Interação de cepas de Lactobacillus crispatus com Streptococcus agalactiae em culturas celulares mimetizando o ambiente vaginal
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/9/9142/tde-11032024-143641/ |
Resumo: | A microbiota vaginal é dominada pelo gênero Lactobacillus, mantendo um pH ácido crucial para a saúde. Alterações hormonais e a menopausa podem impactar essa microbiota. Estreptococos do Grupo B (EGB) são associados a infecções neonatais e podem colonizar a microbiota vaginal. A interação entre Lactobacillus e EGB é complexa, com resultados conflitantes em estudos in vitro e in vivo. O uso de probióticos contendo Lactobacillus pode ter benefícios, como alterar a positividade para EGB em um grupo que recebeu o tratamento. Contudo a replicabilidade deste resultado é limitada, e os mecanismos envolvidos nessa interação ainda são pouco elucidados. Portanto o objetivo desse estudo foi caracterizar cepas de EGB, avaliar sua interação com L. crispatus em diversas condições. Neste estudo foram selecionadas seis cepas, pertencentes aos sorotipos Ia, II, III e V. Essas cepas foram caracterizadas de acordo com o sorotipo capsular, presença de genes de virulência (hialuronidase, β-citolisina/hemolisina, e ilhas de pili 1, 2a e 2b), resistência a antimicrobianos (penicilina, cefepima, vancomicina, eritromicina e clindamicina), curva de crescimento, Restriction Fragment Length Polymorphism (RFLP) e Multi-Locus Sequence Typing (MLST). O resultado de MLST identificou os sequence types ST1, ST23 ST28 e ST182, e os clonal complexes CC1, CC19 e CC23. Cepas possuem a maior parte dos genes de virulência testados. Somente uma cepa apresentou alguma resistência, no caso à eritromicina e clindamicina. Resultados que estão de acordo com a literatura como os principais descritos em isolados clínicos. Os ensaios de interação realizados foram: crescimento em co-cultura, formação de biofilme, ensaios de adesão e exclusão em cultura celular e por fim, análise do perfil proteico. Alguns efeitos de L. crispatus no EGB observados foram aumento na formação de biofilme de EGB e diminuição da sua proliferação quando em co-cultura. Contudo esses resultados variaram de acordo com a cepa de EGB. Nos ensaios de competição em cultura celular, a presença de L. crispatus levou à diminuição da adesão em uma cepa pertencente ao sorotipo III, e aumento de adesão em uma cepa pertencente ao sorotipo V. Quando a cultura de células recebeu tratamento prévio de L. crispatus, nos ensaios de exclusão, houve menor adesão de EGB. Contudo todos os efeitos observados são cepa-dependente; não foram encontradas associações entre o comportamento das cepas e seu sorotipo capsular ou fenótipo MLST. Estudos futuros podem elucidar as respostas ativadas na presença de microrganismos comensais. |
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Interação de cepas de Lactobacillus crispatus com Streptococcus agalactiae em culturas celulares mimetizando o ambiente vaginalInteraction between Lactobacillus crispatus and Streptococcus agalactiae strains in cell cultures mimicking the vaginal environmentColonizaçãoColonizationEstreptococosLactobacillusLactobacillusMicrobiota vaginalMLSTMLSTStreptococcusVaginal microbiomeVirulenceVirulênciaA microbiota vaginal é dominada pelo gênero Lactobacillus, mantendo um pH ácido crucial para a saúde. Alterações hormonais e a menopausa podem impactar essa microbiota. Estreptococos do Grupo B (EGB) são associados a infecções neonatais e podem colonizar a microbiota vaginal. A interação entre Lactobacillus e EGB é complexa, com resultados conflitantes em estudos in vitro e in vivo. O uso de probióticos contendo Lactobacillus pode ter benefícios, como alterar a positividade para EGB em um grupo que recebeu o tratamento. Contudo a replicabilidade deste resultado é limitada, e os mecanismos envolvidos nessa interação ainda são pouco elucidados. Portanto o objetivo desse estudo foi caracterizar cepas de EGB, avaliar sua interação com L. crispatus em diversas condições. Neste estudo foram selecionadas seis cepas, pertencentes aos sorotipos Ia, II, III e V. Essas cepas foram caracterizadas de acordo com o sorotipo capsular, presença de genes de virulência (hialuronidase, β-citolisina/hemolisina, e ilhas de pili 1, 2a e 2b), resistência a antimicrobianos (penicilina, cefepima, vancomicina, eritromicina e clindamicina), curva de crescimento, Restriction Fragment Length Polymorphism (RFLP) e Multi-Locus