Descoberta e limitação: os livros autobiográficos de Graciliano Ramos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Nakagome, Patricia Trindade
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-24112009-142629/
Resumo: Este trabalho consiste em uma leitura de Infância e Memórias do Cárcere de Graciliano Ramos a partir de dois aspectos que consideramos fundamentais em sua obra autobiográfica: descoberta e limitação. A criança vive um processo de formação no livro, incorporando o novo aos seus referenciais. O adulto, com a absurda prisão, marca o texto com uma problematização de suas certezas. Com especificidades que separam experiências tão distintas, discutimos como as obras apresentam literariamente a limitação imposta pela violência e pela opressão e a possibilidade concreta de descobrir mais sobre a própria subjetividade e o mundo, que se dá pela relação com pessoas singulares. Principalmente na cadeia, o contato estreito com os homens em condições precárias permite que se conheça o quanto eles são surpreendentes, com ações inverossímeis àquela realidade. Nesse sentido, ao contrário do tão discutido pessimismo de Graciliano, consideramos que a experiência carcerária permitiu-lhe lampejos de esperança, que tiveram impacto sobre as obras escritas após sua libertação. Para entender o outro, Graciliano reflete profundamente sobre si mesmo, julgando-se incapaz de opor-se a um mundo de tamanha negatividade. Mas a sua resistência virá através da escrita, especialmente a autobiográfica. Essa forma traz o olhar do sujeito sobre a própria experiência, o que implica, por exemplo, em discutir verdade, ficção, verossimilhança e rememoração e, principalmente, em reconhecer o impacto da união de personagem, narrador e autor sob o nome de um único homem. Recorrer à autobiografia indica mais do que a necessidade de passar da ficção à confissão, pois essa forma, ao exigir maior unidade do sujeito, é a que melhor concretiza a resistência do homem a tantas experiências fragmentadoras.
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