Avaliação do desempenho ocupacional e qualidade de vida após traumatismo cranioencefálico: um estudo coorte
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17163/tde-11042022-145048/ |
Resumo: | Introdução: O traumatismo cranioencefálico (TCE) é um acontecimento inesperado de grande impacto, relevância epidemiológica e ônus socioeconômico, mortalidade ou com consequências possivelmente desastrosas para os sobreviventes. É crescente a preocupação com a satisfação com a vida e desempenho ocupacional (DO) após uma lesão neurológica, porém essa análise sob o ponto de vista do acometido é uma temática pouco explorada na literatura. Objetivos: Avaliar o DO e a QV de adultos que sofreram TCE após 6 meses do evento traumático, analisar a relação desses desfechos e identificar possíveis preditores dos mesmos. Método: Trata-se de um estudo retrospectivo de uma coorte prospectiva de pacientes com TCE agudo admitidos em um hospital público referência no atendimento ao politraumatizado do interior do estado de São Paulo cadastrados no banco de dados eletrônico do Registro de Traumatismo Crânio Encefálicos de Ribeirão Preto. Os desfechos foram avaliados pela Medida Canadense de Desempenho Ocupacional (COPM) e pelo Questionário Short-Form-12 (SF-12). Resultados: A amostra do estudo totalizou 175 vítimas de TCE. A maioria foi do gênero masculino (80,46%), com idade entre 24 a 34 anos (33,14%), solteiros (47,13%) e com ensino fundamental incompleto (35,43%). Os acidentes de trânsito foram as principais causas do trauma craniano (63,22%), sendo 78,75% de gravidade leve. Após 6 meses do evento traumático 57,14% apresentavam incapacidade leve. Todos os incluídos identificaram dificuldade no DO em pelo menos uma atividade cotidiana. As três áreas de DO: autocuidado, produtividade e lazer foram referidas de maneira proporcional, sendo o trabalho o mais citado. O valor médio geral dos Totais de DO e Satisfação foi de 4,32 (±2,55) e 3,01 (±2,55) respectivamente. Ambos com valores abaixo do valor médio atribuível pela COPM. Os índices de QV estavam abaixo dos valores de referência para boa QV tanto para o Componente Físico em 88,57% da amostra, quanto para o Mental da SF-12 em 54,29%. Observou-se uma correlação positiva e significativa entre o Total de DO e os Componentes da SF-12, porém fraca com o Componente Físico (r = 0,32; p-valor <0,0001) e muito fraca com o Componente Mental (r = 0,19; p-valor <0,012). Também foi encontrada uma correlação muito fraca, positiva e significativa entre o Total de Satisfação e o Componente Mental (r = 0,17; p-valor = 0,03). Foi observada uma influência do estado funcional de alta (p-valor = 0,0182) e do estado civil (p-valor = 0,0174) com o Componente Físico da SF-12. Esse é o primeiro estudo que avaliou a autopercepção da pessoa que sofreu TCE sob seu DO realizado com a população latina. A pesquisa também permitiu conhecer a QV dos acometidos no seu contexto de vida. Conclusão: Os resultados nos ajudaram a refletir sobre o caráter subjetivo do engajamento ocupacional após o trauma craniano e a necessidade de o terapeuta ocupacional considerar a individualidade no processo avaliativo para direcionar a terapia centrada nas demandas do cliente. Novos estudos são necessários para identificar possíveis fatores preditivos para o DO após TCE a fim de priorizar intervenções precoces aos mais suscetíveis contribuindo para uma melhor satisfação com o DO e com a vida. |
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Avaliação do desempenho ocupacional e qualidade de vida após traumatismo cranioencefálico: um estudo coorteAssessment of occupational performance and quality of life after traumatic brain injury: a cohort studyDesempenho ocupacionalOccupational performanceOccupational therapyQualidade de vidaQuality of lifeTerapia ocupacionalTraumatic brain injuryTraumatismo cranioencefálicoIntrodução: O traumatismo cranioencefálico (TCE) é um acontecimento inesperado de grande impacto, relevância epidemiológica e ônus socioeconômico, mortalidade ou com consequências possivelmente desastrosas para os sobreviventes. É crescente a preocupação com a satisfação com a vida e desempenho ocupacional (DO) após uma lesão neurológica, porém essa análise sob o ponto de vista do acometido é uma temática pouco explorada na literatura. Objetivos: Avaliar o DO e a QV de adultos que sofreram TCE após 6 meses do evento traumático, analisar a relação desses desfechos e identificar possíveis preditores dos mesmos. Método: Trata-se de um estudo retrospectivo de uma coorte prospectiva de pacientes com TCE agudo admitidos em um hospital público referência no atendimento ao politraumatizado do interior do estado