Distribuição de rendimentos e pobreza na agricultura brasileira : 1981-1990
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 1996 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11132/tde-20231122-093457/ |
Resumo: | Este estudo analisa as mudanças na distribuição de rendimentos e na pobreza entre as pessoas ocupadas na agricultura brasileira, no período 1981 - 1990, no país e nas suas regiões, procurando inferir como a política e o desempenho econômico contribuíram para esse processo. Também identifica e avalia a importância de algumas variáveis econômicas e sócio-demográficas na definição desse perfil distributivo. São utilizados dados individuais fornecidos pelas Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (PNAD), a partir dos quais constroem-se curvas de Lorenz, e calculam-se algumas medidas de desigualdade e pobreza. A identificação da contribuição das variáveis selecionadas é realizada através de decomposição estática das medidas de desigualdade de Theil. A avaliação e discussão dos diferenciais de rendimentos associados às variáveis explicativas é desenvolvida com auxílio da análise de regressão ponderada, enquanto a identificação da natureza da contribuição de cada fator para a variação da desigualdade, entre 1981 e 1989/90, é efetuada através de decomposição dinâmica das medidas de desigualdade de Theil. Observa-se que ocorre aumento do grau de concentração de rendimentos do trabalho e da incidência de pobreza entre as pessoas ocupadas na agricultura, no Brasil e regiões, entre 1981 e 1990. Nas regiões do país em que é maior a desigualdade (São Paulo e Centro-Oeste), é também mais elevado o rendimento médio, enquanto é menor a incidência de pobreza. No Nordeste, onde a desigualdade é menor, e é bem inferior o rendimento médio, a pobreza é extremamente elevada. Posição na ocupação apresenta-se como o fator mais relevante para a explicação da desigualdade. Seguem-se, em ordem de importância, educação e região geográfica, mostrando contribuição menor idade e sexo. As modificações nas rendas relativas ( efeito-renda) entre as diferentes categorias ocupacionais revelam-se mais importantes, na explicação da variação da desigualdade entre 1981 e 1990, do que as alterações no tamanho relativo dessas categorias ( efeito composição). Já quando se consideram as categorias educacionais, as modificações na composição percentual da população revelam-se mais importantes do que o efeito-renda. Em São Paulo e nas regiões Sul e Centro-Oeste, entretanto, o efeito-renda apresenta-se também relevante. A desigualdade e a pobreza, nesse período, refletem as oscilações no ritmo geral da atividade econômica ( e não da atividade agrícola em particular). Verifica-se que o crescimento da inflação, especialmente na segunda metade dos anos 80, contribui para um aumento mais rápido tanto da pobreza como da desigualdade. Os resultados permitem concluir que a questão da desigualdade de rendimentos pessoais e da pobreza na agricultura brasileira precisa ser trabalhada considerando-se a necessidade de melhoria educacional, simultaneamente ao enfrentamento das disparidades no desenvolvimento regional, e fundamentalmente a questão da concentração da posse da terra. Adicionalmente, medidas institucionais, como alteração na política salarial, e mesmo da natureza da política agrícola ( que considere as necessidades dos pequenos produtores), também podem atuar no sentido de redução da desigualdade. |
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Distribuição de rendimentos e pobreza na agricultura brasileira : 1981-1990Income distribution and poverty in the brazilian agriculture: 1981-1990AGRICULTURADISTRIBUIÇÃO DE RENDAECONOMIA AGRÍCOLAPOBREZA RURALRENDA AGRÍCOLAEste estudo analisa as mudanças na distribuição de rendimentos e na pobreza entre as pessoas ocupadas na agricultura brasileira, no período 1981 - 1990, no país e nas suas regiões, procurando inferir como a política e o desempenho econômico contribuíram para esse processo. Também identifica e avalia a importância de algumas variáveis econômicas e sócio-demográficas na definição desse perfil distributivo. São utilizados dados individuais fornecidos pelas Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (PNAD), a partir dos quais constroem-se curvas de Lorenz, e calculam-se algumas medidas de desigualdade e pobreza. A identificação da contribuição das variáveis selecionadas é realizada através de decomposição estática das medidas de desigualdade de Theil. A avaliação e discussão dos diferenciais de rendimentos