Efeitos do uso recreacional da Cannabis sativa sobre o remodelamento do miocárdio de camundongos jovens

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Torres, Janaina Iannicelli
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5160/tde-02062023-165116/
Resumo: Cannabis sativa é a substância de abuso mais utilizada no mundo. Estudos evidenciam que a Cannabis afeta o desenvolvimento fetal causando comprometimento neurológico e restrições no crescimento. Os impactos relacionados ao seu uso na gestação, adolescência e início da fase adulta ainda permanecem desconhecidos no sistema cardiovascular. Neste estudo, desenvolvemos um modelo que mimetiza o uso real e avaliamos os efeitos da exposição recreacional à fumaça da Cannabis sativa durante o período gestacional e/ou pós-natal até o início da fase adulta sobre o remodelamento e função cardíaca e a interação entre os períodos de exposição. As exposições foram iniciadas no 5,5° DG, período em que a implantação embrionária já está concluída. As gestantes foram expostas diariamente a partir do 5,5º DG até o 17,5º DG. Gestantes do grupo controle foram expostas apenas ao ar filtrado no mesmo sistema de exposição. A exposição pós-natal estendeu-se do 22°DPN até o 90°DPN. Parâmetros reprodutivos, função cardiovascular (ecocardiograma) e morfologia (estereologia) foram avaliadas nos 4 grupos [AF-AF (controle), AF-CS (exposição pós-natal), CS-AF (exposição pré-natal), CS-CS (exposição pré+pós-natal)]. Nós observamos que o ganho de peso materno foi menor e a prole das mães expostas apresentou peso reduzido ao nascer. A exposição pré e pós-natal foi determinante para a trajetória de crescimento da prole fêmea. Nos machos, a exposição pós-natal afetou a trajetória de ganho de peso. O peso do cérebro não foi afetado na prole fêmea das mães expostas, o peso do coração apresentou diminuição e o fígado apresentou um aumento no peso, desfechos influenciados pela interação entre as exposições. O peso do coração foi reduzido nos machos cujas mães foram expostas e houve interação entre os dois períodos de exposição. Machos e fêmeas apresentaram razão peso coração/peso corporal menor quando comparados ao grupo AF-AF, porém ao comparar com os outros grupos observamos influência de ambas as exposições como determinantes para este desfecho. As avaliações ecocardiográficas na prole de machos indicaram que o uso de maconha na vida adulta somado com o período intrauterino apresenta tendência de alterações que podem contribuir com um prejuízo futuro na função cardíaca. O volume e diâmetro do VE nos grupos expostos nos períodos pré e pós-natal reduziram quando comparados ao grupo controle. Fração de ejeção e fração de encurtamento estão aumentados comparados ao grupo controle (AF-AF). Volumes fracionários e proporção dos compartimentos não apresentaram diferenças entre os grupos. Nas fêmeas, as influências dos dois períodos de exposição são significativas para o volume total e absoluto do coração, o grupo exposto nos dois períodos (CS-CS) apresentou um volume médio de cardiomiócitos menor quando comparado ao grupo exposto pré-natal (CS-AF). Em relação às fibras de colágeno, apenas as proles de machos apresentaram uma área marcada maior comparada ao grupo controle (AF-AF) e ao grupo exposto nos dois períodos (CS-CS). Os resultados deste estudo poderão auxiliar na compreensão dos impactos da exposição pré e pós-natal no remodelamento e função cardíaca. Além disso, estas informações são fundamentais para conscientizar cardiologistas, clínicos, legisladores e o público em geral sobre o potencial de efeitos adversos dessa substância
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As exposições foram iniciadas no 5,5° DG, período em que a implantação embrionária já está concluída. As gestantes foram expostas diariamente a partir do 5,5º DG até o 17,5º DG. Gestantes do grupo controle foram expostas apenas ao ar filtrado no mesmo sistema de exposição. A exposição pós-natal estendeu-se do 22°DPN até o 90°DPN. Parâmetros reprodutivos, função cardiovascular (ecocardiograma) e morfologia (estereologia) foram avaliadas nos 4 grupos [AF-AF (controle), AF-CS (exposição pós-natal), CS-AF (exposição pré-natal), CS-CS (exposição pré+pós-natal)]. Nós observamos que o ganho de peso materno foi menor e a prole das mães expostas apresentou peso reduzido ao nascer. A exposição pré e pós-natal foi determinante para a trajetória de crescimento da prole fêmea. Nos machos, a exposição pós-natal afetou a trajetória de ganho de peso. O peso do cérebro não foi afetado na prole