de São Paulo cadastrados no banco de dados eletrônico do Registro de Traumatismo Crânio Encefálicos de Ribeirão Preto. Os desfechos foram avaliados pela Medida Canadense de Desempenho Ocupacional (COPM) e pelo Questionário Short-Form-12 (SF-12). Resultados: A amostra do estudo totalizou 175 vítimas de TCE. A maioria foi do gênero masculino (80,46%), com idade entre 24 a 34 anos (33,14%), solteiros (47,13%) e com ensino fundamental incompleto (35,43%). Os acidentes de trânsito foram as principais causas do trauma craniano (63,22%), sendo 78,75% de gravidade leve. Após 6 meses do evento traumático 57,14% apresentavam incapacidade leve. Todos os incluídos identificaram dificuldade no DO em pelo menos uma atividade cotidiana. As três áreas de DO: autocuidado, produtividade e lazer foram referidas de maneira proporcional, sendo o trabalho o mais citado. O valor médio geral dos Totais de DO e Satisfação foi de 4,32 (±2,55) e 3,01 (±2,55) respectivamente. Ambos com valores abaixo do valor médio atribuível pela COPM. Os índices de QV estavam abaixo dos valores de referência para boa QV tanto para o Componente Físico em 88,57% da amostra, quanto para o Mental da SF-12 em 54,29%. Observou-se uma correlação positiva e significativa entre o Total de DO e os Componentes da SF-12, porém fraca com o Componente Físico (r = 0,32; p-valor <0,0001) e muito fraca com o Componente Mental (r = 0,19; p-valor <0,012). Também foi encontrada uma correlação muito fraca, positiva e significativa entre o Total de Satisfação e o Componente Mental (r = 0,17; p-valor = 0,03). Foi observada uma influência do estado funcional de alta (p-valor = 0,0182) e do estado civil (p-valor = 0,0174) com o Componente Físico da SF-12. Esse é o primeiro estudo que avaliou a autopercepção da pessoa que sofreu TCE sob seu DO realizado com a população latina. A pesquisa também permitiu conhecer a QV dos acometidos no seu contexto de vida. Conclusão: Os resultados nos ajudaram a refletir sobre o caráter subjetivo do engajamento ocupacional após o trauma craniano e a necessidade de o terapeuta ocupacional considerar a individualidade no processo avaliativo para direcionar a terapia centrada nas demandas do cliente. Novos estudos são necessários para identificar possíveis fatores preditivos para o DO após TCE a fim de priorizar intervenções precoces aos mais suscetíveis contribuindo para uma melhor satisfação com o DO e com a vida.Background: Traumatic brain injury (TBI) is an extremely critical and unexpected event with epidemiological relevance and socioeconomic burden, resulting in high mortality or disastrous consequences for the survivor. Research on quality of life (QoL) and occupational performance (OP) after a neurological injury have increased. However, there is still little evidence in the literature. Objectives: the objectives of this study were to evaluate the OP and QoL of adults who suffered TBI, six months after the traumatic event, analyze the relationship of these outcomes, and identify their possible predictors. Method: This was a retrospective analysis of a prospective cohort study of patients with acute TBI admitted to a reference public hospital for multiple trauma patients in an inland city of the state of São Paulo, registered in the electronic database of the Brain Trauma Registry of Ribeirão Preto. Outcomes were assessed using the Canadian Occupational Performance Measure (COPM) and the Short-Form-12 Questionnaire (SF-12). Results: The study sample totaled 175 TBI victims. The majority were men (80.46%), aged between 24 and 34 years (33.14%), single (47.13%), and with incomplete primary education (35.43%). Traffic accidents were the main causes of head trauma (63.22%), and 78.75% had mild severity. After six months of the traumatic event, 57.14% presented mild disability. All the included participants identified difficulty in OP in at least one daily activity. The three areas of OP - self-care, productivity, and leisure - were mentioned proportionally, and work was the most mentioned. The overall mean value of OP and Satisfaction Totals was 4.32 (±2.55) and 3.01 (±2.55), respectively. Both with values below the mean value referred by COPM. The QoL indices were below the reference values for good QoL, both for the Physical Component in 88.57% of the sample and for the Mental Component of the SF-12 in 54.29%. A positive and significant correlation was found between the OP Total and the SF-12 Components. However, the correlation was weak as for the Physical Component (r = 0.32; p-value <0.0001) and very weak as for the Mental Component (r = 0.19; p-value <0.012). A very weak, positive, and significant correlation was found between