associados às variáveis explicativas é desenvolvida com auxílio da análise de regressão ponderada, enquanto a identificação da natureza da contribuição de cada fator para a variação da desigualdade, entre 1981 e 1989/90, é efetuada através de decomposição dinâmica das medidas de desigualdade de Theil. Observa-se que ocorre aumento do grau de concentração de rendimentos do trabalho e da incidência de pobreza entre as pessoas ocupadas na agricultura, no Brasil e regiões, entre 1981 e 1990. Nas regiões do país em que é maior a desigualdade (São Paulo e Centro-Oeste), é também mais elevado o rendimento médio, enquanto é menor a incidência de pobreza. No Nordeste, onde a desigualdade é menor, e é bem inferior o rendimento médio, a pobreza é extremamente elevada. Posição na ocupação apresenta-se como o fator mais relevante para a explicação da desigualdade. Seguem-se, em ordem de importância, educação e região geográfica, mostrando contribuição menor idade e sexo. As modificações nas rendas relativas ( efeito-renda) entre as diferentes categorias ocupacionais revelam-se mais importantes, na explicação da variação da desigualdade entre 1981 e 1990, do que as alterações no tamanho relativo dessas categorias ( efeito composição). Já quando se consideram as categorias educacionais, as modificações na composição percentual da população revelam-se mais importantes do que o efeito-renda. Em São Paulo e nas regiões Sul e Centro-Oeste, entretanto, o efeito-renda apresenta-se também relevante. A desigualdade e a pobreza, nesse período, refletem as oscilações no ritmo geral da atividade econômica ( e não da atividade agrícola em particular). Verifica-se que o crescimento da inflação, especialmente na segunda metade dos anos 80, contribui para um aumento mais rápido tanto da pobreza como da desigualdade. Os resultados permitem concluir que a questão da desigualdade de rendimentos pessoais e da pobreza na agricultura brasileira precisa ser trabalhada considerando-se a necessidade de melhoria educacional, simultaneamente ao enfrentamento das disparidades no desenvolvimento regional, e fundamentalmente a questão da concentração da posse da terra. Adicionalmente, medidas institucionais, como alteração na política salarial, e mesmo da natureza da política agrícola ( que considere as necessidades dos pequenos produtores), também podem atuar no sentido de redução da desigualdade.This study analyses the changes in the distribution of income and poverty among persons occupied in the Brazilian agriculture in the period 1981-1990, in general and at regional levels, attempting to infer on how economic policy and performance contributed to this process. It also identifies and evaluates the importance of some economic and socio-demographic variables in the determination of this distributive profile. The source data is provided by National Household Sample Surveys (PNAD). Based on it, Lorenz curves are built and some measures of inequality and poverty are calculated. The identification of the contribution of the selected variables is accomplished through static decomposition of Theils inequality measures. The evaluation and discussion of income differentials associated with the explanatory variables is developed with help of weighted regression, while the identification of the nature of each factors contribution to the variation of inequality, between 1981 and 1989/90, is accomplished through dinamic decomposition of Theils inequality measures. It is observed that there is an increase in the level of concentration of income as well as in the incidence of poverty among people working in agriculture in Brazil and in its regions, between 1981 and 1990. ln the regions where inequality is higher (São Paulo and Center-West), the average income is also higher and the incidence of poverty is lower. ln the North East, where inequality is the smallest, and average income is the lowest, the level of poverty is extremely high. Position in occupation presents itself as the most important factor of inequality, followed by education, geographical region, and, with a smaller contribution, age and sex. Changes in relative incomes among different occupational categories (income effect) tum out to be more important in the variation of inequality between 1981 and 1990 than alterations in relative sizes of these categories (composition effect ). Changes in percentual composition of the population regarding educational categories are more important than the income effect. In São Paulo and in the South and Center West