Argumentação em dissertações do ensino médio: cotas raciais em discurso
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59140/tde-01112016-171150/ |
Resumo: | Em 29 de agosto de 2012, foi implementada no Brasil a Lei nº 12.711 que viabiliza a reserva de vagas para afrodescendentes em cursos de graduação, em universidades federais. Isso potencializou diversas discussões e suscitou posicionamentos de aceitação ou de rejeição às chamadas cotas raciais. Essa política afirmativa reflete, diretamente, na configuração do ensino superior nacional; por isso, defendemos que ela deve ser problematizada, na instituição escolar, desde o Ensino Médio, uma vez que os alunos dessa etapa serão os mais afetados, pela lei, no que se refere ao vestibular. Embasados no dispositivo teórico-analítico da Análise do Discurso de linha francesa, formulada por Michel Pêcheux, dialogamos com quatro turmas do terceiro ano do Ensino Médio, de duas escolas da rede pública do Estado de São Paulo e, a partir da leitura de dois textos jornalísticos (A reserva de vagas dá oportunidade aos menos favorecidos frequentarem instituições de qualidade, de Letícia Januário e O grande erro das cotas, de Julia Carvalho) discutimos sobre As cotas raciais em universidades públicas brasileiras. Posteriormente, solicitamos que os sujeitos-alunos escrevessem um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema e essa produção escrita constitui o corpus desta pesquisa. Com base nas análises, encontramos dissertações que se posicionam contrariamente às cotas, sustentando-se na afirmação do discurso jurídico, com sentidos parafrásticos, de que todos são iguais perante a lei. Por outro lado, há textos que sustentam que as cotas são necessárias como meio de reparação social devido à escravização dos afrodescendentes. Os resultados apontam que o discurso dominante, em nosso corpus, reverbera sentidos legitimados sobre o passado histórico dos afrodescendentes, ou seja, sentidos que os discursivizam como inferiores e os sujeitos-alunos não apresentaram uma discussão acerca da constituição sócio-histórica da inferioridade atribuída a esse grupo. Isso indica que, pela força da memória discursiva e da ideologia, o afrodescendente ainda é discursivizado em relação à sua (in) capacidade intelectual. |
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Argumentação em dissertações do ensino médio: cotas raciais em discursoArgumentation in high school dissertations: racial quotas in discourseAnálise do DiscursoArgumentaçãoArgumentationCotas raciais.Discourse AnalysisRacial quotas.Em 29 de agosto de 2012, foi implementada no Brasil a Lei nº 12.711 que viabiliza a reserva de vagas para afrodescendentes em cursos de graduação, em universidades federais. Isso potencializou diversas discussões e suscitou posicionamentos de aceitação ou de rejeição às chamadas cotas raciais. Essa política afirmativa reflete, diretamente, na configuração do ensino superior nacional; por isso, defendemos que ela deve ser problematizada, na instituição escolar, desde o Ensino Médio, uma vez que os alunos dessa etapa serão os mais afetados, pela lei, no que se refere ao vestibular. Embasados no dispositivo teórico-analítico da Análise do Discurso de linha francesa, formulada por Michel Pêcheux, dialogamos com quatro turmas do terceiro ano do Ensino Médio, de duas escolas da rede pública do Estado de São Paulo e, a partir da leitura de dois textos jornalísticos (A reserva de vagas dá oportunidade aos menos favorecidos frequentarem instituições de qualidade, de Letícia Januário e O grande erro das cotas, de Julia Carvalho) discutimos sobre As cotas raciais em universidades públicas brasileiras. Posteriormente, solicitamos que os sujeitos-alunos escrevessem um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema e essa produção escrita constitui o corpus desta pesquisa. Com base nas análises, encontramos dissertações que se posicionam contrariamente às cotas, sustentando-se na afirmação do discurso jurídico, com sentidos parafrásticos, de que todos são iguais perante a lei. Por outro lado, há textos que sustentam que as cotas são necessárias como meio de reparação social devido à escravização dos afrodescendentes. Os resultados apontam que o discurso dominante, em nosso corpus, reverbera sentidos legitimados sobre o passado histórico dos afrodescendentes, ou seja, sentidos que os discursivizam como inferiores e os sujeitos-alunos não apresentaram uma discussão acerca da constituição sócio-histórica da inferioridade atribuída a esse grupo. Isso indica que, pela força da memória discursiva e da ideologia, o afrodescendente ainda é discursivizado em relação à sua (in) capacidade intelectual.On August 29, 2012 was implemented in Brazil law No. 12.711 which feasibility the reservation of vacancies for afro-descendants in undergraduate courses in federal universities. This enhanced several discussions and raised positionings of acceptance and rejection to so-called racial quotas. This affirmative policy reflects straight in the national higher education setting; for this reason, we argue that it should be problematized in educational institutions since high school, as the students of this stage will be most affected by the law because of vestibular (admittance exam). Grounded in the theoretical and analytical device of Discourse Analysis from French school, raised by Pêcheux, we dialogued with four classes of the third year of high school, in two public schools in the State of São Paulo and by the reading of two journalistic texts (Reserve of vacancies gives opportunity for disadvantaged to attend high quality institutions, by Leticia Januário and The big mistake of quotas, by Julia Carvalho) we discussed about \"Racial quotas in Brazilian public universities. Later, we request the students to write argumentative dissertation texts about the theme, and this writing production is what constitutes the corpus of this research. Based on the analysis, we found dissertations that stand an opposite position to quotas, supporting themselves on the statement of legal discourse, with paraphrases of the meanings that \"all are same before the law.\" On the other hand, there are texts sustaining that quotas are necessary as a means to social repair due to the slavery of afro-descendants. The results point that the dominant discourse in our corpus, reverberates legitimated meanings about the historical past of afro-descendants, in other words, meanings of a discourse about them as inferior beings, and the student subjects did not present a discussion about the social and historical constitution of this inferiority assigned to this group. This indicates that by the strength of discursive memory and ideology the afro-descendants are still in discursively with regard to their intellectual (in) capacity.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPPacifico, Soraya Maria RomanoBatista, Dayane Pereira2016-08-31info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59140/tde-01112016-171150/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2018-07-17T17:23:38Zoai:teses.usp.br:tde-01112016-171150Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212018-07-17T17:23:38Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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