Total Satisfaction and Mental Component (r = 0.17; p-value = 0.03). An influence of discharge functional status (p-value = 0.0182) and marital status (p-value = 0.0174) was observed in the Physical Component of the SF-12. This is the first study with the Latin American population that evaluated the self-perception of the person who suffered TBI regarding their OP. This research has also shown the QoL of those affected in their life context. Conclusion: The results of this study allowed a reflection on the subjective nature of occupational engagement after head trauma and the need for occupational therapists to consider individuality in the evaluation process to guide therapy centered on the patient\'s demands. New studies are needed to identify possible predictive factors for OP after TBI to prioritize early interventions for the most susceptible people, contributing to better satisfaction with OP and life.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPEdwards, Taiza Elaine Grespan SantosPontes Neto, Octávio MarquesRafani, Samira Mercaldi2022-01-31info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17163/tde-11042022-145048/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2022-04-14T12:41:01Zoai:teses.usp.br:tde-11042022-145048Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212022-04-14T12:41:01Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Introdução: O traumatismo cranioencefálico (TCE) é um acontecimento inesperado de grande impacto, relevância epidemiológica e ônus socioeconômico, mortalidade ou com consequências possivelmente desastrosas para os sobreviventes. É crescente a preocupação com a satisfação com a vida e desempenho ocupacional (DO) após uma lesão neurológica, porém essa análise sob o ponto de vista do acometido é uma temática pouco explorada na literatura. Objetivos: Avaliar o DO e a QV de adultos que sofreram TCE após 6 meses do evento traumático, analisar a relação desses desfechos e identificar possíveis preditores dos mesmos. Método: Trata-se de um estudo retrospectivo de uma coorte prospectiva de pacientes com TCE agudo admitidos em um hospital público referência no atendimento ao politraumatizado do interior do estado de São Paulo cadastrados no banco de dados eletrônico do Registro de Traumatismo Crânio Encefálicos de Ribeirão Preto. Os desfechos foram avaliados pela Medida Canadense de Desempenho Ocupacional (COPM) e pelo Questionário Short-Form-12 (SF-12). Resultados: A amostra do estudo totalizou 175 vítimas de TCE. A maioria foi do gênero masculino (80,46%), com idade entre 24 a 34 anos (33,14%), solteiros (47,13%) e com ensino fundamental incompleto (35,43%). Os acidentes de trânsito foram as principais causas do trauma craniano (63,22%), sendo 78,75% de gravidade leve. Após 6 meses do evento traumático 57,14% apresentavam incapacidade leve. Todos os incluídos identificaram dificuldade no DO em pelo menos uma atividade cotidiana. As três áreas de DO: autocuidado, produtividade e lazer foram referidas de maneira proporcional, sendo o trabalho o mais citado. O valor médio geral dos Totais de DO e Satisfação foi de 4,32 (±2,55) e 3,01 (±2,55) respectivamente. Ambos com valores abaixo do valor médio atribuível pela COPM. Os índices de QV estavam abaixo dos valores de referência para boa QV tanto para o Componente Físico em 88,57% da amostra, quanto para o Mental da SF-12 em 54,29%. Observou-se uma correlação positiva e significativa entre o Total de DO e os Componentes da SF-12, porém fraca com o Componente Físico (r = 0,32; p-valor <0,0001) e muito fraca com o Componente Mental (r = 0,19; p-valor <0,012). Também foi encontrada uma correlação muito fraca, positiva e significativa entre o Total de Satisfação e o Componente Mental (r = 0,17; p-valor = 0,03). Foi observada uma influência do estado funcional de alta (p-valor = 0,0182) e do estado civil (p-valor = 0,0174) com o Componente Físico da SF-12. Esse é o primeiro estudo que avaliou a autopercepção da pessoa que sofreu TCE sob seu DO realizado com a população latina. A pesquisa também permitiu conhecer a QV dos acometidos no seu contexto de vida. Conclusão: Os resultados nos ajudaram a refletir sobre o caráter subjetivo do engajamento ocupacional após o trauma craniano e a necessidade de o terapeuta ocupacional considerar a individualidade no processo avaliativo para direcionar a terapia centrada nas demandas do cliente. Novos estudos são necessários para identificar possíveis fatores preditivos para o DO após TCE a fim de priorizar intervenções precoces aos mais suscetíveis contribuindo para uma melhor satisfação com o DO e com a vida. |
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