regions, however, the income effect is also relevant. lnequality and poverty, in this period, reflect the oscilations in the performance of the whole economy (not the agricultural activity in particular). The increase of inflation contributes to a sharper increase of poverty as well as inequality, especially in the second half of the 80s. The results allow us to conclude that several simultaneous actions must be taken, concerning the question of inequality of personal income and poverty in the Brazilian agriculture: educational improvement, reducing disparities of regional development, and mostly important, the question of concentration of land tenure. In addition, alterations to the wage policy and to the nature of agricultural policy (considering the needs of the small producers), may also contribute to the reduction of inequality.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPHoffmann, RodolfoCorrêa, Angela Maria Cassavia Jorge1996-02-23info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11132/tde-20231122-093457/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2023-11-24T18:18:06Zoai:teses.usp.br:tde-20231122-093457Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-11-24T18:18:06Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Este estudo analisa as mudanças na distribuição de rendimentos e na pobreza entre as pessoas ocupadas na agricultura brasileira, no período 1981 - 1990, no país e nas suas regiões, procurando inferir como a política e o desempenho econômico contribuíram para esse processo. Também identifica e avalia a importância de algumas variáveis econômicas e sócio-demográficas na definição desse perfil distributivo. São utilizados dados individuais fornecidos pelas Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (PNAD), a partir dos quais constroem-se curvas de Lorenz, e calculam-se algumas medidas de desigualdade e pobreza. A identificação da contribuição das variáveis selecionadas é realizada através de decomposição estática das medidas de desigualdade de Theil. A avaliação e discussão dos diferenciais de rendimentos associados às variáveis explicativas é desenvolvida com auxílio da análise de regressão ponderada, enquanto a identificação da natureza da contribuição de cada fator para a variação da desigualdade, entre 1981 e 1989/90, é efetuada através de decomposição dinâmica das medidas de desigualdade de Theil. Observa-se que ocorre aumento do grau de concentração de rendimentos do trabalho e da incidência de pobreza entre as pessoas ocupadas na agricultura, no Brasil e regiões, entre 1981 e 1990. Nas regiões do país em que é maior a desigualdade (São Paulo e Centro-Oeste), é também mais elevado o rendimento médio, enquanto é menor a incidência de pobreza. No Nordeste, onde a desigualdade é menor, e é bem inferior o rendimento médio, a pobreza é extremamente elevada. Posição na ocupação apresenta-se como o fator mais relevante para a explicação da desigualdade. Seguem-se, em ordem de importância, educação e região geográfica, mostrando contribuição menor idade e sexo. As modificações nas rendas relativas ( efeito-renda) entre as diferentes categorias ocupacionais revelam-se mais importantes, na explicação da variação da desigualdade entre 1981 e 1990, do que as alterações no tamanho relativo dessas categorias ( efeito composição). Já quando se consideram as categorias educacionais, as modificações na composição percentual da população revelam-se mais importantes do que o efeito-renda. Em São Paulo e nas regiões Sul e Centro-Oeste, entretanto, o efeito-renda apresenta-se também relevante. A desigualdade e a pobreza, nesse período, refletem as oscilações no ritmo geral da atividade econômica ( e não da atividade agrícola em particular). Verifica-se que o crescimento da inflação, especialmente na segunda metade dos anos 80, contribui para um aumento mais rápido tanto da pobreza como da desigualdade. Os resultados permitem concluir que a questão da desigualdade de rendimentos pessoais e da pobreza na agricultura brasileira precisa ser trabalhada considerando-se a necessidade de melhoria educacional, simultaneamente ao enfrentamento das disparidades no desenvolvimento regional, e fundamentalmente a questão da concentração da posse da terra. Adicionalmente, medidas institucionais, como alteração na política salarial, e mesmo da natureza da política agrícola ( que considere as necessidades dos pequenos produtores), também podem atuar no sentido de redução da desigualdade. |
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