fêmea das mães expostas, o peso do coração apresentou diminuição e o fígado apresentou um aumento no peso, desfechos influenciados pela interação entre as exposições. O peso do coração foi reduzido nos machos cujas mães foram expostas e houve interação entre os dois períodos de exposição. Machos e fêmeas apresentaram razão peso coração/peso corporal menor quando comparados ao grupo AF-AF, porém ao comparar com os outros grupos observamos influência de ambas as exposições como determinantes para este desfecho. As avaliações ecocardiográficas na prole de machos indicaram que o uso de maconha na vida adulta somado com o período intrauterino apresenta tendência de alterações que podem contribuir com um prejuízo futuro na função cardíaca. O volume e diâmetro do VE nos grupos expostos nos períodos pré e pós-natal reduziram quando comparados ao grupo controle. Fração de ejeção e fração de encurtamento estão aumentados comparados ao grupo controle (AF-AF). Volumes fracionários e proporção dos compartimentos não apresentaram diferenças entre os grupos. Nas fêmeas, as influências dos dois períodos de exposição são significativas para o volume total e absoluto do coração, o grupo exposto nos dois períodos (CS-CS) apresentou um volume médio de cardiomiócitos menor quando comparado ao grupo exposto pré-natal (CS-AF). Em relação às fibras de colágeno, apenas as proles de machos apresentaram uma área marcada maior comparada ao grupo controle (AF-AF) e ao grupo exposto nos dois períodos (CS-CS). Os resultados deste estudo poderão auxiliar na compreensão dos impactos da exposição pré e pós-natal no remodelamento e função cardíaca. Além disso, estas informações são fundamentais para conscientizar cardiologistas, clínicos, legisladores e o público em geral sobre o potencial de efeitos adversos dessa substânciaCannabis sativa is the most widely used psychotropic substance in the world. Studies show that Cannabis affects fetal development by causing neurological impairment and growth restrictions. The impacts related to its use during pregnancy, adolescence and early adulthood are still unknown in the cardiovascular system. In this study, we developed a model that mimics real use and evaluated the effects of recreational exposure to Cannabis sativa smoke during gestational and/or postnatal periods until early adulthood on cardiac remodeling and function and the interaction between the exposure periods. The exposure began at 5.5° GD, a period in which the embryonic implantation is already concluded. The pregnant females were exposed daily from the 5.5º GD to 17.5º GD. Control group were exposed only to filtered air in the same exposure system and conditions. Postnatal exposure extended from 22° PND to 90° PND. Reproductive outcomes, cardiovascular function (echocardiogram) and morphology (stereology) were assessed for all the 4 groups [AF-AF (control), AF-CS (postnatal exposure), CS-AF (prenatal exposure), and CS-CS (pre + postnatal exposure). We observed that maternal weight gain was lower and the offspring from smoking mothers presented reduced weight at birth. The prenatal and postnatal exposure was determinant for the growth trajectory of the female offspring. In males, postnatal exposure affected the trajectory of weight gain. Brain weight was not affected in the female offspring from smoking mothers, the weight of the heart decreased and the liver showed an increase in weight for males and females, these outcomes were influenced by the interaction between pre and postnatal exposure periods. The weight of the heart is reduced in males, whose mothers smoked cannabis and there was interaction between the two periods of exposure. Males and females had a lower heart/body weight ratio when compared to males and females from control group. However, when comparing with other groups we observed that both periods of exposure are determinant exposures for this outcome. Echocardiographic assessments in the offspring (only males) indicates that the use of marijuana in adulthood in combination with exposure during the intrauterine period, tend to show changes that may contribute to a future impairment in cardiac function. The volume and diameter of the LV in the groups exposed in the pre and postnatal period are reduced when compared to the control group. Ejection fraction and shortening fraction are increased compared to the control group (AF-AF). Fractional volumes and proportion of compartments did not differ between groups. In females, the influences of the two periods of exposure are significant for the