o traço criativo e poético do espírito. Uma atenção mais detida da estrutura interior da produção e dos produtos artísticos conduz ao empreendimento de Moritz, cuja compreensão da obra de arte como dotada de uma finalidade interna e autônoma complementa-se com uma investigação da produtividade natural e objetiva que opera no artista. Nesse quadro, a fantasia fornece o ponto de cruzamento dessas duas dimensões complementares, e o autor expõe na mitologia a lógica e linguagem próprias dessa faculdade. Por fim, a leitura dos anos de formação do pensamento do jovem Schelling, através dos vários deslocamentos de sua concepção de filosofia, permite elucidar as exigências que se colocaram à plena integração da arte e da mitologia no interior de um projeto sistemático de razão. Mediante um novo papel da imaginação produtiva, uma rearticulação entre o infinito e o finito e uma visão simbólica do real, a filosofia da arte se estabelece nesse autor como uma dedução especulativa da mitologia como substrato universal da arte. Desse modo, a confluência entre estética e mitologia oferece tanto uma chave de leitura para o pensamento dos autores tomados individualmente, bem como uma visão mais ampla do desenvolvimento intelectual do período, que levou a estética, como ciência da sensibilidade, a realizar-se finalmente como uma filosofia da arte em sentido especulativo e autônomo.This thesis intends to render a general outline of the role played by mythology within German aesthetic thinking during the second half of the Eighteenth century, not only as an arrangement of artistic contents, but also as a basis for the very possibility of the establishment of aesthetics as an autonomous discipline. In the works of Herder, Moritz and Schelling, we examine the specific ways by which they sought to deal with the different aspects and difficulties of this project of thought, but also showing a continuity between them. Starting with the question of the use of mythology by modern poetry, Herder encounters in the mythical phenomenon a critical paradigm against normative poetics, as well as a deepening of Baumgartens understanding of aesthetics as a science of sensuous knowledge. Taking even further the foundation of sensibility as the source of all knowledge, he reveals an active and productive side of human sensibility and finds in mythology the best expression for the creative and poetic traits of the spirit. Paying a closer attention to the internal structure of art products and production, Moritz understands the work of art as an autonomous entity, sided by a natural and objective productivity of the artist. Here, phantasy is placed at the crossing of this two interdependent poles, and the author exposes mythology as the language and logic proper to this faculty. Finally, in Schellings first philosophy, and its many shifts, we explain in detail the conditions for a full integration of art and mythology within a systematic reason. Through a new role of productive imagination, a reconnection between the infinite and the finite and a symbolical glimpse of reality, the philosophy of art establishes itself in his works as a speculative deduction of mythology, giving art its universal foundation. Thus, the intersection between aesthetics and mythology offers both a key to the reading of the individual thinking of these authors and a broader view of the intellectual development of this periods, which led aesthetics, as a science of sensibility, to be finally established as a philosophy of art in a speculative and autonomous sense.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPWerle, Marco AurélioFranceschini, Pedro Augusto da Costa2019-02-08info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-17092019-152141/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2019-11-08T22:14:14Zoai:teses.usp.br:tde-17092019-152141Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212019-11-08T22:14:14Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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