"A influência da cultura no comportamento de prevenção do câncer"

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cestari, Maria Elisa Wotzasek
Data de Publicação: 2005
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-10052005-112100/
Resumo: O objetivo deste estudo foi apreender as idéias de prevenção do câncer, de um grupo específico de pessoas cadastradas no programa nacional de prevenção, sob o seu ponto de vista, tendo como referencial a cultura, baseada na antropologia médica e interpretativa. Nessa perspectiva, este estudo foi desenvolvido segundo a abordagem metodológica qualitativa, especificamente a do método etnográfico, usando-se a técnica do estudo de caso. Os sujeitos do estudo foram nove mulheres que realizaram o exame de prevenção do câncer do colo do útero, no período de janeiro a dezembro de 2003, em uma Unidade Básica de Saúde do Norte do Paraná. Os dados foram coletados por entrevistas semi-estruturadas e observação. Na análise dos dados encontramos quatro unidades de significação: o câncer e sua etiologia; a importância da prevenção, as formas de prevenção e os fatores que motivam e desmotivam esta prática; o impacto dos profissionais de saúde nos comportamentos de prevenção do câncer e o que realmente previne o câncer. Percebemos uma aproximação do conhecimento leigo com o conhecimento do modelo biomédico em algumas unidades. Encontramos a crença de que o câncer é uma doença fatal, cercada de estigmas. As formas de prevenção apreendidas foram: realização de exames periódicos; alimentação saudável; comportamento sexual e reprodutivo seguro; abstinência do tabaco; cuidados com o sol; terapias alternativas e não fazer nada. Os fatores considerados motivadores do comportamento de prevenção foram: os meios de comunicação; os profissionais de saúde; o contato com pessoas com câncer; o autocuidado; a facilidade de acesso aos exames; o medo; o dever de consciência e a habituação. Entre os fatores desmotivadores, destacaram-se: a falta de tempo; o medo; a vergonha; as restrições do sistema de saúde; o custo e a descrença da possibilidade da doença. A família e os amigos apresentaram papéis de motivadores, desmotivadores e algumas vezes de indiferença. Os profissionais de saúde foram responsabilizados pela adesão às práticas de prevenção, sendo apontadas as questões de dificuldade no diálogo e as questões de gênero. Na última unidade, as crenças sobre a prevenção limitaram-se aos comportamentos de promoção à saúde: alimentação saudável; combate ao tabagismo; prática de atividade físicas e ações de prevenção secundária, representada pela realização dos exames periódicos, além da crença de que para prevenir o câncer é importante ter fé e sorte, e que se houvesse meios de se prevenir, estes seriam mais divulgados. O Modelo Explicativo (ME) proposto por Kleinman não considera os aspectos da prevenção; entretanto, percebemos que a essência deste modelo pode ser utilizada nesta abordagem, visto que os comportamentos de prevenção dos sujeitos são baseados em seus conhecimentos e crenças sobre a doença, determinando, assim, seu modo de compreender o câncer, sua etiologia, a importância e as formas de prevenção do câncer. Assim, a reação social do indivíduo em relação ao câncer pode ser identificada e explicada pelo ME leigo, que incorpora a experiência e a percepção do indivíduo em face do câncer e dos comportamentos de prevenção desta doença.
