Potencial agronômico de fertilizantes organominerais a partir da compostagem de lodo de esgoto

• Autor(a) principal: Espinoza, Andre Luiz de Freitas
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
• Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11140/tde-14022023-104100/
• topic: Composto orgânico; Fontes recicladas; Liberação lenta de P; Organic compost; P recovery from sewage sludge; Recuperação de P de lodo de esgoto; Recycled sources; Resíduos urbanos; Slow release of P; Urban wastes

O crescimento da população urbana está atrelado ao aumento da geração de resíduos sólidos, e dentre estes encontra-se o lodo de esgoto (LE), um subproduto do tratamento do esgoto doméstico, rico em matéria orgânica e nutrientes, que, entretanto, é desperdiçado pela deposição em aterros sanitários. Frente ao atual modelo de agricultura, dependente de adubação fosfatada, cuja principal matéria-prima são depósitos de rochas fosfáticas, considerados recursos finitos; a reciclagem de fósforo (P) do LE em solos pode ser uma alternativa para diminuir a pressão sobre recursos não renováveis, além de promover a sustentabilidade. Por essa razão utilizou-se o LE na produção de fertilizantes organominerais, com intuito de caracterizá-los quanto à dinâmica de solubilização de P e também seu potencial agronômico e efeito residual. Foram produzidos dois organominerais a partir da mistura de composto orgânico de lodo de esgoto (CLE) com fosfato monoamônico (MAP) e com AshDec&#174; (ASD) - produto do tratamento termoquímico de cinzas de LE incinerado. A dinâmica de solubilização de P foi avaliada por meio de ensaio em colunas de lixiviação, com 50 g de um Latossolo, onde os fertilizantes foram colocados na superfície e a lixiviação ocorreu diariamente por 30 dias, com 30 mL de água deionizada ou solução de ácido cítrico 2%. O P presente nos lixiviados coletados foi determinado por espectrofotometria. O delineamento foi inteiramente casualizado, com três repetições dos seguintes tratamentos: CLE; CLE peletizado (CLP); CLE+MAP (C+MAP), CLE+ASD (C+ASD); ASD; MAP; e controle (sem adição de P). Foi implantado também um experimento em casa de vegetação, para acompanhar o efeito destas fontes recicladas comparadas ao MAP, no desenvolvimento de braquiária durante 8 ciclos (totalizando 227 dias). Os tratamentos e o solo foram os mesmos, porém, arranjados em blocos casualizados, com 4 repetições. Os parâmetros biométricos avaliados em cada corte foram: altura, número de perfilhos e massa seca, além do conteúdo de nutrientes foliar. No 4° e 8° ciclo, foram coletadas amostras de solo para o fracionamento químico de P. Os resultados do experimento em colunas mostraram que o organomineral C+MAP apresenta boa solubilidade em água (70%) enquanto os demais solubilizaram pouco (<20%), porém com exceção de C+(ASD), todas as fontes foram altamente solúveis em ácido cítrico 2%. A produção de massa seca de braquiária ao longo dos 8 ciclos foi maior com os fertilizantes reciclados, exceto C+ASD, que se igualou ao MAP. Além disso, o organomineral C+MAP produziu mais massa seca que MAP já no primeiro ciclo, enquanto CLE e CLP tiveram melhor desempenho no 5° e 6° ciclo. O P lábil do solo foi maior nos tratamentos com organominerais do que com suas fontes isoladas (CLE, ASD e MAP). Estes resultados sugerem que as fontes derivadas de LE têm solubilização favorecida por condições ácidas como solos com baixo valor de pH e acidificação da rizosfera. A partir do experimento com cultivos sucessivos, é possível inferir que os fertilizantes organominerais disponibilizam P lábil por mais tempo do que fontes minerais solúveis. O C+MAP foi a fonte mais adequada para uso como fertilizante fosfatado na cultura da braquiária, proporcionando maior produção de biomassa que o convencional MAP, com maior efeito residual.