Sequence Typing (MLST). O resultado de MLST identificou os sequence types ST1, ST23 ST28 e ST182, e os clonal complexes CC1, CC19 e CC23. Cepas possuem a maior parte dos genes de virulência testados. Somente uma cepa apresentou alguma resistência, no caso à eritromicina e clindamicina. Resultados que estão de acordo com a literatura como os principais descritos em isolados clínicos. Os ensaios de interação realizados foram: crescimento em co-cultura, formação de biofilme, ensaios de adesão e exclusão em cultura celular e por fim, análise do perfil proteico. Alguns efeitos de L. crispatus no EGB observados foram aumento na formação de biofilme de EGB e diminuição da sua proliferação quando em co-cultura. Contudo esses resultados variaram de acordo com a cepa de EGB. Nos ensaios de competição em cultura celular, a presença de L. crispatus levou à diminuição da adesão em uma cepa pertencente ao sorotipo III, e aumento de adesão em uma cepa pertencente ao sorotipo V. Quando a cultura de células recebeu tratamento prévio de L. crispatus, nos ensaios de exclusão, houve menor adesão de EGB. Contudo todos os efeitos observados são cepa-dependente; não foram encontradas associações entre o comportamento das cepas e seu sorotipo capsular ou fenótipo MLST. Estudos futuros podem elucidar as respostas ativadas na presença de microrganismos comensais.The vaginal microbiota is dominated by the genus Lactobacillus, which helps to maintain a crucial acidic pH for health. Hormonal changes and menopause can impact this microbiota. Group B Streptococcus (GBS) are associated with neonatal infections and can colonize the vaginal microbiota. The interaction between Lactobacillus and GBS is complex, with conflicting results in in vitro and in vivo studies. The use of probiotics containing Lactobacillus may have benefits, such as altering GBS positivity in a treated group. However, the replicability of this result is limited, and the mechanisms involved in this interaction are still poorly understood. The use of probiotics containing Lactobacillus may have some benefits, but further research is needed. These strains were characterized based on capsular serotype, presence of virulence genes (hyaluronidase, β-cytolysin/hemolysin, and pili islands 1, 2a, and 2b), antimicrobial resistance (penicillin, cefepime, vancomycin, erythromycin, and clindamycin), growth curve, Restriction Fragment Length Polymorphism (RFLP), and Multi-Locus Sequence Typing (MLST) Therefore, the aim of this study was to characterize GBS strains, evaluate their interaction with L. crispatus under various conditions. Six strains were selected for this study, belonging to serotypes Ia, II, III, and V. MLST results identified sequence types ST1, ST23, ST28, and ST182, and clonal complexes CC1, CC19, and CC23. Most strains possessed the tested virulence genes, with only one strain showing resistance to erythromycin and clindamycin. These results are in line with the literature. Interaction assays included co-culture growth, biofilm formation, adhesion and exclusion assays in cell culture, and, finally, protein profile analysis. Some observed effects of L. crispatus on GBS included an increase in GBS biofilm formation and a decrease in GBS proliferation during co-culture. However, these results varied according to the GBS strain. GBS interaction with L. crispatus resulted in increased biofilm formation and decreased proliferation in co-culture. In cell culture competition assays, the presence of L. crispatus led to decreased adhesion in one GBS strain belonging to serotype III and increased adhesion in one strain belonging to serotype V. When cell culture received pre-treatment with L. crispatus, exclusion assays showed lower GBS adhesion. However, all observed effects are strain-dependent; no associations were found between strain behavior and capsular serotype or MLST phenotype. Future studies may elucidate the responses activated in the presence of commensal microorganisms.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPNeves, Carla Taddei de CastroNascimento, Cilícia Silverio2023-12-12info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/9/9142/tde-11032024-143641/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-05-03T19:21:02Zoai:teses.usp.br:tde-11032024-143641Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-05-03T19:21:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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