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Na análise dos dados encontramos quatro unidades de significação: o câncer e sua etiologia; a importância da prevenção, as formas de prevenção e os fatores que motivam e desmotivam esta prática; o impacto dos profissionais de saúde nos comportamentos de prevenção do câncer e o que realmente previne o câncer. Percebemos uma aproximação do conhecimento leigo com o conhecimento do modelo biomédico em algumas unidades. Encontramos a crença de que o câncer é uma doença fatal, cercada de estigmas. As formas de prevenção apreendidas foram: realização de exames periódicos; alimentação saudável; comportamento sexual e reprodutivo seguro; abstinência do tabaco; cuidados com o sol; terapias alternativas e não fazer nada. Os fatores considerados motivadores do comportamento de prevenção foram: os meios de comunicação; os profissionais de saúde; o contato com pessoas com câncer; o autocuidado; a facilidade de acesso aos exames; o medo; o dever de consciência e a habituação. Entre os fatores desmotivadores, destacaram-se: a falta de tempo; o medo; a vergonha; as restrições do sistema de saúde; o custo e a descrença da possibilidade da doença. A família e os amigos apresentaram papéis de motivadores, desmotivadores e algumas vezes de indiferença. Os profissionais de saúde foram responsabilizados pela adesão às práticas de prevenção, sendo apontadas as questões de dificuldade no diálogo e as questões de gênero. Na última unidade, as crenças sobre a prevenção limitaram-se aos comportamentos de promoção à saúde: alimentação saudável; combate ao tabagismo; prática de atividade físicas e ações de prevenção secundária, representada pela realização dos exames periódicos, além da crença de que para prevenir o câncer é importante ter fé e sorte, e que se houvesse meios de se prevenir, estes seriam mais divulgados. O Modelo Explicativo (ME) proposto por Kleinman não considera os aspectos da prevenção; entretanto, percebemos que a essência deste modelo pode ser utilizada nesta abordagem, visto que os comportamentos de prevenção dos sujeitos são baseados em seus conhecimentos e crenças sobre a doença, determinando, assim, seu modo de compreender o câncer, sua etiologia, a importância e as formas de prevenção do câncer. Assim, a reação social do indivíduo em relação ao câncer pode ser identificada e explicada pelo ME leigo, que incorpora a experiência e a percepção do indivíduo em face do câncer e dos comportamentos de prevenção desta doença.The objective of this study was to apprehend the ideas about cancer prevention from the point of view of a specific group of people registered in the National Prevention Program, having the culture based on the medical and interpretative anthropology as a baseline. From this perspective, this study was developed on the qualitative methodological approach, specially the ethnographical method, using the case-study technique. The people/individuals who participated of this study as subjects were nine women who had undergone the cervical cancer prevention exam in the period from January to December 2003 in Basic Health Unit of North Paraná. The data were collected by semi-structured interviews and observation. In the data analysis we have found four units of significance: the cancer and its etiology; the importance of prevention, the ways of prevention and the issues that motivate or not this practice; the impact of health professionals in the behavior of cancer prevention; and what really prevents it. In some units we noticed that the general knowledge approaches the biomedical knowledge. We found the belief that cancer is a lethal disease, surrounded by stigmas. The prevention techniques performed were: regular examinations, healthy nourishment, safe sexual and reproductive behavior, no smoking, sun cares, alternative therapy and doing nothing. The factors considered motivating in prevention behavior were: the communication means; the health professionals; contact with cancer patients; self-care; the easy access to examinations; the fear; the duty imposed by God and the habits. Among the demotivating factors, excelled: the lack of time; the fear; the shame; the health system restrictions; cost restrictions and the unbelief on the disease possibility. The family and the friends had motivating, de-motivating and sometimes unconcerned roles. The health professionals have been considered responsible by the adhesion to prevention practices, being registered the difficulty of dialogue issues and similar questions. In the last unit, the belief about prevention was limited to health promoting behaviors like: healthy nourishment; fight against smoking, practice of physical activities and secondary prevention actions, represented by performing regular examinations. Besides of that, the belief that to prevent cancer it is important to have faith and luck, and that if there were a real prevention this would be more publicized. The Explicative Model proposed by Kleinman does not consider prevention aspects, however, we realized that the essence of this work may be used in our approach, considering that the prevention behavior of the subjects are based on their believes and knowledge about the disease, determining, thus, their way of understanding cancer, its etiology, the importance and the ways to prevent it. Then, the social reaction of each one regarding the cancer may be identified and explained by the lay Explicative Model, which incorporates individual perception and experience facing the cancer and its prevention behaviors.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPZago, Marcia Maria FontaoCestari, Maria Elisa Wotzasek2005-02-11info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-10052005-112100/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:09:49Zoai:teses.usp.br:tde-10052005-112100Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:09:49Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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