total and absolute volume of the heart, the group exposed in the two periods (CS-CS) had a lower mean volume of cardiomyocytes when compared to group exposed only prenatally(CS-AF). Regarding collagen fibers, only the male offspring had increased positive fractional area compared to the control group (AF-AF) and to the group exposed in both periods (CS-CS). The results of this study may help to understand the impacts of prenatal and postnatal exposure on remodeling and cardiac function. In addition, these data are essential to raise awareness among cardiologists, clinicians, legislators and the general public about the potential for adverse effects of this substanceBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPVeras, Mariana MateraTorres, Janaina Iannicelli2022-07-21info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5160/tde-02062023-165116/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2023-06-27T13:13:27Zoai:teses.usp.br:tde-02062023-165116Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-06-27T13:13:27Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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description Cannabis sativa é a substância de abuso mais utilizada no mundo. Estudos evidenciam que a Cannabis afeta o desenvolvimento fetal causando comprometimento neurológico e restrições no crescimento. Os impactos relacionados ao seu uso na gestação, adolescência e início da fase adulta ainda permanecem desconhecidos no sistema cardiovascular. Neste estudo, desenvolvemos um modelo que mimetiza o uso real e avaliamos os efeitos da exposição recreacional à fumaça da Cannabis sativa durante o período gestacional e/ou pós-natal até o início da fase adulta sobre o remodelamento e função cardíaca e a interação entre os períodos de exposição. As exposições foram iniciadas no 5,5° DG, período em que a implantação embrionária já está concluída. As gestantes foram expostas diariamente a partir do 5,5º DG até o 17,5º DG. Gestantes do grupo controle foram expostas apenas ao ar filtrado no mesmo sistema de exposição. A exposição pós-natal estendeu-se do 22°DPN até o 90°DPN. Parâmetros reprodutivos, função cardiovascular (ecocardiograma) e morfologia (estereologia) foram avaliadas nos 4 grupos [AF-AF (controle), AF-CS (exposição pós-natal), CS-AF (exposição pré-natal), CS-CS (exposição pré+pós-natal)]. Nós observamos que o ganho de peso materno foi menor e a prole das mães expostas apresentou peso reduzido ao nascer. A exposição pré e pós-natal foi determinante para a trajetória de crescimento da prole fêmea. Nos machos, a exposição pós-natal afetou a trajetória de ganho de peso. O peso do cérebro não foi afetado na prole fêmea das mães expostas, o peso do coração apresentou diminuição e o fígado apresentou um aumento no peso, desfechos influenciados pela interação entre as exposições. O peso do coração foi reduzido nos machos cujas mães foram expostas e houve interação entre os dois períodos de exposição. Machos e fêmeas apresentaram razão peso coração/peso corporal menor quando comparados ao grupo AF-AF, porém ao comparar com os outros grupos observamos influência de ambas as exposições como determinantes para este desfecho. As avaliações ecocardiográficas na prole de machos indicaram que o uso de maconha na vida adulta somado com o período intrauterino apresenta tendência de alterações que podem contribuir com um prejuízo futuro na função cardíaca. O volume e diâmetro do VE nos grupos expostos nos períodos pré e pós-natal reduziram quando comparados ao grupo controle. Fração de ejeção e fração de encurtamento estão aumentados comparados ao grupo controle (AF-AF). Volumes fracionários e proporção dos compartimentos não apresentaram diferenças entre os grupos. Nas fêmeas, as influências dos dois períodos de exposição são significativas para o volume total e absoluto do coração, o grupo exposto nos dois períodos (CS-CS) apresentou um volume médio de cardiomiócitos menor quando comparado ao grupo exposto pré-natal (CS-AF). Em relação às fibras de colágeno, apenas as proles de machos apresentaram uma área marcada maior comparada ao grupo controle (AF-AF) e ao grupo exposto nos dois períodos (CS-CS). Os resultados deste estudo poderão auxiliar na compreensão dos impactos da exposição pré e pós-natal no remodelamento e função cardíaca. Além disso, estas informações são fundamentais para conscientizar cardiologistas, clínicos, legisladores e o público em geral sobre o potencial de efeitos adversos dessa substância
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